sábado, junho 03, 2017

O atentado ao Estado de Direito que ocorreu entre 2005 e 2011 continua impune

Recentemente apareceram notícias sobre a investigação criminal aos negócios da EDP no tempo de Mexia & Cª.  O Expresso de hoje até anuncia na primeira página " as ligações suspeitas entre Mexia, Pinho e Sócrates". Já há quatro arguidos por suspeitas de corrupção ligadas a dois fait-divers: remunerações da EDP e o cursilho que fantástico Pinho foi leccionar em Columbia, pago pela EDP.

Tudo isto aconteceu entre 2004 e 2007, apesar de o cursilho só ter entrado em funcionamento em 2010.

Aparentemente e segundo o Observador, o inquériro que agora deu em buscas e constituições de arguidos surgiu mediante uma denúncia anónima:

 A EDP confirma as buscas realizadas à sede em Lisboa e diz que as diligências se inserem “no âmbito de uma investigação que teve origem numa denúncia anónima”. 

Curioso, isto da denúncia anónima...em tempo real já os media tinham dado conta de coisas fantásticas que aconteciam no seio daquela troupe que agora se conhece e se vê em andanças deste género criminal. São sempre os mesmos e torna-se estranho por que razão o MºPº não deu andamento a averiguações sumárias ou preventivas, como se faz nas participações duvidosas de branqueamento de capitais. Podia e devia fazê-lo e não o fez, indo agora a correr atrás de todos os prejuizos que a troupe causou ao país: dezenas e dezenas de milhare de milhões de euros. BES/GES, nacionalização do BPN, ruína da PT, desmantelamento da EDP, ruína do BCP, etc etc. Casos de polícia todos eles como agora se comprova e já então era de adivinhar ou suspeitar em modo sério e suficiente para se organizar inquéritos criminais. Nada se fez e tudo se faz com "denúncias anónimas" ou de outro género. Poder de iniciativa do MºPº nesta matéria: zero. Consequências práticas: mega-processos, prova perdida, oculta e destruída, etc etc.

Afinal, vistas bem as coisas e avisado por amigo, a investigação aos negócios da EDP até existiria e   anunciada mesmo na TVI, através do repórter Carlos Enes.

Portanto o que estamos a presenciar ao vivo e a cores é a uma história de um Atentado ao Estado de Direito, com diversas fases e episódios, alguns rocambolescos ( escutas cortadas pelo então PGR, a x-acto no processo Face Oculta) e que se desenrolou perante o povo português, entre 2005 e 2011. Tal e qual, sem tirar nem pôr e desafio quem quer que seja a dizer o contrário, mostrando a idiotice desta verificação.
Não houve falta de avisos mediáticos. Até por aqui. Mas ninguém quis saber das piruetas do Pinho dos tamancos:

 O antigo ministro da Economia (!) Pinho era, segundo notícias da época, um dos génios da alta finança do BES. Trabalhava para o banco de Ricardo Salgado. Logo que foi a ministro. o BES ainda era o maior e Pinho ajudava José Sócrates na governação.
No final do ano de 2005, Pinho confirmou Mexia, que tinha sido empregado do BESI e ministro de Santana, na EDP. É o que diz o Público do passado Domingo.
Em Fevereiro de 2006, a OPA da Sonae tropeçou em Pinho e Sócrates e estatelou-se. Salgado ficou a ganhar.
Em Abril desse ano, o BCP foi tomado de assalto pelo comendador da Bacalhôa e outras sombras. O BES emprestou dinheiro ( 280 milhões) para a investida.
Em Outubro desse ano Pinho autorizou a TAP a comprar a Poprtugália, do GES, por 140 milhões. Diz o Público que tal foi visto como "um favor do ministro ao ex-patrão".

Em Julho de 2009, o Pinho fez aquelas figuras tristes na AR e só assim foi despedido sumariamente, numa indignação postiça e jacobina que só o PS consegue apresentar como sinal de dignidade democrática.

