domingo, outubro 27, 2019

As imagens deste Governo e regime que está

Para registo ficam aqui duas imagens do CM de hoje que retratam a imagem do Governo que agora está e do regime que o suporta. O apontamento sobre Passos Manuel, incluído.




Mais imagens do regime ( sim, está lá o Vasco Pulido Valente...), com uma parte desta entrevista de Clara Ferreira Alves, jornalista do grupo de Balsemão ao Observador cada vez mais parecido com este...

Deixe-me mudar de assunto. Um dos casos em que esteve envolvida foi quando o Vasco Pulido Valente escreveu num blogue um famoso texto sobre si.
Há quem diga que não foi ele, que foi a Constança Cunha e Sá. Não faço a menor ideia.
Essa nunca tinha ouvido. 


Mas o Vasco Pulido Valente afirma, num parêntesis, que a Clara tinha chegado com dificuldades ao 12º ano. E a Clara decidiu processá-lo.
Na altura, não decidi processá-lo. O Vasco e eu fomos grandes amigos numa determinada fase. Porque, aliás, todos os grandes amigos dessa fase desapareceram, criou-se ali um isolamento do Vasco. Mas éramos quase a família dele — o António Pedro Vasconcelos, o António Barreto, a Maria Filomena Mónica, a Teresa Patrícia Gouveia.

Esses estão todos vivos.
Tudo vivo. E eu mesma. Uma vez, o José Cardoso Pires foi a casa do Vasco, onde eu até ia ver partidas de futebol — ele morava ali na Quinta da Luz, à frente do Colombo. E o Vasco tinha as nossas fotografias. O José Cardoso Pires, que nunca ia lá a casa, foi lá jantar, e ficou muito admirado. Disse-me: “Sabes que ele me diz que vocês são a família dele. E eu nem sabia que ele tinha afeto!” O José Cardoso Pires achava o Vasco muito gelado. Mas, de facto, fomos amigos. Ele aturou-me coisas, e eu aturei a ele. E depois houve ali uma fissura. Aquele comentário dele vem na sequência de um texto que eu não devia ter escrito, no Expresso, a brincar com ele, mas na verdade ridicularizando-o, quando o Vasco aceitou ser deputado do PSD, era líder o Fernando Nogueira. O Vasco vai para o Parlamento, e eu achei aquilo impensável, que o Vasco aceitasse ser deputado com o Fernando Nogueira. Achei estranhíssimo. E escrevi um texto idiota. Eu mesma depois percebi. Foi desleal, sobretudo. Já tínhamos tido uma coisa, ele dizia “bom, você já não é minha amiga”. Não era verdade, eu tinha tido um filho, tinha uma vida mais complicada. Mas escrevi aquele texto. E eu suponho que ele terá ficado muito ofendido comigo. E com razão. E depois aparece aquela coisa no blogue, e então fiquei eu muito ofendida. Aquele atrasado mental, e tal.

Isso já foi bastante depois…
De maneira que eu tenho sempre um método, que é insultar, queria atirar-lhe com um copo de whiskey no Gambrinus, eu queria o melodrama. Mas depois um amigo meu advogado aconselhou-me antes a processá-lo. Foi uma idiotice, o processo, mas enfim. O que é certo é que o processei. O Francisco Teixeira da Mota foi o advogado dele, e era muito bom. Devia ter sacado o Francisco Teixeira da Mota para mim. Tive de ir a Coimbra pedir os diplomas, para provar que tinha ido mais além do que o 12º ano. Um disparate completo.

Mas porque é que aquela acusação a tocou tanto?
Chateou-me muito por termos sido amigos. Se tivesse sido outra pessoa qualquer… E porque ele sabia perfeitamente que aquilo não era verdade, e portanto achei inacreditável. O texto não era só o 12º ano, o texto era brutal. Chamava-me analfabeta, dizia que eu não sabia isto, nem aquilo. O texto não parecia o estilo dele. Normalmente não usa aquele vocabulário. E eu conheço bem o vocabulário do Vasco. Portanto, teve ajudas, sim. Eu não devia ter escrito a outra coisa. Foi acintosa e estúpida. Escrevi muitas coisas de que me arrependo na minha vida, evidentemente. Mas estava irritada.

Este é o último programa do Artigo 38, e não poderia deixar de falar consigo de José Sócrates. Tenho de lhe fazer justiça, porque até hoje acho que foi a única pessoa que durante muito tempo admitiu ter alguma admiração pela personagem de Sócrates, e que já veio publicamente dizer “eu enganei-me”.
Completamente.

Não vi muita gente ter a sua atitude. O que eu gostaria de perceber são duas coisas: o que é que a fascinava nele…
Não, nunca fui fascinada pelo José Sócrates. Achava que ele tinha qualidades políticas.

Então que qualidades políticas eram essas, para de certa forma entender que ele era um bom primeiro-ministro, e depois quando é que se dá a rutura, e a necessidade de o afirmar publicamente.
Eu não cheguei a ter rutura, porque nunca fui dos círculos de José Sócrates. Nunca. Nem mesmo na fase em que ele já estava muito próximo do Mário Soares. Sempre o mantive à distância de um braço. E acho que fiz bem.

