É apresentado hoje um dos livros mais extraordinários do ano. O autor que figura na capa é José Sócrates. O suposto revisor do texto, um tal Farinho, docente na faculdade de Direito de Lisboa terá empochado cerca de 60 mil euros pagos à socapa.
O livro parece que trata do carisma enquanto tema politicamente filosófico e o autor que figura na capa diz que estudou tal assunto durante um tempinho, num estágio prisional, depois de uma estadia em Paris, numa universidade em que entrou pela porta do cavalo. Parece que também aí estudou algo sobre Tortura e talvez uma cousa tenha a ver com a outra, embora confessadamente tal estágio tenha sido ainda aproveitado para decoração de interiores e jogging, além do mais que representou uma vidinha boa.
A génese deste novo livro que é acima de tudo o resto, um pretexto para se falar do autor que figura na capa, envolvido em caso criminal de grande monta, seria digna de uma novela de Eco, pelo falso que inspira e pela intrujice que exala do seu contexto.
O Público, sabendo isto tudo ainda escreve esta sem-vergonhice na edição de hoje, dando o devido destaque ao autor que figura na capa, tal como ele pretende e esquecendo completamente o famigerado revisor digno de figurar no Guinness.
O Público continua como era: uma desgraça:
Como aviso, transcreve do texto: "Seja como for, tudo o que é apenas ensaiado e fabricado acaba por soar a falso".
A frase é do autor que figura na capa do livro e faz lembrar um artigo do mesmo Público, de quarta-feira, sobre um estudo da Nature Neuroscience em que se conclui que "o cérebro adpata-se à desonestidade e a mentira cresce. Mentir em benefício próprio vai diminuindo a reacção do nosso cérebro à desonestidade. E, assim, mente-se cada vez mais".
Só por este estranho fenómeno se compreende que quem vá apresentar o livro cuja revisão custou 60 mil euros, seja um tal Sousa Pinto.