sexta-feira, maio 24, 2019

A grande corrupção do PS começou com Mário Soares


Esta vem no Polígrafo, de Fernando Esteves ( bom trabalho):

Mário Soares ajudou Ricardo Salgado a comprar o Banco Espírito Santo (BES)? É uma alegação que circula nas redes sociais desde há largos anos, através de diversas publicações com recurso a textos ou vídeos. Entre as mais recentes e mais partilhadas, destaque para uma da página “A Voz da Razão”, com o seguinte título: “Soares moveu montanhas para ajudar Salgado a ser o dono disto tudo”.

A publicação começa por difundir um vídeo em que o próprio Soares, em entrevista à RTP1, assumiu ter ajudado Salgado a comprar o banco que a família Espírito Santo tinha perdido nas nacionalizações de 1975, pós-revolução de 25 de abril de 1974. Na entrevista, Soares conta uma conversa que manteve com Salgado, em 1984, pouco tempo antes do regresso da família Espírito Santo a Portugal.

“O banco [referindo-se ao Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa] está nacionalizado, os bancos foram nacionalizados, mas nós agora estamos a desnacionalizar esses bancos, portanto você pode perfeitamente tomar conta do seu banco. Ah, mas eu tenho falta de dinheiro! E eu disse: Arranja-se, isso é fácil! E falei com François Mitterrand, de quem eu era amigo, como se sabe, até ao fim da vida, grande amigo, e perante essa situação eu disse-lhe: Olhe, há isto assim e assim, como é que se pode arranjar dinheiro a um tipo que não tem, mas poderá vir a ter, etc. Ele disse que pode ser um banco francês que pode dar um jeito a isso”, afirmou Soares. Esse banco francês seria o Crédit Agricole.

O próprio Salgado também reconheceu publicamente a ajuda de Soares na recuperação da posse do banco. No livro “O Último Banqueiro - Ascensão e Queda de Ricardo Salgado” (Lua de Papel, 2014), das jornalistas Maria João Babo e Maria João Gago, recorda-se a cerimónia da entrega da Legião de Honra francesa ao presidente do BES, Salgado, que decorreu na sede do banco, em Lisboa, no dia 8 de novembro de 2005. “Entre os poucos presentes estava Mário Soares. Ao referir o papel do ex-Presidente da República na reconstrução do grupo, Salgado emocionou-se. Recordou que, sem a ajuda de Soares, a família não teria regressado a Portugal e fortalecido a aliança com o parceiro que esteve ao seu lado nas duas últimas décadas. Foi graças a Mário Soares que o clã Espírito Santo se aliou ao Crédit Agricole para ir a jogo na privatização do BES. E o apoio financeiro do grupo francês foi decisivo para a recuperação do banco que a família tinha perdido nas nacionalizações de 1975”, descrevem as autoras do livro, baseando-se em factos históricos e documentados em várias fontes.

“O regresso fez-se com a intervenção decisiva de Mário Soares. O então primeiro-ministro intercedeu junto do seu amigo François Mitterand, na altura presidente de França, para encontrar um parceiro estratégico que ajudasse os Espírito Santo a reafirmarem-se como a família de banqueiros em Portugal. Ainda antes da privatização do BES, o grupo uniu-se ao Crédit Agricole para fundar em 1986 o Banco Internacional de Crédito, que marcou o regresso do clã aos negócios financeiros em Portugal. Mas o grande objectivo era recuperar o banco que ostentava o nome da família”, explicam.

Como é que esse processo se concretizou? No mesmo livro reporta-se que “em 1985, o grupo [Espírito Santo] lançou o primeiro projeto no setor financeiro em Portugal com a compra de uma sociedade de investimento, que mais tarde daria origem ao BES Investimento. No ano seguinte, fundou o Banco Internacional de Crédito, que marcou o início da aliança com o Crédit Agricole no mercado português. Mas o foco estava nas privatizações. Foi com o parceiro estratégico francês que em 1989 e 1990 recuperaram a companhia de seguros Tranquilidade. Em Julho do ano seguinte os dois aliados avançaram para o BES. […] Foi já sob o comando de Ricardo Salgado que a parceria da família com o Crédit Agricole se transformou num casamento que havia de durar mais de duas décadas. Para concorrerem à privatização do BESCL - Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa - designação que só havia de mudar para BES em 1999 -, os dois grupos criaram a Bespar, uma sociedade que até 2014 será a maior acionista do banco. Exatamente com o mesmo equilíbrio de forças. Foi esta holding que garantiu que a família passasse a ter uma posição de domínio no banco, apesar de, direta e indiretamente, ter apenas cerca de 5%. O Crédit Agricole foi o passaporte que assegurou aos Espírito Santo o controlo do BES”.

