Este postal foi publicado aqui em 9.4.2015 e relata uma pequena polémica travada na imprensa- Vida Mundial de finais de 1974- entre João Martins Pereira, um fervoroso adepto da Revolução Permanente.
É uma das figuras mais importantes do PREC e a sua entrada na Wikimedia diz isto:
Entre Março e Agosto de 1975 foi secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, no ministério da Indústria e Tecnologia, tutelado por João Cravinho [3],
e foi o autor da nacionalização das grandes empresas industriais:
siderurgia, cimentos, estaleiros navais, química pesada, petroquímica e
celuloses.[4]
Fez parte da redacção da revista Seara Nova, foi fundador e colaborador da segunda série da revista O Tempo e o Modo, coordenador da secção de Economia da revista Vida Mundial, director interino do semanário Gazeta da Semana e director da Gazeta do Mês.
Foi autor de inúmeros ensaios e artigos de opinião e de vários livros
na área da economia industrial e da história da indústria e do
capitalismo em Portugal. Entre as suas obras, destaca-se: À esquerda do possível (1993), com João Paulo Cotrim e Francisco Louçã, 'O socialismo, a transição e o caso português, Indústria, ideologia e quotidiano e Para a História da indústria em Portugal (2005).
João Martins Pereira foi ainda pessoa ligada a João Cravinho, em ambiente governativo no tempo do PREC.
Esta ligação é o elo que falta para se resolver a equação acerca da tragédia em que a Esquerda nos mergulhou colectivamente há 40 anos.
Tenho escrito e parece-me cada vez mais evidente que após o golpe
militar de 25Abril de 1974, se mantivéssemos o sistema produtivo que
existia à época, com os capitalistas e grupos económicos subsistentes e
a organização social assente nos valores então prevalecentes, teríamos
ultrapassado a crise que então se apresentava no nosso país e
ter-nos-íamos tornado noutro país, mais próspero e moderno.
No
fundo, se tivéssemos mantido o anterior regime, liberalizando o sistema
político e encontrado uma solução para o problema do Ultramar, não
andaríamos hoje a discutir três bancarrotas em menos de 40 anos e uma
situação económico-social que se afigura preocupante, com figurinhas
políticas de baixa extracção e um ex-primeiro-ministro preso por
corrupção.
Essa noção torna-se para mim mais evidentes
quando se contrasta o pensamento politico-económico dos que alteraram as
regras do jogo, nos meses a seguir ao 25A, ou seja a esquerda,
incluindo a socialista democrática, com o que então era a nossa tradição
e que aliás seguia a europeia, capitalista e burguesa.
O
melhor exemplo que se pode ler para tal poder demonstrar-se reside no
que sucedeu ao grupo Champallimaud, logo a seguir ao 25 de Abril.
Nestes
recortes de revista Vida Mundial de finais de 1974 e início de 1975
mostra-se o que pensava essa esquerda e o que dizia e pensava o próprio
Champallimaud.
Preparando já o assalto às empresas
privadas e grupos económicos que ocorreu após o 11 de Março de 1975,
João Martins Pereira, falecido há relativamente pouco tempo e que era
uma espécie de guru dos Louçãs e companhia esquerdista habitual,
questionava na revista, no número de 5.12.1974, a Siderurgia de
Champallimaud.
Este, no número de 9 de Janeiro, respondia-lhe assim:
João Martins Pereira respondeu no número seguinte:
A
resposta de JMP, do tipo das que Louçã hoje em dia debita habitualmente na SICN ou na TV3 ou seja onde for, como grande komentador da esquerda socialista, falha na explicação de uma coisa prosaica e simples de
entender e que Champallimaud dizia claramente:
"Tivesse
tido a Siderurgia Nacional o Estado como proprietário e ela não
passaria hoje de um lamentável empreendimento a custar ao erário
público, isto é, a todos nós, fortunas sobre fortunas, contribuindo,
como tantos outros negócios para que alguns políticos impelem o Estado,
para o agravamento sucessivo dos impostos e o retardamento da elevação
do nível de vida da população".
Foi exactamente isto que se produziu dali a meia dúzia de anos, já com uma bancarrota em cima.
A esquerda, essa, nada aprendeu, nada esqueceu e está na mesma, passados estes 40 anos.
Por isso estamos como estamos.
Quanto
ao resto, ou seja aos recortes destes "pasquins", é preciso lê-los
para se entender o que informam. Basta clicar nas imagens e ampliá-las
noutra página...a não ser que não se dê qualquer importância a isto e
tudo continue como dantes, na tranquilidade do realismo fantástico ou da
loucura ambiente da esquerda reinante. A diferença entre ambos reside
apenas no lugar de observação...