Em 2010, o mesmíssimo Pinho arranjou um emprego novo, pago por uma EDP que ainda tinha umas shares do Estado.  Mexia mexeu-se, com grandes dúvidas de alguns sectores:

 A eléctrica portuguesa fez uma doação à School of International and Public Affairs (SIPA), num montante que pediu à Universidade nova-iorquina para não divulgar e que tem como uma das iniciativas o seminário sobre energia renováveis que vai ser leccionado pelo ex-ministro da Economia.
"Manuel Pinho será professor visitante School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade Columbia. A sua posição faz parte de uma série de novas iniciativas que estão a ser apoiadas pela EDP", disse ao Negócios fonte oficial da Universidade e Columbia
.

Agora que acabou a subvenção,  Pinho quer a reforma. Dourada. Dois milhões. Prometidos por carta escrita de Salgado.

"Num chega", dizia o outro colega de governo. Uma carta de conforto para assegurar uma reforma desse calibre "num chega" e Pinho vai ter que enfileirar na lista de credores reclamantes na insolvência do banco. Para a qual, aliás, poderá ter contribuído...

Isto que já era claro em 2009, num chegou para o MºPº investigar...

Ora vejamos então o indício dos factos deste Atentado ao Estado de Direito que vai ficar impune...

No Público de hoje, o antigo presidente do BCP, Jardim Gonçalves elabora uma teoria com pés e cabeça sobre o que sucedeu no banco que então capitaneava:


Primeiro andamento: controlo da banca. O BCP, então em vias de se tornar o maior banco nacional, privado e independente, perdeu para os conspiradores que são apontados a dedo, com motivação e tudo: BES, Governo de Sócrates, PT, EDP, com apoio activo e de cumplicidade de um grupo de malfeitores ( Ongoing, agora falida e cujo mentor vive de esmolas) e de apaniguados como Joe "fuck you" Berardo, o inteligente Santos Ferreira de quem Jardim Gonçalves diz não saber de quem dependia, se de José Sócrates, se de Vítor Constâncio se de Teixeira dos Santos, as famílias somagues e companhia lda mais os finos do Porto e outros que tais como botões. Vítor Constância estava a fazer de conta que regulava no BdP e foi premiado sem delação, indo para o BERD. O actual presidente da CGD, Macedo, deu uma ajuda preciosa ao grupo e terá traído o chefe.


Intermezzo: chumbo da OPA da Sonae à PT. Quem foram os protagonistas? Os mesmíssimos...
Quem quis tomar o poder mediático, através da compra encapotada ( PT) da TVI? Os mesmíssimos...
Quem foi que sapou e ocultou este esquema inserido naquele esquema maior? Dois personagens, os mais altos da magistratura portuguesa de então.

Como é que isto se passou às claras e à vista desarmada de todos nós? Já apontei ontem um exemplo, com a fotografia do bando dos quatro que foram à OA debater assuntos de justiça em Setembro de 2009, mesmo antes das eleições legislativas.

Tudo isto se enquadra lógica e consequentemente. Tudo isto aconteceu em Portugal e tudo isto se vai sabendo às pinguinhas. Porque é que o MºPº não actuou em tempo real quando teve inclusivamente denúncias de pessoas do seu interior ( magistrados de Aveiro) sobre o que se passava?

Pergunta ociosa, perante o que agora se sabe.

E os media, nisto tudo, com destaque para todas as lourenças das tv´s? Idiotas úteis, só? Quanto é que ganham mensalmente essas pessoas a dirigir a informação, os farias, os carvalhos, judites e lourenças? Alguém sabe? Não é preciso saber?


É verdade: esqueci-me de referir um nome: Proença de Carvalho. Mas vou falar a seguir.

