Ao escrever isto parece que se escreve uma enormidade, mas só em Portugal, no entanto, tal será considerado.
Debalde se procurará nos anos a seguir ao 25 de Abril de 1974, na imprensa portuguesa mais importante, ou seja, os jornais de "referência", como o Expresso ou O Jornal, Vida Mundial, Flama ou Século Ilustrado, qualquer reportagem ou artigo de fundo sobre o comunismo em si mesmo como ideologia ou modo de regime concreto que coloque em causa tal regime do modo como em França, por exemplo, se fazia.
Não há pura e simplesmente nenhum artgo nos anos setenta a seguir a 1974, na referida imprensa portuguesa, que informe os seus leitories sobre uma coisa tão corriqueira como os crimes de Estaline , nos anos em que por cá existia o Estado Novo de Salazar, tão vilipendiado pelos mesmos órgãos de informação no mesmo período.
Não há qualquer referência em 1974 ou 1975, na imprensa portuguesa, a Soljenitsine e ao seu livro sobre o Gulag. Nenhuma.
Não há nenhuma referência no mesmo período de tempo, ao carácter totalitário e próximo do nazismo, do comunismo de Estaline e aos milhões de mortos pela fome e aos milhares de assassinatos políticos ocorridos nos anos de terror estalinista.
É escusado percorrer esses jornais e revistas porque o que se encontra, nesse período de tempo que vai de Abril de 1974 a finais de 1978 ou mesmo até aos anos oitenta, é apenas propaganda política tendenciosa e justificativa do próprio regime comunista.É provável que tal omissão tenha justificado, logo a seguir ao 25 de Novembro de 1975, uma condescendência para com o PCP, indevida, mas que segurou os comunistas ao barco do poder democrático e parlamentar, até hoje.
O próprio Expresso não tem, durante esse período de tempo, qualquer artigo importante, mesmo após o 25 de Novembro de 1975 que informe os portugueses sobre a natureza do comunismo enquanto regime totalitário, com reportagens ou exemplos concretos dessas características, do mesmo modo que o fizeram relativamente ao regime do Estado Novo, diabolizado ad nauseam pela propaganda comunista dos anti-fascistas de sempre. Lá fora, por exemplo em França, as discussões públicas e publicadas sobre tal assunto eram vulgares, como se pode comprovar pelos "recortes" aqui deixados.
Não se percebe por que razão cá em Portugal, o tema era tabu. Não se percebe a não ser que se entenda a classe jornalística e intelectual da época, in totum e nos anos setenta, como completamente de Esquerda e pró-comunista.
Por outro lado, qualquer discurso público contra o comunismo que não tenha receio das palavras "crime", "genocídio", "horror", "totalitarismo", tal como se usam aplicar ao nazismo é imediatamente desvalorizado e acantonado ao reaccionarismo e anti-comunismo "primário" e isso até pelos órgão se informação mais moderados. Ainda hoje é assim.
Não obstante, em 1975 a Livraria Bertrand publicou o primeiro volume do Arquipélago Gulag, de Soljenitsine. O PCP difundiu logo a ideia feita de que a obra era da responsabilidade da CIA...
Percorridos todos os jornais Expresso e O Jornal desse ano, não vi uma única recensão crítica ao livro...embora me possa falhar algum que a tenha.
O comunismo em Portugal conseguiu pegar de estaca e iludir a opinião pública sobre os seus crimes semelhantes aos dos nazis e isso é um fenómeno, de facto.
E apesar de verdades que se escrevem em blogs como este, a verdade é que o PCP continua a vicejar na respeitabilidade democrática.
No entanto, em França, tal nunca sucedeu e em 1974 a discussão pública sobre os gulags na União Soviética eram assunto da ordem do dia, com o acontecimento Soljenitsine, tal como anos antes, o fora com a atitude soviética em denunciar precisamente os crimes de Estaline, na era Krustschev.
Por cá, essa discussão não existiu. Pode dizer-se que o estalinismo, por cá, nunca existiu.
Pode até dizer-se que nem depois de 1989 e da queda do muro de Berlim tal discussão pública alguma vez se manteve em Portugal, sobre a natureza intrínseca do comunismo. Tudo se passa como se o PCP fosse um partido igual aos outros, apesar dos sinais inequívocos do contrário.
Em 22 de Junho de 1974 o Expresso publicou uma lista dos "best-sellers da quinzena". Quem escrevia? Maria Teresa Horta, comunista...
Lá estava o "4 ismos" em primeiro lugar. Um livro de informação sobre as ideologias políticas e que em relação ao comunismo era muito vago nas imputações sobre o carácter totalitário e próximo do nazismo.
Um ano depois, em 23 de Agosto de 1975 a mesma rubrica, desta vez assinada por Pedro Tamen, de esquerda. Era notório o interesse do público pelos livros de cultura política, mas todos de sentido esquerdista e extremista até.
Em 31 de Outubro de 1974, na Vida Mundial, António José Saraiva esforçava-se por explicar o que era o socialismo...de um modo absolutamente teórico e sem qualquer referência ao "socialismo real".
Este socialismo real, porém, tinha amplo espaço nestas publicações para a respectiva propaganda edulcurada e sempre tendente a passar a mensagem que Portugal deveria enveredar por esse caminho sem espinhos, para a sociedade sem classes.
Por exemplo, em 31 de Maio de 1974, o mais importante elemento do "grupo de Argel" que incluía Manuel Alegre, era entrevistado longamente pela mesma revista. Fernando Piteira Santos tinha um discurso absoluta e resolutamente comunista.
A maior aproximação á problemática do comunismo real nesse tempo, pode encontrar-se neste artigo do Expresso, de 22 de Junho de 1974, sem exemplo nos anos posteriores. E mesmo assim, com um cuidado analítico que nem antes de 25 de Abril de 1974 havia...
Gradualmente começaram a aparecer na imprensa portuguesa artigos sobre os países de Leste e reportagens sobre a vida nesses países, sem qualquer relação com a realidade vivida e que mais tarde se descobriu.
Por exemplo, o mesmo Expresso ( é incrível como isto aconteceu...) em 5 de Junho de 1975 publicou uma página sobre a Roménia de Ceausescu. O então presidente Costa Gomes estava lá em vista oficial em Junho de 1975. É ler o que escreveram os redactores do semanário...
Em Julho de 1975, Mário Soares e Álvaro Cunhal foram entrevistados pela ORTF francesa, mas em Portugal, no Altis. A entrevista serviu para os franceses saberem o que se passava em Portugal, nessa altura de PREC.
O Expresso de 5 de Julho relata assim e é das poucas vezes que um repórter estrangeiro coloca as questões que por cá não se colocavam pura e simplesmente, com o tal "respeitinho" sempre devido a Cunhal, o que não deixa de ser inacreditável.
Não obstante tudo isto, nenhum jornal ou revista portugueses conseguiu alguma vez, ao longo destas décadas , publicar com toda a clareza o que segue e que os franceses publicaram recentemente. Porém, já o faziam nessa altura, quando entrevistavam Soljenitsine, por exemplo, tal como mostrei em postal anterior. E não eram os "reaccionários" que o faziam porque o Le Nouvel Observateur ou o Apostrophes da tv não eram propriamente de direita. Nem o L´Express onde escrevia um Jean François Revel era de extrema-direita. Este esteve em Portugal em 1975, tal como Sartre. Porém, nem de perto nem de longe teve a mesma cobertura mediática que aquele existencialista apegado à esquerda comunista de que se arrependeu no fim da vida.
O Expresso de 1 de Março de 1975 não teve melhor que isto para dizer sobre Revel ou para lhe perguntar. Revel foi dos que alertou em devido tempo para os perigos do comunismo em Portugal e não só. Por aqui, ninguém lhe ligava muito. É ver a pergunta do jornal sobre o comunismo...em que o acusava indirectamente de anti-comunista primário.
A revista L´Histoire de Outubro de 2007 punha assim branco em vermelho o que é preciso dizer sobre o comunismo: criminosos.
