domingo, outubro 09, 2016

Portugal é um país de faz-de-conta

O que sucedeu economicamente em Portugal no PREC, basica e essencialmente foi isto: retirar o poder económico a estas pessoas e às suas empresas e entregá-lo ao Estado, em nome do "socialismo".  Esse projecto foi aprovado pelo PCP e pelo PS e teve a condescendência do PPD/PSD, logo na Constituição de 1976.

O resultado prático foi a descapitalização do país no que se refere aos capitais que essas pessoas e empresas representavam potencialmente. Ficou tudo na mão do Estado e dos gestores nomeados por essa entidade, de Esquerda, englobando principalmente um bloco central político, com apoio social, mediático  e cultural de Esquerda. O PCP e a esquerda comunista determinaram o processo mas não passaram a mandar nele em termos executivos.

Expresso de 8.7.1989:


Este capitalismo nunca mais ressuscitou em Portugal do mesmo modo que existia e nunca mais em Portugal houve o dinheiro que então existia em mãos privadas. Até hoje.

Em 1983 o Semanário resumia o que então acontecera aos mesmos capitalistas.


 A contradição entre o sistema político-constitucional e a prática da economia real, permite ao PCP e esquerda comunista afirmarem que o sistema capitalista se manteve em Portugal porque na realidade nunca passamos ao estádio seguinte que era o da tomada do poder executivo e efectivo por essa esquerda comunista.  O maior obstáculo prático foi sempre o PS de Mário Soares e daí o ódio político, profundo que o PCP mantém a essa personagem central da política portuguesa das últimas décadas.

Não obstante, o capitalismo em Portugal sofreu um golpe de morte tão profundo que nem o funeral se fez a preceito.  E obviamente nunca ressuscitou.

Assim permaneceu em vigor uma Constituição desfasada da realidade prática da economia que fomos tendo, mas nunca verdadeiramente alterada por condescendência táctica da esquerda socialista.  Essoutra contradição permanece actual.

Assim, como foi possível conciliar essa realidade dual e contraditória? Assim, como mostra o Expresso de 8.7.1989: a criação de uma "holding" do Estado para agrupar as empresas nacionalizadas...e comn gestores nomeados pelo poder político que nunca foi da esquerda comunista.



 A experiência da AD em 1979 e a morte de Sá Carneiro no ano seguinte ditaram o fim das ilusões na regeneração do sistema capitalista que tínhamos, mesmo com as mudanças que o tempo necessariamente introduziu.

Em 1984 tínhamos outra bancarrota à porta, trazida pelos mesmos de sempre:  o PS de Mário Soares e o Bloco Central com o PSD irrenovável dos balsemões e companhia.




A esperança que deu duas maiorias a Cavaco Silva, no final dos anos oitenta e até 1995 foi frustrada pela hesitação na escolha de um modelo claro e particularmente pelas reprivatizações que não repuseram o sistema anterior e que funcionava de modo coerente, como dizia José Luís Sapateiro.
As mudanças eram já tamanhas que não se mostrava viável reconduzir todo o sistema económico aos eixos de um funcionamento consentâneo com o desenvolvimento dos países mais prósperos da Europa.

 Porém, fez-se alguma coisa particularmente com os fundos vindos da CEE/UE. Para o PCP e a esquerda comunista este período é muito negro porque representa a recuperação do capitalismo nacional.
Enfim, uma recuperação miserável e tímida, com base em dinheiro alheio, emprestado e algum a fundo perdido, mediante as concessões que fizemos no tratado de adesão à CEE ( que aquela esquerda comunista contestava sempre).




Não obstante, a voz mais crítica e sensata da democracia fazia-se ouvir, em 1986, como sempre fez, para orelhas moucas que tomavam e sempre tomaram os seus conselhos como loucos...




 Em 31.1.1994, Rogério Martins que fora um dos artífices tecnocáticos da "primavera Marcelista" escrevia assim no Público, para mostrar a grande frustração com Cavaco Silva:



As frustrações dos governos de Cavaco conduziram ao governo de Guterres em 1995. Em 1995 foi uma epifania de esperança, outra vez...



Para resumir o que foi a governação de Guterres até ao final dos anos 90 basta ler esta entrevista ( ao Diabo de 24.2.2004)  de um dos seus ministros, Augusto Mateus ( ex-Mes...) que dava a machadada final na esperança que poderíamos ter numa renovação do país, como deveria suceder...

O título diz tudo: "Portugal é um país de faz-de-conta".

A prova?

Esta, singela e que mostra o que sucedeu depois...



Questuber! Mais um escândalo!