domingo, setembro 29, 2019

A Censura democrática em 1975, da autoria de um certo PS e do PCP

Público, 24.7.2005. Um texto que o actual director Manuel Carvalho nunca autorizaria fosse publicado:

A seguir ao 25 de Abril, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) ordenou a "destruição" de livros que fizessem lembrar o regime fascista. 



Trinta anos depois, o PÚBLICO reconstitui um dos "autos de destruição", em que se queimaram 51 livros e se arrancaram folhas a outros 41. 
Alguns professores fizeram os autos mas guardaram os livros, que têm vindo a entregar. Ministros e secretários de Estado da época do despacho e dos autos-de-fé dizem que não sabiam de nada. Investigação de Adelino Gomes

"Aos dezasseis de Julho de mil novecentos e setenta e cinco perante o escrivão do presente auto, Arnaldo Ferreira da Cunha, e Maria do Céu Faria Fernandes da Cunha e Adelaide de Jesus Ferreira Simões, todos professores da Escola Primária de Marrazes, concelho e distrito de Leiria, procedeu-se à destruição, pelo fogo, dos seguintes livros, abaixo indicados e inscritos na lista A:"Escrita à mão, numa folha de papel azul de trinta e cinco linhas, esta frase ocupa as primeiras 11 linhas das quatro páginas de um "Auto de Destruição", pelo fogo, de 92 livros - 51, por inteiro; e 41, das folhas, previamente arrancadas, que continham "uma frase dos ex-Presidentes do Conselho". Estes últimos livros constam de um segundo rol, designado pelo escrivão como "lista B".
Ambas as listas foram fornecidas pela Direcção-Geral da Educação Permanente (DGEP) aos encarregados das bibliotecas populares, geralmente professores de escolas primárias às quais aquelas estavam anexas.
Seguindo as instruções da circular nº 1/75 de 26 de Março de 1975, daquela Direcção-Geral, o escrivão enumera e indica o título e autor de cada um dos livros e informa que "após verificadas as referidas destruições pelo fogo, foram feitos os devidos abates no livro de inventário da Biblioteca nº 393", pertença daquela Escola Primária.
Do auto "serão enviadas cópias às Repartições interessadas", informa o auto, nas linhas que antecedem as ressalvas, a data e as assinaturas das testemunhas.
Trinta anos depois, tanto o escrivão como Maria do Céu, sua mulher e uma das duas testemunhas, aceitaram recordar o modo e as circunstâncias em que procederam ao acto, de que o PÚBLICO tomou conhecimento durante uma visita ao Museu Escolar de Marrazes - um espaço inaugurado em 1997 e onde hoje se encontram mais de 33 mil peças que narram a história da Educação/Instrução em Portugal, durante o regime de Salazar e Caetano (ver pág. 6).
"Para mim era uma ordem. E a primeira coisa que se faz quando há uma ordem é cumpri-la, mesmo não se estando de acordo com ela", diz Arnaldo Ferreira da Cunha, sentado num sofá na sala de jantar da residência, em Leiria. À data do auto, o professor, hoje com 74 anos, levava uma quinzena e meia de docência naquela mesma escola, onde permaneceria até à aposentação, em 1992.
O casal, bem como o terceiro professor que assina o documento, Adelaide Simões (esta num contacto telefónico), dizem que não guardaram na memória pormenores do acto. Arnaldo e Céu Cunha, porém, aceitaram mostrar o local onde se cumpriu a ordem ministerial, nas traseiras da antiga escola, situada junto da Mata Nacional, a três quilómetros de Leiria.
Os dois professores seguiram escrupulosamente as instruções da Direcção-Geral, mas tiveram a preocupação de destruir os livros "fora da vista dos alunos". Escolheram por isso uma hora a que mais ninguém se encontrava nas instalações. A fogueira foi ateada com folhas de jornal trazidas de casa, misturadas com jornais e revistas da Mocidade Portuguesa, no recreio de terra batida da escola masculina, hoje ainda em funcionamento.

Decisão tomada em Outubro de 1974

Apesar de executada já depois do 11 de Março, a ordem de destruir "livros e revistas de índole fascista" foi dada escassos meses após o 25 de Abril de 1974, num despacho assinado pelo secretário de Estado da Orientação Pedagógica, Rui Grácio (já falecido).
O despacho, com data de 17 de Outubro de 1974, determinava às Direcções-Gerais dos Ensinos Básico e Secundário que elaborassem uma circular "ordenando a destruição das publicações com esse carácter, depois de arquivados um exemplar, pelo menos, de cada revista e alguns livros a seleccionar, que fiquem como documento ou testemunho de um regime".
O teor do despacho levanta dúvidas à direcção do Distrito Escolar de Leiria, que em ofício dirigido ao Director-Geral da Educação Permanente (DGEP) pede "orientação" sobre o critério de escolha dos livros e a organização do inventário de cada biblioteca "depois de efectuada a operação". A Direcção Escolar pretende que haja "uniformidade de procedimento", em vez da "diversidade de actuação" que resultará, inevitavelmente, se a escolha dos livros ficar ao critério dos professores encarregados das bibliotecas.
Em resposta, a DGEP informa que "muitos foram os serviços" que solicitaram esclarecimentos"sobre a forma de agir" e manda que as bibliotecas populares aguardem instruções, pois estão "a ser revistas todas as obras distribuídas" pelas bibliotecas populares.
Duas semanas depois do 11 de Março (o exemplar a que tivermos acesso exibe a data de 26, dia da posse do novo Ministro da Educação do IV Governo, major Emílio da Silva, mas pode trata-se da data de entrada do documento) a directora-geral da Educação Permanente, Maria Justina Sepúlveda Fonseca, anuncia aos encarregados das bibliotecas, através da circular nº 1/75, que "é chegada a oportunidade" de se passar, "com urgência", ao "saneamento dos livros que não reúnam condições ideológicas, literárias ou técnicas para continuarem a ser dados à leitura".
A circular aponta ao pormenor o modo de procedimento dos encarregados na execução da ordem. Para tanto, envia, em anexo, duas listas com os nomes das obras e dos autores (cerca de uma centena e meia) a inutilizar: a lista "A", cujas obras serão objecto de destruição "pela forma que [o encarregado] achar mais conveniente"; e a lista "B", com livros a que deverá ser cortada "a página que contém uma frase dos ex-presidentes do Conselho" da ditadura, Salazar e Caetano.
"Dessa destruição", que deverá ser feita "perante duas testemunhas", será lavrado "auto", em duplicado. Dele deve constar o nome das obras "inutilizadas" e "o modo como foram", arquivando-se um exemplar no processo da biblioteca e enviando o outro à DGEP. Os livros de que se arrancarem folhas "continuam, depois disso, a figurar na biblioteca".