A revista Philosophie de Março de 2014 vai um pouco mais longe e mostra o que certos filósofos pensam do comunismo: um embuste e um sistema criminoso.
Em resumo: tal como antes de 25 de Abril de 1974, quem quiser informar-se sobre o comunismo, em Portugal, tem que ler imprensa estrangeira...
78 comentários:
Pois é verdade. Não se falava e até era pior. Mesmo na faculdade quem se atrevesse a criticar era olhado de lado.
Lembro-me da reacção aos Nouveaux philosophes. E eles só vieram cá, quando?
Ia jurar que foi só no cavaquismo.
Mas comprei a cozinheira e o comedor de homens do Glucksmann. Devo ter para aí.
Era uma censura mais perfeita do que a que existia no tempo de Caetano.
E isto é uma coisa que só agora me dei conta.
Nestas décadas nunca houve uma publicação com títulos como aqueles.
Tem razão. Dei-me conta na altura que era absoluta iconoclastia falar-se nisso e também lia comprando revistas de fora.
Mas é verdade. Não consigo sequer recordar-me de encontrar eco entre colegas e conhecidos quando falava nisso.
Houve uma entrevista ao Soljenitsyne, não me recordo onde, em que ele falava da incompatibilidade dos ideais da Revolução Francesa pois liberdade é incompatível com igualdade.
E sei que um noite fiquei a falar sozinha num grupo à conta disso.
Mas também não sei muito mais porque foi na altura em que até interrompi estudos por também não fazer sentido toda aquela anormalidade.
(Gigantesca anormalidade, digo-o agora com mais consciência. Aquele curso de Filosofia deu em maior caricatura que cabaret da coxa).
Mas tem mesmo absoluta razão porque antes do 25 de Abril até tinha grupo de tertúlia em café onde tudo se lia, comentava e debatia.
Tudo, incluindo o que se dizia ser proibido.
Depois, com as mesmas pessoas foi impossível o diálogo.
Completamente impossível. Era olhada de soslaio.
Por acaso acho piada, olhando para trás e olhando para o presente. Porque o que eu dizia na altura era gozado, na melhor das hipóteses.
Agora, algumas dessas pessoas andam por aí promovidas a filósofos e comentadores de tudo e um par de meias.
eheheheh
É nisto que, de facto, devo ter um gene a menos de xico-espertice.
Eles na tv e eu até vendi os televisores
AHAHAHAHAHAHAHHA
(Eles e elas. Até as mais palermitas deram em "intelectuais" da democracia
AHAHAHAHAHAHA)
Mas excelente série de recortes. E óptimo recordar o Revel.
E como ele contou a dupla táctica do PCP.
Só que se enganou. Os portugueses parece que não são assim tão inteligentes para a perceberem.
Discurso de Salazar sobre o comunismo:
https://www.youtube.com/watch?v=qD8-71-wyj0
Um discurso de 3:35 de pura sabedoria.
Portugal foi administrado por um sábio que é completamente diferente de ser administrado por um qualquer político.
o rectângulo nunca vai recuperar da ainda hoje maciça propaganda
social-fascista
e socialista da mãozinha masturbadora
fizeram escola
'boaventurados os pobres de espírito'
Houve sempre e ainda há muita subserviência em relação à ideologia e ao próprio partido comunista por uma série de razões, das quais destacaria:
- Existe a ideia arreigada que para as classes trabalhadoras com menos rendimentos económicos, o comunismo é a melhor solução para os seus males.
- A fraquissima instrução escolar é um caldo cultural excelente para a implantação e expansão da ideia anterior e um meio de defesa para os menos preparados, especializados
- A culpabilidade perante a desigualdade no desenvolvimento entre os Países mais evoluídos na Europa e o nosso próprio desenvolvimento, alimenta o sentimento que os grandes culpados desta situação são os 'instalados' do regime anterior.
- O carácter muitas vezes 'rácico', elitista, de uma certa classe possidónia no tempo da ditadura traduzida no dizer popular do "quantos mais filhos têm os pobres, mais criados têm os ricos» inspirador de sentimentos de revolta e propício para o alinhamento nas teses comunistas
- O regime anterior dividiu o mundo em dois e não soube evoluir no diálogo e na incorporação de outros sectores de pensamento na praxis politica, colocando tudo o que era oposição no mesmo saco.
- A ideia anterior estava de tal maneira entranhada que após o 25 quem ocupou o País foi o PC e franjas radicais, aparecendo os outros partidos num segundo plano, que só revelariam a sua dimensão com as primeiras eleições.
- Apesar da doutrinação anticomunista do regime anterior, os erros sobrepuseram-se ao impacto da divulgação e aceitação dessas ideias,originando o fenómeno da permeabilidade e do virar o 'bico ao prego'.
- Dificuldade em separar os comunistas enquanto pessoas e a ideologia/Partido, conduz a que se possa pensar que 'estes são diferentes' e talvez tivessem aprendido com as patifarias dos congéneres do passado, porque 'parecem boas pessoas' e o seu discurso é convincente porque toca nos males (iludindo, claro está os pretensos remédios ou falando deles com um discurso pouco 'amianto' e mais 'pequenas e médias empresas)
- Pactuaram com todo este estado de coisas 'os democratas', mais ou menos piedosos, mais ou menos culpabilizados, mais ou menos sociais democratas ou socialistas.
Daí o silenciamento, o braqueamento.
Os ditos "intelectuais" é que são culpados de andarem a enganar o zé povinho.Fazendo censura da grossa e tomando partido interpretativo a favor dos comunismos.Mesmo os que não estão já no "partido" continuam a defender o internacionalismo socialista em concorrência com os que ainda lá militam.No fundo são intelectuais ignorantes e uns reles propagandistas cuja sementes do mal andamos todos a pagar.
Ainda ontem vi na TVI24um "nacionalista branco" de angola que claro por cá andam há muitos anos depois das traiçoes que andou a fazer e convictamente...
Uma Nação que não arrede as infecções e os parasitas morre jovem.E depois do 25 já faliram 3 vezes...e desta vez durante muito tempo que justificava uma revisitação aos fundamentosem que assenta esta "democracia" internacionalista...
Uma nova primavera precisa-se com urgência...
Bom acrescento, José. É isso mesmo. Por cá a natureza intrínseca do comunismo nunca foi debatida.
Nem pelos que recordam o Soljenitsine.
Na altura da morte dele, no Blasfémias até publicaram um post com link no qual se podia ler um requerimento do Seabra do PSD a perguntar qual o motivo para a publicação do Gulag estar travada.
É mentira. Não foi o regime anterior que dividiu em dois.
A ignorância não vem da pobreza.
A grande ignorância tem estatuto universitário e deu em doutrinador e educador das massas.
Pergunte, por exemplo, que estudos tem um recém-eleito "filósofo" escrevinhador que dá pelo pseudónimo do Miguel Real.
Depois oiça o que ele diz ou as profecias mais retardadas mentais que vende.
Nem tinha reparado que o lusitânea já tinha dito o mesmo.
Pois são.
«- O regime anterior dividiu o mundo em dois e não soube evoluir no diálogo e na incorporação de outros sectores de pensamento na praxis politica, colocando tudo o que era oposição no mesmo saco.»
Adenda
Tanto dividiu em dois - força de expressão - tanto dicotomizou, que surgiu isolado no 25, alvo em fúria com queda suave, sem fragor de sangue.
O regime fechou-se sobre ele próprio.
No fundo, poderia ter feito um 25 de Abril de direita e instituir uma democracia alargada a sectores que não soube captar e que foram absorvidos na torrente abrilesca.
(A ignorância e o seu tipo é multifactorial)
Não teve rigorosamente nada a ver com o povo.
Foi problema da guerra em África.
Os recortes do José servem para se recordar muita coisa. Uma delas é essa- a esquerda estava nos media mas não havia a tal miséria e revolta social latente que os palermas escardalhos inventaram.
A oposição estava no Parlamento, não estava presa.
A que era presa era comuna, sendo do PCP ou da Extrema-esquerda.
