quarta-feira, maio 31, 2017

A corte mediática que encobre a corrupção

Um comentador escreveu assim na caixa abaixo:

"A TSF durante o seu fórum matinal hoje entre as 10h00 e as 12h00, submetia à votação online a pergunta: A justiça portuguesa deve adoptar a delação premiada?
No espaço de 15 minutos entre as 11h00 e as 11H15 as votações inverteram-se por completo, ou seja o Sim 53% e o Não 36% passaram a Sim 37% e o Não 59%, mantendo-se por aí até ao final do fórum. Diz que é uma espécie de rádio.
Isto acontece diariamente e também na Antena 1 no Antena Aberta. Amanhã já teremos outra lástima de programa o "Esplendor de Portugal". Na 6ª feira o intragável "Contraditório" e para começar bem o fim de semana o "Hotel Babilónia" onde o Gobern e outro (Pedro Rolo Duarte?) encerram o coro de amigos das esquerdas governantes
."

O que significa isto, verdadeiramente? Um sinal de corrupção. De encobrimento de corrupção e de desinteresse mediático no verdadeiro combate à corrupção.

 Os komentadores mediáticos nos rádios e tv´s são na generalidade da "corte de Lisboa", como dizia um deles que dirige o Diário de Notícias mas tem a noção disso mesmo e por isso é apenas cínico. Precisam do dinheiro certo para viver, como me parece ser o caso da generalidade e tal só será possível se fizerem o jeito a quem manda.  Uma boa parte junta essa parte útil à agradável de poderem dizer o que pensam ideologicamente e por isso são escolhidos porque quem efectivamente manda ideologicamente é a esquerda de todos os matizes.
Sem o frete permanente seriam nada no espaço mediático mas o frete é apenas o serviço gramsciano a que se propõem desde sempre em prol do ideal difuso que professam.
A democracia, neste ambiente é apenas um acidente porque esta gente pouco tem de democrático.

 No caso da conferência do Estoril, o juiz Carlos Alexandre fez uma introdução na comunicação de quase três dezenas de páginas em que explicava a razão por que iria falar sobre corrupção e o seu combate.
 Começou por dizer que sendo pessoa simples ficou surpreendido em ter sido convidado por influência de  um amigo quase da mesma terra ( Rogério Jóia) e não fruto de qualquer "sistema de contactos" directos, citando logo um conterrâneo letrado: "quem muito quiser saber corra o mundo ou aprenda a ler".  Não referiu Kant mas poderia ter dito que este nunca saiu da sua terreola mas ainda assim influenciou o mundo inteiro.
Logo depois citou um caso singular: no Orçamento do Estado Novo, as despesas tinham que corresponder às receitas sob pena de punição de quem não respeitasse a regra e adiantou que o próprio Anacleto Louçã assim o repetiu  recentemente com a ideia de "orçamento de base zero", para se referir a um atalho às vicissitudes da corrupção.

Porém, acabou ainda por citar outro jurista anónimo e porventura já conhecido mediaticamente porque até foi citado aqui, a propósito de bebericar cicuta e que lhe disse um dia: “eu sou um pistoleiro a soldo, o meu cliente paga-me e eu defendo-o com toda a artilharia legal, as leges artis e todo o empenho que possa emprestar à minha intervenção mas o senhor tem deveres de legalidade, de imparcialidade. Se não os observar bebe um cálice de cicuta e arrostará com as consequências que os seus actos acarretarem.”    

E prosseguiu com a explicação da razão das citações seguintes que se socorreram basicamente de um autor principal, Almeida Santos, de um livro de 2015, da d.quixote, Pare, pense e mude.

O elenco das dificuldades nesse combate, explanadas no livro, bem como as sugestões apresentadas são assim desse autor, exclusivamente e apenas com alguns àpartes. Incluindo-se nessa citação extensa aparece a referência a uma possível despenalização do tráfico de droga, também da autoria daquele socialista co-fundador do regime jurídico-constitucional em democracia. Um Sombra do regime.
Mas não ficou por aqui a comunicação porque teve outra parte em que foi citado outro autor a propósito de outro assunto tão importante como a corrupção:  Propugnando ideias semelhantes às de Almeida Santos encontram-se  ensinamentos no livro publicado pelo Eng.º Alberto Ramalho Fontes (editado em Pó dos Livros, Fevereiro de 2012) sob o título “Ensaio sobre a Corrupção”, permitindo-nos alertar para o prefácio do Sr. Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas Carlos Moreno.

