terça-feira, abril 19, 2016

PCP e BE: violas em enterro

Observador, Rui Ramos:

Em Portugal, a dependência do Estado em relação ao seus credores externos impõe austeridade, e a dependência dos cidadãos em relação ao Estado impõe despesismo. É este o sistema. E enquanto esse sistema não mudar, será assim: quando é necessário, corta-se; e quando é possível, gasta-se – independentemente das ideologias e dos programas. Por isso, todos os partidos em Portugal já foram umas vezes “despesistas”, quando podiam, e outras vezes “austeritários”, quando precisaram.

A “austeridade”, aliás, entrou no horizonte da democracia por via do general Vasco Gonçalves, durante o PREC, em 1975. Por andar a ler Hayek? Não, o “companheiro Vasco” lia Marx, mas as reservas de divisas estavam a acabar, e o general convenceu-se de que os portugueses não podiam manter “padrões de consumo” inadequados às “possibilidades materiais da economia portuguesa”. Isso está escrito no programa do V Governo Provisório, quase só apoiado pelo PCP. Já toda a gente bebeu de todas as águas, e voltará a beber. As surpresas ficam para quem quiser
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Se isto é assim- e é- por que razão a mairia das pessoas que vota não o entende perfeitamente?  Por causa do ruído mediático, da confusão provocada pela propaganda partidária? Provavelmente.
Então a única solução para o problema será a de os jornalistas veicularem essa ideia simples e de senso comum. Porque não o fazem e optam por amplificar as posições político-partidárias em detrimento de uma verdade singela e nada apelativa a quem detém o poder político ou se prepara para o fazer? Esta é uma pergunta de resposta muito difícil.

Em 1971, no tempo do fassismo de Marcello Caetano não era assim, como mostra o Diário Popular de 31.12.1971.


Nessa altura não havia expressão pública das forças políticas comunistas como é o caso do PCP e dos grupelhos de extrema-esquerda onde o BE se inclui.
O regime proibia tal expressão e por isso se excluía da democracia de tipo ocidental. Foi isso que o perdeu porque as pessoas em geral estavam fartas de não serem politicamente iguais aos outros europeus.
Não obstante, em matéria de economia e finanças públicas, as lições de outrora não se deveriam esquecer. Portugal era um país com uma pujança económica incomparável nos dias de hoje, apesar do atraso em que ainda vivíamos.
Porém, não parecem subsistir dúvidas de que se tivéssemos seguido o caminho traçado e não tivéssemos acolhido as ideias marxistas e comunistas precisamente do PCP e dos grupelhos da extrema-esquerda, teríamos um presente bem melhor do que temos.

Por isso o comunismo do PCP e do BE fazem tanta falta a um regime como violas em enterro.

Na mesma linha de reflexões, o jornal O Diabo publica hoje este pequeno excerto acerca da economia de  Angola no tempo em que ainda era "nossa": crescimento exponencial e com um peso do petróleo na economia na ordem dos 5%. Hoje será de 40% e está na origem do descalabro e da bancarrota.


Por outro lado, a corrupção endémica atinge os mais altos representantes do poder político. Hoje é notícia que o filho do presidente angolano figura na lista dos Papéis do Panamá como um dos responsáveis por uma gigantesca lavagem de dinheiro. Para além dele, também  o enteado do antigo presidente da Sonangol, Manuel Vicente, conhecido das autoridades portuguesas.

Onde nós chegamos com esta Esquerda comunista!

9 comentários:

lidiasantos almeida sousa disse...

LINDOS OS JORNAIS QUE PUBLICA. UM VERDADEIRO SERVIÇO PUBLICO.Le Point. fr.



https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=wm#inbox/1542e1d99285c46f

Zephyrus disse...

Angola está nas lista das maiores queda de PIB da História das últimas décadas. E está duas vezes.

Não acredito que se pudesse manter aquele país na nossa alçada mas o que foi feito pelos comunistas e pelo PS foi um descalabro. A solução implicaria uma continuação da guerra e uma transição suave de uma ou duas décadas negociada com o apoio dos EUA e da Inglaterra. Seria tempo suficiente para colocar no poder com eleições um nativo favorável aos nossos interesses. Mas sempre nos faltou esta visão estratégica e diria até algo maquiavélica que os ingleses e os americanos têm em termos geoestratégicos.

