sexta-feira, julho 06, 2018

O Público singular

O Público é dirigido desde ontem, salvo o erro, pelo jornalista Manuel Carvalho, por aqui já citado para dizer bem, algumas vezes. Não deixa de ser um esquerdista, mas com a tal recta intenção.

A primeira página de hoje provoca-me um comentário: "metade dos professores" é um nome colectivo que parte a meio a totalidade do sujeito que é plural. "Diz estar esgotada" deve concordar com quê? Com a metade ou com os professores?

Por mim, neste caso , deveria ser com os professores. A metade é menos que isso...

Porém depois de consultar o Prontuário Ortográfico de Magnus Bergström e Neves Reis, dou em parecer que tenho razão ( "se um colectivo singular, servindo de sujeito, tiver um adjunto plural regido da preposição de, a concordância do verbo faz-se com o colectivo, ou com o adjunto"), mas a  Gramática da Língua Portuguesa de A. Gomes Ferreira e J. Nunes de Figueiredo, editada há uns anos (2002) e publicada no 8º volume da Grande Biblioteca Multilingue, pelo Jornal de Notícias, diz que pode ser das duas maneiras...
Curiosamente, a mesma gramática, na sua edição original, que usava quando andava na escola, no tempo do fassismo ( aprovada pelo despacho ministerial de 7.6.1970 no Diário do Governo de 1.8.1970, para o quinquénio 1070-75), não tem estas minudências acerca dos sujeitos colectivos.

Portanto, o director do Público optou pelo singular...


37 comentários:

Anjo disse...

A concordância faz-se com o colectivo singular. A concordância com o adjunto é a chamada "concordância por simpatia", muito frequente nestes casos mais dúbios para o falante. Tão generalizada se torna que há quem aceite ambas.

Repare o José que, tirando adjunto, se verifica que a verdadeira concordância é com o colectivo no singular. Exemplo:

- Quanto alunos fizeram o teste?
- Metade fez.

Embora elidido, dá para perceber que não é o adjunto que comanda a concordância.

josé disse...

Para mim, no caso concreto estaria melhor metade dos professores disseram. Porque foram os professores que efectivamente disseram, pela metade desse conjunto que são os professores todos.

Claro que segundo as gramáticas pode ser assim e assado. É uma questão de gosto.

josé disse...

E também diria "metade dos alunos fizeram o teste". Porém, se for formulado do modo que indica, ou seja, com uma pergunta e a resposta, parece-me melhor como indicou.

josé disse...

Além disso o título ainda é um pouco mais elaborado: " metade diz estar esgotada". Não é a metade que está esgotada...

zazie disse...

Parece melhor porque a frase é curta e dizendo fizeram metade parecia que a metade era dos testes.

Na outra tenho dúvidas mas nem usaria o plural porque só contam os que são funcionários públicos

":OP

Anjo disse...

O assunto foi bem abordado aqui:

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/concordancia-com-grande-parte-de-numa-estrutura-predicativa/25282

O exemplo que dei mostra que a "articulação" sintáctica correcta é no singular porque o verdadeiro sujeito (sintáctico, na estrutura profunda da frase) é o partitivo "metade". O verbo concorda no singular porque

- o adjunto elidido deixou de influenciar o falante e de desviar a concordância

- porque é o seu verdadeiro sujeito "natural", por assim dizer

O que os falantes fazem é deslocar a concordância do domínio da sintaxe para o domínio da semântica (como diz nesta página em rodapé). É por isso que os gramáticos mais antigos não aceitavam o plural. Ao nível da sintaxe está errado. Os modernos linguistas assumem uma posição diferente, mais do tipo: se tantos falantes o fazem, é porque têm alguma razão para isso. São menos normativistas.

Mas a explicação é essa: sintaxe vs semântica. Tendo a dar a primazia à sintaxe, mas quando já não há outro remédio...

josé disse...

Compreendi. Obrigado.

josé disse...

Além disso não sou purista da língua, dou erros, até ortográficos ( meteorologia, para mim e até há pouco tempo era metereologia).

E há outras que também corrigi por escrever aqui. Não me custa nada admitir isso e até invento palavras que me parecem mais expressivas que as próprias.

Ou seja, não levo isto muito a sério e quando o faço, nota-se, acho.