Conheceu-o pessoalmente?
Falei três vezes na vida com o José Sócrates. E peço desculpa se não me lembrar da quarta. Mas foram três vezes. A primeira foi numa situação muito cómica que eu não resisto a contar. Fui fazer uma conferência a Castelo Branco. Não me lembro em que ano é que isto é, exatamente. Sei que Eduardo Ferro Rodrigues é candidato à liderança do partido, a seguir ao Jorge Sampaio. E eu fui a Castelo Branco.

Deve ter sido por volta de 2002.
Então estou na Casa Fernando Pessoa e era sobre o Fernando Pessoa, seguramente. Fui fazer essa conferência, sobre literatura, dado o meu currículo nessa área. Chego ao hotel de Castelo Branco, e de repente está tudo cheio de políticos no lobby. De um lado estão políticos do PSD, do outro lado estão políticos do PS. E eu disse: “O que é que se passa aqui hoje?”. E disseram-me: “Há um grande comício do PS, e um grande comício do PSD ao mesmo tempo”. Pelo PSD a candidata era a Maria Elisa, ou pelo menos a pessoa que ia falar no comício era a Maria Elisa, que também tinha resolvido ser deputada. E pelo PS era o Sócrates. O grande orador da noite, porque era o círculo dele. E eu tinha escrito uma coisa terrível sobre o António Guterres, de crítica. Já no fim do governo de Guterres. E o Sócrates era daquele triunvirato: José Sócrates, Pina Moura e Jorge Coelho.


(...)


Quando olha para trás, considera José Sócrates uma personagem singular? Porque há muita gente que acha que ele tem, no máximo, uma diferença de grau em relação a outras personagens semelhantes.
Sim, sem dúvida [que Sócrates é uma personagem singular]. É um Rastignac, uma personagem do Balzac, alguém que vem da província e de um meio pequeno, para a grande cidade, onde se instala e convence toda a gente. Eu lembro-me que a certa altura houve uma querela entre o Manuel Alegre e ele. E eu perguntei: “Ó Manuel, quem é o José Sócrates?” E lembro-me do Manuel Alegre dizer: “Ó Clara, é um puto rico que dá dinheiro ao partido.” Foi exatamente o que ele me disse. E eu pensei: “Bem, ok, pronto, é alguém que é socialista, e que apoia o partido”. O PS tinha sempre uns altos e baixos, dinheiro, não dinheiro, conforme se está no poder ou na oposição. Mas o Sócrates tinha sempre aquele lado provinciano. Eu li Maquiavel… Isto tudo começa com uma reportagem do Expresso, que resolve espiá-lo no Seizième [NA: uma das zonas mais nobres de Paris], e repara que ele tem uma vida não milionária, mas parecida, ou seja, acima das possibilidades não só dele mas também da mãe — e dos empréstimos da Caixa. Portanto, eu comecei a achar aquilo tudo muito estranho. Mas isso está na entrevista, e ele disse-me que o político europeu que admirava — não sei se isso terá sido em off, agora não me lembro, mas olha, se era off agora vai — era o Berlusconi. Ele achava o Berlusconi uma personagem interessante. O Berlusconi é um multimilionário, Sócrates não era. E eu acho que, nalgum ponto da sua carreira, este homem desejou ser um multimilionário. E apaixonou-se por essa vida, que não era a dele. E, sobretudo, não era a vida de um primeiro-ministro.


Esta Ferreira Alves não tem vergonha na cara. Passou horas e horas na tv a perscrutar assuntos e temas políticos em que naturalmente José Sócrates se encontrava envolvido, desde 2005. 

 Depois desse primeiro encontro em 2002 ocorreram diversos factos que deveriam ter alertado a mesma sem-vergonha para o que se passava com José Sócrates. Colabora no programa Eixo do Mal, na mesma SIC. O programa existe desde 2004 e é das Produções Fictícias, do actual secretário de Estado Nuno Artur Silva, entretanto cedente de quotas a um sobrinho que as terá que pagar até daqui a dois anos. Até pagar, a empresa é de quem, realmente? 

É disto que temos aqui: uma empregada da SIC que contratou um programa de entretimento político, pertencente a familiares directos do actual Secretário de Estado e que poderão pagar o valor do respectivo contrato até daqui a dois anos. Se não o fizerem o que sucede? A empresa volta para o dono originário...

E é disto que temos a ser entrevistada por um João Miguel Tavares que não conseguiu tempo para lhe perguntar algo a propósito disso. Estamos conversados sobre este JMT, comentador residente de outro programa de tv, parecido e que tem lá um dos apaniguados mais aproveitadores deste regime: Ricardo Araújo Pereira, o palhacito rico. Seria bom saber quanto tem de seu, actualmente...

Sobre a licenciatura de José Sócrates na UnI acaso Clara Ferreira Alves disse ou escreveu alguma coisa quando a pessoa que denunciou o esquema, António Balbino Caldeira foi alvo de busca no âmbito de um inquérito e acusação criminal?  Alguma vez esta descarada teve interesse em falar de tal assunto na altura em que deveria ter falado?

Não, não teve. Tem agora, porque o assunto já não a afecta. José Sócrates é já um maldito entre os seus. 

Esta descarada sem vergonha não se enxerga. E quem a entrevista ainda menos. 

Sem comentários:

O Público activista e relapso