terça-feira, março 07, 2017

O homem que queria existir mais

Este apontamento sobre o jornalista Baptista-Bastos ( já usava hífen definidor) é de do jornal Diário de Lisboa de 4 de Agosto de 1968, o tal da data em que Salazar caiu da cadeira.

Já nessa altura este indivíduo tinha uma concepção instrumental do jornalismo como exercício de um poder de influência ideológica ao serviço de causas. No caso "ensinar os outros a existir mais". Um perigo, estes indivíduos imbuídos de uma missão que se arrogaram a eles mesmos...


5 comentários:

Floribundus disse...

bb ajudou a montar o actual gulag chavista do monhé

o tacho de balchão de porco anda a distribuir o que nunca existirá

Floribundus disse...


FINANÇAS PÚBLICAS
Tudo há-de correr bem, até acabar mal
Rui Ramos
7/3/2017,

Há quinze anos, desde que a crise orçamental começou em 2001-2002, que todas as épocas de bonança têm sido apenas a calma antes da próxima tempestade. Vai agora ser diferente?

Já não são só os situacionistas mais ferrenhos que estão encantados com a sorte do país: segundo o INE, é quase toda a gente. Como poderia ser de outra maneira? Leia-se a imprensa. Tudo está transfigurado: a emigração, que no tempo de Passos Coelho era uma imensa tragédia, é agora, com António Costa, uma espécie de programa Erasmus, muito interessante para os jovens.

Nada disto é surpreendente. Nos anos 70, 80 e 90, os portugueses habituaram-se a viver entre épocas de prosperidade e momentos de recessão. As recessões foram geralmente breves e deram lugar a períodos mais longos de crescimento económico. Bastava, para fazer a ponte, um temporário “aperto de cinto”. Por isso, desde que a crise de financiamento do Estado foi detectada, em 2001-2002, que estamos à espera da próxima maré de riqueza.

Em 2004, Santana Lopes foi o primeiro a decretar o fim dos “sacrifícios”. Em 2005, com José Sócrates, só o optimismo passou a ser permitido. Tirando o Dr. Medina Carreira e poucos mais, toda a gente fingiu não reparar que a taxa de crescimento da economia portuguesa era a mais baixa da Europa, num mundo de economias que cresciam como nunca. A dívida começou então, graças ao euro, a compensar a anemia portuguesa: de 2001 a 2008, duplicou.

O país pôde assim permitir-se a maior dose de irrealidade da sua história. Em 2008, quando começou a grande recessão, Sócrates decidiu que Portugal era um “oásis”. Tudo ruía lá fora. Aqui, planeavam-se aeroportos, comboios de alta-velocidade, mais auto-estradas. Em 2009, os funcionários públicos obtiveram o maior aumento deste século, e Sócrates ganhou as eleições. Portugal não era a Grécia. A banca portuguesa era a mais sólida da Europa. De repente, aterrou a troika. Porquê, se tudo estava a correr tão bem? Segundo Sócrates, só para derrubarem o governo.

Agora, tudo está ainda melhor. O PCP e o BE, outrora partidos anti-sistema, apoiam o sistema. Louçã está conselheiro. Não há “populistas”. O presidente da república é o fã número um do governo. Os bancos foram salvos. Os turistas têm calçadas novas em Lisboa. Nos estúdios das televisões, vagas sucessivas de comentadores ajoelham diante da “habilidade” de Costa. O que falta para a felicidade total? Pouca coisa, talvez uns dois ou três extermínios (Carlos Costa, Teodora Cardoso e, já agora, Passos Coelho).

No meio desta harmonia universal, é preciso má vontade para lembrar que o défice foi obtido com medidas extraordinárias e temporárias, e com base na maior despesa pública e na maior carga fiscal de todos os tempos. Que a economia cresceu menos do que em 2015, e cerca de metade da economia de Espanha, aqui ao lado. Que a dívida continua a aumentar e que sem o BCE ninguém a compraria, a não ser a juros impossíveis.

Como diria Pirro, mais um brilharete orçamental destes, e estamos perdidos. Mas num país envelhecido, em que todas as mudanças suscitam desconfiança e medo, que fazer? Caímos num impasse duplo: num impasse político, porque os partidos europeístas estão divididos, e o governo assenta numa maioria que recusa reformas; e num impasse económico, porque a carga fiscal não pode diminuir, pelo risco de perder o financiamento do BCE, e a alocação de recursos também não, pelo perigo de descontentar as clientelas com que se tem boa opinião e ganham eleições.

O país está assim completamente dependente das políticas monetárias europeias. Acontece que essas políticas estão a ser contestadas em toda a Europa do norte. O que nos resta? Talvez acreditar que Angel Merkel sobrevive e vai continuar a aceitar-nos os défices. E no fim? No fim, vamos provavelmente dizer que os malandros da “direita radical” arranjaram uma crise para deitar abaixo António Costa. Porque, claro, tudo estava a correr muito bem.

adelinoferreira disse...

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Dudu disse...

Sempre que ouço o nome BB, vem-me à lembrança a casa social com que foi contemplado em tempos pela Câmara de Lisboa.

Unknown disse...

Vergilio Ferreira conhecia-o bem - e disso dá testemunho no "Conta-Corrente"...