Tenho horror a factos falsos e detesto contribuir para a sua propagação. Às vezes acontece e corrijo sempre que posso.

josé disse...

Porém, detesto erros de palmatória, daqueles que não se perdoavam na 2ª classe da primária do fassismo.

E noto-os logo quando os vejo escritos em sítios oficiais.

Aqui, nos blogs há maior condescendência porque ninguém ganha a vida com isto e o respeito pelos leitores é mais relativo.

Um blog pode ser para divertimento pessoal de quem o faz ou para aprender algo, sem mais.

zazie disse...

ehehe
Também digo metereologia.

Anjo1 disse...

Ora, José, apenas referi a explicação mais técnica por ser curiosa. Não se preocupe com nada disso.

Anjo1 disse...

"...daqueles que não se perdoavam na 2ª classe da primária do fassismo."

Eh, eh, eh... pois é. E chamavam-se erros de palmatória porque davam direito a umas palmatoadas. A minha mãe diz que levou algumas e que nunca mais errou. Remédio santo, como ela diz. Era pedagogia da boa, eh, eh.

josé disse...

Quer dizer, ver um gato felpudo num texto de primeira página é desagradável, mesmo num blog.

Ninguém escapa a tal mas ler desse género de erros pode denotar uma deficiente preparação escolar e o rigor no uso da língua é um luxo que aprecio.

O Dragão escrevia com esse luxo mas uma vez ou outra apanhei-lhe um desses gatos...

Floribundus disse...

actualmente a língua anda tão avacalhada

que prefiro a de porco

o PR por vezes 'contribói'
o das mortes devia ler o jornal de Angola

o carvalho está na moda para plantar no interior

podem ir todos para o carvalho, como recomendava Scolari

zazie disse...

José:

O Anjo que apareceu agora não é ele. É mais uma brincadeira dos psicopatas. Inscreveu-se um deles no blogger e disfarçou-se de" Anjo 1"

josé disse...

Se assim for trata-se mesmo de psicopatia.

zazie disse...

Tem dúvidas?

Foi para o obrigar a lê-lo.

zazie disse...

Não reparou naqueles eh eh eh imbecis e a despropósito?

Tenho a certeza que o Anjo não ia fazer uma inscrição duplicada no blogger e com um 1 à frente para continuar a conversa.

zazie disse...

El de la rollona, como o Goya desenhou.

josé disse...

Se for só uma linha, leio. Não posso evitar uma leitura rápida e de relance.

O Blogger devia inventar um sistema de amarfanhamento dos comentários indesejáveis. Não censuravam, apenas escondiam. Quem quisesse que fosse ler.

zazie disse...

O blogger é todo à borla. Não precisam de inventar coisas que os outros já têm e com possibilidade de se ter de pagar para mais funcionalidades.

Ricciardi disse...

Hummm

zazie, desconfio que possas ter sido tu própria a simular o anjo1 para continuares a novela e sentires-te útil ao chefe.

Como aquelas crianças que passam a vida a denunciar as diabruras das outras crianças aos adultos.

Hummm

Olha, eu não fui porque não faz bem o meu gênero. Mas tu já chegaste a fazer isso. Tu já chegaste a por outro a escrever o que ele não escreveu.

E quem faz uma vez é bem capaz de continuar fazendo. Penso eu de que.

Rb

zazie disse...

Se calhar foi mesmo o Anjo que tem 2 perfis

já tinha aparecido com este nick aqui

Ricciardi disse...

Meu anjo da guarda, nossa doce comentadoria, diz-nos se também és o anjo1 para que a gente se ria.

Rb

Ricciardi disse...

"Se calhar foi mesmo o Anjo que tem 2 perfis" zazie

Ahahahahahshs

Espera espera tenho que respirar:


Ahahahahahshshs


Rb

Ricciardi disse...

"Não reparou naqueles eh eh eh imbecis e a despropósito?

Tenho a certeza que o Anjo não ia fazer uma inscrição duplicada no blogger e com um 1 à frente para continuar a conversa." Zazie

"Se calhar foi mesmo o Anjo que tem 2 perfis" zazie.


Ahahahahahahshshs

Chamou imbecil ao anjo.

Ahahahahahahaha

Ai

Rb

zazie disse...

ahahahah

Esta agora teve piada

Desculpe, sô Anjo & Anjo lda

Foi alguma ideia de investimento funerário que teve?

