sábado, julho 12, 2014

As benevolentes do PCP

Da revista Tabu do Sol de ontem:


Estas quatro benevolentes do PCP ainda acreditam que um dia destes as manhãs hão-de cantar nos coros alentejanos.

Provavelmente nunca leram isto que faz agora trinta anos. A mais velha destas benevolentes tem agora 44...


Sobre o estalinismo, a ausência de liberdades fundamentais e outros pormenores da democracia ocidental e burguesa sabem o que o Partido lhes ensina no O Militante. E nada mais precisam de saber, porque o resto é "reacção" e "fascismo".

A culpa é de quem lhes dá destaque mediático de propaganda "inocente".

25 comentários:

zazie disse...

Lembrei-me que quem explica isto- esta militância pelo pensamento único, à conta dos pobrezinhos, é o Dostoievski no Grande Inquisidor.

A tentação pelo pão é tramada.

José disse...

Não li mas vou procurar ler. Ontem levei um "banho" de literatura.

Alguém já leu Valter Hugo Mãe?

Disseram maravilhas do indivíduo como escritor.

Será mesmo assim?

zazie disse...

Vou colocar aqui uma passagem.

O Dostoievski era genial e este poema do Grande Inquisidor está sempre actual.

«Lembra-Te da primeira pergunta, do sentido, senão do teor: queres ir para o mundo de mãos vazias, pregando aos homens uma liberdade que a estupidez e a ignomínia naturais deles os impedem de compreender, uma liberdade que lhes causa medo, porque não há e jamais houve nada de mais intolerável para o homem e para a sociedade! Vês aquelas pedras naquele deserto árido? Muda-as em pão e atrás de Ti correrá a humanidade, como um rebanho dócil e reconhecido, tremendo, no entanto, no
receio que Tua mão se retire e não tenham eles mais pão.
(..)
Dai-nos de comer, porque aqueles que nos tinham prometido o fogo do céu não no-lo deram. Então, acabaremos a torre deles, porque para isso basta apenas o alimento. Nós os nutriremos, utilizando-nos falsamente de Teu nome, e os faremos crescer. Sem nós, estarão sempre famintos. Nenhuma ciência lhes dará pão, enquanto permanecerem livres, mas acabarão por depositá-la a nossos pés, essa liberdade dizendo: Reduzi-nos à servidão, contanto que nos alimenteis»

Dostoievski, "O Grande Inquisidor"- Os irmãos Karamasov

http://files.supergel57.webnode.com.br/200000989-b31b1b373a/O%20Grande%20Inquisidor.pdf

zazie disse...

Não, o mãe, não li mas li umas tretas dele na net.

Não tenho grande pachorra para larilices literárias.

josé disse...

Eu, como sou preconceituoso disse logo que não tinha lido e não me apetecia ler.

Mas insistiram que sim, que era bom escritor e que tem um livro sobre a velhice coisa e tal...

Não me convenceu.

zazie disse...

Olhe, eu também só li umas passagens do Mário de Carvalho, acerca do qual me disseram que era o supra-sumo do supra-sumo.

Mas também basta-me ler umas tretas dele a falar nas "trevas medievais" que dispensei logo.

josé disse...

Pois também se falou nos russos que escreveram romances mas a conversa para mostrar que se leu, para mim é a mais.

Prefiro conversa sobre os temas da leitura.
A literatice de catálogo pode ter interesse no caso de novidade, sobre este ou aquele escritor, mas a nomenclatura de leituras sabe-me a breviário.

zazie disse...

Ah, a mim também.

E também não tenho vergonha de dizer que a maior parte nem li.

Neste caso foi por ter andado a pensar naquela sua questão.

Do modo como o povo tuga acarinha o comunismo e como os pobres não se importam com a liberdade.

O Grande Inquisidor é uma parábola acerca disso. Pega nas 3 tentações de Cristo no deserto e a do pão é essa.

muja disse...

Lá está V. a partir do princípio de que "o povo tuga acarinha o comunismo".

Se calhar devíamos era tentar estabelecer até que ponto isto é verdade ou não. Porque senão nunca vamos chegar a conclusão nenhuma.

Eu acho que não acarinha nada. Quem acarinha são os media.

Mas eu também não concordo com aquele pessoal que diz que a malta gosta é de big brothers e bola, e é por isso que só lhes dão essas coisas.
Para mim é ao contrário: acho que gostam porque não lhes dão mais nada.

zazie disse...

Leia o texto que merece a pena.

muja disse...

De professora dispensada a deputada. Diz que é mau...

Mas atente-se nas regras do PCP. A de comerem na cantina. Não há-de ter sido sempre assim, certamente.

