Observador, hoje:
O ex-presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) Luís Cunha Ribeiro — que também esteve à frente da Administração Regional de Saúde de Lisboa — foi detido esta terça-feira por indícios de corrupção no caso conhecido como “máfia do sangue”. A informação foi confirmada pela Procuradoria-Geral da República, em comunicado enviado às redações, que também confirmou que estão a ser efetuadas buscas em Lisboa, no Porto e na Suíça.
Segundo a nota da PGR, “encontram-se em curso mais de três dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias”, que decorrem em “instituições e estabelecimentos oficiais relacionados com a área da saúde, incluindo no Ministério da Saúde e no INEM”, e também em “escritórios e locais de trabalho de advogados”.
Em causa está o caso que ficou conhecido como “máfia do sangue”, que remonta a 1999, altura em que Luís Cunha Ribeiro fez parte do júri que atribuiu o monopólio da venda do plasma sanguíneo aos hospitais portugueses à farmacêutica suíça Octapharma — de Lalanda de Castro. O caso estava a ser investigado pela PGR desde o ano passado.
Daqui, com data de 1.3.2013:
Um
indivíduo com 57 anos, médico do Porto, exerceu "vários cargos de
chefia" no hospital de S. João, no Porto. Parece que até foi assistente
universitário de um das cadeiras do curso. Entre 2003 e 2008 foi
presidente do INEM e quando Ana Jorge ( PS) era ministra ( num dos
governos de José Sócrates) foi consultar para o ministério, até 2011. O
quê? Não se sabe por enquanto porque o jornal não diz. Mas pelo caminho
que a investigação jornalística leva, um dia destes ainda viremos a
saber. Desde Outubro de 2011 o mesmo indivíduo ( na foto) é presidente
da Administração Regional de Saúde. Um gestor do Estado. Não é público: é
do Estado que é mais precioso.
O mesmo administrador, que é do
Porto, quando era presidente do INEM, arrendou uma casa em Lisboa, em
2004. Onde? Começam as coincidências...
Foi no mesmo prédio da rua
Braamcamp, onde José Sócrates e a mãe compraram uns magníficos
apartamentos a preços convidativos, segundo foi notícia de época, (
embora haja quem jure que não, como Herman José que também lá comprou e
que jurou terem sido pelos preços certos. Não se sabe muito bem é a
quem, com precisão de nomes, mas isso já lá vai). Seja como for, o
apartamento arrendado pertence a uma empresa- a Convida, investimentos
turísticos e imobiliários- administrada por um certo Paulo Castro. A
empresa terá accionistas mas são secretos. O contrato de arrendamento,
esse, também é porque ninguém quis dizer ao jornal quanto paga de renda o
tal administrador que agora é director da ARS-Lisboa e Vale do Tejo. E
quem é o tal administrador da Convida, Paulo Castro?
Ora, é o
administrador da empresa Octapharma, em Portugal. A mesma que empregou
José Sócrates como caixeiro-viajante para os affaires da América Latina.
A mesma que em Portugal domina o mercado do plasma hospitalar e os
milhões que movimenta, com uma quota de 60 a 80% do mesmo.
Portanto,
resumindo ainda mais: O administrador da Octapharma, Paulo Castro, é
também administrador de uma empresa imobiliária cujos donos não se
conhecem e que arrendou um apartamento a um funcionário público de luxo,
enquanto presidente do INEM, em 2004, consultor do Ministério da Saúde
entre 2008 e 2011 e agora presidente da ARS.
A explicação para
esta coincidência é dada pelo mesmo administrador da ARS: conhece Paulo
Castro há um ror de anos e...são amigos.
Ora...e andam estes
jornalistas a desconfiar de pessoas assim que são amigas de longa data e
por isso andam a bisbilhotar a vida pública dos mesmos. Isto faz-se?
Ora
bem e falando sério: é preciso saber o que consultou Luís Cunha
Ribeiro, desde 2008 a 2011, no Ministério da Saúde. Exactamente o quê e
porquê. Onde colocou o nome assinado, onde interveio como consultor,
quando ganhava pelo tacho etc etc.
Depois disso é preciso saber
que tipo de relação de amizade pode justificar um contrato de
arrendamento de um apartamento, por coincidência no mesmo prédio em que
também estava a morar o primeiro-ministro de então, feito a uma empresa
que era administrada pelo responsável, em Portugal , de uma
multinacional farmacêutica que em 2008 conseguiu vários milhões de euros
de negócios com o Estado e o ministério da Saúde em particular, onde
aquele inquilino era consultor ( mas o que é que consultou, santo Deus?
Pode saber-se, ao certo?).
Tudo isso por uma razão que é
importante explicar: um gestor do Estado não deve aceitar viver num
apartamento que arrendou a um amigo que é simultaneamente interessado em
grandes negócios com o mesmo Estado e em que aquele inquilino está em
posição de eventual conflito de interesses.
Para já o assunto é meramente ético. Depois, se o jornal descobrir mais coisas, logo se vê.
Evidentemente, eticamente isto é uma grande vergonha. Para quem a tem, naturalmente.
Ah! Já me esquecia: o senhor não tem condições nenhumas para continuar a ser presidente de ARS alguma.
ADITAMENTO em 3.3.2013:
O
visado na notícia do CM terá sido chefe de serviço de imuno-hemoterapia
entre 2003 e 2008. Se tal corresponder à verdade factual, não sei qual a
razão ética de os serviços oficiais terem admitido uma situação destas e
ainda por cima nomearam tal pessoa para a ARS LVT.