O Público de hoje informa que o jornal francês Le Monde vai queixar-se judicialmente contra o Estado francês, embora a queixa seja contra incertos ( X), por violação do segredo das fontes de informação, através do uso dos serviços de contra-espionagem, a DCRI, o equivalente ao nosso SIS.
Tudo resulta do escândalo Bettencourt/Woerth/Sarkozy e o jornal apurou que "os serviços de contra-espionagem tentaram confirmar a suspeita de que a fonte de informação (ao jornal) seria um alto-funcionário do Ministério da Justiça, David Sénat. O seu telefone foi posto sob escuta, e elaborada uma lista de todas as pessoas que o contactaram- e lá apareceu o nome do jornalista do Le Monde, Gérard Davet, que tinha escrito o artigo que tanto terá irritado o Eliseu. Sénat, sonselheiro de Direito Penal da ministra Michèle Alliot-Marie foi intimado a demitir-se das suas funções e foi-lhe proposta uma missão na Guiana."
Vejamos um paralelo: em França, os serviços de informação apanharam a toupeira do Eliseu, provavelmente com base em lei avulsa de combate ao terrorismo de Estado. Será assim que se defenderão, pela certa.
Descoberta a tramóia, é mais um escândalo que se abate sobre Sarkozy. E por cá? Sabemos através de um inquérito parlamentar que o primeiro-ministro em funções, tentou, o ano passado e em véspera de eleições, sapar vozes contestatárias nos media, através de negócios de compra dos media mais impertinentes. Vários e no valor de milhões de euros que uma empresa com participação estatal e com acólitos do governo nos conselhos de administração, asseguraria em toda a transparência de um negócio formal e de conveniência.
Mesmo depois de isto se saber, nada aconteceu. Nem inquérito criminal, logo abortado liminarmente sem ter chegado a nascer; nem consequências políticas de relevo. As eleições virão na época sazonal habitual e os partidos andam entretidos nas manobras parlamentares habituais enquanto fazem contas aos números de mandatos com que podem jogar. O presidente da República não se deu por achado e fez como o macaquinho: nada com ele, porque não viu, não ouviu e por isso não falou.
É esta a democracia que temos.
PS: Entretanto, sabe-se que o jornal Expresso vai ter outro director a partir de Janeiro. Ricardo Costa, o jovem turco do jornalismo de ocasião, vai ser o nome no cabeçalho. Sabendo que o negócio de um jornal também são números, veremos as piruetas que vão custar.