"Impensável", censura
Vitorino Magalhães Godinho

O historiador Vitorino Magalhães Godinho (VMG) e o coronel José Emílio da Silva - dois dos três ministros que tutelaram o Ministério da Educação entre os nove meses que medeiam a data do despacho e a execução do "auto de destruição" nos Marrazes (o terceiro, o oficial do Exército Manuel Rodrigues de Carvalho, faleceu em 1999) - afirmam desconhecer em absoluto o despacho de Rui Grácio e as instruções subsequentes para "inutilizar" os livros constantes das duas listas.
VMG, que tutelou a Educação Cultura no II e em parte do III Governo Provisório (18 de Julho a 29 de Novembro de 1974), assume que autorizou a destruição de livros de propaganda do regime acabado de depor, mas apenas daqueles de que existiam milhares de exemplares em armazém no Ministério, que funcionava "num apartamento adaptado, sem espaço nem segurança".
Com a queda do regime, esses livros "tinham perdido razão de ser, não interessando a não ser como fontes para o estudo da época", até porque estava já a funcionar uma comissão de reforma dos programas, presidida por Mário Dionísio. "Não íamos vendê-los a peso. Mas comigo não foi combinado mais nada", garante.
O antigo ministro acha "impensável" que o seu secretário de Estado não lhe tenha mostrado o despacho. "Por mim, nunca poderia aceitar essa linguagem", diz.
Responsável do ministério durante os IV e V Governos Provisórios (23.3 a 10.9.74), o coronel António Emílio da Silva mostrou-se surpreendido quando soube da informação pelo PÚBLICO: "É uma novidade absoluta para mim. Nunca ninguém me falou em tal. E eu tenho boa memória".
Igual surpresa manifestou António Avelãs Nunes, que integrou com Rui Grácio a equipa da Educação durante os III, IV e V Governos Provisórios. "Nunca foi discutido o assunto. Estou a ouvir falar disso pela primeira vez", disse.
O antigo secretário de Estado da Administração Escolar dos II, III e IV Governos Provisórios, José Manuel Prostes da Fonseca, recorda-se "de se falar no assunto, que deu polémica no Ministério, na altura". A questão "levantou algumas dúvidas, pois era uma matéria extremamente delicada" e "dividiu opiniões "mesmo entre os aderentes ao 25 de Abril".
Prostes da Fonseca pensa, aliás, que não só ouviu falar como terá participado "em duas ou três conversas". Mas ficou, "naturalmente", fora do modus faciendi.
Retém a ideia de que a iniciativa "terá nascido na Direcção-Geral do Ensino Básico [de que era responsável Rogério Fernandes com quem o PÚBLICO não conseguiu falar ao longo de toda a semana], e que foi tratada, naturalmente, com o secretário de Estado da Orientação Pedagógica". Mas garante que o assunto nunca chegou a ser debatido com os responsáveis do MFA, com quem a equipa do Ministério da Educação, dirigida por Vitorino Magalhães Godinho, se encontrou por mais de uma vez para discutir os temas quentes do ensino, na altura.

A "surpresa" Rui Grácio

Mesmo Sottomayor Cardia, que denunciou na RTP, em 1976, a realização de autos de fé durante o período revolucionário, nunca nomeou Rui Grácio. Embora não fosse desconhecida, também, pelo menos por um dos autores "saneados", José Hermano Saraiva, que a classifica como "um crime como os dos tempos de D. Manuel", a própria ocorrência do facto era até agora tida, por muitos pedagogos, como mais uma entre várias calúnias, nem sempre comprovadas, que correm sobre o período revolucionário (ver Reacções).
Rui Grácio, personalidade então ligada ao Partido Socialista (de que viria mais tarde a afastar-se), gozava de enorme prestígio académico, profissional e político. Grande amigo de Vitorino Magalhães Godinho, ele foi o único secretário de Estado que o novo ministro escolheu directamente, conservando os restantes elementos da equipa que encontrara do titular anterior, Eduardo Correia.
Tanto Emílio da Silva como o hoje vice-reitor da Universidade de Coimbra, Avelãs Nunes, falam na grande consideração que nutrem pela figura do antigo secretário de Estado. "Acho que se aceitaria tal acto em relação a livros de propaganda nazi-fascistas que andassem pelas bibliotecas escolares, guardando um exemplar", diz Avelãs Nunes. "Mas dentro da mesma lógica que leva a Constituição a proibir organizações fascistas. Há uma diferença entre a liberdade de pensamento e a liberdade de acção daqueles que difundem essas ideologias. As instituições têm que se defender e só os democratas podem defender a democracia. A democracia não se pode oferecer aos seus inimigos e é preciso preservar a juventude desses meios de propaganda", observa o antigo secretário de Estado, visto na altura por Magalhães Godinho como uma espécie de representante do PCP na equipa governamental da educação.

"Não se mata a História"
Convidado a dizer o que faria se o seu secretário de Estado lhe tivesse falado no despacho, Emílio da Silva diz que não se atreve sequer a avançar uma resposta:"Uma coisa é estar a falar aqui descansado ao telemóvel, outra é estar em cima dos acontecimentos, a vivê-los. Por isso não falo sequer em reprovação, mas em surpresa. Rui Grácio é um homem por quem todos nós temos muita consideração".
Este coronel, que foi, por um breve período, em 1975, presidente da RTP e hoje exerce funções de consultadoria, não hesita, porém, em definir a sua posição global sobre o assunto: "Acho que [os livros] fazem parte da História do país. Sendo eu militar e tendo, enquanto tal, participado na guerra colonial, seria contraditório pensar de forma diferente desta".
Avelãs Nunes aceita também o repto: "Vendo o que aconteceu com os olhos de hoje, penso que reflectiria muito sobre o que fazer e como fazer. Não seria fácil. A questão é, assim, como fazer: Destruir? Guardar em armazéns Pôr em caixotes? Mas esse é o processo em que menos se sujam as mãos. Só que pergunto: será eficaz?". Reconhece, porém, que "a destruição pelo fogo é uma marca histórica terrível. Para gente de uma certa geração como a nossa, essas memórias arrepiam. Não se mata a história."
Mesmo os ministros Vitorino Magalhães Godinho e Sottomayor Cardia (que acabaram por se incompatibilizar com Rui Grácio) mostram alguma dificuldade em encontrar razões que expliquem o despacho.
Embora sem lhe pronunciar o nome (acabaram por se incompatibilizar), o historiador queixa-se de que se passaram coisas nos bastidores do Ministério de que lhe não foi dado conhecimento. Quanto à destruição dos livros, em concreto, insere-a em "toda uma orientação que houve dentro da Revolução e que, a coberto do antifascismo, representava (...) a falsa esquerda".
Mário Sottomayor Cardia, apesar das divergências sobre política de Educação que assume ter tido com o então seu correlegionário no seio do Partido Socialista, diz que se tratava de "uma personalidade muito cordata", mas que "teve essa triste inspiração" que haveria de estar na origem de "autos de destruição" em bibliotecas de todo o país.
"Nunca mais falámos do assunto entre nós", dizem o escrivão e a primeira testemunha do auto na escola dos Marrazes. "Cumprimos, mas não demos alarme. Ninguém sabia onde o outro se situava, e andavam por aí o MFA e o Copcon", acrescenta o professor Arnaldo, que não só não levou o assunto ao sindicato, de que foi, com a mulher, um dos animadores na zona centro, como nem sequer dele fez menção a Tomás de Oliveira Dias, um dos mais conhecidos deputados do então PPD, de quem era amigo desde os tempos da ala liberal e da Sedes.
"Para mim era uma ordem do PC", remata, na sua casa de Leiria, mas sempre lembrado dos Marrazes, onde educou, com a mulher, gerações de alunos, de quem receberam ambos diversos tributos de homenagem e a quem continuam a ouvir, ainda hoje, palavras de agradecimento.

Aqui fala-se de um tal Rui Grácio, uma das maiores desgraças que aconteceu a Portugal nesse período de prec. 