Em suma, é verdade que Soares ajudou Salgado, ou mais precisamente a família Espírito Santo, a regressar a Portugal em 1985 e, posteriormente, a concorrer à privatização do BESCL, recuperando assim a posse do banco que tinham perdido em 1975, através dos processos de nacionalizações de bancos. As publicações que apontam para este facto histórico, em geral, referem também que, mais recentemente, Salgado financiou a Fundação Mário Soares. Essa informação também é verdadeira.

No final de 2014, o jornal “Correio da Manhã” analisou as contas da Fundação Mário Soares e apurou que o seu maior financiador desde 2011 era o BES, presidido por Salgado. Através de dois contratos por mecenato, o banco doou à instituição do ex-Presidente da República um total de cerca de 570 mil euros. Na altura foi também salientado que faltaria pagar uma prestação do contrato mais recente, no valor de 100 mil euros. Em 2013, a seguir ao BES, os maiores mecenas da Fundação Mário Soares foram o Banco Português de Investimento (BPI) e o Ministério dos Negócios Estrangeiros.


Mais um bom contributo para se entender como o PS é um partido estruturalmente corrupto. E cheio de inimputáveis que fazem de conta que nada sabem disto e de outras ainda piores.

Através de uma breve incursão pela NET dei de caras com este postal, daqui. Já tem dez anos em cima, mas vale a pena ler para tentar entender como tudo isto acontece nas nossas barbas e como estas pessoas continuam entre nós. Só uma foi presa...e nem sequer a mais importante:

Pânico e tráfico de influências ao serviço duma burguesia betoneira desmiolada

Enquanto este fenómeno de enorme gravidade ocorre perante a passividade bovina dos nossos deputados e as gargalhadas gastronómicas dos nossos políticos bem instalados na vida ou a caminho disso, a crise económica mundial e o colapso do sector financeiro internacional continuarão a fazer enormes estragos sociais e políticos por esse mundo fora, incluindo, claro está, o cantinho lusitano. Os OCS estão a esconder tudo isto dos contribuintes e dos incautos subscritores de PPRs, acções em mercados de futuros e filatelias e donabranquices semelhantes, triturando a pertinência informativa com soundbytes e sequências estroboscópicas de flashes. No momento em que mais falta fazem políticos a sério, temos um governo, a que estupidamente demos uma maioria absoluta (nunca mais!), às ordens da banca e das construtoras imobiliárias. O PS, coitado, foi capturado por uma pandilha de falsos socialistas, capitaneada por um insidioso ex-adorador de Mao e por um brilhante ex-militante da Fraternidade Operária! O protagonista que agora leva o pau desta tríade cozinhada em Macau não passa, como já todos percebemos, dum papagaio sedutor e dum maratonista de pacotilha, incapaz de alinhar dois pensamentos seguidos, mas exímio na recitação e no teleponto! A crise, porém, que despediu o anterior Roberto da tríade (pobre Guterres!), irá atingir fatalmente o engenheiro-arquitecto suburbano que actualmente promove os fogos de artifício da Ota e do Barreiro. É só fumaça!

A tríade de Macau

Eu posso estar completamente equivocado, mas o organograma da tríade de Macau não deixa de me apoquentar. A hipótese em estudo é esta: a tríade de Macau deglutiu o PS e galopa sem freio pelo País fora! Montemos pacientemente o puzzle.....

José Sócrates - espécie de pinóquio da tríade

(os que passaram por Macau)
Stanley Ho -- o amigo chinês está a arder na Alta de Lisboa e não gosta de perder, nem a feijões!
António Vitorino -- presidente da assembleia geral da Brisa e estratega teórico da tríade.
Jorge Coelho -- obreiro do actual aparelho PS, Conselheiro de Estado, recém anunciado CEO da Mota-Engil e estratega operacional da tríade.
Alberto Costa -- actual ministro da justiça (não ouviremos mais falar de Fátima Felgueiras, nem da Casa Pia...) e operacional da tríade.
Francisco Murteira Nabo -- ex-CEO da Portugal Telecom e da GALP, actual bastonário da Ordem dos Economistas e Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, pode ser considerado um fiel jardineiro da tríade.
Carlos Santos Ferreira - presidente do BCP e operacional da tríade.
Vitalino Canas -- porta-voz canino da tríade e do governo (entidade subsidiária da tríade).
Maria Belém Roseira -- além de ser uma frequentadora de fim-de-ano do Casino do Estoril (Stanley Ho) e uma das simpáticas opinocratas da tríade, desconheço outras funções operacionais.

