Diga-se que era a única hipótese de ler algo que fugisse do discurso corrente e assente sobre o que fora tal tempo: o fassismo, como dizia o comunista Domingos Abrantes a sibilar as letras. Ainda hoje tal discurso é o corrente e do ensino oficial dos media em geral. Pouco ou nada mudou em 40 anos porque a doxa não deixa e temos Rosas, Flunser&Pacheco para assegurar esse discurso politicamente correcto.
Porém, em 1984 havia pessoas que não pensavam como essa gente e tinham então oportunidade de o dizerem, publicamente, o que hoje raramente acontece.
O que era então o Portugal económico e até social, antes de 1974?
Em duas páginas do Semanário de 18 de Abril de 1984 explicava-se claramente o que agora não se explica a ninguém nos Prós e Contras dos media.
Sobre a nossa economia de então, com os capitalistas que depois foram execrados, expulsos e desapossados das empresas que produziam o nosso PIB: "um sistema coerente" e que funcionava muito bem.
Sobre a questão magna da "guerra colonial" que na altura toda a gente que não era comunista ou pró-comunista conhecia como guerra do Ultramar, sem mais, este artigo do general Silvino Silvério Marques que não alinhava no clube do sargento Vasco Lourenço e outros ainda piores, mostra a verdade.
Era esta a verdade desse tempo e que foi adulterada pelos comunistas e socialistas de então, logo na semana a seguir ao 25 de Abril de 1974, publicamente, porque já o tinha sido antes nos conciliábulos entre tais forças políticas. O MFA do início de 1974 nem se deu conta disso e alinhou depois pela facção mais radical e intransigente que entregou praticamente de mão beijada as "províncias ultramarinas" ( eram assim designadas e não "colónias", termo que acabou nos anos 50) aos movimentos considerados até então terroristas e que eram simplesmente comunistas ligados à então URSS. Fez-se o jogo claro dessa então super-potência, contra os americanos que eram "imperialistas", fascistas e capitalistas. O PS alinhou nisto objectivamente porque não teve força política ou vontade real para a tal se opor. Prejudicou Portugal e milhões de portugueses. Muitos milhares afinal acabaram por votar nesse partido meses depois, ironicamente, porque não se aperceberam disto ou foram deliberadamente convencidos que fora a melhor solução. Por quem? Pelos media em geral.
Economicamente o que nos adiantou o 25 de Abril de 1974? Muito simples, directo e claro: duas bancarrotas. As causas já foram analisadas por aqui, ao longo destes anos de blog. Basta procurar, mas ficam apenas estes exemplos de análise em tempo real, da época e que é mais objectivo muitas vezes do que as análises posteriores dos louçãs desta vida.
Junho de 1976:
Julho de 1976:
Agosto de 1977:
Aquela Esquerda representada naquelas pessoas com "rosto" assinalado no postal anterior. São muitas pessoas dos partidos políticos, dos militares que ainda mandavam, através do Conselho da Revolução e da quase totalidade dos jornalistas portugueses que acreditavam piamente nas propostas económicas dessa Esquerda e assim o defendiam nos seus escritos, notícias e reportagens na imprensa, rádio e televisão que então eram quase todos do Estado, porque tinham sido nacionalizados. Os que não eram como o caso de O Jornal, testemunhavam o que se apelida de "compagnons de route", camaradas de ideologia e prática.
Assim, o que daí resultava em modo de opinião pública e da influência política só podia ser isto, como se escrevia no O Jornal de 1978:
Ou seja, deixar tudo como estava e permanecer num limbo de indefinição que era o oposto do "sistema económico intrinsecamente coerente" que existiu até 1974.
Porque é que isto sucedeu assim tão de repente? Há uma explicação clara: porque se discutiu tal sistema e se decapitou a sua estrutura fundamental, logo em 1974, a seguir ao Verão, por causa do PCP, da extrema-esquerda e do PS:
O capitalismo português, tal como o conhecíamos até 1974, acabou em 11 de Março de 1975, com a machadada final dada pelas nacionalizações das principais indústrias, da banca e dos seguros, perante o aplauso geral porque foi mesmo geral, como se denota nestes artigos do Expresso de 1974 e 1975:
Como é que isto resultou economicamente para Portugal, dez anos depois? Veremos a seguir.
1 comentário:
não sou adepto de revoluções
terminam sempre em involuções
nunca pensei que o rectângulo terminava os seus dias em 25.iv
hoje estamos nos infernos
com os cacilheiros de esquerda a transportar as 'sombras' para lá
ali vende-se o futuro para comer hoje
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