E explico porquê, porque já documentei o assunto várias vezes: 


Para mim este crime cometido pelo PCP e pelo PS foi o maior, depois das nacionalizações que fizeram e destruíram a nossa economia que existie a poderia ter evoluído de modo diverso do que evoluiu. 

Estes crimes são crimes contra a Humanidade Portuguesa. E por isso não prescrevem.

E por isso, numa pesquisa sumária encontrei isto, aqui:

"Ao contrário do que o ex-secretário «gonçalvista» da Orientação Pedagógica Rui Grácio afirmava ontem no «Diário Popular», verificaram-se, após o «25 de Abril», destruições pelo fogo de um número incalculável de livros existentes em bibliotecas de estabelecimentos de Ensino.

Esses autos-de-fé foram desencadeados por um despacho de 17 de Outubro de 1974, que reproduzimos. É do seguinte teor: Tendo sido informado de que nas bibliotecas dos estabelecimentos de Ensino existe quantidade apreciável de livros e de revistas de índole fascista, determino que seja elaborada uma circular ordenando a destruição das publicações com esse carácter, depois de arquivados um exemplar, pelo menos, de cada revista e alguns livros a seleccionar, que fiquem como documento ou testemunho de um regime.

Na sequência deste despacho, a directora-geral da Educação Permanente, Maria Justina Sepúlveda da Fonseca, que igualmente tenta limpar a face no «Diário Popular», apresentou propostas ao secretário de Estado Freitas Branco, «revolucionário» também ontem entrevistado por aquele nosso prezado colega, no sentido de serem «vendidos a peso, depois de inutilizados» livros em número de várias dezenas da «Colecção Educativa».

Nestas propostas da dr.ª Sepúlveda, Freitas Branco exarou pelo seu próprio punho, logo no dia seguinte à sua apresentação (31 de Dezembro de 1974), este simples despacho:

«Concordo».

Mais tarde (26 de Março de 1975), a mesma dr.ª Sepúlveda assinava a circular n.º 1/75 (que fizera até aí durante o trimestre?), do seguinte teor:

«Exmo. sr. encarregado da Biblioteca: É chegada a oportunidade de, numa primeira fase, proceder nessa biblioteca ao saneamento dos livros que não reúnam condições ideológicas, literárias ou técnicas para continuarem a ser dados à leitura.

«Nesta conformidade deve V. Ex.ª seguir, com toda a urgência, as instruções seguintes:

a) retirar da biblioteca e inutilizar pela forma que achar mais conveniente e perante duas testemunhas, todas as obras que constam da lista «A» anexa a esta circular;

b) lavrar auto dessa destruição, em duplicado, onde conste o nome de todas as obras inutilizadas e o modo como foram, arquivando um exemplar no processo da biblioteca e enviando o outro a esta Direcção-Geral;

c) cortar a página que contém uma frase dos ex-Presidentes de Conselho em todos os livros constantes da lista «B», anexa a esta circular, livros estes que continuam, depois disso, a figurar na biblioteca.

«Deve ainda V. Ex.ª aguardar que oportunamente se lhe envie segunda lista de mais obras a destruir numa segunda fase».

A lista «A» referindo despacho (livros «a inutilizar, pela forma que achar mais conveniente, perante duas testemunhas») inclui cerca de cem volumes.

A lista «B» (relação dos livros da «colecção Educativa», a que se deve «cortar a folha que contém uma frase dos ex-Presidentes do Conselho») inclui obras de autores como Urbano Tavares Rodrigues (!), Henrique Barrilaro Ruas, Manuel Maria Calvet de Magalhães, José Hermano Saraiva, José Régio, Maria de Lourdes Belchior, Vitorino Nemésio, Ana Hatherly e Tomás Ribas, entre outros.

As instruções da dr.ª Sepúlveda foram escrupulosamente cumpridas. Temos em nossa posse a acta de um auto-de-fé, que começa assim:

Conforme o disposto na circular n.º..., alíneas A e B, procedeu-se, na Escola Mista de Runa, Conselho de Torres Vedras, à escolha dos livros da «Colecção Educativa» nela existentes e sua destruição por meio do fogo.

Foram testemunhas a professora agregada X ... e a auxiliar de limpeza Y...

Assim foram queimados os seguintes livros que constam da lista anexa àquela circular.
 (Segue-se uma relação de 31 volumes). Por motivos compreensíveis, não publicamos os nomes das «testemunhas»..."

Uma cópia da ordem dada para "circular" , do famigerado Grácio, tirada do mesmo blog:



E uma foto icónica do resultado desta acção socialo-comunista:



E que dizia disto um fassista como Franco Nogueira, escorraçado do convívio democrático por ter sido ministro e biógrafo de Salazar? Isto, também retirado desse blog:

« - Na situação de crise em que Portugal se encontra [estava-se então em 1978], fala-se muito dos riscos de uma perda da independência nacional. Há, por um lado, a transferência dos centros de decisão vitais para além-fronteiras, o que em certos casos é já um facto. Mas, para além desse ponto, crê que pode colocar-se, num prazo mais ou menos longo, o perigo dum desaparecimento de Portugal?

- (...) Os perigos, os riscos a que se refere são reais, dolorosamente reais. Há a ideia, segundo parece, de que Portugal, por ter mais de oitocentos anos de existência, é automaticamente eterno. Eu não conheço nenhum decreto que prescreva a eternidade de Portugal; e se o houvesse ainda era preciso que os demais respeitassem esse decreto; e a História mostra-nos países que apareceram e desapareceram, e até em épocas bem próximas de nós o facto se tem dado. Por que seria Portugal uma excepção? E atente nisto: Portugal é hoje um país empobrecido, muito para além da realidade aparente. Abandonámos o Ultramar, simplesmente, sem negociação; e estamos endividados para gerações: Repito: para gerações. Isto basta para nos aterrar, para nos alarmar. Mas há muito mais. Estamos a aplicar os empréstimos em salários e bens de consumo, e muito pouco em equipamentos e investimentos. Perdemos milhares e milhares de quadros - professores, engenheiros, médicos, gestores técnicos, etc. - que foram expulsos, destruídos: e cumpre não esquecer que um homem, sobretudo um homem qualificado, é o bem mais precioso e o investimento mais caro de um país. Depois, por falta de confiança, fugiram de Portugal alguns milhões de contos: não estou a justificar o facto: estou a apontá-lo. É incalculável o que saiu do país em obras de arte, jóias, mobílias, pratas: devem estimar-se em vários milhões de contos também. Embora fossem propriedade privada, pertenciam ao património cultural e artístico do país, e mais tarde ou mais cedo encontrariam o seu lugar em museus portugueses. Muito mais seria possível acrescentar. Parecia-me vantajoso que a massa dos Portugueses tomasse consciência destes aspectos para se aperceber de quanto o país foi e está sendo depauperado. Não são apenas os centos de milhões de contos que devemos e que, é bom não esquecer, temos de pagar. Há que entrar em linha de conta com os prejuízos a que aludi atrás. A vulnerabilidade de Portugal é portanto imensa. Para além de tudo, todavia, o facto decisivo é este: a vontade dos Portugueses. Se essa vontade for vigorosa, e firme, e tenaz, Portugal pode sustentar a sua independência, e retomar a sua autonomia em relação aos centros de decisão hoje exteriores. Recorda-se de que Herculano dizia que somos independentes porque o queremos ser? Eu tenho esperança de que saberemos continuar a querer. Ou seremos então a geração que vai trair todas, todas as gerações anteriores? Eu vejo que na União Soviética se exaltam e veneram as grandes figuras da História, desde Ivan o Terrível a Pedro o Grande, desde Catarina II a Tolstoi. Vejo que os Estados Unidos celebram todos os dias os seus grande vultos, os seus grandes valores. Na Inglaterra, os grandes nomes - Isabel I, Shakespeare, Nelson, Wellington, mil outros - são sagrados, e são apontados diariamente à veneração pública. E é então num momento em que por toda a parte se proclama o nacionalismo, a independência dos povos, que nós vamos abdicar? Temos acaso vergonha de um Nuno Álvares, de um Camões, de um Infante, um D. João II, um Albuquerque? Acho que se impõe um regresso aos valores autênticos, permanentes, e há que proclamá-los mesmo perante os sorrisos sardónicos e benevolentes das mentalidades superiores. Das mentalidades daqueles que têm muitas teses intelectuais mas não sentem nada; e daqueles que por ignorarem tudo julgam saber tudo; e de quantos pensam ter a vida começado com eles sem ao mesmo tempo admitirem, para serem lógicos, que a vida acabará com eles. Ou estará o dinheiro estrangeiro a influenciar a inteligência portuguesa. E a juventude portuguesa? Já não estremece e palpita com Portugal?

