O assunto da entrevista de Cunhal à jornalista italiana Oriana Fallaci, do semanário L´Europeo de 6 de Junho de 1975, já foi por aqui tratado, por duas vezes.
Porém, ainda não se publicou tal entrevista integralmente, em Portugal e que eu saiba. Publicou-se no República, numa edição publicada em França, para emigrantes, com quatro páginas, pelo vespertino parisiente Le Quotidien de Paris, que em 23 de Julho de 1975 publicava também um documento muito secreto que um certo Boris Ponomarov, muito próximo de Cunhal, elaborara em Moscovo.
A revista Paris Match de 28 de Junho de 1975 publicou aquela entrevista de Oriana Fallaci, integralmente.
É ler e sublinhar a parte em que Cunhal afirmava todo lampeiro que "em Portugal jamais haverá oportunidade para uma democracia de tipo ocidental, com há na Europa".
Tal afirmação ocasionou um dementido do PCP. Oriana Fallaci reafirmou então tudo o que publicara e como publicara, informando que a entrevista estava gravada e que se quisssem poderiam confirmar. O PCP e Cunhal nunca quiseram...porque "as verdades também podem ser relativas"...
Quanto à imprensa portuguesa da época, na generalidade não tomou conhecimento do assunto. Eventualmente por não saberem italiano, não conseguiram traduzir a entrevista e apenas o Expresso a mencionou, assim muito ao de leve e com a frase mais polémica, associada ao desmentido do PCP.
O jornalismo português é singular. E o de 1975 ainda mais era.
Sobre este assunto, é caso encerrado. Assim como o é o facto de o Pravda de 23 de Junho ( segundo o livro de Joaquim Vieira, Nas bocas do Mundo) ter escrito preto no branco que "o pluralismo [em Portugal] e só uma fase de transição da revolução.".
Pena não haver por lá um Milhazes que trouxesse a notícia nessa altura...mas também agora, porque afinal o PCP é o mesmo: o pluralismo é apenas uma fase...e eles não mentem porque só se referem a essa fase. A outra...