Eles não são parvos como se vê. Porque estas coisas contam.

muja disse...

O Dostoievski? Ok. Nunca me deu muito para isso.

A ver se arranjo outra versão que essa porcaria em brasileiro desensina-me a escrever.

Agora vou acender ali umas brasas para grelhar uma carne...

zazie disse...

A tentação pão para o pobre é tramada.

E ainda mais tramada quando tudo é "pobrezinho".

As 3 questões são muito pertinentes na alegoria do Dostioevski.

Cisto foi tentado pelo pão no deserto, pela possibilidade de milagres e pelo poder.

São as 3 grandes tentações.

O livre-arbítrio´e a sua recusa.

Mas melhorar a Criação sempre foi o ideal de todas as engenharias sociais.

E elas facilmente obtêm quem deposite a liberdade em troca do pão.

Os "esquemas" das ideologias são os milagres da promessa para o bem-estar universal.

zazie disse...

Pode crer que também me encanita e o pior é que o português agora é assim.

Mas recomendo-lhe o Dostoievski.

Ao meu pimpolho foi o que ofereci como literatura indispensável.

zazie disse...

Faz bem.

Eu vou jardinar

";O)

Anónimo disse...

Valter Hugo Mãe é um palerma que se julga grande, como a quase totalidade dos actuais escritores lusos. Não digo "todos" porque tenho esperança de que haja, algures, algum com valor.

Apache disse...

Conheço “bem” a menina (33 ou 34 anos) mais à esquerda, na primeira imagem (mais bonita do que esta fotografia deixa entender), Paula Santos (Barbosa). Foi vereadora da Educação e Juventude da Câmara do Seixal e representante da autarquia nos conselhos gerais das escolas do concelho. Teve uma ascensão meteórica, na política; em 2005 apareceu (vinda sabe Deus de onde) na lista da CDU para a câmara, em posição elegível e tornou-se vereadora, dois anos depois já não se engasgava a falar em público; em 2009, depois de muito criticada (localmente) pelo trabalho desenvolvido (ou pela ausência dele) na autarquia, apareceu com número 2 da lista da CDU à Assembleia da República, por Setúbal, e tornou-se deputada; Em 2011 repetiu a façanha. É uma pessoa simpática, que aparentava origem humilde, e que nestes nove anos adquiriu competências de oratória e melhorou a sua apresentação pessoal. É suficientemente hipócrita (característica que mais se destaca) para continuar a sua ascensão na política (em qualquer partido com assento no Parlamento). Ideologia? Apenas a do politicamente correcto.

Apache disse...

Quanto a Valter Hugo Lemos (valter hugo mãe), o melhor é o José não ir com espectativas elevadas para evitar a desilusão. A menos que, por também ser de Direito, veja nele qualidades que eu não encontro.
Já Dostoiévski, Mujahedin, é um dos grandes da literatura mundial. “Os irmãos Karamazov”, de que fala a Zazie, mas também “Crime e castigo” e, se tiver tempo, muitos mais, sobretudo romances (novelas nem tanto).
Isto, partindo do princípio que a opinião, sobre literatura, de um professor de Físico-Química serve para alguma coisa. Eh, eh.

JReis disse...

A mais velha tem praticamente a minha idade. Pergunto-me como é possível uma rapariga da minha geração acreditar no ideal comunista. É um fenómeno para o qual não encontro uma explicação lógica. Uma pena.

José disse...

Não sabem o que é o comunismo real. Não sabem nem querem saber porque se soubessem não seriam comunistas.

E isso far-lhes-ia uma diferença enorme em termos pessoais...

José disse...

São benevolentes.

hajapachorra disse...

Benevolentes? Que porra é esta? A Rita rato nunca leu Littell, muito menos Ésquilo. As moças não acreditam nem deixam de acreditar. A vida de funcionário do PCP, tal a miséria a que chegámos, tornou-se atraente, ponto final. É um modo e vida, como antigamente, no regime fascista, ir para seminário...

hajapachorra disse...

Impressionante esta gente não conhecer o Príncipe Myshkin e opinam sobre Marcelo, o império, kissinger e um par de botas salazarentas :-)

josé disse...

São benevolentes porque acreditam que lutam contra a "burguesia", palavra ressuscitada por uma certa direita que nunca o foi nem será.

Acreditam que devem eliminar essa "direita" burguesa, porque assim o exprimem no discurso do O Militante e aparecem como anjos vingadores do "povo" que nem reconhecem como pertença.

São uma fraude e vivem da mentira. São benevolentes, euménides.

hajapachorra disse...

Cuidado, que as euménides podem voltar a ser erínias.

O Público activista e relapso