sexta-feira, setembro 20, 2013

PRP-BR: a gente que justificou a existência da PIDE/DGS

Os revolucionários do PRP/BR e mais tarde as suas excrescências nas FP25 justificaram a seu tempo ( aqueles do PRP/BR) a existência de uma polícia política no tempo de Marcello Caetano, porque não há país algum que sobreviva ao terrorismo das bombas e assassinatos com objectivos políticos. Em democracia, o grupo Baader-Meinhoff, na Alemanha e as Brigate Rosse na Itália, são o melhor exemplo dos émulos do PRP/BR e cujas ideias políticas aliás partilhavam. A Alemanha prendeu o casalinho do grupo que acabou por se suicidar na prisão e a Itália teve os anos de chumbo para aprender a lidar com o fenómeno que causou centenas de mortos, em atentados em lugares públicos, como hoje faz a AlQaeda.
Mais: sem esta gente ou este terrorismo não haveria polícia política no tempo de Marcello Caetano e não parece ser um prognóstico póstumo demasiado arriscado. Portanto...

Em 1979, o mesmíssimo PRP/BR da mesmíssima Isabel do Carmo agora convertida à pacatez da endocrinologia hospitalar pública, matava gente. A mesmíssma Isabel do Carmo, apesar de ser dirigente de topo da organização, parece que de nada sabia...mas O Jornal de 23 de Março de 1978 contava outra história...e em Junho os dirigentes de tal grupo terrorista eram presos.

Ainda assim, a polícia Judiciária ( a nova PIDE para os PRP/BR) juntava as pontas soltas e com ajuda de arrependidos que colaboraram na delação, fez um retrato do terror daqueles.  Por isso mesmo, em 15 de Novembro de 1979, um dos arrependidos, José Manuel Azevedo Plácido foi executado, morto a tiro de pistola, disparados dentro de um "Mini" com três indivíduos no interior. Nenhum deles era Carlos Antunes ou Isabel do Carmo e é de supor que estes se manifestaram surpresos e indignados quando tal souberam...

Como se sentiam completamente inocentes destes e doutros crimes, os presos do PRP entraram em greve de fome, às pinguinhas e que durou meses ou anos,  provocando um problema para além do mais...político, como relata O Jornal de 31 10 79 ( os 29 presos terminaram uma greve de fome que durou 30 dias)  e de 2 7 82. Eram "antifascistas" presos...

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E como é que os envolvidos, os maiores responsáveis por este terrorismo justificavam as suas condutas? Assim: primeiro a pacatíssima Isabel do Carmo, no O Jornal de 4 6 82.

Depois o hirsuto Carlos Antunes, logo a seguir, no Expresso de 26 de Junho de 1982.


A situação agravava-se, mesmo politicamente e por isso toda a gente se reunia a debater o assunto. Até o Patriarcado ( é preciso não esquecer que estamos em 1982...).

E como é que o "arrependido" Altino explica tudo isto? É simples, lendo...o Expresso de 20 de Dezembro de 1980 ( antes do problemas político se colocar...):



A seguir: as FP25, uma excrescência do PRP/BR. Filhotes tresmalhados de uma mesma monstruosidade.

11 comentários:

silviasantos2323 disse...

Por falar na DGS, eis um testemunho interessante sobre o tema dos seus arquivos, levantado no recente livro de José Milhazes.

http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3405138&page=-1

http://darussia.blogspot.pt/2013/09/pcp-diz-que-noticias-sobre-arquivos-da.html


Afinal terá havido uma testemunha importante do roubo dos arquivos

http://nrpcacine.blogspot.pt/2013/09/la-verite_16.html

"Exma. Senhora Directora (Do Jornal "Público)

A propósito da notícia da agência Lusa, reproduzida no Público de sexta-feira 6, sobre a questão da ida de parte do arquivo da PIDE/DGS para Moscovo, recordo que o assunto foi abordado numa comunicação apresentada pelo Sr. Coronel José Aparício num colóquio que decorreu no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, nos dias 30 e 31 de Maio de 2012. Disse então aquele oficial, que teve altas responsabilidades na PSP depois do 25 de Abril, que numa noite em que saía de um restaurante perto do Governo Civil, viu paradas, no Largo de São Carlos, duas carrinhas nas quais um grupo de marinheiros carregava caixotes. Estranhou, fez um telefonema – não me recordo se disse para quem mas creio que não – e sugeriram-lhe que mandasse uns polícias averiguar o que se passava. O Coronel Aparício recusou, observando que não queria arriscar um conflito entre polícias e marinheiros, tendo-lhe sido então dito que mandasse seguir as carrinhas para se ver o que sucedia. As carrinhas – sempre segundo o Sr. Coronel Aparício – foram seguidas, verificando-se que se dirigiram ao aeroporto de Figo Maduro e aí passaram os caixotes para um avião da Aeroflot. A menos que os caixotes – e por que foram marinheiros a carregá-los – contivessem sardinhas, parece-me óbvio o seu conteúdo, face àquilo que já se sabe. Por outro lado, talvez não seja mau que por aí se conservem, pois se vierem para a Torre do Tombo, com a interpretação que por lá se faz da lei só se deixando consultar livremente documentos que tenham mais de 75 anos (os outros são sujeitos a expurgo sabe-se lá feito por quem) ainda será mais fácil aos historiadores portugueses irem até Moscovo."

Mário Matos e Lemos, Historiador, investigador-colaborador do CEIS 20, da Universidade de Coimbra.



A resposta do Coronel Sousa e Castro

http://nrpcacine.blogspot.pt/2013/09/la-verite.html


silviasantos2323 disse...