Com a tal transição suave de que falo Angola poderia ser hoje mais rica que a África do Sul, e teríamos um «espaço» alternativo à UE para as nossas exportações e para a nossa emigração. Portugal sempre precisou e precisará de um espaço!

Este visão estratégica de longo prazo que coloca o supremo interesse da nação acima de tudo e todos nunca existiu na democracia e isto faz a diferença entre um Reino Unido ou EUA e Portugal.

Acrescento que as independência de Cabo Verde, São Tomé e Timor nunca se justificaram e Mário Soares até já se arrependeu da independência de Cabo Verde. Estariam eles bem mais ricos, pois teriam recebido os fundos europeus como receberam as dependências da França e do Reino Unido, e nós teríamos mais recursos naturais.

A falta de atenção que o Estado e as nossas elites da treta dão a Goa, Damão e Diu, a Malaca, a Marrocos ou a outros locais onde estivemos séculos é vergonhosa. Apenas não esquecem Macau por motivos que todos conhecemos.

Floribundus disse...

ao cuidado do be

no Ms BNF Fr 25526, 106v
roman de la rose
uma freira recolhe pénis da árvore dos Phallus

muja disse...

A visão estratégica existia. Só que não era essa porque essa é ingénua e ilusória.

Porque haveriam os americanos de deixar colocar um "nativo" favorável aos nossos interesses (que eram quais, ao certo), a partir do momento que pudesse por lá uma favorável aos deles?

Demais a mais, já que era para continuar a guerra, de que nos servia acomodar os interesses americanos se as vidas eram nossas?

Sim, as Forças Armadas podiam ter favorecido a FNLA em vez do MPLA, e podia ter para lá ido um tiranete favorável aos EUA em vez de à URSS, mas a guerra civil era fatal a partir do momento em que se esvaísse a soberania portuguesa.

Negociar com os americanos... Ehehe!

mensagensnanett disse...

Não é bem assim.
Por vezes, de vez em quando, eles dizem umas coisas que nenhum dos outros partidos ousa dizer:
-» diz o BE: «a Banca é assunto 'sério demais' para ser deixada na mão de banqueiros».
(Analisando a forma como alguns banqueiros angariaram a sua fortuna... percebe-se que é um percurso altamente duvidoso...)
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A minha opinião é semelhante: UMA ACTIVIDADE ECONÓMICA DE ALTO RISCO para os contribuintes: a actividade bancária - ex: bpn, bes, novo banco, banif,...
{banqueiros fazem empréstimos a amigos... o dinheiro 'desaparece'... e o contribuinte é 'chamado' para que o banco não vá à falência}
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Sendo a actividade bancária uma actividade económica de alto risco para os contribuintes, o Regulador (Banco de Portugal) deverá ser obrigado a apresentar periodicamente relatórios minuciosos e detalhados aos contribuintes.
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Uma opinião um tanto ou quanto semelhante à minha:
Banalidades - jornal Correio da Manhã (antes da privatização da transportadora aérea):
- o presidente da TAP disse: "caímos numa situação que é o acompanhar do dia a dia da operação e reportar qualquer coisinha que aconteça".
- comentário do Banalidades: "é pena que, por exemplo, não tenha acontecido o mesmo no BES".

josé disse...

Não percebo de direito bancário. E sobre bancos ainda menos...a não ser que os bancos exercem uma actividade de risco elevado e os depositantes devem saber disso.

josé disse...

O Lehman Bros pouco tempo antes do colapso tinha triple A dado pelos raters...

josé disse...

Li o livrinho Too big to fail, editado há uns anos, porque está bem escrito e fiquei a perceber o mesmo. A não ser que os administradores da board tentam ganhar o mais possível e andam de helicóptero e têm vidas de luxo grandioso para os nossos padrões.

Lura do Grilo disse...

Como as verdades sobre o comunismo incomodam muita gente.

O Público activista e relapso