Não havia "democratas" engaiolados. Essa é que é uma gigantesca patranha.
Entrei há 3 anos numa escola. No escaparate à entrada da biblioteca, em evidência como sugestão para a semana, o que tinha era obras de Saramago e Jean-Paul Sartre. Ainda hoje nenhum jovem sabe o real rosto do comunismo (apenas da ideologia irmã: o nazismo).
"A ignorância não vem da pobreza.
A grande ignorância tem estatuto universitário e deu em doutrinador e educador das massas."
Vozes de burro não chegam ao céu e as universidades portuguesas estão cheias de burros.
Prefiro o convívio com pastores a muitos professores universitários.
Alguns tentam encaixar a figura de Salazar como um político e procuram idealizar transições visionárias quando na verdade ele foi um sábio ao serviço da nação que governou de uma forma absoluta com o sucesso que se conhece.
Marcello Caetano quando o sucedeu não compreendeu muito bem a essência do método governativo e mais que um líder, foi um hesitante.
A pressão exterior era também cada vez maior para impor o regime demo-liberal e hoje somos o que somos mas não estamos mais orgulhosamente sós, podemos afirmar que toda a Europa está também ela decadente com o seu modelo democrático.
É tempo de voltar a estudar Platão e olhar para os pequenos exemplos de sucesso que ainda existem na Europa, como por exemplo o Liechestein.
O regime não estava nada isolado.
Não tinha era habilidade nenhuma em manipular as "massas". Não precisava e até tinha alguma repulsa disso.
Quem foi isolado foi o Presidente do Conselho e o Presidente da República.
Em todo o caso, duvido hoje muito que se pudesse fazer o tal "25 de Abril à direita".
O 25A pode ter sido um golpe "preventivo". Para prevenir o quê?
Há quem diga que Marcello Caetano preparava a independência unilateral de Angola. O Silvino Silvério Marques afirma-o, mas não só.
Referem-se a isso várias sumidades abrileiras - o almirante vermelho Rosa Coutinho, Pezarat Correia, entre outros.
Gente envolvida nos órgãos governativos da província afirma o mesmo.
Publicaram-se aí umas polémicas entre o Gen. Silvino Marques e o Veríssimo Serrão, penso que n'O Diae que depois saíram em livro, que nunca achei.
Parece que o Prof. Marcelo Caetano diz que isso não é verdade.
O que é verdade, em todo o caso, é que n' "O 25 de Abril e o Ultramar" ele diz claramente que via a independência de Angola como única e inevitável saída possível para o problema. Hei-de publicar isso.
Com o problema do Ultramar resolvido, o regime teria gigantesco espaço de manobra.
E é evidente que Marcello Caetano conduziria o país à democracia.
Se o 25A foi um golpe preventivo, e eu acho que foi, a ignomínia é ainda maior, e não faz sentido nenhum falar de Caetano como um "hesitante".
A chamada "hesitação" não era mais que uma formulação algo diferente de exprimir a defesa do Ultramar. A defesa em si, porém, nunca foi posta em causa por ele. Aliás, ele fez questão que o assunto se discutisse nas eleições de 69 - outra "hesitação" - para poder aferir a vontade das pessoas.
Já agora, fez ontem 53 anos que o comunismo atacou Portugal e o povo português.
A censura continua...
Recentemente foi publicado uma obra, "A Cortina de Ferro - o Fim da Europa de Leste", Anne Applebaum, pela Civilização Editora, que nos ajudam a perceber a natureza do regime político e social imposto no países da órbita soviética, e que demonstra a "qualidade democrática" e tolerante dos comunistas.
Na Universidade constatei o triunfo académico dos comunistas e dos esquerdistas, a sabedoria foi substituída pela propaganda, o saber pelo saber foi substituído pela "arte social" e, como disse, a Zazie num comentário quem ousasse contrariar essa "onda" era ostracizado. Só se falava e só se discutia autores como Michel Foucault, Louis Althusser, Jean Paul Sartre, Pierre Bourdieu e outros mentecaptos do género, e isto quer na Faculdade de Letras de Lisboa e na do Porto, na de Coimbra não sei, mas imagino que não seria diferente porque quando se possui académicos como António
Pedro Pitta, que só sabe falar de neo-realismo, e não consegue explicar ou discursar sobre Aristóteles, Kant, David Hume ou genuínos filósofos está mais que visto a ideologia/propaganda comunista penetrou bem fundo nos cursos de História e Filosofia.
Mujahedin,
Os hesitantes não vão a lado nenhum na vida.
"Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar."
Salazar
E o regime estava sim isolado pela Europa pois queriam impor a democracia em Portugal a todo custo. Marcello quis fazer essa transição mas a coisa já estava muito rebuscada e cheia de presentes armadilhados. Só no contexto externo destaca-se o Maio de 68, o FED americano com o papel fiduciário(os americanos passaram dos maiores credores do mundo e hoje são os maiores devedores), o marxismo cultural e claro aquele grupos de conspiradores que odiavam o império português e que já tinham conseguido amputar o Brasil no século anterior.
O INTERNACIONALISMO é a coisa mais perigosa que uma nação coesa como foi a nossa pode enfrentar.Uns kamaradas vindo de não sei onde podem ser carrascos sem piedade e aterrorizar toda uma população.basta ver hoje o que se passa na Venezuela pela mão dos cubanos...
O próprio Estaline era do cáucaso e certamente para ele eliminar russos era trigo limpo /farinha amparo...
este registo que bem recorda repete-se em muitas sociedades (aqui o "crime" que o manifesto dos 74 cometeu é bem exemplo). Nos EUA em todos os FiveEyes experimente ir defender ideias que caiam sobre a alçada dos inimigos do stablishement e vai ver o que lhe acontece. A UE é pena que mais cidadãos não tenham essa noção é um oasis na discussao das ideias.
O autor do blog "A Terceira Noite" é um marxista, ex-maoista...
Com esse tipo de gente, todo o cuidado é pouco...
Publiquei:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/03/quem-tem-medo-do-comunismo.html
Cumpts,
João José Horta Nobre
Contacto: historiamaximus@hotmail.com
E o regime estava sim isolado pela Europa pois queriam impor a democracia em Portugal a todo custo.
Vivendi,
desengane-se.
Ninguém queria impor democracia a Portugal nem a todo nem a nenhum custo. Isso só o queria, sim, a ladroagem que se instalou com ela e para poderem fazer, tranquilamente, o que fazem: gamar o pessoal.
O que os poderes internacionais queriam foi o que obtiveram: as parcelas africanas do nosso território. Se a forma mais fácil fosse por ditadura - e era para os soviéticos, e era isso que eles iam fazer - era a ditadura que nos impunham. Já os gringos nunca tiveram pejo nenhum em instaurar ditaduras onde elas lhes convinham, por exemplo.
Portugal só interessava por causa disso. Sem as parcelas africanas isto já não interessa a ninguém.
O 25A não foi para impor democracia, nem para impor comunismo, nem para repor uma qualquer justiça corporativa entre oficiais birrentos. Foi indubitavelmente para palmar África. Não vejo que pudesse ter sido montada uma tal conspiração, que teve obviamente dedo estrangeiro, para outra coisa que não isso.
E dizer que o regime estava podre não é dizer nada. Este também está podre e não há maneira de a gente se livrar dele. Não, o regime foi paralisado, e isso é obra de conspiração. A DGS tinha meios senão para travar, pelo menos para resistir ao golpe. Porque não agiu? O próprio Marcello disse que, numa situação daquelas, ninguém tinha que pedir autorização a ninguém... Na DGS sabiam-no perfeitamente. Porém, não se mexeram. Parece-me óbvio que teve que haver gente lá metida no assunto. Ora infiltrar a DGS é obra. Quem quer que a tivesse infiltrado, não ia expor as suas toupeiras por causa de uma birra de oficiais, ou em nome da democracia...
E se o Marcello Caetano se preparava, realmente, para dar a independência a Angola, então o 25A foi para prevenir essa independência, e impor outra que, de independente, não teve nada...