“…os líderes comunista e socialista, Álvaro Cunhal e Mário Soares, regressavam do exílio, apresentando-se juntos à frente dos seus apoiantes em delírio que empunhavam conjuntamente o mesmo cravo vermelho. Soares prestou homenagem a Cunhal, seu antigo professor, como «homem notável, com uma visão luminosa e penetrante que sugeria uma grande força interior». Mas Cunhal também era um lealista da linha dura soviética que em 1968 fora o primeiro líder comunista ocidental a apoiar o esmagamento da «Primavera» de Praga. Embora as divergências entre ele e Soares fossem aumentando gradualmente, haviam de estar juntos numa série de governos de coligação até ao Verão de 1975.
Em Junho de 1974, Portugal e a União Soviética estabeleceram relações diplomáticas pela primeira vez desde a Revolução de Outubro. Seis meses mais tarde, Cunhal teve o primeiro encontro com o residente do KGB em Lisboa, Esviatoslav Fiodorovich Kuznetsov (nome de código LEONID), que funcionava sob cobertura diplomática da recém-criada Embaixada Soviética. Embora a reunião decorresse numa casa segura do Partido Comunista Português (PCP), os dois homens tinham tanto medo de que a sua conversa fosse escutada que mantiveram um diálogo inteiramente silencioso com lápis e papel. Foi acordado que o KGB formaria dois membros de confiança do Partido para detectarem equipamento de escuta, de modo que as suas futuras conversas pudessem ser faladas. Cunhal também se comprometeu a entregar material sobre o serviço português de segurança, sobre a OTAN (de que Portugal era membro fundador) e sobre outras «questões de interesse para o KGB».
Pouco depois da Revolução de Abril de 1974, foi dado a uma comissão de inquérito acesso aos processos do brutal serviço de segurança do regime deposto (conhecido sucessivamente por PIDE e DGS), cuja vasta rede de informadores quase rivalizara com as do Bloco Soviético. Uma vez que o PCP, cujos 22 membros do Comité Central tinham, no seu conjunto, passado 308 anos na prisão, fora o principal alvo da PIDE/DGS, esteve, sem surpresa, bem representado na comissão. Além de passar grandes quantidades de documentos da PIDE/DGS (alguns dos quais diziam respeito à colaboração com serviços de informações ocidentais), o PCP também forneceu à residência de Lisboa processos de informações militares portuguesas e de novo serviço de segurança criado depois da revolução. Segundo um dos processos anotados por Mitrokhine, o peso total do material classificado fornecido pelo PCP à residência de Lisboa em meados dos anos 70 atingiu 474 quilos. Em Janeiro de 1976 foi criada dentro do Quinto Departamento da PDP uma secção especial para trabalhar nos documentos portugueses que, na sua versão microfilmada, ocupavam 68138 fotogramas. O resumo de Mitrokhine do relatório do Centro sobre o material conclui:
- Foi obtida informação extremamente importante sobre a estrutura, métodos de trabalho e redes de agentes dos Serviços Especiais (informações) dos EUA, de França, da RFA e de Espanha em territórios de Portugal; sobre a sua cooperação com a PIDE/DGS e as redes de agentes desta em Portugal e nas antigas colónias; sobre as forças armadas de Portugal e de vários outros países; sobre os métodos de trabalho dos Serviços Especiais portugueses contra a União Soviética e outros países socialistas; sobre a situação operacional dos agentes no país e em situações que fossem alvo de interesse para o KGB; [e] sobre indivíduos de interesse operacional para o KGB.”

Christopher Andrew e Vasili Mitrokhine, O Arquivo Mitrokhine, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000, pág 388.


http://en.wikipedia.org/wiki/Mitrokhin_Archive

silviasantos2323 disse...

2.º Encontro, 20 NOV de 2012,15h00, na Livraria Municipal:
Apresentação do livro A Última Missão, de coronel de Infantaria pára-quedista reformado e dr. José de Moura Calheiros, com autor e t.-coronel de Infantaria reformado José Alberto Aparício.

http://www.ligacombatentes.org.pt/arquivo_de_noticias/mais/464

zazie disse...

Boa José.

É isto que mais ninguém faz. O josé não precisa de opiniões.

Atira-lhes com os factos.

E os jornalistas nem aqui os vêm buscar.

Floribundus disse...

José
o estado português tem comigo um estranho contrato social.
de modo que para mim a sociedade portuguesa faleceu recentemente de 'morte macaca'.
no final do mês agradeço a publicação de carta sobre o assunto

lusitânea disse...

A obra dos do tudo e do seu contrário é deveras notável.Traidores uma vez, traidores sempre.Depois de tudo fazerem para entregar tudo o que tinha preto e não era nosso agora importam e nacionalizam às centenas de milhar com divisão garantida pela constituição através do Estado Social Internacionalista e claro com nivelamento por África.O Homem Novo que no nosso caso vai ser mulato está aí ao virar da esquina e com boas votações democráticas...

lusitânea disse...

Democracia que tem à disposição várias modalidades de comunismo mas nenhuma nenhuma nacionalista sem ser perseguida constitucionalmente e pelas células da justiça devidamente comandadas à distância pelos gajos da "superioridade moral" coisa que quer dizer mais ou menos isto:deixem-nos continuar a trair o zé povinho...

lusitânea disse...

Entretanto mostrem lá um desses traidores eméritos que não tenha um valente tacho à sombra do erário público agora que não é preciso ir assaltar os bancos porque estão no poder.Em casos desesperados têm as pensões de antifassismo...

Kaiser Soze disse...

Estaline devia dizer algo parecido sobre o NKVD ou a STASI.

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...
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A obscenidade do jornalismo televisivo