Ora cá está, fresquinhas do Expresso de hoje:


 E agora, Domingo no DN, o inevitável Lopes, o komentador mais medalhado pelo sistema e que naturalmente defende os seus e a vidinha que lhe dão...porque a sua função é mesmo esta:


O contraponto a este tartufo fá-lo Octávio Ribeiro, director do CM, na edição de hoje e percebe-se muito bem a razão de o Lopes detestar aquele jornal:




12 comentários:

Floribundus disse...

há gente importante que mexia com tudo

o rectângulo, com os geringonços à cabeça da manada, transformou-se em self-service

a 26 de abril tocou a
'saque e a degola'

a magistratura já anda de luto pesado'

Floribundus disse...

em entrevista António Vitorino
rezou os responsos pela geringonça do monhé,
cada dia mais amarelo

a divida é o diabo
e este está sempre atrás da porta

FMS disse...

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10211812961651917&id=1005984034

Maria disse...

Excelente e oportuna crónica de Henrique Raposo. Parece que desde há algum tempo, não muito, os jornalistas mìnimamente independentes (eles precisam de comer, não é assim?) destemidos e sobretudo suficientemente dasapegados do poder instituído e indiferentes às benesses e múltiplas regalias que o contrário os poderiam vir a beneficiar.

Parabéns aos por enquanto ainda poucos jornalistas com esta coragem. Pode ser que outros mais vão aparecendo com a mesma têmpera, para, com o seu valoroso contributo, ajudar a levar o país finalmente prá frente, destapando os podres que o poder político esconde com o conivência de toda a imprensa falada e escrita, com as honrosas excepções como esta em presença.

Ricciardi disse...

O que é que aconteceu afinal na opa da pt que não aconteça todos os dias por esse mundo fora nas lutas pelas posições accionistas?
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Lançou-se uma opa e, os accionistas que não estavam interessados em largar a sua posição, fizeram o que puderam para a deitar abaixo. Business as usual.
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E isso inclui falar com outros accionistas, convence-los, dar-lhes outras opções etc. Fazer pela vida parece-me bem e perfeitamente natural. Inclusive pagar a accionistas para chumbar opas. Whey not.
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Os proprietários das acções são livres de escolher o que querem. A menos que tenham sido coagidos com uma arma na cabeça.
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O accionista estado, minoritário, na posse de golden share, não as usou nesse processo.
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Pode-se imaginar ou balburrear se for mera imaginacao que epá não as usou mas ameaçou que o faria. Pode ser verdade. Pode ser verdade que Sócrates tenha dito ao Belmiro assim: oh Azevedo, pá, se tu vais com a opa para a frente eu vou usar a golden share. Já ficas a saber.
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Ora, se o estado tivesse dito isso ao tio Belmiro, o tio teria desistido imediatamente da opa. Ninguém gasta aqueles milhões preparatórios sabendo que não ter sucesso.
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A menos que o tio estivesse a mando dum terceiro grupo estrangeiro para compra a pt. Do tipo testa de ferro para comprar a pt por meio da Sonae para depois a passar para o verdadeiro dono.
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Pois terá sido essa a informação que correu nos bastidores. Talvez seja por essa razão que os tios todos, accionistas da pt da altura, inviabilizaram em assembleia legislativa, sem uso algum da golden share, a opa.
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Fazem-lhe apostas de quem seria o grupo por trás da Sonae para fazer a opa. Eu sei quem são, mas não digo.
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RB

josé disse...

Pois..e quem nos garante que o pai natal não existe? Não o vemos na tv?

JC disse...

Claro que tinha de aparecer o Ricciardi a comentar, com esta conversa do mundo da fantasia...

Deve julgar que por dizer alguma imbecilidade sobre o assunto que anula ou diminui o impacto do post...
Como se isto fosse uma espécie de votação para o Festival da Eurovisão

Floribundus disse...


é mais seguro viver em Londres
onde sadik khan é o maior

O porco que vendia miragens
por Fernando Melro dos Santos, em 03.06.17
Da náusea induzida pelo Primeiro-Ministro, a quem desejo um cancro.

ainda pisa as beiçolas

Maria disse...

