A biografia parece que teve sucesso lá fora e será uma espécie de liofilização de um grande terrorista, um dos maiores de sempre em crueldade e eficácia no extermínio de massas humanas. Um genocida.
O Expresso no entanto não vai por aí, por esse caminho de ideias claras porque nunca pretendeu tal coisa, a propósito do comunismo.
Se assim fosse, o PCP não seria o que é porque os portugueses conheceriam melhor o horror e existência história de crimes contra a Humanidade cometidos por aqueles que o PCP idolatra como mentores ideológicos de sempre, na luta de classes permanente. Se assim fosse não assistiríamos a indecências de ouvir as ignorantes ritas ratos a proclamar a virtual inexistência dos gulags, porque nunca ouviu falar neles.
Estaline é um dos heróis ideológicos do PCP, apesar de formalmente o Partido se ter demarcado dos feitos do kamarada "pai dos povos", quando o mesmo caiu em desgraça, com o advento da era Krutshev e dos ventos da História que se fartaram do soprar até 1989.
Para prefaciar a obra o Expresso convidou Paulo Portas e Francisco Louçã e na edição desta semana entrevista este último para o ouvir dizer barbaridades e enormidades de uma gravidade tal que só se passaram despercebidas por ser tempo de festas de Natal.
Quando afirma o tal "absurdo", Louçã explica que tal é "grotesco do ponto de vista histórico", sem se dar conta do trejeito facial que tal implica.
O que Loução pretende afirmar sobre Estaline em comparação com Hitler é um puro branqueamento daquele e das suas acções, inserindo-as num contexto político que nega ao último.
Sobre os milhões de mortos de um lado e de outro, os mortos russos foram "consequência da necessária, mas brutal industrialização" ( como se os restantes países até então ruralizados também tivessem que dizimar os lavradores para passaram ao progresso industrial...), depois com a catástrofe desencadeada pela fome dos anos 30-33 ( como se tivesse sido uma praga divina...). Ou ainda, acrescenta " a devastação humana provocada pelo período do Grande Terror, entre 1934 e 1939, com gigantescas purgas no PCUS e no Exército" ( como se tal fosse um fenómeno imprevisto e sem autor concreto e principalmente como se o PCP não o conhecesse de ginjeira tendo lá militantes destacados, em Moscovo, nessa época, como foi o caso do comunista Francisco Miguel que nunca falou publicamente do assunto mas sempre denunciou o Tarrafal como o inferno na Terra.) .
Enfim, este Loução apresenta-se mais uma vez como um farsante notório cuja importância lhe é dada pela Impresa de Balsemão por motivos desconhecidos e não mereceria um parágrafo de atenção se não fosse um manipulador da opinião pública, em modo falsário.
Lá fora não teriam atenção alguma porque há longos anos que o comunismo e Estaline foram devidamente denunciados como aquilo que verdadeiramente são: horrores da Humanidade, comparáveis a outros, incluindo o nazismo na vertente genocida.
Em 1997 a editora francesa Robert Laffont publicou o Livro Negro do Comunismo, de vários autores e cuja matéria se estendo por 846 páginas.
A primeira meia dúzia chega para dar uma visão aprimorada do que Louçã deveria ler antes de afirmar burricadas:
O único absurdo derivado da comparação é o facto de Estaline ter sido um carrasco maior e mais cruel que Hitler. Genocidas foram, ambos. Um, tentando eliminar uma raça; outro, tentando eliminar uma classe, a dos kulaks, bem mais alargada do que uma raça propriamente dita. Quanto aos métodos, as semelhanças também não fogem muito da realidade: campos de concentração, execuções em massa, fome como arma de guerra e extermínio massificado em escala industrial. Como se escreve no livro, a morte à fome de uma criança no ghetto de Varsóvia equivale para todos os efeitos à morte de um kulak, à fome que lhe foi induzida explicitamente pelas medidas políticas de Estaline.
Os mortos de Estaline não se ficam pelos 750 mil que pereceram nos gulags. Extravasam para os milhões ocorridos nos campos, com as deportações e a fome induzida para tal, à falta de meios para construirem fornos crematórios.
Relativizar os crimes de Estaline só porque o mesmo é um "revolucionário" é obsceno. E é isso que Louçã é, só que o Expresso e a sua direcção não pensam assim.
Ou por ignorância ou por cumplicidade. Aposto mais nesta última hipótese.