Diz o Eng.º Alberto Fontes (engenharia na Universidade do Porto e economia e gestão na Universidade de Navarra): A corrupção como todas as coisas que são absolutamente comuns e aparentam ser fatalmente inevitáveis na nossa existência corrente, como a poluição, não suscita vulgarmente a atenção suficiente para que dela tomemos verdadeiramente consciência e assim possamos realmente compreendê-la e rechaça-la (ob. cit. pág. 15).

A situação é de tal forma doentia que, em muitos ambientes profissionais se entranhou profundamente uma atitude de autêntica e generalizada subserviência perante as organizações e as pessoas onde a “doença” está presente.

Mesmo entre pessoas essencialmente honradas existe uma tolerância com as respectivas manifestações e até um medo obsessivo de as enfrentar que não faz senão perpetuar a sua nefasta influência (ob. cit. fls. 29, § 3.º)

(…) Essa violência exerce-se contra as normas do comportamento respeitável e nobre, contra a razão de ser objectiva das coisas e das instituições, contra o respeito que é devido ao valor das pessoas visando manipulá-las para beneficio próprio do agente infiel, em vez de, como seria natural, colocar este ao seu serviço.

A ambição máxima do agente infiel é poder dispor das suas vitimas a seu bel prazer …..

As técnicas da corrupção são sempre, portanto, as técnicas da manipulação, hoje em dia profundamente sofisticada e diluída em mecanismos e cenários que, muitas vezes tornam difícil desmascará-la, denunciá-la e assim tornar as suas práticas mais fáceis de combater (ob. cit. pág. 39, § 1.º, 2.º e 3.º)


«A ocultação e o disfarce são os pressupostos básicos da sua actuação. A sedução, a astúcia, a coacção são as ferramentas subsequentes, destinadas a condicionar e controlar as suas vítimas»

A dissimulação está na moda ! Em muitos casos seguramente pelo instinto defensivo que a agressividade dos tempos impeliu as pessoas a desenvolver …. (ob. cit. § 1, fls. 40).

O disfarce é o complemento mais sofisticado e eficaz da dissimulação, é a disponibilidade de uma “máscara” ou imagem que proporcione à personalidade viciosa uma aparência afastada do seu sinistro conteúdo e, se possível, ares de virtude e de nobreza de intenções.

Só aos primários pode interessar a exibição da preguiça e da incompetência, da venalidade gananciosa, do ódio descarado (…)

A arte da imagem (…) não é, em si mesma, necessariamente uma forma de corrupção.

Desenvolveu-se e sofisticou-se nos tempos modernos ao serviço de interesses comerciais e económicos e é respeitável quando usa meios legítimos ao serviço de objectivos legítimos, quando distingue entusiasmo razoável por aquilo que depende dos métodos enganadores e manipulativos, fraudulentos, na sua promoção.

A publicidade, o marketing, as técnicas de relações públicas (o “spinning” como alguém diria) e de construção de imagem podem estar ao serviço de fins legítimos e fazê-lo com recurso a meios nobres. Mas, quando ao serviço da corrupção, não passam de ferramentas da infidelidade, da manipulação e da violência e dificilmente se consegue imaginar que, nesse contexto, se preocupem em seleccionar meios respeitáveis e dignos: buscam apenas a sua versão de eficácia» (ob. cit. fls. 40).


Na comunicação realizada, o juiz Carlos Alexandre revendo-se naquilo que o Eng. Alberto Fontes escreveu sobre a sedução, a astúcia, a provocação, a sabotagem e a coacção, o arrastamento (cfr. os textos cristalinos de fls. 41 a 59 da sua obra) declarou a adesão a tais ideias explicativas .

Mas não ficou por aqui nas referências porque lhe acrescentou  os escritos de   Roberto Livianu – Prometor de justiça e doutor em Direito na Universidade de S. Paulo – Brasil – dados à estampa sob o título “ Corrupção e Direito Penal – um diagnostico da corrupção no Brasil – editado pela Coimbra Editora em Janeiro de 2007 e o trabalho denominado “A Percepção da Fraude e da Corrupção no contexto português” editado pelas edições Húmus, Lda., 2014, co organização e textos de Carlos Pimenta, António Maia, Aurora Teixeira e José António Moreira.