Não acho que seja justo acusar o prof. Caetano de hesitações. O assunto era delicado e, é preciso não esquecer, ele não tinha o mesmo prestígio e até autoridade que tinha Salazar.
Não inventem teorias da conspiração que não havia infiltrados coisa nenhuma.
Havia sim desentendimentos internos entre o próprio governo.
Lembro-me que uns tempos antes, aquando da expulsão dos gorilas de Direito, só 45 minutos depois apareceu a polícia.
E, por arrasto, os de letras também foram embora com os profs a pedirem-no e o reitor a dizer até, em tom de gozo, que saía pela porta do cavalo.
A porta era real, ele tinha entrada especial para o seu gabinete mas lavou dali as mãos.
O que não havia, posso agora recordá-lo melhor, era gente que se questionasse aqueles comunas todos que inventavam as greves e as impunham a seu belo prazer.
Em Direito talvez houvesse mas sem grande voz. Em Letras, ninguém.
Fui tomada por fura greves por me encanitar com ter de andar às ordens daqueles palermas e, ainda por cima, intermitentes, para não se faltar aos comícios.
Onde ninguém dizia corno porque não percebia rigorosamente nada.
E eu até dei uma forcinha para correr com aquela gorilagem.
Não estava enfiada em partido ou grupo algum, era completamente despolitizada mas aquela imbecilidade também me encanitava.
E era mesmo imbecil porque parece que ninguém conseguia mostrar de forma racional às ordens de quem andavam e o que queriam com as associações de estudantes.
Não- era com barras de ferro e bolas com com correntes e mais traquitanas de kung fu de ex-comandos que acharam inteligente controlar faculdades.
Na altura era pela liberdade, no mesmíssimo sentido que ainda hoje defendo wikileaks e coisas assim.
Cada um é para o que nasce.
Pode-se ser influenciado em dadas alturas da vida mas aquilo que somos, acho eu, acaba por falar mais alto.
Eu fui influenciada uns tantos meses. Acho que nem a um ano chegou.
Sem ler nada. Quando li um pouco da doutrina proibida fiz aquilo em cacos porque teoricamente era uma nulidade.
O marxismo é uma nulidade.
Ler o Engels é ler um imbecil.
Portanto, toda essa malta que anda agora a fazer congressos e coisas assim, em faculdades, em nome do mesmo e de neos mesmos é retardada mental.
Ele nem disse que saía pela porta do cavalo.
Foi mais giro. Apanharam-no à saída por essa porta que tinha ligação directa para o gabinete.
E ele disse que se ia embora porque o que precisavam não era de um reitor mas de um chefe de cavalariça.
ehehehehehe
Era nisso que havia estupidez no regime.
Resolviam todas as questões com uns mongos a fazerem de polícias quando tanto podiam ter pela frente verdadeiros militantes comunas como adolescentes que nem sabiam o que queriam ou ao que oa mandavam andar.
E não me lembro de haver alguém, mesmo prof que desmontasse isto.
Que questionasse alguma coisa.
Parece que todos tinham medo pelo facto de ser proibido.
E as coisas proibidas nem se discutiam, assim como as que achavam que deviam ser proibidas também não se afirmavam.
Era proibidos mais de não sei quantas pessoas juntarem-se em suposto comício na faculdade, por exemplo.
Ninguém com 2 dedos de testa ia lá ao dito comício perguntar o que queriam ou ao que andavam e quem os tinha promovido a educadores das massas acéfalas (que era assim que eles olhavam para quem não fizesse parte do grupinho)
Então achavam mais inteligente chamar a polícia de choque que se limitava a largar uns bombas de fumo para fazer desandar tudo.
Quando não chegava, vinham os cães. E assim por diante.
Não me recordo de uma única conversa racional para além disto.
Como é óbvio, a coisa funcionava à Monty Python- help me help me I'm being repressed.
E tudo dava a entender que sim.
Parece que havia uma certa vergonha por não haver liberdade de reunião e associação.
Claro que em havendo seria usada para militância escardalha, porque, de facto, a escardalhice estava por todo o lado, a começar pelos jornais.
Mas quem era apanhado no meio desta engrenagem de silêncios e proibições não percebia nada e ficava apenas o tom que falava mais alto da proibição com denúncias e polícias.
Depois, o que era proibido, era mentira, porque todos os livros se vendiam fingindo que também era às escondidas.
Era proibido o "activismo"- e nesse activismo não dava para perceber diferenças.
E isto cairia que nem bola de neve porque, os grupelhos eram mais que as mães e odiavam-se mutuamente.
Aquela malta revolucionária, deixada à solta, exterminava-se em questiúnculas surrealistas.
Foi assim que o MRPP serviu de idiota útil no PREC e ajudou a travar o PCP
Foi assim que os Lamegos, Saldanhas, Garcias Pereiras, Albertos Martins e tutti quanti arranjaram uma reputação.
Depois do 25 de Abril capitalizaram sobre tal. O Saldanha Sanches, esse, penso que foi preso pelo PCP, já depois do 25 de Abril, tal como a sua mulher.
Porém, a ideia que havia no estrangeiro era um pouco diferente da que o mujahedin pensa.
Logo vou publicar a prova.
Completamente, José.
Ia acrescentar isso. E até mais. Depois ficámos na mão dos putos opositores.
E isto era coisa universitária. Não era popular.
Popular era inventado por quem se mascarava de operário e camponês.
Não havia grande espiga por aí.
Agora nas faculdades sim. Por exemplo- a greve ao aumento dos preços na cantina velha.
Há-de ter sido pretexto para chamar a atenção. É um facto, foi política.
Mas, como é que acharam que se mostrava isso?
De forma altamente inteligente.
Mandaram para lá a polícia de choque e desataram a disparar a sério.
Eu estava lá a almoçar, juntamente com colegas meus e nem acreditei.
Pura e simplesmente não acreditei que as balas fossem de verdade.
Os meus colegas partiram os vidros e saltaram pelas janelas do segundo andar para fugirem.
Eu fiquei e armei-me aos cucos, por continuar a achar que eram balas de borracha.
Vim cá para fora e elas zumbiam-me a passarem ao lado e rasparem na relva.
Só quando vi um rapaz a ser levado com a barriga aberta (e eram puto sem nada ter a ver com nada. Apenas estava lá a almoçar) é que me dei conta do risco que tinha corrido.
Uma rapariga apanhou com outra bala na barriga. Estava grávida e abortou.
Estas merdas eram estúpidas e criaram os tais heróis que ainda hoje andam pelo poleiro.
Essa acção da polícia do antigamente foi estúpida como o eram os actos de censura avulsa e arbitrária.
É sabido que os principais jornais tinham contactos pessoais com pessoas da censura, no tempo de Marcello Caetano, como por exemplo com Feytor Pinto.
E muitas coisas se resolviam por essa via. O Exame Prévio era assim como uma espécie de censura doméstica que agora funciona nas redacções, vida dos directores.
Dantes os jornalistas sabiam muito bem o que não podiam escrever sobre o regime. E agora continuam a saber.
A diferença está em que dantes era fácil perceber. Hoje, nem tanto e por isso é mais arbitrária esta censura de hoje.
Parece um paradoxo mas é assim mesmo.
Quer um exemplo? Para além do assunto comunismo que é tabu em ser tratado como eu o faço aqui, há o assunto mais sério dos negócios dos que mandam nos jornais.
O Belmiro não tem publicidade negativa nem notícias negativas porque tem a Fundação Público.
O Soares dos Santos, idem, com a Fundação respectiva, esta a sério e com dinheiro do fudnador, para pagar os potenciais críticos que foram quase todos da Esquerda ( José Manuel Fernandes e António Barreto). A Cofina não tem patrono mas respeita os donos. Não ataca o Espírito Santo, por exemplo.
A SIC do Balsemão é um tratado na arte de bem cavalgar toda a sela mediática e de interesse negocial.
Para um José Gomes Ferreira ( que apesar de tuto também não cospe na sopa...) tem lá vinte anas loutrenços.
