segunda-feira, março 31, 2014

Álvaro Cunhal em Junho de 1975 a Oriana Fallaci.

O assunto da entrevista de Cunhal à jornalista italiana Oriana Fallaci, do semanário L´Europeo de 6 de Junho de 1975, já foi por aqui tratado, por duas vezes.

Porém, ainda não se publicou tal entrevista integralmente, em Portugal e que eu saiba. Publicou-se no República, numa edição publicada em França, para emigrantes, com quatro páginas, pelo vespertino parisiente Le Quotidien de Paris, que  em 23 de Julho de 1975 publicava também um documento muito secreto que um certo Boris Ponomarov, muito próximo de Cunhal,  elaborara em Moscovo.

A revista Paris Match de 28 de Junho de 1975 publicou aquela entrevista de Oriana Fallaci, integralmente.

É ler e sublinhar a parte em que Cunhal afirmava todo lampeiro que "em Portugal jamais haverá oportunidade para uma democracia de tipo ocidental, com há na Europa".

Tal afirmação ocasionou um dementido do PCP. Oriana Fallaci reafirmou então tudo o que publicara e como publicara, informando que a entrevista estava gravada e que se quisssem poderiam confirmar. O PCP e Cunhal nunca quiseram...porque "as verdades também podem ser relativas"...

Quanto à imprensa portuguesa da época, na generalidade não tomou conhecimento do assunto. Eventualmente por não saberem italiano, não conseguiram traduzir a entrevista e apenas o Expresso a mencionou, assim muito ao de leve e com a frase mais polémica, associada ao desmentido do PCP.
O jornalismo português é singular. E o de 1975 ainda mais era. 

Sobre este assunto, é caso encerrado. Assim como o é o facto de o Pravda de 23 de Junho ( segundo o livro de Joaquim Vieira, Nas bocas do Mundo) ter escrito preto no branco que "o pluralismo [em Portugal] e só uma fase de transição da revolução.".
Pena não haver por lá um Milhazes que trouxesse a notícia nessa altura...mas também agora, porque afinal o PCP é o mesmo: o pluralismo é apenas uma fase...e eles não mentem porque só se referem a essa fase. A outra...


7 comentários:

Anibal Duarte Corrécio disse...

""Em Portugal jamais haverá oportunidade para uma democracia de tipo ocidental, com há na Europa".

Poderia ser o lema do PCP , ontem hoje e amanhã.

Não mudaram uma virgula.

O estalinismo em Porugal é como a Toyota, veio para ficar.



Floribundus disse...

'o cão raivoso' teve sempre razão.
tudo é relativo.
o legado que nos deixou é a maior porcaria que se pode imaginar

'morreu o bicho, ficou a peçonha'

o komintern ou internacional comunista, kominform a partir de 47, dominava o movimento internacional

de modo que estes gajos nunca deixaram de ser 'robertos' ou 'paus mandados' ao serviço duma causa ... perdida

Choldra lusitana disse...

Agora,volvidos 40 anos sobre o 25 de abril,são só loas dirigidas à criatura. Virou santo. Temos santo. A amnésia histórica deste povo é qualquer coisa de único e a merecer um estudo psicológico. Falam da integridade do Cunhal como se um criminoso fosse íntegro só por passar a vida toda no caminho da criminalidade. Lombroso é que talvez o conseguisse estudar e concluir de que tipo criminoso se tratava.

muja disse...

Homem, não confunda a televisão com o povo!

José Lúcio disse...

É realmente notável a indulgência com que o PCP tem sido sempre tratado, nomeadamente pela camada intelectual e universitária (e jornalística, pois claro). Dando um exemplo, lembro que ainda há poucos dias saiu um trabalho da jornalista Felícia Cabrita sobre a execução pelo partido do seu antigo dirigente José Miguel, e esse trabalho não teve repercussão alguma. Se pensarmos um pouco, devia ter tido: estamos perante um partido que praticou activamente a pena de morte, mesmo para a sua gente, e o fez durante muitos anos, o que não é nada banal. Esse trabalho de Felícia Cabrita, aliás, não é propriamente inovador. Já há muitos anos o falecido Metzner Leone tinha publicado no semanário “O Diabo” uma sucessão de artigos sobre o tema (os assassinatos feitos pelo PCP, nomeadamente dos seus “traidores”) que estavam muito bem documentados e mostravam bem a dimensão dessa prática, e como ela se tinha mantido até às vésperas do 25 de Abril. Não é nenhum segredo, pois que até no Àvante essas acções foram por vezes reivindicadas… Todavia, isto é ignorado, ou olhado com indiferença, e passam sem reacção os discursos sobre o “humanismo” de Cunhal e de toda a velharia do PCP… Uns santos laicos, que generosamente andaram anos a bater-se pela liberdade…

josé disse...

E a convidada pelas tv´s é uma tal Raquel Varela...

Isto nos media está pior que antes de 25 de Abril de 74. Muito pior.

José Daniel Ferreira disse...

O jornal A Republica https://curiosidadesdeimprensaeafins.wordpress.com/2014/01/05/entrevista-de-oriana-fallaci-a-alvaro-cunhal-jornal-o-caso-da-republica-27-06-1975/

O Público activista e relapso