segunda-feira, setembro 06, 2010

Fátima Campos Ferreira, uma vergonha do jornalismo

No Prós & Contras, que agora decorre, Marinho e Pinto já fala abertamente do caso Casa Pia. Acabou de criticar a sentença, o acórdão que "é assustador", devido às "penas exageradas", "elevadas", particularmente as do arguido Carlos Silvino e do arguido Carlos Cruz.
Marinho & Pinto, como bastonário da Ordem dos Advogados devia ser comedido e não se pronunciar como se pronunciou agora mesmo, porque o dever de reserva de um advogado, maxime, o próprio Bastonário, implica que respeite uma decisão de um tribunal e, se discordar da mesma, o deva fazer do modo correcto: agindo no processo respectivo.

O desembargador Rui Rangel, presente, atira-lhe imediatamente o óbvio: como é que alguém que não conhece o processo, faça aquilo que o bastonário acabou de fazer: "Como é possível que alguém, um bastonário dos advogados, diga o que disse, sem conhecer o processo?", pergunta Rui Rangel ao bastonário Marinho.

Por outro lado, Rui Rangel é desembargador na Relação de Lisboa, na secção criminal. Com esta participação no programa acaba de dar a justificaçao para uma escusa de intervenção no processo, se lhe calhar em distribuição. Esperteza?


José Manuel Fernandes, participante, acabou de dizer que não sabe se os sentenciados são ou não culpados. Mas...alguém pode saber com certeza? Melhor: quem saberá mais? Os jornalistas e observadores comuns ou aqueles que pela inerência da própria função conhecem os factos, ou seja, os magistrados que intervieram no processo?
E se isso é demasiado óbvio, porque razão se pronunciam pessoas como Marinho e Pinto, do modo como o fazem?

O comentador Daniel Oliveira também dá o seu óbulo para a discussão do caso: acaba de dizer uma asneira. Disse que desde Fevereiro de 2009 acabou a discussão do caso e por isso acha que havia tempo para uma decisão com fundamentos.

Marinho e Pinto questionado sobre as reacções do advogado Ricardo Sá Fernandes e do seu constituinte, acha a coisa normal. E até acha que Ricardo Sá Fernandes tem toda a razão nos termos que usou.
Será que Marinho e Pinto conhece o estatuto da Ordem?

Este Bastonário é um espanto! E continua a comentar o que se passou na audiência como se tivesse todo o direito formal de o fazer! E a dizer que o advogado teve todo o direito de fazer o que fez.

E agora intervém mais uma vez, o arguido Carlos Cruz. Para a sua defesa. Com o beneplácito da animadora Fátima Campos Ferreira.
Carlos Cruz pode ser culpado ou inocente. Para o tribunal que o julgou e para as vítimas que o acusam e para o arguido Carlos Silvino, é culpado.
Quanto a mim, não comento mais esta pouca-vergonha que é a de andar dias a fio a ajudar um arguido condenado em pena de prisão pelos tribunais portugueses e cuja defesa padece de um problema óbvio: overplay. É esse o problema desta defesa de Carlos Cruz. E de cada vez que intervém, mais se enterra. Carlos Cruz julga que não e sendo manifestamente inteligente, com uma capacidade invulgar de manipular a opinião, com um domínio completo dos intrumentos de comunicação, nesta situação acaba por se auto-condenar. E nem percebe isso.

E continua a repisar, com a ajuda preciosa da animadora, muito isenta e objectiva, que houve um erro judiciário, apresentando pequenas discrepâncias, insindicáveis por quem não esteve no julgamento e o acompanhou, como prova da sua inocência. Torna-se muito difícil acreditar na inocência ou culpabilidade de alguém com este tipo de defesa mediática.

Carlos Cruz está a enterrar-se na sua credibilidade. Não é assim que se defende bem, se estiver inocente. Há pouco disse que gostaria de ter um frente a frente televisivo com uma das vítimas que o acusa. Ora isso, sim! Isso talvez fosse útil. Mas ainda assim, já terá sido feito: na audiência de julgamento. E com os resultados que agora se sabem...

No fim do programa a moderadora, uma vergonha para o jornalismo português, dá a palavra ao arguido Carlos Cruz. Que lhe pergunta se " é a minha última intervenção". Que talvez.

Este programa de tv teve apenas um único e simples objectivo: defender mais uma vez este arguido. Isto é inadmissível num programa da RTP. Uma vergonha.

Vou mudar o título do postal.

Questuber! Mais um escândalo!