Alguma destas citações ou referências apareceu nos artigos indicados nos jornais de hoje?

Pois... parece que custa muito ler as pouco mais de duas dúzias de páginas para se escrever uma notícia de jeito.

Entretanto, Luís Rosa,  no Observador, parece que leu as 28 páginas da comunicação escrita do juiz Carlos Alexandre e faz um resumo, mesmo sem citar a parte do "spinning"...mas não se esquecendo do Papa Francisco, uma espécie de presidente Marcelo universal.

5 comentários:

Floribundus disse...

com o monhé e os srs profs drs sousa-martins

existe a democracia soviética
e basta-lhes

Floribundus disse...

Net

As boas notícias económicas que têm assolado Portugal, nos últimos tempos, são sol de pouca dura e o país pode esperar “mais 20 anos de austeridade pela frente”, afirma o ex-líder do partido britânico UKIP, Nigel Farage, que defende que os portugueses devem pensar na saída da União Europeia.

Numa entrevista ao site Observador, no âmbito da sua participação nas Conferências do Estoril, Nigel Farage diz que “as coisas estão melhores do que antes, mas continuam más comparando com o que eram há dez anos”.

E “quando o ciclo se inverter e a crise voltar, como a história inevitavelmente demonstra, a pressão sobre Portugal e a Zona Euro vai voltar”, destaca o eurodeputado britânico, notando o problema da elevada dívida pública portuguesa e prevendo que o país tem “mais 20 anos de austeridade pela frente”.

Floribundus disse...

Estado Sentido

No âmbito da cimeira da NATO, Trump puxou as orelhas aos parceiros europeus e reclamou que estes deveriam aumentar a sua parada monetária na organização de defesa. Os membros da Aliança Atlântica deveriam pagar mais, pelo menos 2% dos respectivos Produto Interno Bruto (PIB). Torna-se curioso, e não menos relevante, que Portugal, sob a batuta de um governo de Esquerda, tenha de facto incrementado a sua prestação à NATO de 1.32% para 1.38% do PIB. No entanto, não me recordo do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português terem batido o pé. Gostava de saber qual foi o preço do seu silêncio. Os socialistas devem ter negociado um arranjo qualquer nos bastidores. Não sei qual foi a moeda de troca, mas houve mais recursos atribuídos à NATO desde que a Geringonça abarbatou o poder. Por outras palavras, Portugal já vinha alinhado com o pensamento geo-estratégico e financeiro de Trump. Guterres, nas últimas 24 horas, já foi particularmente vocal em relação aos vazios de poder que decorrem da denúncia de acordos respeitantes ao clima, mas neste jogo de correlações das diversas dimensões de projecção de poder, talvez ainda não tenha percebido que os Acordos de Paris serão uma mera divisa para exercer pressão noutros palcos. Para cada ponto verde comprado por corporações para calar detractores quantas vidas efectivamente se perdem? No tabuleiro de Realpolitik não existem deuses e demónios, bons e maus, de um modo linear. Talvez o agitar dos fundamentos dos Acordos de Paris sirva para rever as suas premissas e o seu caderno de encargos. Veremos como a Europa, tolhida por crises internas e dúvidas existenciais, consegue ou não esboçar um plano B. Talvez Merkel tenha razão. Os EUA já não fazem parte da equação de favas contadas,

'amazza la vecchia col Flit!'

José Domingos disse...

As sondagens são um problema, uma forma de condicionamento da opinião pública. Os jornalistas são politicamente corruptos, fazem fretes. Quanto custa a tsf ao erário público.

Portuga disse...

Querem ver que a delação premiada não vai ser aprovada por causa da PIDE/DGS! Não se fartam de lavar o cérebro ao pessoal.43 anos depois a PIDE ainda mexe. Eu fui da DGS e juro pela minha alma que nunca fiz mal a ninguém, e mais...nunca vi fazer. Tenho a certeza que ninguém sofreu tanto como eu tenho sofrido psicologicamente há 43 anos a ouvir tanto ódio e muita mentira contra os homens que pertenceram à ex-DGS.

A obscenidade do jornalismo televisivo