(...) - Pensa que é hoje importante o empreendimento do combate cultural pelos sectores mais jovens?

- Sim, sem a menor hesitação. Não acredito que as ideias se combatam com a força, e que sejam vencidas pela violência e pela repressão. As ideias combatem-se e destroem-se com outras ideias. Atrever-me-ia a dizer que, neste ponto, e em certo sentido, muito parece estar simplificado: a falência cultural da esquerda é patente, e não só em Portugal, aliás. Já reparou que as ideias, o vocabulário, os conceitos, até os slogans usados pelos nossos responsáveis de esquerda, são os mesmos, rigorosamente, os mesmos de há trinta, quarenta, cinquenta anos? Não há uma novidade de consequência, não há um pensamento que aponte caminhos além dos já experimentados e que comprovadamente falharam em toda a parte. Sim, o combate cultural é fundamental: nas escolas, nas universidades, nos meios sindicais, em toda a parte, em suma, há que denunciar os sofismas, os erros, os falsos princípios. Não com arrogância, nem como quem quer impor a sua verdade. Esse totalitarismo é apanágio da esquerda, de uma esquerda imaculada, única detentora da verdade, da isenção, do desinteresse, da santidade em suma. Apenas se deve proceder através da análise fria, do exame documentado, das conclusões objectivas já autorizadas pelos factos e pela história. Não importa, penso eu, a especulação ideológica, a criação brilhante das grandes abstracções intelectuais; importa mais demonstrar a inoperância, o não fundamento, as consequências funestas dos ideais de esquerda. O que se disse, o que se afirmou, o que se acusou, o que se tripudiou em Portugal, o que se defendeu, o que se atacou!! Recordo-me de que um jornal, cujo nome não cito, publicou em Maio de 1974 um artigo condenando as touradas, por alienantes, e que terminava assim: "o primeiro fascista português foi Afonso Henriques". Recordo-me de uma emissora dizer que Camões fora um poeta menor ao serviço de imperialistas. Que efeito teria hoje lembrar e documentar tudo isto?».

Franco Nogueira («Juízo Final»).

Alguém contesta estas verdades afirmadas já há quarenta anos?

O jornalismo de arrasar passado a pente fino

Este que dirige o CM, ainda acredita no pai natal e hoje aproveita para insultar o antigo responsável da ERC...e chama-lhe "camareiro". Em termos semânticos passou a ser "bacio de quarto"...penico, naturalmente. Coitado do Azarado.


De resto faz a capa do jornal com uma única informação, singela e  que recolheu algures nos interstícios das violações sistemáticas de segredo de justiça.
E quem se encarrega de encher duas páginas com o chouriço dessa informação singela que faz a capa do jornal de hoje? Quem mais?! Tânia Laranjo, a jornalista do pente fino que arrasa a concorrência:



Parece que os segredos do "juiz Rui Rangel" estarão todos no iphone que usava, enfim, diz a notícia passada a pente fino. E não havia software que as autoridades judiciárias tivessem e permitisse o acesso ao aparelho. Teve que vir de Israel e demorou um ano, segundo a informação passada a pente fino da informação vinda...da PJ, naturalmente. Se estiverem já transcritas as conversas serão levadas
à autoridade judiciária competente para validação. Tudo boas fontes...com dicas para fazer uma capa do jornal que arrasa a concorrência. É este o jornalismo de arrasar.

Todos ganham? Talvez não.


sábado, setembro 28, 2019

Salazar: discursos reeditados

O Diabo de 26.9.2019:


Sol de 28.9.2019, entrevista de Marcelo Duarte Mathias, "diplomata e escritor":


Talvez um dia se venha a fazer a devida justiça a Salazar, para além dos julgamentos sumários de certa escumalha que escreve geralmente sobre a sua figura pública e até privada.

Marcelo fumou mas não inalou; Costa inalou, de charuto e tudo.

Capa do Expresso de hoje :



O Lacão anda sempre nestas andanças. Não lhe adiantou nada alvitrar nomes para a PGR...e devia perceber uma coisa: o MºPº teve necessidade de deduzir a acusação neste período eleitoral por causa de um motivo singelo e prosaico que as teorias de conspiração nunca contemplam: o prazo de prisão preventiva dos presos esgotava-se e teriam que ser soltos.

Se o ministro Azarado não andasse a engonhar no processo nada disto aconteceria...portanto a culpa é destes lacões e laconas.

Quanto ao Expresso é cada vez mais papel para embrulhar coisas. A mediocridade daqueles mangas de camisa é confrangedora. Nem compro.
Para a teoria de conspiração a envolver o MºPº partiram de alguns factos: dois procuradores que dirigiram o inquérito já tinham feito algumas a este PS dos lacões e laconas. Quais? O procurador Vítor Magalhães andou com o Freeport e apanhou um processo disciplinar que o afectou mais que ao então procurador Lopes da Mota, agora juiz com pretensões ao TEDH porque é do grupo dos "muito inteligentes" que engloba também a actual ministra da Justiça, a seguir para juiza Conselheira do STJ.
Outra procuradora parece que será familiar da bastonária da Ordem dos Enfermeiros e isso basta para a ligação conspirativa, para este Expresso a quem sopraram estas ideias fantásticas.

A machadada final para a teoria é dada pela suspeita do costume: Joana Marques Vidal,  porque foi quem desencadeou o procedimento no caso que este governo não queria e que o ministro Azarado protagonizou, com o óbvio conhecimento do chefe que agora se esconde na ausência de provas.

E já está! Uma conspiração pronta a servir ao Expresso.

Por outro lado, há uma crónica do difuso Rui Pereira, que no intervalo de comentador residente do caso Rosa Grilo consegue tempo para elaborar um parecer que aparentemente desmonta neste pequeno escrito no CM de hoje:



Uma pequena nota: Rui Pereira escreve aqui que o crime de furto das armas não seria da competência do mesmo tribunal.
Ora parece que não leu bem o disposto neste artigo do CPP, o que deve ser um drama para um professor de processo penal:

Artigo 28.º
Competência determinada pela conexão

Se os processos devessem ser da competência de tribunais com jurisdição em diferentes áreas ou com sede na mesma comarca, é competente para conhecer de todos:
a) O tribunal competente para conhecer do crime a que couber pena mais grave;
b) Em caso de crimes de igual gravidade, o tribunal a cuja ordem o arguido estiver preso ou, havendo vários arguidos presos, aquele à ordem do qual estiver preso o maior número;
c) Se não houver arguidos presos ou o seu número for igual, o tribunal da área onde primeiro tiver havido notícia de qualquer dos crimes.