":O)))))))

josé disse...

Ora está aberta a moderação de fim de semana...

Floribundus disse...


diz-se que as causas não são fracturantes, mas facturantes

as procissões movimentam sempre anjinhos

Anjo disse...

José e Zazie,

Sou eu, sim, senhores. Tenho 2 contas de email (para fins mais profissionais e outra para a família e amigos) e ora tenho uma aberta, ora tenho outra.

Desculpem lá a confusão lançada.

E não me importo nada com os qualificativos para as interjeições. Fica tudo entre amigos. :-))))

Maria disse...

Gostei que o José trouxesse essa sua dúvida a debate. Os jornalistas, com raras excepções, dão calinadas que Deus nos livre. Não só nas primeiras páginas dos jornais como no seu interior, mas tanmbém em revistas, etc., o que é uma vergonha para a profissão que desempenham. Então os erros nos subtítulos dos programas televisivos e mesmo no discurso directo, brada aos Céus.

E reparei que no seu texto de ontem o José empregou o pronome demonstrativo "o" por duas vezes na mesma frase e fê-lo muito bem, pelo que está de parabéns.

A frase no Jornal que reproduz não está incorrecta, o que pode estar é a forma menos clara como ela foi construída, levando a que a mesma nos pareça estranha à primeira vista. E de facto parece. Os jornalistas, salvo as excepções, têm enorme dificuldade em construir frases de um modo correcto.

Sobre o título referido, o substantivo/sujeito "metade" está no singular, pelo que o termo verbal/predicado "diz estar" terá de concordar obrigatòriamente com aquele. Vejamos o mesmo sujeito, mas no plural: "as maçãs tinham bom aspecto/as metades estavam bolorentas".

Um pequeno aparte. Aconselho aos que se preocupam com a nossa língua e como ela deve ser escrita e compreendida, que não recorram às Edições de Dicionários recentes, mesmo se de referência, prefiram as primeiras Edições desses mesmos Dicionários. Encontram-nas (ainda) em boas Livrarias ou em bons alfarrabistas. Eu felizmente possuo as primeiras Edições do Dicionário da Língua Portuguesa, da excelente Porto Editora, adquiridas pelos meus Pais.

Agora vejam a diferenças entre as incríveis e díspares edições que se seguiram. Um dos meus filhos comprou há alguns anos a 6ª. Edição deste mesmo Dicionário e nela vem especificado que foi "corrigida e aumentada"... "com a "contribuição de um grupo de colaboradores especializados"(!...). Pois, aqui é que está o problema, quem teriam sido estes excelsos "colaboradores especializados"? Os seus conhecimentos da língua, com todas as variáveis nela contidas, deixam-me sérias dúvidas. Esta Edição tem falhas, pouca informação sobre o significado e a origem das palavras e os sinónimos dos substantivos são muitíssimo reduzidos comparativamente com o que estava contido nas primeiras Edições deste mesmo Dicionário. Não referem o significado dos sinais gráficos e sobre as alterações obrigatórias dos mesmos consoante o número de sílabas de cada palavra, como também não mencionam outras particularidades linguísticas que devem ser parte obrigatória em qualquer bom Dicionário.

Trata-se de faltas graves, mas para os governantes oportunistas e semi-analfabetos que temos de suportar e sobretudo para quem tem vindo a elaborar os programas escolares das novas gerações, é tudo igual ao litro. Para estes, quanto mais abastardado for o português tanto melhor. É a maneira dos analfabetos funcionais, nestes incluídos os políticos que os há em barda, passarem despercebidos.
(cont.)

Maria disse...

A propósito dos dicionários da internete, houve uma altura em que estranhei o significado dado a uma palavra que lera num blogo que muito aprecio, tendo o autor dito que tinha obtido a informação no Priberan. Fui ver e não aprendi nada, antes desaprendi. Ainda cheguei a dar uma olhadela mais tarde a um outro destes pseudo-dicionários e não fiquei nada esclarecida, antes pelo contrário. A partir daí desisti de consultar dicionários internáuticos. Desculpem a imodéstia mas não necessito.