(os que não passaram por Macau, pelo menos na mesma altura)
Armando Vara -- administrador do BCP, alto funcionário da Caixa Geral de Depósitos e operacional da tríade.
José Penedos -- presidente da REN e precursor do "abandona a escada que te ajudou a subir".
Manuel Pinho -- delegado do Grupo BES no governo socratintas (desconhecem-se por enquanto se existem ou não alianças entre a tríade de Macau e os gabirus do BES. Mas vamos sabê-lo assim que os meandros da operação de aumento de capital do BCP aflorem à superfície.)
Edite Estrela -- baby-siter da tríade.
António Nunes -- inspector-geral da ASAE, fumador de charutos oferecidos e comensal dos casinos de Stanley Ho.

Uma interpretação possível dos recentes movimentos salva-vidas dos protagonistas desta tríade é a presciência que terão do fim do actual estado de coisas na arena partidária. Eles pressentem que, tanta exigência de transparência, tanta inquietação social, tanta irritação intelectual, e a universal falta de liquidez que acometeu os cofres bancários na sequência do maremoto financeiro em curso, não auguram nada de bom. E por conseguinte, o melhor é mesmo abandonaram o barco que os trouxe até aqui, mas onde não querem naufragar! Resta-lhes todavia um problema: não há almoços grátis para ninguém! E por conseguinte, onde estão ou querem estar, terão que saldar as dívidas pendentes como puderem. E ainda saber se quem ficou fora do Titanic e tirita na Jangada de Medusa, e são a maioria, não lhes cortará o passo do caminho escandaloso que elegeram.

Post scripta
(11-04-2008 20:21) -- Francisco Louçã levantou hoje à tarde no parlamento a questão do activismo político de Jorge Coelho nas vésperas da sua migração (pessoal ou estratégica, sabê-lo-emos no futuro) para a Mota-Engil. Ainda bem que o fez. Por outro lado, Jorge Coelho anunciou aos noticiários televisivos das 20:00 a sua saída do Conselho de Estado. Não há dúvida que a blogosfera está na ordem do dia!
(11-04-2008 00:01) -- O caso Jorge Coelho, anunciado CEO da Mota-Engil, continua a fazer ondas no Portugal dos Pequeninos. E que ondas! A defesa do indefensável tem-se resumido a um único argumento: o homem teria saído da política, coitado, há oito anos! Há oito anos?!! Mas não foi ele quem colocou o Socratintas onde agora está? Mas não foi ele (ver vídeo) quem organizou há semanas uma carneirada em prol do mesmo inenarrável Socratintas, no Porto, como se ainda estivesse no PREC?! Mas não é este homem um dos Conselheiros de Estado eleitos pelo PS?!!! Nenhum jornalista consegue reparar nisto?

Outro dos argumentos cínicos sobre a nova missão de Jorge Coelho refere-se à sua coragem. Isso mesmo, à sua coragem! Por fazer às claras o que outros fazem atrás dos biombos das salas clandestinas de consultoria, gabinetes de estudos e grandes escritórios de advogados. Esquecem-se, os cínicos, que não está em causa nesta saudada e súbita forma de exibicionismo político qualquer acto de coragem, mas a simples adaptação aos tempos que aí vêm, reflectindo os ventos que sopram da Comissão Europeia e da sua nova European Transparency Initiative. Sobre esta necessidade de regular o desenfreado lobbying que grassa nos prostíbulos de Bruxelas, convem ler, por oportuna, a carta dirigida pela Alliance for Lobbying Transparency and Ethics Regulation (ALTER-EU), no passado dia 13 de Fevereiro, ao nosso querido José Manuel Durão Barroso, sob o título oportuno de Implementation of European Comission lobbying register. Registem-se os interesses, regulamente-se a cunha e criem-se observatórios electrónicos instantâneos sobre esta velha actividade quanto antes, e deixemos de fazer figuras tristes. Por uma questão de democracia!

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