Outro que fez figura de urso maior foi este tenente-general e que terá pedido um parecer ao dito professor-comentador do caso Rosa Grilo, mas devia ter lido este pequeno escrito porque já foi escrito há muito, nos manuais:


De resto a análise mais profunda ao caso é feita pelo jornalista José António Saraiva, com a perspicácia proverbial de que dá mostras, desde o caso do Face Oculta...


Conclusão disto tudo: Costa fumou e inalou; Marcelo só fumou. Não inalou.

Quem despachou bem o assunto foi Vasco Pulido Valente na sua crónica de hoje no Público: 

"Marcelo Rebelo de Sousa jurou em Nova Iorque, citando Nixon: "i´m not a crook". Já sabíamos"

Ahahahahah!

Um cartoon para ilustrar o caso ocorrido em 1973: os presidentes estão sempre acima de suspeitas...


quinta-feira, setembro 26, 2019

Abbey Road dos Beatles: 50 anos

O disco dos Beatles, Abbey Road, último obra a ser gravada pelo grupo faz hoje 50 anos que foi lançada no mercado.

É um disco importante e há quem diga que será o melhor do grupo, opinião que aliás partilho. Não é bem o caso de um dos maiores especialistas portugueses dos Beatles, Luís Pinheiro de Almeida que cresceu, desde a juventude, a ouvir Beatles como o grupo preferido.
Talvez por isso considera que Abbey Road "é um dos 12 melhores álbuns dos Beatles" ! Ahahaha!

Na época adquiriu um dos lp´s que era destinado a exportação pela editora e que tem esta etiqueta na contracapa: em vez do logotipo Apple, um "sticker" dourado da Parlophone. O Discogs tem  nesta altura três à venda, todos por preço superior a 500 euros...e dois deles de Portugal.


A mim não me saiu tal sorte porque em 1969 só ouvia de ouvido e não de gira-discos em casa. Quando saiu em cd, em 1987, foi dos primeiros cd´s que comprei. Depois comprei o LP original em prensagem original inglesa e das primeiras, como convém. E não deixei passar a edição em cd de 2009, a primeira rematrização do audio original, das fitas analógicas, da autoria de Guy Massey e Steve Rooke.

Esta edição é a primeira cuja contracapa foi revista por causa do logotipo desalinhado da maçã que ornava a primeira edição. Foi essa edição revista que arranjei. A que tem a referência YEX 749-2 do lado A e YEX 750-1 do lado B. Muito boa prensagem. Capa "laminada" e singela.



Quando o disco saiu ficou logo disponível em Portugal como atesta esta publicidade da Valentim de Carvalho mostrada no livro Beatles Populares, da autoria de Abel Rosa, outro especialista do grupo.

Em França, a revista Rock&Folk muito lida por cá pelos jornalistas que copiavam as críticas também  deu importância ao disco, mas não tanta que ocupasse a capa da revista de Novembro de 1969.
Nem sequer uma referência na capa, mas o artigo era assinado pelo director da revista que retrata muito bem o que eram os Beatles nesse tempo: mais um grupo de pop/rock e pouco mais...



Nos EUA a importância foi um pouco maior. A Rolling Stone deu-lhes a capa na edição de 15 de Novembro de 1969 e um artigo de página de crítica do célebre Lester Bangs (enfim, não é nada de Bangs, mas o texto de Ed Ward parecia. Basta ler como começa...).


Amanhã publica-se uma edição especial do disco, agora rematrizada por Giles Martin, filho do produtor original, George Martin. Saiu em várias versões e a mais completa tem três cd´s e um blu ray. Irresistível, mesmo para quem já tem o LP original e o cd que saiu há trinta anos...tal como a edição do LP , em triplicado desta vez.

Afinal, é dos Beatles. E para o ano haverá mais e parece que melhor ainda...pois será tempo de Let it be. Deixa-o pousar...

ADITAMENTO em 28.9.2019:

Depois de ter ouvido algumas vezes o novo disco, em vinil,  "rematrizado" por Giles Martin e escutado o blu ray, comemorativos da efeméride dos 50 anos de Abbey Road, umas primeiras impressões:

Bom trabalho de Gile Martin. Ouvi primeiro o disco original, na prensagem original que só não é das primeiras porque é o da contracapa com o primeiro retoque na maçã verdinha, que estava desalinhada da escrita do nome das canções no primeiro lado e passou a estar alinhadinha nessa versão também saída no dia 26 de Setembro de 1969.
A audição desse disco original , em auscultadores, é uma delícia, ainda nos dias de hoje. Está tudo no sítio, desde Come Together, passando pelo tema seguinte, Something, com um trabalho de baixo incrível, de Paul MacCartney e seguindo até ao final de Her Majesty, já em coda e que lá ficou, na fita original,  por esquecimento do técnico de gravação.

Portanto, esse primeiro disco não precisava de grandes melhorias porque já é muito melhorado em relação a gravações anteriores.
O que fez então Giles Martin, nesta nova versão? Retocou a gravação do som de alguns instrumentos, muito pouco, mas o suficiente para se ouvir melhor o baixo e alguns sons da bateria. Não subverteu a gravação original mas realçou um bocadinho o que deveria ser realçado e ficou bem.
A nova sonoridade parece a do disco antigo após uma limpeza em forma. Para mim está bem, mas...ouço as duas. Ahahah. E prefiro a da memória que conservo. Ou seja, escusava de arranjar estas novas versões de um disco que já é perfeito na gravação original que tem e posso ouvir em vinil. Então para quê comprar e ainda por cima caro, estas novas versões? Enfim, só entende quem entender porque não vale a pena explicar. Só digo que não estou arrependido porque não fui ludibriado. As novas gravações são boas e recomendam-se.

Não gosto de copiar outros, sem dizer quem copio, ao contrário do que faz a generalidade do jornalismo crítico nacional, mas como subscrevo a opinião deste entendido, coloco aqui o video que ele pôs há dias no youtube, explicando quase tudo. Michael Fremmer, do Analogue Planet. Está aqui:



Para além disso há sempre a experiência transcendente da abertura das caixas dos discos. Esta aqui merece um visionamento, pelo fascínio que compartilho nestas coisas simbólicas e de malucos dos sons:

O Rui Rio também se está a c. para o segredo de justiça...


Observador:

Rio tirou a tarde para ler acusação de Tancos e conclui: sabendo ou não sabendo, Costa tem responsabilidades. No Ribatejo, Rui Rio dançou com um grupo local e falou em "desespero" do PS.

O processo continua em segredo de justiça, mas Rui Rio já tem a acusação para ler. E não é parte no processo. 

Continuando na escatologia, Rui Rio, assim, fica todo borrado.

O papagaio-mor do reino e os cucos

jornal i:


A interceção de escutas telefónicas ao major Vasco Brazão, incluídas nos autos do processo de averiguação ao roubo de armas em Tancos indiciam que este oficial, que na altura era responsável da Polícia Judiciária Militar (PJM), estava mesmo a referir-se ao chefe de Estado, apesar de o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes, ter vindo garantir o contrário.
Vasco Brazão disse, segundo o SOL, à sua irmã ao telefone, a 5 de abril deste ano: “Vais ver que o papagaio-mor não vai falar sobre Tancos tão cedo. O papagaio (…) do Reino não vai falar sobre Tancos tão cedo. Pois, porque eles sabem, aliás o Sá Fernandes já fez chegar à Presidência que eu tenho um e-mail que os compromete. Portanto, eles não vão falar sobre Tancos tão cedo”.

