terça-feira, julho 01, 2014

Os contactos do sistema


 Esta crónica de JMT no Público de hoje suscita vários comentários. O caso BES é explicado pela circunstância de o país ser pequeno e os Espíritos Santos maiores que o país. Isto não faz sentido, a não ser num país corrupto. No tempo de Salazar, os Espírito Santo sabiam o lugar que ocupavam e não se atreviam a levantar cachimbo, como se costuma dizer. Mais: o antepassado Salgado era amigo do próprio Salazar, mas a ética entre ambos não é a de agora.

Será Portugal um país corrupto, contradizendo o que nos têm afirmado repetidas vezes, os sucessivos PGR e até os principais responsáveis pela investigação criminal em Portugal?

Antes do mais, uma informação de JMT sobre a "zanga" do BES, em 2005,  com a Impresa SIC parece manifestamente exagerada. Por causa disto:

Em29 de Janeiro de 2009 esta publicidade na Visão da Impresa SIC denotava que o assunto já tinha esfriado.


Em 5 de Janeiro de 2013, então, é que estava mesmo ultrapasada...


Outro pormaior: as notícias sobre os Salgados são adociadas nos media. Por vários motivos, como mostrava a Sábado de Maio de 2005:


Estes Tavares ( os do ramo Sousa, evidentemente; o JMT aprecio ler, frequentemente), imbuídos de um pudor que não têm por mais nada e mais ninguém, sempre calaram estes assuntos. Sobreiros, Submarinos, Sócrates, BCP, etc etc etc, incluindo mais RERTS, foram sempre tabu para esta gente que não têm vergonha de olhar para os argueiros alheios sem notarem as traves que se lhes atravancam. São assuntos de famiglia...

Como já contei por aqui, não sei por que razão é que alguém se admira com esta surpresa deste Salgado de agora. O de antanho era assim, conforme relato de Pedro Jorge Casto in Salazar e os Milionários:
O avô Ricardo quando morreu deixou em testamento um legado a Salazar, precisamente um quadro de S. Bernardino de Siena, datado do séc. XVI e pintado por Quentin Metsys que tinha no quarto. Salazar não ficou com ele: ofereceu-o ao museu do Caramulo. A história lembra inapelavelmente um certo tabuleiro de xadrez oferecido por não sei quem a não sei quantos, em anos recentes. E lembra outras ofertas, ainda mais interessantes...



Estas histórias ajudam a explicar as três bancarrotas, a corrupção endémica no país, a anomia reinante e o encobrimento activo e passivo que esta gente sempre mereceu de todos os poderes, particularmente o mediático.

Onde é que o Tavares escreve? No Expresso, voilà!

Portugal é uma democracia a sério? Ou uma plutocracia de fancaria?


Para fazer notar uma certa diferença, deixo esta notícia de hoje que conto comentar depois. Antes disso, apenas o comentário que José Sócrates continua a comentar na RTP1...

O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi hoje detido para depor na polícia anticorrupção de Nanterre, localidade próxima de Paris, sobre um caso de alegado tráfico de influências e violação do segredo de instrução.
Os agentes, segundo a imprensa local, colocaram-no sob custódia, uma medida inédita até à data para um antigo Presidente, o qual fica sujeito a um período de interrogatório que poderá ir até 48 horas.

Os investigadores tentam determinar se o antigo chefe de Estado e os seus colaboradores criaram uma "rede" de informadores que os mantinha a par da evolução dos processos judiciais que implicavam o político conservador e Presidente francês entre 2007 e 2012.

Sarkozy chegou à sede policial pouco depois das 08:00 (07:00 em Lisboa) e um dia depois de também terem sido interrogados o seu advogado, Thierry Herzog, e dois altos magistrados do Tribunal de Cassação (Tribunal Superior), Gilbert Azibert e Patrick Sassoust, que continuavam hoje de manhã sob custódia.

No chamado "caso das escutas", investiga-se, entre outros assuntos, se o político conservador recebeu financiamento ilegal para a sua campanha presidencial por parte da multimilionária herdeira do grupo de cosméticos L'Oréal, Liliane Bettencourt, e do deposto líder líbio Muamar Khadafi.

A investigação estava relacionada, na origem, com as investigações abertas em abril de 2013 para determinar se parte da campanha que levou a cabo em 2007 foi financiada pelo regime líbio.

As escutas a que foi submetido Sarkozy posteriormente conduziram em fevereiro passado à abertura de uma investigação judicial pelas acusações de "violação do sigilo da investigação" e "tráfico de influências".

4 comentários:

foca disse...

José
A "guerra" com a Impresa, ou mais em concreto com o Balsemão foi real, e começou com o Nicolau do lacinho que entretanto foi ludibriado e ficou para sempre enfiado num canto.
Mas como em tudo na vida de vez em quando até os poderosos comem uns sapos.
Seja nas empresas, nos bancos, ou até na comunicação social que vive numa impunidade absurda

José disse...

foi uma guerra tipo solnado...

Unknown disse...

Não esquecer uma verosímil ligação, do BES, aos serviços secretos americanos na canalização de fundos para derrubar Kadhafi http://www.publico.pt/economia/noticia/banco-de-portugal-fez-averiguacoes-nas-sucursais-dos-estados-unidos-1659860 .

Sobre isto o "Espesso" não escreveu nada...

Floribundus disse...

o MONSTRO não existe para funcionar em qualquer dos seus serviços públicos

parece estar sempre ao serviço de qualquer 'coisa nossa' de tipo OCTOPUS (la Piovra)

a 'canção do bandido' veio para ficar

única vez que vi de perto os ESs foi num domingo de manhã quando sampaio era da CML

a cerimónia transformou o parque de estacionamento frente ao CC Fonte Nova em Alameda Ricardo Espírito Santo, conforme placa em frente do Califa

esta revolução social-fascista parece uma marrã parideira

O Público activista e relapso