
Na edição desta semana, aparecem na capa cinco figurões, a saber e da esquerda para a direita, Peter Orszag, responsável até há pouco, da Secretaria do Orçamento do presidente Obama; Henry Kaufman, consultor financeiro, autor e antigo executivo na Salomon Brothers, uma firma dedicada às Finanças globais ; William H. Gross, director na Pimco Managing, uma firma de investimento global, com mais de mil e duzentos empregados; Robert Schiller, professor na Universidade de Yale , outra das melhores do mundo, e autor de Irrational Exuberance; Charles W. Calomiris, professor de Instituições Financeiras na Universidade de Columbia, uma das mais prestigiadas no mundo.
O que distingue este grupo de sábios notáveis, da finança e dos "mercados"? As suas opiniões sobre o modo de consertar a economia americana. A revista reuniu em conferência, os cinco notáveis e colocou-lhes exactamente essa questão, para se sair "desta trapalhada".
Para o primeiro, Orszag, o problema resolve-se com maior investimento público em projectos. Explica que o emprego não cresce porque a economia estagnou. O segundo, H. Kaufman, aposta antes na infraestrutura bancária e apostaria na solução de não deixar crescer demasiado as instituições que depois se tornam "too big to fail". O terceiro, Bill Gross, aposta num realinhamento da moeda a fim de permitir a China e a Ásia a desenvolver-se internamente, em vez de se focalizarem na exportação. E explica o problema criado por causa da expansão do crédito interno, da dívida e da desregulação, nos últimos 10 a 20 anos.
O quarto, Roberto Schiller, apresenta a solução de projectos públicos tipo New Deal, para combater o desemprego. O último, Charles Calomiris, está em desacordo com todos porque acha que o país está falido e sem possibilidades de aumento da despesa pública. Mas
é contra o aumento de impostos e defende o corte na despesa pública.
O artigo que relata a conferência vale a pena ler porque mostra a que ponto se pode chegar nas altas esferas teóricas e práticas da economia americana no modo de resolver problemas que todos percebem existir. Mostra como as soluções são desencontradas, diversas, antagónicas e por vezes paradoxais entre esses especialistas. Um deles pode defender exactamente o contrário de outro e ambos podem ter razão, o que torna a Economia um fenómeno quântico.
Em Portugal uma discussão do género conduziria aos mesmos resultados? Provavelmente. E quem decidiria, então? Segundo Calomiris, nos EUA o poder está agora no Congresso, mais que no próprio presidente Obama.
E por cá?