sábado, julho 05, 2014

Joaquim Silva Pinto, o ministro esquerdista de Marcello Caetano

Joaquim Silva Pinto continua ( e acaba)  hoje, no i, a escrever sobre "perguntas de difícil resposta", visando particularmente os seus tempos de juventude governativa, com Marcello Caetano que obviamente não considerava fascista. Porém, o discurso corrente, apoiado numa Constituição cujo Preâmbulo foi escrito pelo esquerdista Manuel Alegre, continua a garantir, despudoradamente, que o regime anterior era "fascista", aplicando o termo cunhado por comunistas e socialistas sem critério algum que não seja o do oportunismo político da época.

É pena que Silva Pinto não continue a escrever sobre as perguntas de resposta difícil e aproveito para lhe colocar uma que de certeza saberia responder, do seu ponto de vista: por que razão, em 1973, tínhamos em Portugal uma esquerda relativamente acantonada num PS embrionário e num PCP, incluindo os doentes infantis do comunismo que não passavam de alguns, escassos, milhares de pessoas e de repente, no Verão de 1974 já se proclamava abertamente um processo revolucionário de índole comunista?
Para esta pergunta não encontro resposta fácil e explicativa a contento. Para já fica o epílogo da história da reeleição de Américo Tomás.


Como complemento, fica também um depoimento em modo de entrevista, com um dos antigos agentes da PIDE/DGS, Óscar Cardoso, tal como o jornal Diabo de 24 de Junho passado publicou.

Torna-se interessante verificar que Óscar Cardoso não mudou nada na sua noção sobre o passado salazarista e continua a afirmar opiniões que se tornam muito discutíveis. A noção que dantes havia mais liberdade parece-me correcta, se excluirmos desse contexto, a liberdade política. A noção de que a democracia pode ser prejudicial para a vida em comum, pode ser um tema de discussão interessante, mas inútil porque o assunto é tabu e vaca sagrada, principalmente para uma esquerda que não é democrática.
E o assunto do Ultramar é coisa que merecia melhor estudo do que afirmações simplistas de que tínhamos a guerra ganha, em Angola, ( " em em Moçambique era uma questão de tempo") quando sabemos, desde o Vietname, da mesma altura, que as guerras de guerrilha não se ganham, gerem-se.


2 comentários:

Floribundus disse...

no ps
os esqueletos começam a fugir do armário

estas crónicas trazem-me à memória um facto ocorrido em Angola durante as lutas do início do séc xx

a tropa captura um Soba rebelde e encarrega um interprete de o interrogar

o Soba fala pelos cotovelos

passados 10 min o capitão pergunta o que está a dizer

'interprete - fala, mas não diz nada'

zazie disse...

Até o Òscar Cardoso diz que o 25 de Abril foi feito por motivações mesquinhas

O Público activista e relapso