terça-feira, julho 03, 2018

O Semanário de Notícias, um jornal de croniqueiros crónicos ideologicamente mascarados.

O Diário de Notícias, jornal diário com 153 anos, acabou. Em vez do diário que durou esse tempo todo, há agora um semanário, com o mesmo nome e que promete mundos e fundos, assim:


Como se pode ler, os mundos do DN continuam os mesmos: é um mundo de Adolfo Mesquita Nunes ( então não?!), Marisa Matias ( Eurodeputada do BE, pá!), Margarida Balseiro Lopes ( Quem? Presidente da JSD, podia lá faltar), Maria Antónia Almeida Santos (quem? Deputada do PS, tinha que ser),  António Araújo ( tem o adequado pedigree) e outros do mesmo género e espécie, como a ingenuamente Câncio ou o  antigo escriba do Pastilhas de Miguel Esteves Cardoso, Rui Pelejão, este, porém, um pouco mais próximo dos autores que gostaria de ler, em vez daqueles que se juntam aos habituais croniqueiros do jornal. O Semanário de Notícias transformou-se assim, num jornal de croniqueiros crónicos. Tem vinte ao todo, sem contar com o croniqueiro-mor, o antigo mascarilha Ferreira Fernandes.
Também tem Viriato Soromenho-Marques, neste caso com uma crónica auto-complacente sobre os jornais e a memória da sua primeira escrita, sobre Allende, no registo politicamente correcto ( Allende morto pelo fassismo de Pinochet...etc). Este nunca falhou uma. Aprendeu com Kant a liberdade de pensamento...
Para além desses mundos fechados, há os fundos abertos nos offshores do Oriente. Esses, para esta colecta, não durarão outros 153... dias, penso eu de que, ao ler a primeira edição  do novo diário travestido em semanário.

Tirando os croniqueiros que são mais que as mães, há os jornalistas, a rarear e com futuro incerto.

Um deles, João Céu Silva, foi o que me fez ler o jornal. Da próxima veremos como será. Desta foi por causa da página que aqui fica:


Como alguns sabem, Vasco Pulido Valente regressou há uns dias ao convívio mediático. Primeiro numa entrevista na RTP3 cuja visualização se recomenda, em que fala até de Salazar e do salazarismo. Como ele disse, ao contrário da ideia corrente, espalhada pelo comunismo primitivo e pelos papagaios da escrita condizente e correcta, que incluem todos os acima apontados,  o fascismo nunca existiu, nesse tempo, tal como já tinha sido escrito na capa de um livro,  pelo filósofo dos pobrezinhos portugueses, Eduardo Lourenço.

Para tal ideia, historicamente falsa, muito contribuíram discursos como este que passo a citar, vindo das calendas de 24 de Outubro de 1975, na revista Flama ( que era do Patriarcado de Lisboa...):

E quem era o inflamado autor deste discurso corrosivo contra o fascismo e tutti quanti o apoiasse? 

Era este jovem guerreiro, mascarado, ao meio na foto e que ainda não pensava ser director do Diário de Notícias, travestido agora em semanário. 


Aprendeu alguma coisa esse jovem mascarilha, depois de tirar o lenço de cóbói?  Sim. Agora não gosta de anónimos e trata de os desmascarar. Trauma de juventude, por certo.

Esqueceu alguma coisa desse tempo? Duvido muito.

Estes mascarados ideológicos ainda hoje poderiam aproveitar a leitura do artiguelho que se  anunciava no mesmo número, sobre " o que acontece a um país sem divisas?". A resposta não a davam logo, mas demorou poucos meses a ser dada pela Realidade que mascaravam: a bancarrota.

E qual era a explicação que davam para mascarar essa Realidade? Simples, porque ainda hoje é a mesma para as duas bancarrotas que se lhe seguiram: a crise internacional. Na altura era "a crise do sistema capitalista internacional, quer a crise estrutural profunda em que ele vive quer a sua actual crise cíclica em desenvolvimento". O marxismo é sempre assim: mascara-se a incompetência atávica dos kamaradas com umas pinceladas intelectuais. Umas papas e bolos e os tolos estão no papo. Uns saltos no palco a homenagear os zés pedros e está feito o circo para as próximas eleições. No caso ainda se acrescentava "a quebra das remessas dos emigrantes ( movimentada por razões políticas mas ligada ainda à crise exterior), a paralização da própria corrente migratória, a atitude política do grande capital face à revolução portuguesa ( boicotes, sabotagens, ataques a nível económico, etc)". Uma explicação idêntica à que os Maduros da Venezuela também dão para o caos económico que provocaram. Tudo culpa dos outros. Sempre.

Nem se lembraram de olhar para o lado, a Espanha que não cometeu as loucuras criminosas do PREC, para perceberem que eles eram a origem do problema, do caos e da bancarrota.

Ainda hoje o não admitem...


Quanto ao actual dono do DN, por interposto entreposto de fundos orientais, o magnífico Proença de Carvalho que assina uma espécie de editorial na mesma página do outro, que fazia tal personagem mirífica desta democracia, na altura em que os mascarados ideológicos tomavam conta do país?

Este pomba branca do regime que temos, em 1975 era socialista democrático. Vinha da Soalheira, terra pobre e por isso era do partido dos pobrezinhos. Ainda tinha pouco cacau, apesar do que lhe deu o Champalimaud, por conta de Salgado Zenha e por isso precisava de ganhar uns cobres.  Poucos dias depois daquela foto dos mascarilhas dos SUV, Em Novembro de 1975, aceitou tomar conta do Jornal Novo, fundado em Abril desse ano por um grupo de capitalistas monopolistas fascistas ( os Mello e Champalimaud, mais um Artur Portela Filho demasiado esquerdista para o gosto deles e que por isso esteve lá pouco tempo).
Sob este Pôncio de Carvalho o jornal também não singrou por aí além e foi substituído por Helena Roseta, cerca de três anos depois.
Quanto ao Proença foi de vento em popa para ministro de um governo da confiança de Ramalho Eanes, para a RTP, idem,  e depois para todas as comissões que importam na área do poder político em Portugal. Freitas do Amaral, Cavaco Silva e por aí fora ,com os dias loureiros todos até chegar a advogado preferido de Ricardo Salgado, o do BES e ao poleiro da Global Media.

A convergência com os mascarados foi-se aperfeiçoando e cá estamos, neste nosso belo estado social.

Proença é um dos que detém o segredo do nosso actual regime. É de polichinelo, porém: uma cambada de corruptos e incompetentes. Com poucas excepções porque quando não são uma coisa, são outra e quem junta as duas,  manda.

Questuber! Mais um escândalo!