Em finais de 1974 e para concorrer às eleições de Abril do ano seguinte transformou-se em partido, tomando o nome de MDP/CDE, juntando por isso a designação antiga- com a sigla CDE, "comissões democráticas eleitorais"- à tomada logo a seguir ao 25 de Abril de 74- Movimento Democrático Português- uma espécie de amálgama de democratas que sendo marxistas e até leninistas não se reviam inteiramente no comunismo ortodoxo do PCP nem no novel partido Socialista de influências jacobinas e maçónicas.
As contradições entre alguns destes "democratas" começaram cedo e acabaram por liquidar o partido que nunca foi o que eventualmente esperavam os seus mentores. Nas eleições de 1975 tiveram um pouco mais de 4% e cinco deputados, ficando ainda assim à frente dos esquerdismos variegados que então apareceram e que originaram os Livres e outros blocos de esquerda.
O desconhecimento e ignorância histórica da maioria das pessoas dá nisto.
Porém, os do MDP não escondiam as suas preferências políticas e por isso foram acusados logo no início de serem uma espécie de "muletas" do PCP, portanto uns cripto-comunistas explicitamente coligados, ideologicamente, ao MES, à FSP e ao PCP, como disse o referido Tengarrinha, em Guimarães, durante a campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte de 1975.
Em entrevista ao Século Ilustrado de 9.11.1974 também não deixou os créditos por mãos alheias que o acusavam de ligações ao PCP:
O Livre Rui Tavares faz assim o obituário daquele, hoje no Público:
Este escrito de Rui Tavares é um exercício censório à maneira do que se fazia antes do 25 de Abril: contar a história com alguns eufemismos e revelações de entre-linhas. Este indivíduo, de democrata tem apenas a costela esquerdista. É um aleijado ideológico, com representatividade democrática próxima do zero absoluto e ligado a máquinas de respiração artifical nas tv´s do regime actual.
Para se saber quem foi este Tengarrinha e o que significou o seu MDP é preciso recuar umas décadas e com recortes fazer a história que os livres não conseguem fazer.
Em 1969 quando se tornou candidato eleitoral pela "oposição democrática" ( juntamente com um João Bénard da Costa ou um Jorge Sampaio ou José Galvão Teles ou mesmo um Francisco Sousa Tavares, pai do actual Tavares que perora na SIC para dizer mal do regime de Salazar que o alimentou a ele e ao pai), Tengarrinha era jornalista, tinha 37 anos e uma licenciatura em História e Filosofia.
Como se pode ler pelo recorte do livro As eleições de Outubro de 1969, editado pelas Publicações Europa-América, em 1970, com 622 páginas, em pleno fassismo, os candidatos da tal oposição eram esses e ainda outros que agora não podem ser oposição, na democracia que temos: os verdadeiros fascistas de Rolão Preto e do Integralismo lusitano.
Ora confira-se:
Em 1973, estes democratas dessa ocasião estavam prontos para tomar o poder se lhes fosse dada a oportunidade.
A revista Observador de então, de 13 e 20 de Abril de 1973 mostrava perfeitamente o que se passava ( até a ausência estranha de Mário Soares...):
Para estes democratas Livres isto é História que nunca existiu e como não há quem lha mostre passam a mensagem que querem, na tv e outras loca infecta.
Também não há quem lhes mostre esta imagem publicada na mesma revista Observador, de 28.9.1973 que mostra o apoio popular a Marcello Caetano, depois de ter sido vilipendiado em Londres por Mário Soares e seus adeptos. O Livre ou o MDP coitados, ao lado disto...
Quando Tengarrinha e outros foram presos, pela DGS que no tempo de Salazar se chamava PIDE mas que agora é só conhecida por essa sigla como se os cinco anos e meio de governos de Marcello Caetano nunca tivessem existido, noutra mistificação e falsificação histórica, foram-no por actividades subversivas contra o regime e a legalidade de então.
Não foi por mero arbítrio ideológico, como aconteceu em 28 de Setembro de 1974, contra "fascistas" como Artur Agostinho, um mero repórter de rádio e tv e outros perigosos "fascistas" que queriam regressar ao tempo anterior ao 25 de Abril de 1974. Essa mera intenção imputada em processo verbal foi castigada com meses de prisão em Caxias, numa manifestação suprema de superioridade democrática.
Quanto às actividades subversivas dos "democratas" ligados ao PCP e partidos revolucionários, como efectivamente Tengarrinha também fora, importa ler algumas páginas sobre o que Marcello Caetano entendia sobre o assunto e ver se não tinha plena razão...à luz do que ocorreu durante o PREC:
Está aí tudo explicadinho por que motivos os Tengarrinhas democratas eram presos: porque queriam liquidar o regime fassista, substituindo-o por um comunista.
Só um doido ou um néscio, como um Costa Gomes, poderiam permitir uma coisa dessas em Portugal, nos anos setenta.
O tal Tengarrinha ou o Jorge Sampaio que depois foi presidente da República não sabiam disto? Sabiam e estavam carecas de o saber, particularmente o Tengarrinha. Curiosamente nem a sua ex-mulher, Vera Lagoa de sobrenome lhe descobriu a dita que nem era preciso, mas sempre a encobriu...
Quem discorda? Então vamos lá ver como era...
Sempre Fixe, 30.9.1974: nem é preciso comentar...
Repare-se na linguagem, propósitos e nomes do MDP, em Dezembro de 1974:
E ainda em Julho de 1975, os propósitos do PCP, aqui claramente explicadinhos por um Pato avesso a laranjas, na sequência da proclamação do mentor estalinista, Álvaro Cunhal, em 6 de Junho de 1975 à jornalista italiana Oriana Falacci: Portugal nunca teria um parlamento como o dos países europeus ocidentais. Seria mais como os de Leste...:
Perante isto, torna-se necessário ler as vinte páginas sobre o que Marcello Caetano disse do comunismo e destes compagnons de route que nos tramaram durante décadas, enquanto povo.
Quem contestar que Marcello Caetano tinha razão deve pensar no PREC...e no que quase nos aconteceu, com o apoio entusiástico dos Tenagarrinhas Livres.
Livra!
Uma nota final: estes recortes não se publicam em mais lado nenhum. E por uma ou duas razões: a primeira é que não existem estes livros, como os apontados. O dos governos de Marcello Caetano encontram-se em alfarrabistas mas são raríssimos. Eram abundantes, nas bibliotecas das antigas Casas do Povo, espalhadas por todo o país e cuja história ninguém faz porque seria um modo de envergonhar o actual regime. Esses livros foram queimados, literalmente nalguns casos, deitados ao lixo noutros e suprimidos das bibliotecas que os guardavam, pelos comunistas que os substituiram pelas obras dos marxistas mais notórios.
Outra razão é que não existindo agora, a História torna-se omissa quanto a estes factos que envergonham e desmentem a versão dos antifassistas que passam o tempo a dizer mal de Salazar como se não tivesse passado já mais tempo de democracia do que o que o mesmo esteve no poder.
Por último os alunos das madrassas do jornalismo actual nunca aprenderam isto. Os professores nunca lhes ensinaram tal coisa e se porventura viessem a saber, chumbavam ipso facto, nos Isctes, Novas e outros sítios onde se diz que se ensina jornalismo ou "ciências da comunicação".
Finalmente, censura deste tipo nem sequer existia no tempo que essa gente execra. Basta ler os recortes para verificar tal coisa. ~
Portanto, outra vergonha do actual regime: repristinar uma Censura que nem sequer existia...