Este episódio da falta de depósito do acórdão Casa Pia continua a alimentar notícias de primeira página, nos media em geral. Não em todos, porém.
O Público de hoje já esqueceu o assunto que remete para a página 4. Hoje é mais importante o episódio politicamente correcto do Corão que afinal não vai ser queimado.
Não obstante, quem quiser saber a razão concreta da "falha" no depósito do acórdão daquele processo, fica na mesma. O Público de hoje, ao contrário de ontem, já noticia que diligenciou junto das entidades administrativas da logística judiciária, a saber, a DGAJ e o ITIJ, organismos totalmente dependentes do Governo. É dado conhecimento da ocorrência de um "problema informático", mas sem grande precisão técnica, para além da alusão a um "aparecimento no texto de janelas indicativas de todas as alterações do mesmo com referência a dias e horas". Isso em citação de uma comunicação do CSM. Nada mais. Não se noticia uma visita às instalações do tribunal, por exemplo, e que são públicas de de acesso livre para fazer perguntas a que um Secretário de Justiça tem o dever de responder.
Ao ler a notícia, com referências explícitas a recusas do Ministério da Justiça em comentar o assunto, ficamos sem saber coisas elementares para uma notícia deste género e que só os jornalistas poderiam esclarecer devidamente, sem grande esforço, através de uma indagação sumária e rápida. Em vez disso, temos o habitual jornalismo de telefone.
Coisas como o modo de funcionamento desta Vara Criminal no Campus da Justiça. Quantos funcionários tem, como se articulam, quem é o/a Secretário/a, como se organiza o serviço de fotocópias, quantas máquinas tem e de que tipo; quem faz o respectivo serviço, em que horário e se lhe é possível fazer horas extraordinárias; quanto tempo demora, na realidade , a efectuar um serviço deste género, excepcional; que preparação técnica tiveram para tal; quem é o funcionário de informática, pelos vistos único e com responsabilidade no funcionamento do sistema Habilus e outro que é standard nos tribunais; quem organizou este sistema e de que modo funciona na prática, para originar "bugs", como o detectado. Quem recolhe o papel impresso e onde o guarda; quem assegura que o sigilo de justiça, essencial num processo deste género, aquando da leitura da sentença, não seria quebrado e por isso dado a conhecer antecipadamente, tendo em vista o tempo que demoraria a impressão prévia do acórdão, etc. etc. etc.
Nestes etc.s estão todos os pormenores que um jornalista deveria atender para informar o público com rigor, seja do Público seja de outro órgão de informação. Factos simples e que fariam toda a diferença de um jornalismo à antiga para este pós-moderno e que pouco informa.
Nesta como noutras matérias, tem-se a impressão que a informação é matéria para amadores que frequentaram cursos de jornalismo para emitir opiniões nos jornais, com o beneplácito de directores que outra coisa não pretendem fazer.
A incompetência do Jornalismo, neste como noutros campos, é de tal modo gritante que não se compreende como se comprazem a denegrir a Justiça atirando-lhe todos os dias a lama que lhes suja as mãos.
Evidentemente, a agravar tudo isto, o sempiterno problema da (in)comunicação da Justiça, cujos órgãos representativos, mesmo os administrativos, como é o CSM, continuam a falhar estrondosamente nessa comunicação essencial, primordial e pedagógica. Esta associação de incompetências, do jornalismo de comunicação e da Justiça que não comunica , gera toda uma imagem negativa cujas vítimas primeiras são aqueles cuja dificuldade atávica em comunicar, lhes impede de entender que serão os principais prejudicados. Basta ver a imagem pública que periodicamente é dada a conhecer em sondagens de opinião.
Não lhes importará? Será que são indiferentes a tal falsidade induzida pelo próprio comportamento atávico? Não terão honra em mostrar o brio que afinal podem ter? Não os incomoda que digam mal deles e ainda por cima de uma tremenda injustiça?
Se assim for, passo. Porque será assunto sem remédio e porque me parece que assim será. Mas nesse caso, lembro-lhes o velho ditado popular: quem não se sente não é filho de boa gente. Nem isso lhes importa? Então, que se arrumem e deixem de aplicar Justiça em nome do povo.