Provavelmente em termos de pluraldidade estamos pior que antes do 25 de Abril porque há maior uniformidade e conformismo.
é aflitivo folhear os jornais e ler notícias de cá ou as personagens convidadas a comentar ou a escrever.
O DN anda a entrevistar personalidades com história no 25 de Abril.
Ontem foi o Baptista-Bastos cujo depoimento é interessante e merece ser comparado com o que dele escreveu Vara Lagoa, no livro Revolucionários que conheci.
Hoje é José Miguel Júdice o antigo extremista das falanges fascistas ( estas a sério) e que dá um ar de verniz democrático e tem um discurso nojento de reciclagem.
E é assim. Quem os convida tem um roteiro e deve discuti-lo na redacção com alguém penso eu de que.
Será com o Marcelino , jornalista desportivo e de claque?
Venha de lá isso, José!
Zazie, agora querem ver que o 25A não foi conspiração? Foi um desentendimento no seio do regime?
Que houve conspiração houve. O que há a esclarecer é quem é que conspirou.
Que havia dedo estrangeiro também é óbvio: onde havia comunistas, havia dedo estrangeiro, que aquilo não se espalha por obra e graça do Espírito Santo (o da Santíssima Trindade, pelo menos, ahaha!). Ora se havia dedo comuna, é certo e sabido que o dedo gringo não podia andar longe.
E a questão da independência de Angola também não é invenção nenhuma. Há quem afirme isso e não é gente parva ou ignorante.
Em todo o caso, tenciono ir a Lisboa um destes dias, ouvir, da boca de quem esteve próximo a um dos intervenientes, essa história.
Se isso foi mesmo plano que se considerou seriamente (e Marcello Caetano afirma claramente que se considerou coisa parecida para Moçambique) - mesmo que depois se tenha concluído pela sua não-realização - pode ter sido o suficiente para motivar ou convencer os conspiradores a agir, antes que perdessem a oportunidade de influenciar os acontecimentos.
É assim tão difícil de crer? Eu acho muito mais difícil crer num golpe de estado militar, por razões corporativas, estando o país em guerra. Do altruísmo democrático do MFA acho que aqui ninguém está já iludido...
O Mujah é dado a teorias da conspiração.
São tretas que tendem a complicar o que pode ter explicação mais simples.
Agora há coisas que em não se vivendo não se pode entender completamente.
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Quanto ao que o José diz é mesmo assim e também me faz confusão porque, sendo encapotado, tem o rabo à mostra.
Uma tendência para se terraplanar tudo.
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Nunca liguei muito à informação. Acho mesmo que sou demasiado desinformada porque sempre gastei mais tempo a pensar ou inventar questões mais abstractas.
Dantes até dizia que me fazia confusão isso de se viver ao toque do noticiário. E perdi muito por causa dessa mania.
Mas, nas outras questões que me importam mais passa-se o mesmo- a teoria está cada vez mais entregue à bicharada.
Porque, ma volta vai a teórico, quem também é promovido ou inventado nos media.
E isso sim, tem vindo a piorar de forma evidente.
Há uns 30 anos, ou 20, apesar de tudo ainda era preciso ter obra feita ou investigação académica para alguém ser apelidado de Historiador ou Filósofo (filósofo até era categoria reservada ao passado)
Agora basta ter feito cursito no PREC, vender um pouco de literatura e publicar um manual escolar.
Não só é tratado por Filósofo como convidado também a "comentar a situação nacional".
Não há pachorra para esta mediocridade.
Há um golpe preparado por militares. O chefe de Estado tem forças militares para se defender mas prefere render-se e passar o poder a quem mais tarde foi corrido por ser também um exemplar da reacção.
Onde é que está estrangeiro nisto? no hipnotizador que fez com que o Caetano mandasse render?
Só se for. Como sou básica, é mais outra questão a juntar às olimpíadas nazis que passo
Zazie, caramba! Um golpe de estado é uma conspiração. Houve golpe, logo houve conspiração. O 25A não foi nenhuma teoria. Aconteceu. Sem conspiração, não teria acontecido, por definição.
Porém, não quer dizer que, individualmente, as motivações dos conspiradores fossem todas iguais.
Cada um teria as suas, e é assim mesmo que as coisas funcionam.
Mas todos queriam derrubar o regime.
O que me parece evidente é que o apoio estrangeiro que teve de forçosamente haver - e o PCP é a prova de que havia - só tinha um interesse: o Ultramar.
E há-de ter sido esse o preço a pagar: entregar aquilo.
Agora se o interesse principal do Cunhal, ou do Soares ou dos militares ou de quem esteve envolvido, era entregar o Ultramar, se calhar não era. Cada um teria os seus, cada um provavelmente mais mesquinho que o próximo. Provavelmente não mais do que ficar bem na vida...
E é precisamente essa mesquinhez o garante de que o preço seria pago; não quer dizer que, individualmente, as motivações dos conspiradores fossem todas iguais.
Cada um teria as suas, e é assim mesmo que as coisas funcionam.
Mas todos queriam derrubar o regime.
O que me parece evidente é que o apoio estrangeiro que teve forçosamente de haver - e o PCP é a prova de que havia - só tinha um interesse: o Ultramar. A Rússia não teria enviado foguetes anti-aéreos de última geração para a Guiné, se não tivesse lá interesse.
E há-de ter sido esse o preço a pagar: entregar aquilo tudo.
Agora se o interesse principal do Cunhal, ou do Soares ou dos militares ou de quem esteve envolvido, era entregar o Ultramar, se calhar não era. Cada um teria os seus, cada um provavelmente mais mesquinho que o próximo.
E é precisamente essa mesquinhez o garante de que o preço seria pago.
O Marcelo Caetano não passou poder algum.
Logo à partida porque já o não tinha. E é ele quem o diz.
O que ele fez foi entregar-se a alguém digno disso.
Mais uma vez é ele quem o diz: nunca se entregaria a um capitãozeco de meia-tigela como o Salgueiro Maia que lá foi dizer que arrasava o Carmo se ele não se entregasse. O Marcello Caetano disse-lhe que não arrasava coisa nenhuma e que fosse lá para fora acalmar as pessoas que já estava a vir o General Spínola.
A partir do momento em que entrou no Carmo, foi cheque-mate. Não havia poder nenhum a entregar.
Além do mais, o Chefe de Estado era o Presidente da República que ninguém sabia onde estava. Pelo menos, não o sabia o Presidente do Conselho.
O PCP não tinha a força que vs. imaginam.
Isso foi depois. Aquela malta do MFA nem comuna era.
Isso também foi depois.
Golpes de Estado é o que mais tivemos na República e não foi preciso inventar-se estrangeiros para eles existirem.
As manobras da Cia e da URSS foram em relação a Angola e não ao Continente.
De resto, no 11 de Março também inventaram eles mãozinha da Cia por causa de outra tentativa de golpe "da reacção".
O que não houve foi Revolução, no sentido militar da coisa.
Chame lá o que quiser, se entregar, se é render, se é o que quiserem.
Não mandaram a tropa resistir. Mandaram a esquadra que estava no Tejo ficar quieta.
Como é óbvio não foi tudo surpresa, tanto mais que já tinha havido tentativa gorada- a das Caldas.
E nem eu, que sempre fui desinformada, fiquei assim tão surpreendida com o golpe de Estado.
As surpresas foram as que se desenrolaram a seguir, no PREC, ainda que no cinema já se tivesse visto parecido na América Latina.
Nem o maluco do Vasco Gonçalves era comuna. E nem o Otelo também era comuna.
O CVunhal e mailo PCP não fizeram 25 de Abril algum- fizerem merda depois.
De braço dado com o marocas. Como ainda hoje persiste.
A esquadra foi mandada agir.
Questionou as ordens porque dizia que o Terreiro do Paço estava cheio de gente. Se foi mesmo por isso ou não, não sei. O que é certo é que o Pinheiro de Azevedo veio a ser PM...
