O nome do músico- Taiguara- não era muito familiar, mas uma referência num dos temas passados - "eles querem lotar o Maracanã e precisam de mim, lá vou eu..." atirava o ouvinte para o universo da música do Brasil da época, diferente de todas as que então se ouviam. O tema Terra das Palmeiras, esse, é de antologia e um teste para quem quiser experimentar voz de falsete, na parte final, em progressão gradual e ritmada para os agudos que a idade se encarrega de impedir de atingir.
O disco de Taiguara, saído em 1976 e divulgado por cá faz agora 40 anos, com título de Imyra Tayra Ipy até tem lugar específico na internet onde se podem escutar os temas.
No estrangeiro anglo-saxónico ninguém ligava a estas músicas e éramos nós os provilegiados ouvintes das mesmas, a par eventualmente dos franceses que ainda escutavam algumas ( Milton Nascimento, por exemplo).
Lembro-me de o disco, ou certos temas, passarem muitas vezes no rádio, tal como outros da música popular brasileira.
Talvez por isso, o disco, editado em Portugal pela Valentim de Carvalho em 1977 teve um recensão crítica de luxo na revista Música & Som de Junho de 1977, incluindo um texto de James Anhanguera que na altura costumava falar no rádio, sobre música popular brasileira, convidado pelos animadores de programas como José Nuno Martins, grande divulgador da mpb nessa época e João David Nunes que aliás assina o texto da M&S, a par de João de Menezes Ferreira que depois deu em deputado ( do PS).
Tenho muitas saudades desses programas de rádio em que se ouvia a música e se ouviam comentadores que sabiam do que falavam, como o dito Anhanguera ou outros.
James Anhanguera publicou em 1978 este livro- Corações Futuristas, título de um disco de Egberto Gismonti, também de 1976- sobre a música do Brasil que apesar de ser quase ilegível pela densidade de referências e desorganização temática, vale por essas mesmas referências, quase todas as que interessam na MPB.
Como eles escrevem, Imyra Tayra Ipy é um disco fabuloso de música popular brasileira, como já não se faz. Esgotado na edição em vinil, a melhor, tem versão em cd, incluindo uma japonesa porque são os nipónicos que dão importância a estas coisas da música de qualidade que anda esquecida.
Sem comentários:
Enviar um comentário