(...)
Vasco Brazão tentou ser vago e alargar o âmbito das pessoas visadas, sem querer confirmar de quem de facto se tratava: “Papagaio-mor do Reino são vários: desde o [advogado e comentador televisivo José Miguel] Júdice, ao Presidente da República, ao [também advogado e comentador de TV] Miguel Sousa Tavares, que andam sempre aqui à volta, à volta de Tancos, e outros”.


Afinal quem é o "papagaio-mor" do reino?  Não me parece que seja algum daqueles suspeitos de um costume que não podiam ter, o de saber antecipadamente qual seria o teor do "e-mail que os compromete". Além disso tais suspeitos não são papagaios mas apenas cagarras...fedorentas,  se é que existem com tal característica.
Cucos, esses existem: costumam pôr os ovos em ninho alheio para serem chocados por outras aves de arribação.

Obviamente...e por isso continuam as mentiras. Talvez o julgamento seja em Abril...

Em democracia, ninguém está acima ou abaixo de qualquer suspeita...

Observador:

Certo é que, ao terceiro dia de campanha oficial, Tancos é mesmo um dos principais temas a pesar sobre a campanha, sobretudo a socialista que vê um ex-ministro prestes a ser acusado e até um deputado, recandidato ao cargo, apanhado num SMS intercetado pela investigação. Houve também a escuta, noticiada pela TVI, que se referirá a Marcelo como “papagaio-mor do reino”, que veio fazer o Presidente reagir de imediato. Costa só se disponibilizou a responder aos jornalistas para declarações (até esse momento não tinha sido possível) ao segundo dia da notícia e para estranhar os “disparates que se dizem” sobre ele e o Presidente da República. Depois declarou, para afastar dúvidas:

O Presidente da República está acima de qualquer suspeita sobre o que quer que seja”.


Público e Correio da Manhã de hoje: os sinais da oligarquia político-mediática.




A notícia do jornal i de ontem mostra que alguém do jornal teve acesso ao despacho final no inquérito relativo ao caso das armas furtadas em Tancos e ao encobrimento ( abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação, enquanto crimes típificados) da respectiva autoria. 

Segundo o jornal i o MºPº teve acesso a conversas e mensagens de correio electrónico, do chefe da casa militar do presidente da República na qual se dava conta inequívoca de que o mesmo indivíduo- João Cordeiro, um tenente-general- em converseta com  o director-geral da PJM falou de assuntos, quase "segredos de Estado" que o CM chamaria um figo se a eles lá chegasse. Foram fatais, tais conversetas e mensagens, para se questionar o grau de conhecimento que o próprio presidente da República teria acerca do assunto. 

O MºPº terá arquivado tal matéria, em função de impedimento processual para servir como prova a cometimento de qualquer crime. 

Porém, com estes elementos disponíveis e ainda outros que entretanto foram aduzidos, no dia de ontem, relacionados com outras conversetas do referido director-geral da PJM com uma irmã, as suspeitas adensaram-se porque " o papagaio-mor do reino" sabia de tudo. E mais: " o Sá Fernandes já fez chegar à Presidência que eu tenho um email que os compromete".
A quem é que comprometia o tal email, do director da PJM? A alguém do Governo, naturalmente. Ao ministro Azarado em primeiro lugar e depois ao chefe do ministro que este azarado não é quem para guardar tais segredos que queimam. Há provas dessa comunicação? Até agora não se descobriram, aparentemente. 

E por isso a questão é esta: o MºPº quis, pôde, procurou saber, indagou, questionou, perquisicionou algo que podia e devia? E que envolvia a identidade do "papagaio-mor" e o conhecimento de factos pelo presidente da República, suficientemente graves para um inquérito em forma? 

É essa a questão, agora. 

Já vimos que a oligarquia politico-mediática não quer tais inquéritos. E daí mais uma razão para o terem feito.

Ontem, algures foi apresentado ao público o livro de Eduardo Dâmaso, jornalista e director da Sábado e que já está à venda nas livrarias, há alguns dias. Parece-me bem escrito e interessante, até certo ponto.

O CM mostra hoje como foi:


E na Sábado de hoje escreve assim Eduardo Dâmaso:


Eduardo Dâmaso não pertence à oligarquia dos proenças e quejandos figueiredos. Mas é empregado da Cofina. E tem que suportar tais custos com as limitações inerentes. Ou seja, não pode dizer tudo, não pode contar tudo nem pode investigar tudo porque no fim de contas as investigações que estão no seu livro são todas decorrentes de processos judiciários.
E isso é ainda pouco para se atingir a verdade dos factos e a realidade que nos rodeia, actualmente.

Em Portugal praticamente não há jornalismo de investigação, incluindo algumas tentativas da Sábado através de António José Vilela, nomeadamente.

Falta a independência e poder económico para tal e ainda o conhecimento suficiente, desapoiado das muletas das autoridades judiciárias que evidentemente trazem a matéria-prima para os processos que depois são aproveitados pelos media da Cofina, mesmo com violações de segredo de justiça que um Rui Rio tanto detesta.

Sem razão, como se dá conta na Sábado de hoje:


No fim de contas tudo isto também é um negócio para a Cofina. E lucrativo, segundo parece.

É esse travo amargo que perpassa pelo livro de Eduardo Dâmaso...e é pena que assim seja. A junção do útil ao agradável deveria exigir maior empenho no escrutínio jornalístico para além do que fazem as autoridades judiciárias.

Por exemplo: que tal saberem quem é Sérvulo Correia e o que tem de seu, de próprio e de interesses? E um Eduardo Paz Ferreira? E um Vieira de Almeida? E um José Miguel Júdice?

Não é preciso haver trabalho disponível das autoridades judiciárias para nada, nestes casos...porque o jornalismo deveria bastar. 

O estado do esquerdismo em Portugal

A uns nem sequer é consentida a memória do tempo e dos lugares. O espectro do totalitarismo fascista de Salazar, assumido por estas sumidades, é ameaçador, desde sempre.
O perigo de se transformar uma escola-modelo do tempo de Salazar em local de peregrinação de louvor e preito é brandido como impedimento a qualquer realização que congregue memórias que as madrassas não permitem.

Público de hoje, um pequeno artigo de uma das imãs.



A outros, não só se consentem tais memórias do tempo e lugares da efectiva tentativa de transformar Portugal num país verdadeiramente totalitário como até se promovem os seus cultores nos altares mediáticos da modernidade, como os jornais e as tv´s.

Este totalitário, Loff de apelido tem lugar garantido nas madrassas e púlpitos mediáticos, para defender o totalitarismo comunista exactamente como se defendia há 40 anos.  Ninguém se incomoda com esta aberração e até a promovem.
Chamam a isso democracia e não se riem da própria estupidez.

Mesmo Público de hoje:


quarta-feira, setembro 25, 2019

Um juiz demasiado enfarinhado na política...do PS.