Mas a ordem foi dada.
Eu acho é que V. é que não tem noção do alcance da conspiração.
Porque é que as Caldas se goraram e esta não?
Porque é que, se não houve dedo estrangeiro, a primeira coisa que fizeram foi entregar o Ultramar de qualquer maneira, mas sempre com o cuidado cínico de evitar uma debandada geral dos brancos até à última hora?
Que conspiração?
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Mujah, passo. Já com o anti-comuna passava logo mal vinha a pancada das teorias da conspiração.
Sou alérgica a isso.
Ninguém disse que foi o PCP que fez o 25 de Abril. Mas que o PCP recebia apoio de fora, recebia. E se o recebia o PCP, recebiam-no outros de certeza pois a União Soviética não era a única potência no mundo. Nem apoiava somente comunistas.
Além do mais, Portugal fazia parte da OTAN. Acha que algum militar bom da cabeça vai fazer um golpe de estado sem ter em consideração este tipo de coisas?
É evidente que teve de haver um coordenação qualquer com o estrangeiro.
A conspiração para deitar abaixo o regime! Mas estamos a falar turco? Não houve golpe de estado?! É teoria da conspiração, o golpe de estado que existiu!?
Olhe, então passe. Se é alérgica tome um comprimido e passe adiante, irra!
Porque é que as Torres Gémeas demoraram a cair caíram duas e não uma.
Porque é que o Hitler ainda está vivo e até o Bin Laden porque foram sósias que as conspirações também inventaram.
Passo toda esta pancada.
E passo para depois filtrar lobbies na percentagem sensata em que podem agir e existir.
Mas esse tipo de raciocínio é coisa que sempre fui alérgica- inventar-se sempre o mais rebuscado que ninguém viu mas que se apresenta como a única resposta numa lógica marada traçada matematicamente.
Vai a ver-se e o apoio da URSS e dos EUA aos terroristas do Ultramar também era teoria da conspiração...
Também é teoria da conspiração o que se passou fez anteontem 53 anos...
Olhem que esta...
O Holden Roberto mais uma catrefada de bacongos, acordaram um belo dia, fumaram umas ganzas, e vai de pegarem nas catanas e nos canhangulos e ala por aí fora a massacrar tudo e todos. Apeteceu-lhes.
É muito mais simples esta explicação.
Já os mísseis do PAIGC, deve ter sido por acaso. Iam muito bem lá no meio do mato, vai um e tropeça num coiso. Olha, era um míssil terra-ar! Porreiro, pá! Algum caixote deles que caiu, por acaso, de um avião russo que ia a passar...
Muito simples também. Para quê inventar cá teorias da conspiração a dizer que eram russos e americanos que lhes enviavam coisas. Qual quê! Achavam-nas... por acaso.
Enfim...
V.s gosta de fazer demagogia.
Acabei de escrever que a Cia e a URSS se infiltraram em África e v. finge que não vê para me colocar a dizer o oposto.
Passo porque o curto e acho preferível não lhe responder.
De resto, volto cá logo para ver os recortes que o José vai postar a propósito de como nos viam no estrangeiro.
Gosto deste espírito racional aqui da casa. Racional e meramente factual.
O oposto funciona por fé. E essa prefiro-a virada para a religião que para aquelas certezas e verdades lógicas escondidas que ninguém sabe mas que se vendem como a única e possível explicação.
Teoria de conspiração só pode atrair quem tenha a mesma pancada. Alimentam-se nessas fantasias.
Dão bons livros policiais, quando há talento.
Ai eu faço demagogia? No entanto, V. ir buscar as torres gémeas, o hitler e mais o bin laden é o quê?! Vem a propósito de quê, isso?
Então e V. acha, que se se davam ao trabalho de enviar armas e pessoal para África, que lhes custava muito envolverem-se na Metrópole com gente que tinha vontade de derrubar o regime?
Então V. como explica a manifestação em Londres, a propósito da visita do Marcelo Caetano? Acha que não tem nada que ver com nada?
E que não tem nada que ver com isto, por exemplo:
http://ultramar.github.io/os-terroristas-de-palco-ou-o-jornalismo-que-a-democracia-portuguesa-nunca-viu-nem-quer-ver.html#titulo
O MNE é censurado nos EUA por uma organização marxista. Foi por acaso, também?
Quer dizer, havia conspiração no mundo todo, mas em Portugal não. Em Portugal é teoria...
Bom, olhe, não sei que mais lhe diga...
O processo da traição
Por Amorim de Carvalho (in O Fim Histórico de Portugal, Ed. Prometeu)
Os comunistas e os socialistas portugueses falam dos 229 dias para abater o fascismo em Portugal, desde 9 de Setembro de 1973 até ao golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974; isto é, desde o dia em que 136 capitães, tenentes e alferes, transportando-se burguesmente nos seus carros e em carros dos seus camaradas, se reuniram secretamente num palheiro de uma rica propriedade rural do Alentejo, pertencente à família de um deles, para falarem das suas reivindicações profissionais, até ao dia em que eles fizeram o golpe de estado. A História falará dos 229 dias da incubação da traição.
O golpe de estado de 25 de Abril, a que se chamou o «movimento dos capitães» e finalmente «Movimento das Forças Armadas» («M.F.A.»), começou por um descontentamento de tipo mercenário que abriu brechas na disciplina militar e que, a um certo momento, dada a extensão da indisciplina, procurou revestir-se de uma explicação política conferindo-lhe, aos olhos da nação, uma aparência de honestidade e de significação nacional.
Mostremos, com seus delineamentos de crua clareza, o que não chegou ao conhecimento do povo português e do estrangeiro, senão sob aspectos intencionalmente mal definidos ou muito furtivos ou moralmente disfarçados.
O número de cadetes, frequentando a academia militar donde saíam os oficiais do quadro permanente, diminuía consideravelmente, o que criava problemas, dada a existência da guerra no ultramar. A insuficiência de capitães e de oficiais subalternos obrigava o governo português, presidido pelo prof. Marcello Caetano, a recorrer aos oficiais antigos milicianos (isto é, quadro complementar) vindos da condição civil (estudantes universitários e alguns tendo mesmo já os seus diplomas de nível superior, os quais já tinham feito o serviço militar, participando na guerra do ultramar com o posto de alferes). Eles tinham sido postos na reserva com o posto de tenentes e, às vezes, de capitães. Estes oficiais milicianos, se quisessem entrar no quadro permanente, frequentavam um curso intensivo de dois anos na academia militar, após o qual eram integrados no quadro permanente como alferes graduados em capitães. Ora, os cadetes da academia militar frequentavam o curso normal de quatro anos que lhes dava o posto de alferes. Havia apesar de tudo um sistema moral de compensações justificáveis; porque o miliciano acabava o curso intensivo lá pelos 25-35 anos, enquanto que o cadete acabava o curso normal por volta dos 20 anos; o miliciano integrado no quadro permanente entrara na academia militar com uma preparação universitária parcial, ou até completa tendo obtido o respectivo diploma, enquanto que o cadete entrara apenas com uma preparação liceal; o miliciano já tinha participado na guerra do ultramar e ia participar nela pela segunda vez, enquanto que o cadete, é evidente, não tinha ainda participado na guerra.
