sapo:
A fiscal-geral de Espanha [equivalente a procuradora-geral] recebeu ontem o i em Lisboa e falou sobre os desafios e os problemas da Justiça no país vizinho. Afirma que os casos que envolvem grandes políticos e até um membro da família real são a prova de que as instituições estão a funcionar, mas não esconde a insuficiência de meios do MP para combater a criminalidade mais complexa – um mal que diz ser transversal a todos os países. Consuelo Martínez Pereda garante que acompanha muito do que se passa em Portugal, inclusivamente casos como a Operação Marquês – que apenas conhece por caso Sócrates. Questionada sobre as críticas do ex-primeiro-ministro – que em entrevistas disse que a Operação Marquês não seria possível em qualquer outro estado europeu – a responsável máxima pelo MP espanhol elogiou a investigação portuguesa e deixou claro que se fosse feita do outro lado da fronteira não seria muito diferente: “Algumas investigações têm mesmo de demorar todo este tempo porque são complexas”.
A procuradora-geral espanhola diz publicamente em Portugal o que a procuradora-geral de cá não consegue dizer nem aqui nem lá...
Pode e deve perguntar-se porquê, na medida em que notoriamente se preocupa com a "repercussão social" dos casos judicializados.
Medo? De quê e de quem? Da imagem? De dizer asneiras? É pior assim, nada dizendo e deixando os elegantes advogados dos arguidos exprimirem-se como se exprimem e os komentadores avençados ulular do modo que estão habituados em obediência à voz do dono.
Para quê tanta preocupação com os processos de "repercussão social" se o resultado é este, ou seja o silêncio que revela um temor sem sentido?