Reparei que umas vezes eles seguem as normas gramaticais brasileiras, noutras misturam-nas com as nossas e é uma confusão, noutros casos inventam vocábulos inexistentes na nossa língua afirmando que são de uso corrente em ambos os países, o que não é verdade. Por isso não me interessam. Tudo o que sei e escrevo sobre a língua portuguesa é baseado no que estudei e aprendi e jamais esqueci. E se alguma dúvida me surgir recorro aos Dicionários, mas não às Edições 'corrigidas e aumentadas' nas últimas décadas, mas aos que me ficaram do tempo dos meu Pais nos quais confio em absoluto.

Por estranho que possa parecer os jornalistas desportivos ou seja, os que participam em programas sobre futebol são os que têm o português mais escorreito e os que raramente cometem erros linguísticos. Antes pelo contrário, há alguns que não só são fluentes na nossa língua, como têm uma dicção e fonética perfeitas, como ainda têm enorme facilidade de expressão e eu, que aprecio sobremaneira o português correctamente falado e escrito, fico admirada como podem estes profissionais -

pra mais todos estes a que me refiro são relativamente jovens, onde será que estudaram?, ou terão sido os pais que lhes incutiram as boas regras da nossa Língua? - expressar-se tão impecàvelmente e por que motivo os de outras áreas do jornalismo não o conseguem? Cito apenas cinco exemplos (e mais um elemento que participa num dos programas que citarei mais abaixo, que não sendo jornalista colabora com alguns que o são e não desmerece) do que significa um jornalista expressar-se correcta e fluentemente, a par de uma apresentação sempre cuidada. Certamente que haverá mais alguns como estes, mas eu não vejo todos os programas de futebol que os vários canais transmitem..., só vejo dois e destes apenas partes de cada um e faço-o para desanuviar da politicagem aldrabona e corrupta que nos assombra todos as horas do dia e da noite:
(cont.)

Maria disse...

o bem-falante Rui Pedro Bráz da TVI24, fluente no português e não comete erros linguísticos; o Pedro Carreira da CMTV que costuma fazer os relatos dos jogos de futebol e fá-lo de um modo entusiasmante e por isso mesmo que se queira mudar de canal não se consegue, fica-se preso ao seu interessante discurso, à boa dicção, aos termos adequados à circunstância e à espantosa facilidade de expressão;

e neste mesmo canal há uma Mariana (não há meio de lhe fixar o apelido, este aparece depressa demais) que demonstra ser uma excelente jornalista, ela secunda inteligentemente o colega Carreira com breves mas adequadas observações relativas aos jogos a decorrer, é coerente nas perguntas que formula aos convidados e não os interrompe - sendo esta uma das principais qualidades de qualquer jornalista que se preze.

Há ainda um ex-jogador de futebol ainda novo, José Calado, nota-se que é uma pessoa muito educada - vê-se que tomou chá em pequenino - exprime-se bem, nunca levanta a voz, possui um vocabulário diversificado, sabe do que fala porque esse foi o seu métier, é coerente nas perguntas que faz e nas respostas que dá.

Outro bom jornalista é o apresentador do SOS-24 Miguel Fernandes, que tem muito boa apresentação, é educado, possui um discurso fluente e fala correctamente o português, coisa rara nos dias que correm. Resumindo, pelo menos estes cinco jornalistas e um deles só comentador, irão longe nas profissões escolhidas.

Já que estive a ver as notícias do CMTV, que aprecio, cito uma tal Magali (ai os nomes próprios importados da estranja, Deus meu!) que detesto ouvir e ver: é má jornalista porque é antipática e agressiva a transmitir as notícias (sinal de má educação e falta de ética profissional), berra (outro sinal de má educação), fala depressa demais em vez de o fazer pausadamente e a sua expressão facial mete medo. Fala com três pedras na mão como se quisesse bater em toda a gente que tem à sua frente e já agora nos que estão em casa a ouvir as notícias... Esta jornalista é de fugir.

Pacheco-Torgal disse...

Domingos Farinho passa ao quadro permanente da Universidade de Lisboa
https://www.publico.pt/2018/07/07/politica/opiniao/muitos-parabens-professor-domingos-farinho-1837152

José disse...

A vida de troll tornou-se um pouco mais difícil. Espero que compreendam...

Mario Figueiredo disse...

Compreendemos e agradecemos!

Floribundus disse...


prefiro o velho vocábulo
trolaró

A obscenidade do jornalismo televisivo