segunda-feira, julho 12, 2010

Afinal, havia outro... pinóquio!

"O Zézito já sabe que vocês estão aqui?"- Júlio Monteiro, tio de José S. para os investigadores da PJ e MP, em 22.1.2009, aquando da busca domiciliária, em Cascais, na sua luxuosa residência e conforme citação da revista Sábado da semana que passou.


Em França, o escândalo Bettencourt/Woerth/Sarkozy atinge a dimensão grave do assunto de Estado e o presidente da República é entrevistado hoje na televisão.

O assunto contende com o eventual financiamento ilegal do partido de Sarkozy, cerca de 150 mil euros, entregues pela multimilionária, para campanha eleitoral e por esta fugir ao fisco, incorrendo em fraude fiscal, sendo cliente de uma firma de consultadoria, quem tem como directora, a mulher de Woerth.
Por enquanto os factos são apenas indiciários e o visado Woerth , actual ministro do trabalho, proclama inocência a todo o custo.
Não obstante as revistas da semana passada e desta, capeiam assim o assunto, em todos os quadrantes, de um modo que a imprensa portuguesa não consegue sequer imitar porque se limita na auto-censura tributária do respeitinho.
Compare-se com os títulos do Jornal de Sexta da TVI e repare-se no provincianismo que nos atira para o terceiro mundo mediático:



Um dos media mais importantes e activos neste assunto é Mediapart, um sítio virtual, dirigido profissionalmente por jornalistas, com assinantes e a orientação de Edwi Plenel, antigo director do Le Monde e que dá o exemplo do que deve ser o jornalismo de investigação via Net. Por cá não há ninguém com interesse em fazer o mesmo? José Manuel Fernandes é o primeiro nome que me ocorre...

No entanto, o importante, por cá, é fazer o paralelo entre esta situação francesa de vigilância e controlo que os media exercem efectivamente sobre o poder político e o que se passa com os nossos media a propósito dos escândalos que envolvem o primeiro-ministro.
A semana que passou, a revista Sábado, em violação de segredo de justiça, dava conta do relatório final da PJ, no processo Freeport, com 756 páginas, no qual avultam, segundo a revista, dois pontos essenciais:
Houve uma transferência de meio milhão de euros da conta de Smith & Pedro, com direcção desconhecida, durante os anos de 2002 a 2004. A investigação- PJ e MP- não conseguiu descobrir o rasto do dinheiro. Será que procuraram bem?
E houve a recolha de indícios de financiamento de campanha eleitoral do PS, para a Câmara de Alcochete.
Tudo indica que o processo significa mais um parto da montanha, com filhote para o largo do costume.
Porém, nada se conseguiu apurar de significativo em relação a suspeitas iniciais de corrupção no então Ministério do Ambiente tutelado pelo agora primeiro-ministro.

Ainda assim, as notícias dos jornais de fim de semana, depois de conhecido esse relatório são exemplares da importância que dão à parturiente de roedores da causa pública: pouca ou nenhuma.
É o país que vamos tendo e hoje, o i até titula todo o contente que "O Pinóquio não era Sócrates"!
Com este jornalismo para que precisamos de jornais?

4 comentários:

Karocha disse...

Para nada José!
Não compro jornais, não posso e querem-me tirar o RSI!
Se fosse cigana não havia problema!

joserui disse...

Para nada! Aliás tenho praticamente como certeza que os próprios directores teriam uma grande dificuldade em explicar aos potenciais leitoresa qual a mais valia de comprar o jornal que dirigem. -- JRF

Mani Pulite disse...

A LENA DEVE ANDAR À RASCA. TAL COMO O COMENDADOR , O AMIGO JAQUINZINHO OU O TESO.TUDO INSTITUIÇÕES DA MÁXIMA SOLIDEZ.

JC disse...

"Com este jornalismo para que precisamos de jornais?"

Quer que lhe responda, José?

Megaprocessos...quem os quer?