Mas o que era decisivamente importante, e de uma importância moral inegável, é que a pátria sustentava uma guerra que lhe era imposta, o que justificava medidas transitórias e de circunstância com o fim de suprir a falta de oficiais. Os militares que, após o 25 de Abril e o desastre económico que a sua incompetência provocou, fariam apelo, eles próprios aos sacrifícios da nação, não quiseram compreender as graves circunstâncias especiais relativas ao acesso do miliciano ao quadro permanente. Os militares exigiam, por exemplo, que os oficiais que foram milicianos (e que tinham frequentado a academia militar entre os 25 e os 35 anos), não fossem pro¬movidos a capitães, sem que os oficiais vindos dos cadetes (e que terminaram os cursos da academia militar aos 20 anos), não tivessem sido promovidos a capitães. E, falando do «pres¬tígio do exército», das «perspectivas finais» de uma carreira militar «atraente» (que os factos demonstraram ser a de um exército que não queria bater-se), os «capitães» punham todo o problema de um modo puramente mercenário: «Pague-se aos capitães que arriscam a vida para que sigam em frente os projectos de Cabora Bassa ou a exploração das minas da Diamang, ao menos metade, do que ganha um engenheiro dessas obras ou dessas minas, o qual apenas corre o risco de que os capitães não achem incentivos [de dinheiro, entendamos] que os levem a arriscar-se, e ver-se-á que, conquanto que a crise de quadros seja muito mais que uma questão de dinheiro [o «prestígio», sem dúvida?], utópico é querer galinha gorda com magra algibeira» [afinal de contas, trata-se sempre de dinheiro][1]. Esta passagem é tirada de um anexo à circular do movimento dos capitães, datada de 23 de Outubro de 1973, isto é, seis meses antes do putsch de 25 de Abril.
Até àquela data a indisciplina ligada às reivindicações mercenárias tinha-se limitado a ameaçar o governo com a demissão colectiva dos oficiais de todas as graduações e de todas as armas, segundo se lê nos nºs 8 e 11 da circular citada acima de 23 de Outubro de 1973. A ideia de pátria tinha sido posta de lado. Como fazer desta vergonha um caso justificável perante a nação? Só a partir de 24 de Novembro de 1973 é que o tenente-coronel Ataíde Banazol, que devia partir, dentro em pouco, em serviço militar, para a Guiné portuguesa, sugere, numa reunião de capitães, a viragem do comportamento mercenário ao comportamento político com a ideia de um golpe de estado. Ele queria que imediatamente se agisse, e apresentou mesmo o seu programa que não foi aprovado, mas a ideia da politização espalhou-se lenta e constantemente. A urgência que o bravo (?) soldado punha no assunto «explicava-se pelo facto de o seu Batalhão seguir para Africa antes do fim do ano... Mais tarde, já na Guiné, o tenente-coronel Banazol leva a sua impaciência ao ponto de contactar camaradas do Movimento, no sentido de tomar conta de Bissau e fazer negociações directas com o PAIGC»[2].
Tudo isso mostra, antes de mais, a extensão da indisciplina dos oficiais do movimento que, não contentes em se oporem à maneira pela qual os milicianos eram integrados no quadro permanente, negociavam segundo a lei da oferta e da procura, em que o comprador era o governo que representava a pátria em guerra, a nação que pagava; e em seguida, mostra o deslizar para a política, enganando os mais ingénuos, através de uma estratégia que, é necessário dizê-lo, não conquistou imediatamente a compreensão de todos os oficiais. O major Sanches Osório, que fez parte do movimento e é hoje um dissidente desiludido e um exilado político, diz no seu livro publicado em Espanha, referindo-se a um momento em que a ideia política estava já lançada, que o major Vítor Alves tinha apresentado um programa que continuava a ser «uma síntese das reivindicações... Devo dizer que este Programa foi recusado... Por várias razões, uma das quais suscitadas por mim… A meu ver não podia limitar-se a propor aumentos salariais ou melhoramentos nas condições sociais [condições sociais dos militares]»[3]. Tratava-se já de uma espécie de obsessão ao nível do homem-massa, no pior sentido desta expressão, que se não poderia fazer aceitar à nação senão através de uma politização. E esta politização não podia deixar de ser a que se opunha ao regime vigente. Se este regime fosse uma democracia pluralista ou um socialismo, tendo portanto outro contexto de acção político-social, a indisciplina militar finalizaria na institucionalização do fascismo ou de qualquer outra forma de regime autoritário.
Mas, voltando à realidade dos factos, é inegável que o pro¬cesso da traição desenvolveu-se em duas fases bem delimitadas: o da reivindicação profissional, de 9 de Setembro a 24 de Novembro de 1973, e a da politização, de 24 de Novembro de 1973 a 25 de Abril de 1974. A prova disso está no facto de os oficiais vindos dos milicianos, e nos quais predominavam as ideias esquerdistas, se oporem às reivindicações dos oficiais vindos dos cadetes da academia militar, uns e outros se insultando mutuamente. Os oficiais vindos dos milicianos alertavam a nação («este país... Não poderá permitir a estagna¬ção, a oligarquia de uma minoria de interesses ultra-direitas») e pediam para os chefes militares tomarem um atitude de firmeza «para com aqueles que leviana, injustificada, discri¬minatória e anti-regulamentarmente estão a minar o moral, a cavar fossos, a cortar amarras, a criar castas no seio de uma família que tem sido unida e que só de o ser, tem permitido que a Barca Nacional corte rectilineamente os desmistifica¬dos ventos da história»[4].
Notemos nestes textos que os seus autores, considerados como sendo os mais esquerdistas, baptizam de ultra-direitistas os oficiais vindos dos cadetes e gabam-se de serem os defensores do ultramar português! Por outro lado, os «capitães» chamam «capatazes de guerra» aos milicianos, considerando-os como oficiais de qualidade inferior[5], e reivindicam, também os títulos de principais defensores do ultramar!: «Mais do que ninguém em Portugal têm desde a primeira hora do conflito em que a Nação está empenhada, contribuído para a sua perenidade»[6].
Tudo isso pertencia, portanto, à fase da reivindicação profissional desencadeada pelos «capitães», em que a linguagem patriótica parecia ser o mínimo necessário para se manter a decência militar; no entanto, o carácter de tipo mercenário das reivindicações («querer galinha gorda com magra algibeira», «point d'argent, point de suisse») comprometia visivelmente uma linguagem de patriotismo e de «prestígio» das forças armadas, precisamente no momento em que a pátria exigia o sacrifício e a compreensão. O interesse profissional dominou sobre as ideologias políticas, frequentemente as mesmas, das duas partes em conflito.
A politização do movimento dos capitães era, apesar de tudo, a única solução. Praticamente, só foi a partir do mês de Dezembro de 1973 que se começou a orientá-lo «para qualquer coisa de mais vasto, de mais largo do que as simples reivindicações profissionais»[7]. Uma vez que este caminho foi seguido, tudo agora vai exibir um aspecto novo. A infiltração dos oficiais esquerdistas, comunistas, socialistas, vai conduzir a indisciplina mercenária do movimento (que levava já, aliás, no seu seio a traição) à mais abominável e vergonhosa traição que a História conhece - para repetir o que já escrevi no capítulo precedente; e é isso que vai conciliar ao nível político, os oficiais milicianos comunistas e esquerdistas e os oficiais do quadro permanente também comunistas e esquerdistas, enquanto que eles se opunham ao nível das reivindicações profissionais. Mas a nação, na sua enorme maioria não é comunista e apenas deseja uma democratização segundo o exemplo das nações do mundo ocidental e livre. Mantêm-se portanto certas aparências tácticas através de um plano de mentiras: falar-se-ia ao país e à opinião internacional em termos de uma democracia pluralista (para a parte europeia de Portugal), e de uma autodeterminação descolonizadora (para o ultramar português) que seria sistematicamente falseada.
Após a rejeição do programa redigido, ou praticamente redigido pelo major Vítor Alves, de que já falei, o major Melo Antunes, ligado ao «Movimento Democrático Português» (que se transformou em satélite do «Partido Comunista Português»), e que pretendia o abandono puro e simples do ultramar, sem autodeterminações e sem discussões, redigiu um novo programa - onde interveio uma comissão constituída por oficiais esquerdistas. Lá pelos começos do mês de Abril de 1974, o movimento dá conhecimento deste programa aos generais Costa Gomes e António de Spínola que sugerem certas alterações. É necessário dizer que o general Spínola publicara, em 23 de Fevereiro, o seu livro «Portugal e o Futuro», que obteve um enorme sucesso; era aí proposta uma democratização do regime dentro de uma federação ligando Portugal ao seu ultra¬mar, após uma autodeterminação que Spínola previa como nos sendo favorável, e este general declarava que a solução das guerras no ultramar era política e de maneira nenhuma militar. Os esquerdistas agarraram-se obstinadamente a esta última afirmação, separando-a do contexto.