O Público de hoje já esqueceu o assunto que remete para a página 4. Hoje é mais importante o episódio politicamente correcto do Corão que afinal não vai ser queimado.
Não obstante, quem quiser saber a razão concreta da "falha" no depósito do acórdão daquele processo, fica na mesma. O Público de hoje, ao contrário de ontem, já noticia que diligenciou junto das entidades administrativas da logística judiciária, a saber, a DGAJ e o ITIJ, organismos totalmente dependentes do Governo. É dado conhecimento da ocorrência de um "problema informático", mas sem grande precisão técnica, para além da alusão a um "aparecimento no texto de janelas indicativas de todas as alterações do mesmo com referência a dias e horas". Isso em citação de uma comunicação do CSM. Nada mais. Não se noticia uma visita às instalações do tribunal, por exemplo, e que são públicas de de acesso livre para fazer perguntas a que um Secretário de Justiça tem o dever de responder.
Ao ler a notícia, com referências explícitas a recusas do Ministério da Justiça em comentar o assunto, ficamos sem saber coisas elementares para uma notícia deste género e que só os jornalistas poderiam esclarecer devidamente, sem grande esforço, através de uma indagação sumária e rápida. Em vez disso, temos o habitual jornalismo de telefone.
Coisas como o modo de funcionamento desta Vara Criminal no Campus da Justiça. Quantos funcionários tem, como se articulam, quem é o/a Secretário/a, como se organiza o serviço de fotocópias, quantas máquinas tem e de que tipo; quem faz o respectivo serviço, em que horário e se lhe é possível fazer horas extraordinárias; quanto tempo demora, na realidade , a efectuar um serviço deste género, excepcional; que preparação técnica tiveram para tal; quem é o funcionário de informática, pelos vistos único e com responsabilidade no funcionamento do sistema Habilus e outro que é standard nos tribunais; quem organizou este sistema e de que modo funciona na prática, para originar "bugs", como o detectado. Quem recolhe o papel impresso e onde o guarda; quem assegura que o sigilo de justiça, essencial num processo deste género, aquando da leitura da sentença, não seria quebrado e por isso dado a conhecer antecipadamente, tendo em vista o tempo que demoraria a impressão prévia do acórdão, etc. etc. etc.
Nestes etc.s estão todos os pormenores que um jornalista deveria atender para informar o público com rigor, seja do Público seja de outro órgão de informação. Factos simples e que fariam toda a diferença de um jornalismo à antiga para este pós-moderno e que pouco informa.
Nesta como noutras matérias, tem-se a impressão que a informação é matéria para amadores que frequentaram cursos de jornalismo para emitir opiniões nos jornais, com o beneplácito de directores que outra coisa não pretendem fazer.
A incompetência do Jornalismo, neste como noutros campos, é de tal modo gritante que não se compreende como se comprazem a denegrir a Justiça atirando-lhe todos os dias a lama que lhes suja as mãos.
Evidentemente, a agravar tudo isto, o sempiterno problema da (in)comunicação da Justiça, cujos órgãos representativos, mesmo os administrativos, como é o CSM, continuam a falhar estrondosamente nessa comunicação essencial, primordial e pedagógica. Esta associação de incompetências, do jornalismo de comunicação e da Justiça que não comunica , gera toda uma imagem negativa cujas vítimas primeiras são aqueles cuja dificuldade atávica em comunicar, lhes impede de entender que serão os principais prejudicados. Basta ver a imagem pública que periodicamente é dada a conhecer em sondagens de opinião.
Não lhes importará? Será que são indiferentes a tal falsidade induzida pelo próprio comportamento atávico? Não terão honra em mostrar o brio que afinal podem ter? Não os incomoda que digam mal deles e ainda por cima de uma tremenda injustiça?
Se assim for, passo. Porque será assunto sem remédio e porque me parece que assim será. Mas nesse caso, lembro-lhes o velho ditado popular: quem não se sente não é filho de boa gente. Nem isso lhes importa? Então, que se arrumem e deixem de aplicar Justiça em nome do povo.