Daqui, InVerbis:
Em 2005, advogados da Cardigos
aconselharam empresas públicas a fazer swaps com o banco Santander.
Agora ajudam Finanças a anulá-los Cinco empresas públicas da Madeira e
os seus advogados, também advogados do Estado, foram apanhados em
contradição no caso dos swaps com o Banco Santander Totta.
As cinco empresas públicas em questão -
Ponta do Oeste, Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento, Sociedade de
Desenvolvimento do Norte da Madeira e MPE-Madeira Parques Empresariais -
propuseram em abril de 2014 ações contra o Santander exigindo a
nulidade dos contratos de swap celebrados pelo banco, alegando que as
administrações das empresas "não tinham capacidade para celebrar os
referidos contratos" segundo os seus advogados.
No entanto, ao que o DN apurou, num
despacho do Secretário Regional do Plano e Finanças, José Manuel Ventura
Garcês, de 8 de março de 2006, pode ler-se, literalmente, que se
considerou como decisivo para viabilizar a celebração de todos aqueles
contratos swap com as referidas empresas regionais (aliás, aí
identificadas uma a uma),"(...) o parecer legal emitido pela sociedade
de advogados Abreu, Cardigos & Associados, datado de 23 de Dezembro
de 2005, no qual se reconhece capacidade na celebração, por parte
daquelas entidades (empresas públicas regionais) de operações
financeiras de cobertura de risco de taxa de juro". Cópia deste despacho
consta agora dos processos instaurados pelas empresas públicas da
Madeira.
Ou seja, passados nove anos, esta
sociedade de advogados, actualmente designada apenas Cardigos, separada
da Abreu Advogados, defende hoje em tribunal que, afinal, não haveria
tal capacidade. E patrocina as empresas públicas regionais nas acções
propostas em abril de 2014 contra o Santander Totta, defendendo que lhes
teria faltado capacidade para a celebração dos contratos. Exactamente o
contrário de 2005.
A Cardigos é, há muitos anos, uma
sociedade de advogados conhecida por defender o modelo ISDA
(International Swaps and Derivates Association) dos bancos e das
empresas. Modelo que é utilizado nos contratos swap celebrados pelas
empresas públicas quer do continente quer da Madeira, que impuseram ao
Santander a jurisdição inglesa dos mesmos. O escritório de advogados, ao
qual dá o nome Pedro Cardigos, que o DN tentou contactar sem sucesso,
foi contratado em 2012 pelo IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da
Dívida Pública, na tutela do Ministério das Finanças, para avaliar a
atuação do Estado nestes contratos de risco. E, agora, nos processos em
curso, defende que são os tribunais portugueses os competentes e não os
ingleses.
A Cardigos é também a sociedade de
advogados que assessora as empresas públicas de transportes (tuteladas
pelo Ministério das Finanças, especialmente pela Secretaria de Estado do
Tesouro, em articulação com o IGCP) nos processos que o Santander
iniciou em Londres e nos quais pede a declaração de validade dos
contratos swap e a realização de pagamentos em falta. Nesses processos
em curso, as empresas defendem que lhes terá faltado capacidade para a
celebração dos contratos em causa que efectivamente assinaram, de acordo
com o mesmo modelo ISDA que a sociedade de advogados Cardigos é
conhecida por defender. O Santander não quis comentar.
Valentina Marcelino | Diário de Notícias | 01-07-2014
A firma Cardigos, em 2005, ano da ascensão de José Sócrates ao poder executivo, era Abreu, Cardigos & Associados e era a preferida dos responsáveis pelas empresas públicas da Madeira, para a parecerística habitual que dispensa o Estado dessa incumbência e arruína as contas públicas.
A firma Cardigos, em 2005, ano da ascensão de José Sócrates ao poder executivo, era Abreu, Cardigos & Associados e era a preferida dos responsáveis pelas empresas públicas da Madeira, para a parecerística habitual que dispensa o Estado dessa incumbência e arruína as contas públicas.
Vista bem a "equipa" da Cardigos, agora, sobra um nome, apenas: Pedro Cardigos. Foi sócio de outro, Miguel Teixeira de Abreu, de outra firma: Abreu & Associados e em 2005 estavam fundidas na Abreu, Cardigos & Associados.
Em 2007 estava fundida numa ABBC e em 2009, Pedro Cardigos anunciava a "crise".Depois ficou só.
Como é que a Abreu, Cardigos & Associados chega à Madeira, em 2005, a aconselhar empresas públicas a contratar swaps com o Santander?
É a pergunta que é preciso fazer. Se fosse jornalista as minhas perguntas seriam colocadas a este advogado, autor de um estudo sobre offshores na Madeira.
Por outro lado, ver a actual Cardigos a defender juridicamente o contrário do que a então Abreu Cardigos defendeu é...é...sei lá! E ainda por cima na Madeira...é isto a que chegamos.