Boa crónica de Octávio Ribeiro. E acertadíssima.
Perante estes factos indesmentíveis, o que cabe perguntar é se é possível comparar o total descalabro em todas as áreas da governação que permite esta corrupção monstra e que se verifica a todos os níveis da governação, atingindo quase todos os governos e todos os seus membros desde que existe este regime a que chamam democracia. O mesmo que permite que opolíticos que cometeram actos altamente lesivos para o Estado, na realidade crimes políticos e económicos gravíssimos a exigir prisão perpétua, tenham permanecido fora da Lei até aos dias de hoje, salvo a detenção de um ou outro para inglês ver e com isso fingir que a Justiça funciona. Perante um tão lamentável estado de coisas, urge fazer comparações entre este e o regime anterior e honestamente perguntar se a milésima parte da podridão governativa a que temos estado sujeitos em todas as áreas políticas e económicas, era sequer possível ter acontecido durante o regime do Estado Novo? É que nem em sonhos quanto mais na realidade. E era por essa completa impossibilidade que os 'grandes democratas'/grandes corruptos odiavam de morte o Estado Novo e ainda mais o incorruptível Salazar, que não os deixava pôr os pés em ramo verde, nem sequer àqueles poucos que secretamente conseguiam infiltrar-se no país para sabotar o regime, sendo no entanto imediatamente descobertos e expulsos do país. No regime anterior esta malta brava, que com o advento da 'democracia' tomou d'assalto o poder, não tinha cá cabidela, pelo que os seus crimes não tinham qualquer hipótese de prosperar e espalhar-se como a lepra. Eis a diferença abissal entre os dois regimes.

Quem quiser que responda com total sinceridade e a mesma honestidade se isto é ou não verdade.

A democracia é apenas "isto" e mais nada. E não é só em Portugal que esta tragédia sem fim à vista se verifica, como em todos os regimes democráticos do mundo, só que n'alguns destes lá vão julgando e punindo um ou outro criminoso político só para fazer de conta que o sistema funciona, noutros países como o nosso os grandes corruptos, políticos e apaniguados, passam todos sob os pingos da chuva. Faz parte.

Floribundus disse...

Un hombre irrumpe al grito de «Alá es grande» en una iglesia de Valladolid durante una boda

Un hombre ha sembrado por unos minutos el miedo en la tarde de este sábado en la Iglesia de San Pablo de Valladolid, donde mientras se estaba celebrando una boda, en torno a las 18.30 horas, ha entrado un hombre profiriendo gritos de «Alá es grande» y se ha acercado al altar con la intención de derribar varios objetos litúrgicos.

Según han relatado a ABC algunos de los testigos presenciales, el hombre tendría «entre 20 y 30 años de edad, rasgos morenos, algo de barba», y «aparentemente no llevaba ningún arma». También han detallado que cuando algunos de los invitados han intentado reducir a este sujeto en el mismo templo ha tratado de agredir al sacerdote que estaba oficiando la ceremonia.

casa vez + perto

AAA disse...

Foi impressão minha ou Marques Mendes hoje na SIC não estava muito confortável a comentar este assunto da EDP? Apenas por ter amigos trilhados ou algo mais do que isso?

Carlos disse...

Excelente "post"

Este e outros casos muito conhecidos, deveriam fazer corar de vergonha toda a estrutura da investigação/justiça em Portugal. Para quando a investigação ao actos, ou falta dos mesmos, aos magistrados de serviço à época?

Será bom levar as investigações aos negócios que "mexia" no bolso dos portugueses. Por exemplo: a ascensão e queda do grande investimento no Douro Valley Hotel, entre outros!

Só haverá democracia a sério, quando esta corja de oportunistas dos pós-Abril, prestarem e pagarem pelos seus actos. Mas isso!...