Observador: 

O juiz conselheiro José Luís Lopes da Mota, que foi suspenso um mês de funções por pressões no processo Freeport, em 2009, é um dos três candidatos portugueses escolhidos para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. O magistrado, que à data do processo era o procurador que presidia à Eurojust, pediu, entretanto, para ser reabilitado, ou seja, para que a pena disciplinar desaparecesse da sua ficha, o que foi aceite pelo Conselho Superior do Ministério Público depois de avaliar o seu comportamento após a sanção.


Este indivíduo é juiz Conselheiro no STJ. Foi procurador do MºPº e esteve no Eurojust, no lugar que   agora é ocupado por António Cluny, curiosamente da mesma linha política, de um PS antigo e com marcas no MºPº.

É um caso de sucesso prematuro na magistratura e promoções "with a bullet" como dizia o falecido Frank Zappa a propósito de outros assuntos. Tal como outros, por exemplo a actual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.
Curiosamente todos estão ligados ao PS de um tal António Almeida Santos e personagens adjacentes.

Perdoem-me mas estas pessoas não são magistradas, numa acepção pura, uma vez que demasiadas vezes deixaram de o ser para se tornarem verdadeiros comissários da política na magistratura. Quando se  impunha que fossem magistrados, nessas ocasiões,  deixaram de o ser. Não resistiram aos seus "sistemas de contactos". Os casos concretos em que se viram envolvidos comprovam-no, infelizmente.

São todos "muito inteligentes" e assim têm levado a reputação.


O presidente da República não é criminoso...mas... pode ser mentiroso?

Jornal i de hoje:


Quem isto ler percebe instantaneamente uma coisa: o Chefe da Casa Militar do presidente da República sabia do embrulho de Tancos e colaborou, por omissão, na prática de um crime ou vários, relacionados com as armas de Tancos.
Não informou as autoridades devidas e comparticipou no encobrimento da prática de crimes, por omissão. Tinha o dever de evitar tal prática e aparentemente nada fez para tal. Não foi possível perseguir criminalmente tal personagem por causa de um impedimento formal do processo penal? Pois sim, mas pode haver outros crimes e logo se verá quando sair o despacho final do processo que estará por dias.

A questão que se coloca também é muito simples: tendo tal figura institucional, um tenente-general, formado e com experiência,  noção disto tudo e mais alguma coisa é plausível que nada tenha dito ao presidente da República, chefe supremo das Forças Armadas e seu superior, no caso concreto?
A resposta é muito simples: não! Só um néscio julgará que sim...

Então o problema, tal como aliás sucede com o primeiro-ministro António Costa, na mesmíssima posição por causa do mesmíssimo problema com o inacreditável Azarado Lopes e os chefes de gabinete da casa do Governo, é também muito simples de equacionar: também soube da marosca mas encolheu-se no formalismo e manhosice habituais.

Se estas figuras cimeiras do Estado Português contemporizam por omissão com a prática de crimes que crime cometem? Vários e politicamente tal é insustentável.



Claro que nada disto interessa a forças políticas em véspera eleitoral, mas não é por isso que se deve varrer tudo para debaixo do tapete democrático, como aliás tais figuras tristes fizeram, jogando na impunidade.

Mais: quem é que tem o dever de investigar crimes em Portugal? O MºPº exclusivamente e por isso o problema surgido com o palerma ( é mesmo isso...) Luís Vieira, director-geral da PJM. Ou não sabia do ofício e era incompetente ou não sabendo, quis mesmo cometer o crime, correndo o risco. Claro que este palerma criou um imbroglio do qual não se vai safar com facilidade...e há um outro criador apócrifo do mesmo imbroglio: o juiz Ivo Rosa. Sem a sua acção processual, logo no início,  nada isto teria acontecido, talvez seja bom lembrar. Talvez nem sequer o furto aconteceria.

A questão, neste momento é também muito simples: o presidente da República e o primeiro-ministro são suspeitos de saberem o que se passou com o encobrimento dos crimes de furto, em Tancos e pouco ou nada fizeram quando podiam e deviam fazer?
As suspeitas são mais que muitas e o MºPº tem obrigação de abrir dois inquéritos cuja instrução deve ser entregue às autoridades competentes.

Algo que seja menos que isto releva de denegação de justiça e prevaricação, exactamente como aconteceu no caso do ex-PGR Pinto Monteiro, por causa do episódio tristíssimo das escutas ao antigo PM José Sócrates, no caso Face Oculta e violação gravíssima de segredo de justiça que então ocorreu.

Aposto que o MºPº nada vai fazer e fica por isso no ar a suspeita de que o MºPº que temos é como o de Angola ou Moçambique.

A honra do MºPº está em jogo e a democracia em modo de devida separação de poderes também. Se for seguida a regra costumeira de não incomodar tais excelências com este tipo de questões, seguindo assim uma inadmissível raison d´État, tenho que concluir que estamos em pleno terceiro mundo.

Julgo que será esse o resultado e por isso tenho poucas esperanças neste tipo de poderes e nesta democracia assim tão frágil.

Há cerca de 40 anos houve um problema parecido, mas cujos contornos tinham a ver com a formação do Portugal democrático, depois da tentativa de golpe comunista.

O Jornal de 31 de Março de 1978, a famigerada Isabel do Carmo que não tem qualquer vergonha na cara, dizia ao que andava, abertamente e sem peias:



Por causa disto, desta distribuição de armas militares dos paióis existentes na época, aquando da tentativa de golpe da extrema-esquerda, com o PCP a espreitar por trás da cortina e a atiçar as hostes,  houve preocupação dos novos poderes ( Eanes e companhia...) de "recolher" as armas espalhadas, sem espalhafato e sem processos como hoje existem. Tudo em segredo e no bom recato que os militares como o tal palerma julgam que ainda existe...

Os poderes de facto e alguns de direito encarregaram então um antifassista de gema, antigo preso político por ter ido várias vezes à missa das maçonarias e quejandos, de recolher o que pudesse, uma vez que era experimentado na arte de recolher electrodomésticos por processos pouco ortodoxos e até em nome de familiares directos para não se envolver demasiado. Era então presidente da RTP, imagine-se!

O Jornal de 13 de Janeiro de 1978 explicava tudo tim tim por tim tim. Este camelo sem vergonha alguma negava evidências e como de costume, tal como agora, os poderes de facto acreditavam na sua caravana que atravessou depois o deserto, bem provida de víveres:


Quem quiser saber melhor, a história já foi contada aqui e aqui porque este camelo, com duas bossas de lojas secretas e muito pelo político, safou-se sempre. E muito por causa da tal raison d´État quando tal regra era de preceito político e havia mais intocáveis do que hoje.

Depois ainda se dava ao luxo de gozar com a democracia:


Repito: o actual estado jacobino mantém a tradição da raison d´État. O princípio constitucional ( artº 13º da CRP) da igualdade de todos perante a lei é letra morta, em Portugal, neste aspecto e sempre foi, com excepção efémera no tempo de Souto Moura, na PGR e aquando do caso Casa Pia. Este primeiro-ministro, António Costa, sabe-o muito bem porque foi com ele o episódio do "estou a cagar-me para o segredo de justiça".
Quem o afirmou é hoje a segunda figura do Estado português e isso diz tudo da nossa democracia.

Mas ou os portugueses e media em geral se levantam num coro de protesto geral ou então isto vai ficar na mesma. Como sempre...e tal vai ser assim porque a esquerda já se uniu em mais este encobrimento. O BE nem quer ouvir falar nisto; e o bravo afinador de máquinas também acredita no pai natal, afinal.  De Rui Rio, enfim, de Rui Rio nada há a esperar. Tudo o que seja menos do que alterar a composição do CSMP nem conta e controlar o MºPº, precisamente para isto, nem conta.

