quarta-feira, julho 30, 2014

José Guilherme para a investigação criminal: são rosas, senhores...

Observador:

Os alegados 14 milhões de euros que ofereceu a Ricardo Salgado, como forma de agradecimento às portas que o banqueiro lhe abriu para prosperar em Angola, são apenas um entre vários gestos que teve para com diversos empresários e políticos que têm sido investigados nos últimos anos. “Zé Grande”, como é conhecido o misterioso empresário do ramo da construção, foi assim apelidado não por mero acaso. 
José da Conceição Guilherme, que nunca aparece publicamente, chegou a oferecer um almoço ao autarca de Oeiras, Isaltino Morais, por altura do seu aniversário – que lhe custou 3400 euros. Era este o valor aproximado, aliás, dos cabazes que oferecia pelo Natal. Uma carrinha cheia deles. À frente de uma mão cheia de empresas, o empresário até “deu” o seu escritório ao ex-ministro José Sócrates, para a sede de uma empresa que teve com Armando Vara.

Este  "Zé Grande" agora ligado a Ricardo Salgado tem história antiga com mais de uma dezena de anos e que envolve várias figuras. Provavelmente, se resolvesse falar, teria mais a dizer que Salgado.

Ora note-se aí, vindo daqui, para não passar despercebido:

O "gordo" do Freeport

Para juntar à lista de contactos do empresário José e do filho, Paulo Guilherme, este último recebeu, a 16 de março de 2003, uma chamada de um indivíduo "que já se encontrava no interior da agência do BES na Amadora".

Paulo Guilherme terá ido ao encontro dele e, posteriormente, em conversa escutada com o gestor do BES, a PJ concluiu que o filho de José Guilherme terá entregue ao tal indivíduo "um saco que ali se encontrava guardado há seis meses de uma conta antiga de José ou de Paulo". Semanas mais tarde, chegou a identidade do utilizador do telemóvel: José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates, e referenciado como o "gordo" no processo Freeport, no qual chegou a ser suspeito de ter recebido dinheiro.

As ligações de José Guilherme ao poder político passaram ainda por Capoulas Santos - em causa estava um negócio para a venda do Parque Industrial de Évora, onde o socialista era presidente da Assembleia Municipal - e por Duarte Lima. Já António Cavaco foi escutado a falar com José Leite Martins, chefe de gabinete de Durão Barroso, e atual inspetor-geral das Finanças. O empresário queria saber se a concessão da Marina de Albufeira já tinha sido enviada para promulgação de Jorge Sampaio. Um projeto que contribuiu para o buraco do BPN.

Arquiteto guardava em casa mil contos em notas de cinco mil escudos

  Apesar de as obras em causa violarem o PDM da Amadora, Ministério Público arquivou todas as suspeitas

Ao meio-dia do dia 14 de outubro de 2004, o empresário José Guilherme caçava tranquilamente na sua Herdade dos Arrochais, na Amareleja. O telemóvel tocou. Do outro lado da linha, a sua mulher disse-lhe: "Zé... aquilo que tu estiveste a falar ontem à noite... Estão aqui... mandaram-me telefonar para ti... São cinco pessoas. Simpáticos." Eram cinco inspetores da Polícia Judiciária que estavam a proceder a uma busca, tal como na véspera de a mesma acontecer, o empresário tinha comentado com a mulher.

"O teor desta conversa indicia fortemente que José Guilherme já sabia antecipadamente que iria ser alvo de uma ação policial, nomeadamente naquele dia, uma vez que preparou/instruiu a sua esposa sobre esse evento, na véspera, à noite", concluiu a Judiciária no relatório final da investigação à Câmara da Amadora.
 


Há um nome que liga Salgado ao "Zè Grande"? Só não vê quem não quer. E o MºPº tem mesmo que ver, com olhos de ver. A ver se por uma vez se vêem resultados. 
Estas coisas não podem ficar assim em águas de bacalhau e impõem-se aqui raciocínios abductivos e investigações a sério e com meios. Muitos meios, para ir lá fora e para andar cá dentro. Há muitas pistas e é só segui-las e parece-me que tal nunca foi feito em Portugal. Tem que se fazer, para bem comum e da Justiça.
A ver se o MºPº ganha algum prestígio e honra porque é isso que está em causa. Uma coisa é certa: os cidadãos comuns apoiam e agradecem. Por outro lado, isto que está à vista é uma reedição do fenómeno que se passou em Itália, antes da operação mani pulite. Se o MºPº italiano foi capaz porque não há-de ser o de cá?

Por outro lado, toda a gente que conta já percebeu as razões profundas e imediadas de termos chegado à terceira bancarrota em 40 anos. Toda a gente que conta já entendeu, nestas últimas semanas, com a exposição do elo que faltava, qual o verdadeiro papel das PPP´s, do despesismo em obras públicas faraónicas e empreendimentos parolos, pretensamente keynesiano e politicamente justificativo  de outra coisa mais grave e séria que ocorreu no nosso país na última dúzia de anos: um assalto ao poder que confere riqueza, mesmo a pindéricos que passavam na "ponte" em carros pobretanas a apitar por causa das portagens e em pouco tempo se alcandoraram à situação de milionários do sistema, com cursos tirados nos pacotes de omo que lava mais branco a sujeira em que se meteram.  Quem o permitiu não lucrou nada com isso?
É essa abdução que tem que ser feita e compreendida porque os sinais estão aí todos à vista, num óbvio ululante que até incomoda o mais pacato cidadãos atarantado com estes escândalos impunes.

1 comentário:

hajapachorra disse...

Mas tudo isso é tão óbvio há tanto tempo! Só quero saber quanto precebe o avençado do bes...

O Público activista e relapso