Alguns oficiais do movimento, nos quais o sentimento da pátria não se extinguira completamente ou em que este senti¬mento pôde despertar no meio de trágicas contradições, pretenderam ver já um programa no livro do General Spínola[8], cuja tese será estudada no capítulo seguinte; havia uma tese, sem dúvida, ou, pelo menos, o livro continha todas as linhas essenciais para uma solução digna e de uma grande importância histórica, sobretudo após a situação de facto criada pelo 25 de Abril; mas isso opunha-se aos planos de apropriação do movimento dos capitães pelos esquerdistas e comunistas - o que era o essencial para estes, e que estava acima, para estes também, da ideia de pátria. Esta trama desenvolveu-se fora do conhecimento da nação até ao momento em que o movimento das forças armadas tomou o poder e tirou a máscara.
Logo após o sucesso do golpe de estado, o movimento delegaria o poder - segundo a letra do programa - a uma «Junta de Salvação Nacional» «para a qual estavam já designa¬dos a priori os generais Spínola e Costa Gomes»[9]. Mas era do general Spínola que perante a nação e perante a opinião internacional era considerado como o chefe do movimento triunfante, que os esquerdistas queriam fazer o seu testa de ferro. O prestígio adquirido em África, sobretudo na Guiné portuguesa como governador desta província, durante o governo de Marcello Caetano, o grande sucesso que teve o seu livro («ao fechar o livro dirá mais tarde Marcello Caetano – tinha compreendido que o golpe de Estado militar, cuja marcha eu pressentia há meses, era agora inevitável»), e o próprio facto que até Marcello Caetano recusou transmitir o poder a um homem que não fosse Spínola, julgando que este era, pelo seu inegável patriotismo, o que melhor podia defender a pátria, em perigo, do desastre comunista, - tudo isso indicava o general Spínola para chefe do movimento.
Mas este esboço do processo da traição não apresentaria todas as suas essenciais linhas, se não se falasse do que se sabe do comportamento destes dois generais durante os meses e os dias que imediatamente precederam o golpe de estado: o comportamento do general Costa Gomes com a ideia precon¬cebida da traição (os factos confirmaram-na) que vai até rom¬per com o seu maior amigo, o general Spínola; e o comportamento deste último general que, pela sua boa fé, pelas suas lamentáveis fraquezas, pela exagerada confiança nele próprio e no seu carisma, julgando-se capaz de dominar e controlar finalmente os acontecimentos, deixou-se apanhar nas armadilhas que outros lhe armaram.
Dois meses antes do golpe de estado de 25 de Abril, o general Spínola reafirmou a Marcello Caetano que era «um militar disciplinado que não participava em conspirações nem dava golpes de Estado»; e o general costa Gomes dizia pessoal¬mente a Marcello Caetano que este devia «continuar a fazer o sacrifício de estar no governo». No dia 14 de Março (mês e meio antes do 25 de Abril), o general Costa Gomes aderia, como praticamente todos os oficiais generais que foram pessoalmente prestar fidelidade ao governo, ao princípio que as forças armadas deviam subordinar-se à realização dos objectivos nacionais fixados pelos órgãos que a constituição reconhecia; simplesmente «tinha relutância em vir publica¬mente tomar um compromisso em nome das Forças Armadas sem as consultar, muito embora concordando em que o princípio fazia parte da ética militar (mas, argumentava, por isso mesmo não era preciso reafirmá-lo)»; e o general Spínola explicava a sua ausência pela «fidelidade que julgava dever ao seu chefe imediato» que era o general Costa Gomes, chefe do estado-maior general, Spínola sendo o vice-chefe[10].
Quem quiser ler o artigo todo:
http://cleptocraciaportuguesa.blogs.sapo.pt/36195.html
Talvez agora se tornem mais claras e transparentes as palavras de Oliveira Salazar para J. F. Kennedy:
«Os russos estão claramente a atacar Portugal em África e parece que os americanos estão ingenuamente a fazer o jogo dos russos».
Ou ainda estas palavras, que não dirigidas a Kennedy: «O mundo está tão cheio de contradições… que às vezes tenho receio que tudo isso me transtorne e me dê voltas à cabeça». Por fim, uma última palavra: «Querem-me pegar fogo».
Parabéns Vivendi, pela transcrição de tão verdadeiros quão úteis testemunhos de quem sabe do que fala, conjuntamente com outras revelações valorosas que, através dos documentos imperdíveis publicados pelo José e por outros patriotas, estão vindo paulatinamente à luz, de que as gerações futuras tomarão conhecimento sobre a vergonhosa geração composta por políticos traidores, que desfez Portugal. De certeza que serão essas, com o mesmo pírito patriótico de um povo que sempre se norteou pela honra e amor à pátria-mãe e pela vontade indómita de a defender com a vida se preciso fosse, povo nado e criado numa Nação que não por acaso vai a caminho dos dois mil anos d'existência, que deixarão bem impressas nas páginas futuras da nossa História Gloriosa - que o havia sido até então e voltará a sê-lo - os crimes de Alta Traição cometidos por aqueles que podem ser considerados sem a mínima hipótese d'errar, os maiores facínoras e os criminosos e mais perigosos e violentos que a nossa Pátria teve a desgraça d'albergar no seu seio sagrado. Período histórico este demasiado aziago para ser sequer lembrado sem que uma profunda e indefinível tristeza nos invada a alma. O trágico resultado de tão incomensurável erro, este tê-mo-lo vindo a sofrer amargamente desde há quarenta anos longos por demais.
O Mujahedin diz mais acima que não sabe se Mário Soares queria ou não desfazer-se das nossas Províncias Ultramarinas. Mas, Mujahedin, disto não tenha a mais pequena dúvida, é das notícias! Este traidor da pior estirpe levou meses a fio, não contando com os anos precedentes durante os quais foi gizando o crime de Alta Traição à Pátria consumado poucos anos depois com a ajuda preciosa dos Estados Unidos e a conivência tácita da U. Soviética, enquanto isto continuava a conspirar cobardemente contra a Pátria, a difamar o regime e o seu Presidente do Conselho o mais que podia e a proclamar diàriamente perante o mundo que "aqueles povos têm o indeclinável direito à auto-determinação". Pois, pudera! Os E.U. e a U. Soviética estavam gananciosa e impacientemente à espera de se abarbatar com o mega-bôlo (que pouco mais tarde lhes haveria de cair do Céu sem mexerem uma palha) que representavam as incomensuráveis riquezas contidas nesses abençoados e pacíficos territórios (aos invejosos e falsos E. Unidos não lhes chegavam as quantidades industriais do petróleo de Cabinda que durante décadas haviam retirado de Cabinda) e ele, o traidor-mor, gulosamente à espera da paga e que paga!, através das brutas compensações materiais e políticas (prèviamente prometidas pela C.I.A. pelo interposto traidor sionista Carlucci - como ele é conhecido nos E.U. e os portugueses tiveram disso a prova provada) que adviriam da maior traição algum dia perpetrada por alguém contra Portugal e o seu povo. Os muitos artigos e discursos proferidos naquela altura por aqueloutro criminoso-mor sobre a "auto-determinação das 'Colónias'" (como eles por puro ódio depreciadamente as designavam e sem que oportunística e cìnicamente tivesse sido dada aos respectivos povos a liberdade de se pronunciarem a favor ou contra), estão todos aí nas sucessivas entrevistas em jornais e revistas e reportagens televisivas hipòcritamente prestadas na altura por esta inominável criatura, para poderem ser lidas e ouvidas as vezes necessárias e assim aquilatar os espíritos satânicos de que estes perfeitos demónios estavam e estão possuídos.
Leia-se:
"... temo-lo..." evidentemente;
"... os piores facínoras e os criminosos mais perigosos e mais violentos..."
"... do petróleo que durante décadas haviam retirado de Cabinda". (há na proposição uma Cabinda a mais:)
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