domingo, março 26, 2017

A Liberdade em "revista"

 Observador:

O Observador entrevistou a artista de "variedades" Io Apolloni, uma italiana que veio para Portugal e singrou nas artes de representação em "revista".

Assim:


Como título da entrevista o Observador pôs este que envergonha a realidade e defrauda a verdade:


Io Appolloni: “A PIDE deu-me 48 horas para sair do país por desencaminhar um homem casado”
A seguir explica-se assim o título:


À época o Camilo não estava mais com a mulher, estava com a Io, mas certo dia a mulher dele apresentou queixa contra si na PIDE e a Io recebeu um ultimato: tinha que deixar o país.
Tive quarenta e oito horas para sair do país! Por desencaminhar um homem casado, vê tu bem. A mulher dele sabia que ele era mulherengo, mas também sabia que eu era um grande “perigo”. Portanto, sabia que comigo a conversa era completamente diferente, era séria. Essa coisa de ter saído de casa, que era a primeira vez que tinha acontecido num casamento que durava há doze anos, foi uma coisa séria.

Foi graças ao Aníbal Nazaré, o autor de “Sopa no Mel”, que acabou por não deixar o país, não foi?
O Aníbal felizmente era amigo do Silva Pais [director da PIDE]. Aquilo na altura não era brincadeira nenhuma e se não tivesse sido o Aníbal tinha mesmo abandonado Portugal. Todas as pessoas que nasceram depois do 25 de Abril não têm a verdadeira noção do que é a liberdade. Eu que vivi sem ela, e aqui em Portugal sentia-se e de que maneira a ditadura, quando chega o 25 de Abril quase rebentei por dentro de felicidade
.

Portanto, a artista de variedades não saiu do país, apesar do ultimato "da PIDE" porque um amigo meteu uma cunha ao director da  polícia e tudo se compôs.


Imagem tirada daqui.

A PIDE seria terrível, segundo o que diz a artista. Até tinha o poder de repôr no sítio certo o "magnetismo" dos homens, afastando-lhes o polo de atracção...

Como motivo de interesse desta entrevista está este fabuloso desenho de Juan Miró, oferecido pelo próprio à artista:



 Sobre uma "revista" de que se fala na entrevista, "Vison Voador", que foi um sucesso em 1970, a revista da época, Mundo Moderno ( a nossa Playboy...) em 1 Março de 1970,  mostrava uma página e a seguir os nomes e caras de quem fazia a revista, na fabulosa Agência Portuguesa de Revistas.



20 comentários:

zazie disse...

Pois é. Uma anormalidade de entrevista que vale, precisamente, por esse desenho do Miró

E o desenho do Miró também vale por muitos quadros dele próprio

Maria disse...

Estou de acordo com a Zazie nas duas observações. Esta Io é comuna e está tudo dito, basta reparar nas respostas dadas. Contràriamente ao Camilo que o não era. Esta criatura viveu, trabalhou e foi paga de certeza muito bem pelos papéis que representou nas Revistas do Parque Mayer. Tudo feito durante o anterior Regime que ela agora tanto deprecia. Se o Regime do Estado Novo tivesse sido tão mau como ela sugere na entrevista, por que razão não se foi embora para a terra dela pouco tempo depois de cá ter chegado, evitando sujeitar-se a uma 'ditadura terrível' onde curiosamente permaneceu toda a sua vida e a actuar livremente na respectiva profissão sem que a Polícia Política jamais a tenha recambiado para o país d'origem? Ah, pois é...

Quanto ao carvão do Miró, secundo as palavas de Zazie.

Floribundus disse...

appoloni chama-se giuseppa

ganhou bom dinheiro nas revistas durante a 'ditadura salazarista'

os comunas chamavam-lhe 'mulher objecto'

se não erro Silva Paes estava casado com Madalena, neta de Gomes da Costa

foi acusado da morte do general coca-cola

porque terão desaparecido documentos e introduzido outros

uma vergonha segundo ouvi dizer a quem os leu e guardou

Floribundus disse...

diz-se que juiza de Cascais queixou-se da ministra da justiça ter requisitado casa de magistrado para um secretário

a coisa tá preta

joserui disse...

O Observador é o Público da esquerda mais à direita! Devem querer um subsídio do tio Belmiro.

contra-baixo disse...

Neste carvão(?) Miró mostrou algo:sabia desenhar. Gostaria de ver alguns artistas contemporâneos a passar pelo mesmo teste.

lusitânea disse...

A rapaziada democrata já anda desassossegada.Não perdem nem uma oportunidade de falar mal do Salazar e da tenebrosa PIDE que só isso dava romances que nunca mais acabavam.Bem como dizem os paneleiros acerca de quem os critica:no fundo voçês também são...os democratas têm inveja de não serem do tempo da outra senhora.A mandar claro...pois o que se vai avizinhando não lhes deve ser muito agradável...embora digam que "são muitos"...

foca disse...

Eu gostava era de ver um artista de direita que tenha migrado para Cuba, nas ultimas 5 décadas.
Isso é que era!

foca disse...

Sobre o desenho
Será que o Governo já o requisitou para Serralves?
O Pacheco P devia gostar de o ter lá

hajapachorra disse...

Eu ia aqui dizer que a gaja era boa como o milho, mas inda ia preso... e valha a verdade, abortar estraga muito as pessoas, o canastro e a puta da alma, se a tiver.

