Na edição de “Em Nome da Lei” deste sábado discute-se o caso mediático do divórcio de Bárbara Guimarães e de Manuel Maria Carrilho, não no sentido de apurar a verdade das acusações feitas por uma e outro, mas para avaliar o papel da imprensa em toda esta situação.
Para além dos convidados do costume, estiveram em estúdio Octávio Ribeiro, director do jornal e TV “Correio da Manhã”, Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, a psicóloga Ana Santos e a professora de Direito da Família Ana Sofia Gomes.
Neste divórcio mediático de Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho há uma acusação de um crime público de violência doméstica, e tendo ele sido alegadamente cometido por uma figura pública, o caso torna-se de inquestionável interesse público.
Na sequência dessa revelação, que surge por mais uma violação do segredo de justiça, Manuel Maria Carrilho tornou pública uma série de acusações contra a mulher, de alcoolismo e de ser viciada em comprimidos e em intervenções cirúrgicas para contrariar o envelhecimento.
Sabe-se que entretanto terá também apresentado queixa judicial contra a mulher por violência psicológica, emocional e social.
Pelo caminho, Carrilho faz uma acusação velada ao padrasto de Bárbara Guimarães de ter abusado sexualmente da enteada e outra de alcoolismo ao pai da mulher.
A assistir a tudo isto estão, além de Portugal inteiro, duas crianças de nove e três anos, os filhos do casal.
O papel da imprensa em todo este processo, bem como os efeitos que pode ter, são o tema em debate.
Pelos vistos, certos bem-pensantes dos media e arredores pretendem agora "analisar" o caso do "divórcio mediático" do casal Bárbara-Carrilho e fazem-no no mesmo universo mediátio que criou o fenómeno, como aliás tinha criado há uns anos o caso do "casamento mediático" do mesmo casal.
Ou seja, o tal divórcio só é mediático porque os media que pertencem ao sistema mediático vigente que também possui os"órgãos de referência", apartados em salas ao lado para escaparem a contaminações, lhe deram atenção. E dão atenção por que motivos? E agora querem perceber porquê? Haverá mesmo alguma coisa a perceber, para além disto que se mostra e que saiu esta mesma semana?
Querem mais? Para a semana há mais e ainda melhor que isto, possivelmente. Os analistas do "caso do divórcio mediático" querem analisar isto ou apenas entreter o pagode que lhes dispensará atenção? Não querem nada disso, apenas entreter como fazem estas revistinhas que fui buscar a um único sítio: aqui.
Esta realidade alternativa da vida portuguesa faz parte do sistema mediático-político que temos? É isto que acham como sinal de cultura e desenvolvimento por oposição ao que se passava há 40 anos em que havia apenas uma revistinha dedicada a estes fenómenos sociais?
Era talvez essa reflexão que seria necessário fazer- e não se faz. Muito menos com Carlos Magnos e outros assim. Tomem lá a Crónica Feminina de 19 de Julho de 1973 para ver e comparar.
Reparem: a capa já é a cores. O tema também é o "casamento" e a figura é igualmente uma "estampa" do género. A decoração do sítio até se aceita em cenário de telenovela e portanto a diferença residirá no tempo. Não é assim, senhor Carrilho e senhor Magno?
Afinal agora temos liberdade para publicar aquelas revistas todas que dão emprego a outros tantos jornalistas, muitos, que fazem parte das empresas de media que empregam os comentadores que agora querem analisar o fenómeno do "o caso mediático do divórcio de Bárbara Guimarães e de Manuel Maria Carrilho".
Valeu a pena temos conquistado a Liberdade, para isto, não valeu? Dantes, era um horror, o cinzentismo e o obscurantismo e o atraso e a falta de cultura de que se queixava ontem outra figura deste jet, a presidenta directora da casa sem fundação Fernando Pessoa. Ora toma!
Hoje basta ir a um qualquer supermercado ou cabeleireiro e temos expostos para consumo visual imediato, as histórias pessoais e reais das artistas de telenovela, misturadas com a trama dos próximos capítulos. Em vez de um Simplesmente Maria radiofónico temos telenovelas em catadupa em horário nobre que a cultura é para horas mortas e o povo não gosta tanto. O Vitorino Nemésio passava às 7 horas da tarde desse tempo. Hoje nem às 7 da manhã...
Portanto, culturalmente estamos muito melhor, sim senhores. Há menos analfabetos porque as estatísticas das senhoras donas Lurdes da Educação e quejandas, o comprovam. Há mais "cultura", porque se vende mais papel de jornal. Há três diários consagrados à bola, esse fenómeno de alienação que passou a ser apenas popular, com o tempo destes 40 anos. Há um mundo de fenómenos mediáticos em ebulição e borbulham com casos destes todos os dias, aproveitados pelos vossos colegas jornalistas como pão para a boca, literalmente.
Continuem por isso a discutir o caso singular do "divórcio mediático" daqueles enquanto lamentam que os filhos menores de ambos sejam expostos a tais lavagens de roupa suja pessoal e íntima que vocês mesmo promovem enquanto criticam quem o fez, não se coibindo de explicar como o fez.
Continuem a chafurdar nessas águas de um sistema que vos alimenta a vidinha e que já não podeis passar sem.
Se vos ocorrer alguma pontinha de vergonha pelo sistema que aplaudem, reflictam então sobre quem foi responsável por esta porcaria.
Ah! E deixai crescer a barba porque é moda no sistema que viceja.