quarta-feira, maio 10, 2017

Portugal há 50 anos: Fátima, Fado e Futebol? E hoje?

Flama de 12 de Maio de 1967 (uma espécie de Sábado ou de Visão da época) , véspera da visita do Papa Paulo VI. A visita do Papa, como "peregrino", era notícia, tal como hoje. E tal como hoje, mostravam-se imagens do Vaticano e do Papa:


 


Fátima, local das aparições era mostrada, tal como hoje e havia imagens das casas dos pastorinhos e de familiares ainda vivos:


Sobre o Fado também havia páginas e Amália era notícia por ter estado no Olympia de Paris, juntamente com outros, como o Duo Ouro Negro.
Hoje, nos media online,  fala-se no Festival da Eurovisão e da nova coqueluche portuguesa que se chama Salvador Sobral e aposta-se que vai ganhar o certame. O que aliás seria bem merecido...e nunca houve um candidato português, tão bem colocado artisticamente para tal...



Os discos novos mostravam a tendência fadista, mas não só:


E numa página dava-se conta de um "conjunto" que tinha um dos elementos que depois veio a ser mais conhecido, chamado Fernando Tordo:






Porém, o Futebol era assunto de destaque, tal como hoje, aliás e com muito maior relevo e importância. Incomensurável importância aliás que é conferida pela atenção diária das várias televisões e de suplementos em todos os jornais.

Na época de há 50 anos dava-se destaque às subidas à primeira divisão. No caso, o Barreirense. Hoje, também é assim, no caso o Portimonense.


Sobre ídolos com pés de barro, hoje temos o Ronaldo. Há 50 anos havia o Eusébio que era mostrado assim, a modo de reportagem típica do Correio da Manhã:


Portanto, tínhamos Fátima, tal como hoje e em doses bem menores que hoje. Fado também, ou música em geral e em doses muito menores que hoje. E Futebol, cujas doses bem medidas do antigamente deixam saudades perante o espectáculo indecoroso de se gastarem horas e horas diárias a lidar com tal assunto, em directo nas tv´s. Todas as tv´s...

Para além dos três FFF tínhamos outros assuntos. A CUF era um deles e hoje não temos nada que se lhe compare. Temos dívida a montes para comparar com as toneladas de ouro que havia nos cofres do banco de Portugal, por exemplo, mas estou mesmo a ver a acusação de demagogia...




Tínhamos também cortejo de queima das fitas, dos estudantes, tal como hoje, embora com outro colorido mesmo a preto e branco:


Tínhamos ainda outra coisa que hoje não temos: guerra no Ultramar de que não se falava muito nos media, por causa da Censura mas não era preciso porque toda a gente a sentia, nos próximos que para lá iam. Porém, tirando os poucos milhares de pessoas do "reviralho", centradas no PCP clandestino e proibido e num PS ainda inexistente, mas também clandestino, todos aceitavam o dever de lutar pela pátria que era entendida como um todo formado pelo país que incluía as províncias ultramarinas.

As discussões públicas sobre "a guerra colonial" eram proibidas pelo regime mas tal era entendido com mixed feelings como agora se diria: era assunto que começava a interessar quem estava prestes a ir para a guerra e por isso se falava em privado, particularmente entre os milhares que então queimavam as fitas.

Tirando isso, a qualidade de vida em Portugal melhorava a olhos vistos; a Economia crescia como nunca mais cresceu nos últimos 40 anos e apesar de o regime limitar a liberdade de reunião, associação ou expressão, tal não era visto, como agora se pretende fazer crer, como um sinal evidente de fascismo ou de opressão intolerável,  pela maioria do povo.
Tal era visto, sim, pelos perseguidos pelo regime, em particular os comunistas e socialistas avant la lettre que queriam governar no lugar de quem governava, para restaurar "amplas liberdades". Em 1967, tais liberdades eram ainda as que existiam na antiga União Soviética ou aparentadas, com a nacionalização de bens e serviços, a limitação das liberdades burguesas para dar lugar ao poder popular ou ao poder de caminhar para o socialismo e a sociedade sem classes.

Ora sobre essas liberdades e desejos inerentes há décadas que estamos muito bem conversados, apesar de ainda haver quem as defenda e lute por elas, na esquerda comunista e marxista.

Por isso fazendo o paralelo entre o Portugal de agora e o de há 50 anos, nesse estrito aspecto de liberdades políticas, quem é que precisava então ou agora, de um PCP tal como era e continua a ser? Ou de um BE composto de lunáticos que anseiam apenas o poder de "combater a burguesia"?

Alguém precisava ou precisa de políticos desse género?

Por mim, passo bem sem eles e parece-me que quem mandava em 1967 tinha nesse aspecto toda a razão.


Questuber! Mais um escândalo!