Em 2013 este indivíduo que preside à SPA escreveu uma espécie de autobiografia em que explica o percurso político até finais dos anos setenta. Deu-lhe um título emblemático: "E tudo era possível".
Nesse tempo, o melhor era o PCP, como explicava:
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A ditadura incomodava-o, pá! Não tinha suportado a ditadura, pá e por isso, pá, queria outra ainda pior. Estúpido? Nem tanto, como se verá.
José Jorge era músico e amigo de músicos, incluindo José Afonso, o esquerdista que se aliara ao extremismo revolucionário do PRP e sucedâneos e por isso era ostracizado pelo PCP que não queria "aventureiros". O PCP sempre foi pela legalidade democrática das mais amplas liberdades e adjacências soviéticas.
José Jorge durante um tempo também foi assim ( enquanto durou o "e tudo era possível) e por isso não foi esquerdista, nunca. Arrepiava-se-lhe o instinto de oportunidade. Cunhal, sim, mas Moscovo não. E Pequim ou Tirana muito menos.
E já agora o PCP porquê? Ora, ora: "para instaurar em Portugal a justiça social que nunca antes existira". Exactamente o mesmo motivo que levava uma Maria José Morgado ao MRPP...e possívelmente a mesma motivação psicológica que defino numa palavra: "inveja". Dos ricos, dos poderosos e dos privilegiados. Tudo em nome dos pobrezinhos, mesmo os de espírito. Ainda hoje será assim porque estas pessoas nunca mudam a ideia matricial que funciona como o herpes: de vez em quando lá surge à superfície cutânea.
Mas também existia outro motivo mais prosaico como explica adiante: o PCP era o que estava a "dar" e o Zé Jorge sabia muito bem disso...
Portanto o idealismo utópico sobre o PCP desvaneceu-se no tempo curto de meia dúzia de anos, se tanto.
Como explica o Zé Jorge, percebeu tal fenómeno através da experiência real do socialismo à soviética, com visitas ao local para ver e crer.
Havia um escritor americano, Hedrick Smith que em 1976 escreveu um livro muito bem feito ( até foi prémio Pulitzer) sobre Os Russos, onde conta dezenas de episódios semelhantes ao caso do Ferragamo. A Europa-América do maçónico ( clube actual do Zé Jorge) Lyon de Castro até o publicou logo no início de 1978. Zé Jorge não o leu, tudo o indica, porque era "reaccionário" e possivelmente fascista e financiado pela CIA. Em suma, o Zé Jorge, coitado, nessa altura ainda não sabia o que a casa dos Russos gastava, mas aprendeu depois, quando o tempo mudou e já "não era tudo possível"...
E então como é que tudo evoluiu do "e era tudo possível" para o mais desejável e corriqueiro do emprego público assegurado? É simples: com a poesia. Ora aí está:
O futuro é o Panteão para os sempre fixes!
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