sexta-feira, dezembro 18, 2015

A ministra da Justiça e sua circunstância

Francisca Van Dunem é uma portuguesa de Angola cujos parentes directos tiveram grande protagonismo político nas vicissitudes da indpendência daquele antigo território ultramarino português.
Segundo escreve a Visão de 3 de Dezembro último, é "uma princesa do MºPº (...) e trabalhou próximo de todos os PGR das últimas duas décadas". 


Em 1977, um irmão, José Van Dunem e cunhada Cita ( ou Sita)  Vales, "combatentes e dirigentes do MPLA"   estiveram envolvidos numa conjura para derrubar o governo de Agostinho Neto e foram chacinados, juntamente com o cabecilha Nito Alves.  Nessa altura Francisca estava em Lisboa a estudar e tinha pouco mais de vinte anos.

Após a independência apressada de Angola , acontecimento que perfez há pouco 40 anos, do qual Portugal esteve oficialmente ausente, o novo país viveu uma fase de transição e guerra civil que perdurou anos a fio até se alcançar uma paz aparentemente duradoura.

Os acontecimentos de 1977 foram agora evocados mas com pouca nitidez.

Assim, o O Jornal dessa época consagrou vários números, desde 27 de Maio de 1977 até Setembro desse anos dando conta do que se passava em Angola.

O essencial foi contado no nº de 3 de Junho de 1977.


Na semana seguinte, 8 de Junho procurava dar a explicação cabal...

Um dos portugueses envolvidos no golpe de 27 de Maio, de Nito Alves e dos familiares Van Dunem era o célebre major piloto aviador Costa Martins, que foi ministro do Trabalho nos II, III, IV e V governos. Comunista ligado a Carlos Carvalhas e Eugénio Rosa, além de Rosa Coutinho, Costa Martins fugiu para Angola na sequência dos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 e por lá ficou, como refugiado político, asilado. Aliou-se aos "nitistas" porque também pretendia uma maior intervenção da pátria soviética em território angolano, tal como o quisera em Portugal.

Em 17 de Junho o mesmo O Jornal contava a história...



Conclusão?

Já passaram quase 40 anos e os protagonistas estão mortos. Porém, o que pretendiam era ligar Angola ao comunismo soviético de modo mais "exclusivo". E foi isso que os perdeu.

Curiosamente, ainda há muita gente por cá, actualmente, a proclamar que a independência de Angola foi o objectivo do 25 de Abril de 1974, por vontade dos soviéticos...o que não deixa de ser curioso, levantando a seguinte questão: se foi assim porque é que o regime do MPLA de Agostinho Neto prendeu e matou os que queriam tal coisa, ou seja, uma ligação mais umbilical a tal imperialismo?

Quanto à actual ministra, mal ou bem, estes são os seus familiares directos. O pai e a mãe vieram para cá nessa altura, fugidos também ao regime do MPLA de A. Neto.

A pergunta que gostaria de ver respondida a este propósito é esta: Francisca Van Dunem era comunista nessa altura, adepta das teorias do seu irmão e cunhada? E deixou de sê-lo?
Não tem grande importância mas gostava de saber.

 Porquê? Por um motivo singelo: esta esquerda cansa-me e esta espécie de monarquias plebeias de uma esquerda que foi radical ainda mais e estão em estado de graça. Ninguém lhes toca. E esta união de vontades de esquerda vai dar miséria maior. Espero estar enganado.

Questuber! Mais um escândalo!