Floribundus disse...

a APR ficava em Campo dórique em frente da igreja de Santo condestável

Baptista Rosa , filho do sr João Rosa, de Nisa escrevia sobre cinema

josé disse...

Pois...e acho que o Carlos Alberto ainda é vivo e andará (?) por lá. Pelo menos aqui há 4 anos ainda era. Quando morrer ninguém vai prestar atenção mediática e devia. Devia mesmo. Mais que ao Vilhena.

BELIAL disse...

Que putedo, sr alfredo...

Maria disse...

Havia um actor de teatro cujo nome não há meio de me recordar (talvez o Floribundus, que tem uma memória d'elefante, se lembre ou mesmo que venha referido num dos muitos jornais que o José tem vindo a guardar ao longo das últimas décadas), que pelo início dos anos 60 deslocou-se a Cuba para dar "lições de teatro"... Os meus Pais eram quem via televisão lá em casa - eu e os meus irmãos raramente a víamos devido aos estudos. Certa noite, após ter visto uma peça de teatro que a RTP acabara de passar e em que este actor fazia parte do elenco, o meu Pai saiu-se com a seguinte observação "este actor é um canastrão". Parece que de facto era e não obstante ía a Cuba dar lições na arte de representar..., isto segundo noticiava um dos jornais (ou os dois) Diário de Notícias ou Diário Popular, os únicos jornais que o meu Pai comprava, facto referido por ele próprio. Este actor, como se imagina, era comunista e vivendo nós sob uma 'terrível ditadura fascista', no dizer da oposição, aquele não havia tido o mais pequeno entrave em deslocar-se a Cuba, país comunista..., para dar lições de teatro e voltar a Portugal sempre em total liberdade... Segundo a oposição comunista e socialista aquele Regime era uma ditadura fascista e fechada ao mundo e no entanto deixava toda a gente viajar, incluíndo para Cuba!, como por exemplo este actor e porventura outros comunistas como ele (com a excepção dos traidores à Pátria, conspiradores e subversivos, como é evidente) e viajar para todos os países do mundo, diga-se de passagem, sem ser-se incomodado.

Com qu'então o Estado Novo foi uma 'ditadura violenta fascista fechada ao mundo'?! Se o havia sido então o que dizer da sanguinária União Soviética (cujos dirigentes máximos mandaram executar para cima de setenta milhões de cidadãos inocentes) e dos países limítrofes sob a sua alçada? Não eram estes países, verdadeiras tiranias, aqueles que estavam totalmente fechados ao Mundo, não deixando sair deles nem um único cidadão sob pena de execução sumária, excepção feita aos funcionários do partido e às grandes companhias de bailado, sendo os seus elementos fortemente vigiados, mas quando algum deles tinha a mínima chance de desertar aproveitava-a com ambas as mãos não regressando à Pátria..., como fizeram por ex. os extraordinários Nureyev e Barishnikov, entre outros mais? Ah, mas isto os hipócritas comunistas da nossa praça sempre se calaram cìnicamente que nem ratos, só sabendo acusar o Estado Novo e fazem-no ininterruptamente desde há quatro décadas, mentindo, de ter sido 'um regime violento e criminoso' e Salazar 'um ditador fascista e um déspota'.

josé disse...

Sobre a possibilidade de viajar e publicar livremente, o exemplo de Soljenitsine ou Sakarov é muito mais esclarecedor.

Para quem queira saber. José Milhazes não quis quando devia, por exemplo.

Luís Bonifácio disse...

Raul Solnado, Artur Semedo, Vasco de Lima Couto....

Valia a pena ir ao Teatro no tempo da "Longa Noite Fascista"

Maria disse...

Sim, sim, José, Soljenitsine e Sakarov foram dois grandes, dois enormes patriotas e dois idadãos de excepção. Muito contribuíram para as posteriores e importantíssimas decisões políticas de Gorgachov. Li algures que este teve muito em conta as sugestões para a mudança de regime, dadas por aqueles dois intelectuais, chegando mesmo a aconselhar-se mais tarde com Soljenitsine para tomar algumas medidas políticas urgentes e imprescindíveis para evitar a tempo o colapso do regime. Não havia sido sobretudo Soljenitsine quem tinha escrito e repetido inúmeras vezes que os dirigentes soviéticos deviam "largar" (isto é, deixá-los por sua conta e risco, empregando ele próprio a frase extraída de um título de uma canção do Sinatra "my way", anunciando as suas intenções e propósitos a partir daí, devendo cada um desses movimentos tomá-la a pé da letra) os movimentos de libertação por si apoiados em todo o mundo para que - e sendo esta condição a única possível - o seu país começasse finalmente a recuperar níveis económicos mìnimamente razoáveis para o bem estar do seu povo? Povo esse que se encontrava física e econòmicamente num estado deplorável? Estes dois extraordinários russos tiveram iniciativas cívicas de uma importância difícil de quantificar, as quais foram fundamentais e decisivas para a mudança do regime político naquele país.

Maria disse...

Correcção de faltas: lá mais acima leia-se "cidadãos" e cá mais para baixo "ao pé da letra", naturalmente.

Maria disse...

Gorbachov!

Unknown disse...

Este arremedo de blogue devia chamar-se "Confraria do Bolor" ou "Saudosos por Salazar".
Se a oposição escrevesse um décimo contra o regime fascista de então, seriam, no mínimo deportados.
Mas agora, a democracia, até deixa os fascistas desabafar com todo o descaramento!

A obscenidade do jornalismo televisivo