Duvido que a actual PGR Lucília do Carmo tenha tomates, salvo seja, para isto. Ou, já agora, a anterior...
Os media? Enfim, os media. As televisões nem vão pegar no assunto, de caras. Nem de cernelha. Temem pelos lugares bem remunerados. A Flor Pedroso nem se atreve a cheirar o tema. O Figueiredo, agora quase a calhar na Cofina nem pensar. O outro da SIC tem lá o patrão cuja sombra é uma Sombra do regime.

Os rádios são uma chuchadeira. Os jornais, desta vez foi o i que lhe pegou. De caras. Os demais,a começar pelo Público, farão figura de rabejadores como lhes compete, a começar pelo Manuel Carvalho. O Octávio tem muito mais com que se entreter. O Expresso é da Sic. E o Sol talvez tenha algo a dizer. Baixinho, para não se notar muito. E pronto. O Diário de Notícias? Isso nem existe. 

Quanto ao actual PR, por favor, não se perca muito tempo com a personagem. Quem estiver interessado leia a história dos dez negrinhos. escrita na Opção de 19.8. 1976 por Artur Portela Filho...



Há coisas que nunca mudam...


domingo, setembro 22, 2019

O jornalismo pente fino do Correio da Manhã que arrasa a verdade

Correio da Manhã de 10.9.2019: as notícias que determinaram o escândalo sobre a Justiça ao desviar a atenção do assunto para o fim da suspensão de funções de um desembargador arguido de crimes graves de corrupção. A discussão, a partir daqui passou a focar-se nos juízes e sistema de justiça que permitiram o escândalo de tal suspensão finda e sem atingir o verdadeiro responsável por tal, ou seja o legislador.
A verdade foi atamancada pelo jornalismo "pente-fino" da jornalista que "arrasa".  E ninguém a chamou à pedra.




Correio da Manhã de hoje:



A denúncia das incorrecções, erros factuais, aleivosias e asneiras graves são tantas que a única sanção para a tal jornalista "pente-fino" e a quem a autoriza a escrever tais baboseiras seria a demissão pura e simples, com um processo em cima das costas, eventualmente criminal.
Nada disto acontece e vai repetir-se a breve trecho.

Que fazer deste jornalismo trash que capa a verdade e atinge a honra das pessoas, com meias verdades, mentiras completas e falsidades em todas as notícias sob a forma de incorrecções graves?

Responsabilizá-lo. Nada mais que isso. Talvez aprendam. O mal que fazem à comunidade em geral, o atentado permanente à verdade e a difamação permanente é demasiado séria para passar sempre em claro e impune.

O sensacionalismo e a ânsia de vender papel e atingir audiências é de tal forma que já aprimoraram a técnica: sob a capa de uma verdade indesmentível constroem um elenco de falsidades acessórias que desvirtuam a realidade. Inventam e criam factos e vituperam pessoas e instituições  que não se defendem devidamente porque ainda por cima manipulam a opinião pública pejada de ignorantes e fazem-se depois passar por vítimas.

Esta gente, deste jornalismo é doente. Psicologicamente doente, parece-me. Tanto ou mais do que aqueles que acusam e de quem se servem para ganhar a vidinha. O caso mais recente? O assunto "Rosa Grilo" de uma obscenidade a raiar a loucura. A carecer de tratamento urgente.

sexta-feira, setembro 20, 2019

Dura lex, sed latex

Observador:

O primeiro-ministro vai homologar o parecer da PGR sobre os contratos com familiares de membros do governo. O parecer é favorável ao governo, pois entende que não pode ser feita uma interpretação “estritamente literal” da lei e devem ser tidos em conta outros critérios como a “vontade do legislador”. Quando a permanência do secretário de Estado da Proteção Civil, que entretanto se demitiu, e de outros ministros (como Pedro Nuno Santos) foi colocada em causa, António Costa defendeu que não podia ser feita uma interpretação literal da lei.


O melhor comentário, mais sucinto,  que se pode fazer sobre esta matéria já está feito. Aqui:

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei.
Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”

Probidade, a qualidade que a democracia não cultiva

O Diabo de hoje:



Dos dicionários: probidade é a qualidade do que é probo. Probo: honrado, justo, honesto, íntegro.
Salazar poderia não ter cultivado a probidade. Com censura e controlo da opinião publicada e oposição também controlada politicamente, através de restrições dos direitos de associação e reunião, Salazar poderia ter enriquecido como alguns ditadores de terceiro-mundo. 

Preferiu enriquecer o país, material e espiritualmente. Fê-lo inegavelmente durante mais de quarenta anos.

É isso que não lhe perdoam os réprobos que tomaram as rédeas do poder, incluindo o mediático.




quinta-feira, setembro 19, 2019

E vão 27...este ano.

O ano passado, por inteiro levou 28 pessoas, mulheres na maioria esmagadora, para a contabilidade das vítimas mortais da "violência doméstica".

Este ano já lá vão 27 segundo as contas do Observador.

Era bom que Observatórios deste fenómenos, incluindo ainda Observatórios post-mortem se vissem bem ao espelho da sua função e interrogassem seriamente sobre as razões da suas miseráveis existências e também se avaliasse o valor destas avaliações.

E também que estes subsidio-dependentes do Estado se interrogassem sobre o que não conseguem fazer para estancar a sangueira e concluissem que são incompetentes sequer para interpretar as verdadeiras razões do aumento exponencial desta violência extrema.

Por mim já dei o óbulo: vão ouvir os algozes. Perguntem-lhes porque matam agora e não o faziam antes com tanta frequência.
Alguma razão haverá...

E outra medida urgente, esta meramente higiénica: acabar com os subsídios aos subsidio-dependentes do Orçamento. Acabar-lhes-há, miraculosamente,  o apetite insaciável pela "vitimimologia" e irão pregar para outra freguesia, talvez na área geográfica do pan.

O Correio da Manhã, esse bastião da sobriedade jornalística e referência do jornalismo de "pente fino" e de "arrasar" a concorrência,  definitivamente deixou o tema "violência doméstica".
É com muito esforço redactorial que lá metem a frase e nunca no título. Desta vez é "mulher morta à facada na rua", como se fosse um fait-divers anódino e nada tivesse a ver com violência doméstica, ou seja, com o facto de o agressor ser "ex-marido"...

Se fosse no início do ano em que a histeria mediática com a "violência doméstica" atingiu o paroxismo o assunto teria capa do jornal com imagem de "arrasar" e reportagem da jornalista Tânia "Pente Fino" Laranjo.
Agora é uma "local", se tanto.

O director Octávio deve ter encasquetado que as notícias de primeira página sobre este tema são alarmantes e por isso evita-as. Muda-as para  o interior ou, no caso, para a última página, sem destaque algum especial.
A mudança deve-se a uma consciencialização da estupidez ou apenas a um receio genuíno de alarmismo social? Não aposta em nada.



Para que se entenda melhor:


Neste caso nem havia queixas apresentadas às autoridades nem pulseiras, nem obrigações especiais que as autoridades pudessem monitorizar. Mais, o crime aconteceu a escassos duzentos metros de uma esquadra da PSP...
Ah! E diz que a conta ainda vai nas 26. Deve ser contabilidade de "pente fino", para "arrasar".

O Público activista e relapso