quarta-feira, outubro 23, 2019

A vigilância dos cidadãos pelo Estado é aterradora


Wikipedia:

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (em inglês: Nineteen Eighty-Four), muitas vezes publicado como 1984, é um romance distópico da autoria do escritor britânico George Orwell e publicado em 1949 .[1][2] O romance é ambientado na "Pista de Pouso Número 1" (anteriormente conhecida como Grã-Bretanha), uma província do superestado da Oceania, em um mundo de guerra perpétua, vigilância governamental onipresente e manipulação pública e histórica. Os habitantes deste superestado são ditados por um regime político totalitário eufemisticamente chamado de "Socialismo Inglês", encurtado para "Ingsoc" na novilíngua, a linguagem inventada pelo governo. O superestado está sob o controle da elite privilegiada do Partido Interno, um partido e um governo que persegue o individualismo e a liberdade de expressão como "crime de pensamento", que é aplicado pela "Polícia do Pensamento".[3]

A tirania é ostensivamente supervisionada pelo Grande Irmão, o líder do Partido que goza de um intenso culto de personalidade, mas que talvez sequer exista. O Partido "busca o poder por seu próprio bem. Não está interessado no bem dos outros, está interessado unicamente no poder".


Em 2014 estive em Paris e fui a uma livraria que já conhecia, na rue de Rivoli, a W.H.Smith. Foi lá que uns bons anos antes tinha visto pela primeira vez a edição original do New York Times, com papel a bojar de cadernos e mais cadernos. Não comprei na altura essa primeira impressão, por causa disso. Fiquei-me pela recém-aparecida Talk, de Tina Brown, cujo número um acabara de sair e já acabou de vez há muitos anos e não me lembro de ver por cá à venda. 


Em 2014, portanto, o interesse pela W.H.Smith nessa rua com arcadas era já na procura de novidades, para boas leituras.  No escaparate de entrada estava lá este livro, nessa altura: 


O tema era candente, na época: um americano, ainda jovem nem sequer com trinta anos, perito informático, contratado pelas agências de informação secreta americanas para desmontar esquemas de espionagem informática, na maior parte estrangeiras e por conta do governo, decidira denunciar publicamente aos quatro ventos mediáticos, o esquema que se lhe afigurou ilegal e criminoso e que durava praticamente desde os atentados em  Nova Iorque, no ano de 2001.  Essencialmente o caso assumia uma gravidade inaudita: os americanos, de modo oculto e secreto espiavam toda a gente que bem entendessem. Toda a gente, no mundo inteiro e que tivesse alguma vez acesso a internet, telefone móvel ou sistemas de comunicação por computador. As empresas americanas privadas, mais importantes, como a Google ou fornecedoras de acesso a tais comunicações colaboravam activa e secretamente com o governo para essa acção de espionagem global. 

O escândalo, assim, também foi global e quem o denunciou mediaticamente foi o jornal The Guardian.
A história desse escândalo que não terminou e porventura ainda se ampliou e o modo como se desenvolveu na altura era o tema do livro. Que na altura folheei e não li.

Tal como não li com olhos de ler a reportagem que a revista Wired publicou em Setembro de 2014 sobre o assunto. Mas comprei a revista...





Não li na altura mas li agora porque comprei outro que confirma o que lá vem escrito. Este é a biografia do protagonista escrita na primeira pessoa e é deste ano. O título diz tudo.


Na parte final do livro a mensagem é clara: " Mesmo que não tenha procurado coisa nenhuma online, não seria muito difícil a um governo interessado em descobrir que está a ler este livro. No mínimo não seria muito difícil descobrir que o tem, quer o tenha descarregado ilegalmente ou o tenha comprado numa loja de cimento e argamassa com um cartão de crédito."

E em algumas páginas:







O livro de 2014 explicava já o que acontecia à escala global:


O que pretendo dizer com isto tudo? Que o indigitado Secretário de Estado da Justiça é o juiz Antero Luís que foi dirigente das secretas durante seis anos e mais alguns. E que o indigitado Secretário de Estado da Administração Interna, Mário Belo Morgado, foi director nacional da PSP e director- geral de qualquer coisa, antes disso. ( Os cargos estão ao contrário, mas para o caso tanto faz...)

Chega? Não é suficiente. Veremos o que virá a seguir...

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