O principal mentor desse crime inominável, Álvaro Cunhal, no Domingo passado faria cem anos. A imprensa em geral, em vez de traçar o perfil e contar o que Jorge de Mello tinha feito pelo país, preferiu parangonar e endeusar o outro, pelos factos que praticou contra o país e contra o povo português, apresentados como sinais democráticos mais intensos e luminosos que a actividade subversiva do capitalista da CUF.
É um mundo ao contrário, actualmente em Portugal, e escrever isto passa logo a ser considerado "reaccionário" e outros epítetos que o mesmo comunismo e esquerda em geral inventaram para catalogar a novilíngua com que dominam os conceitos politicamente correctos. Poucos escapam do ferrete ignominioso logo que atacam em modo claro as actuações comunistas em Portugal no domínio da economia.
O Diário de Notícias de Domingo nem uma linha dedica ao óbito. Deixou o assunto para o "dinheiro vivo". O Público fez assim o obituário, online. O Jornal de Negócios de ontem, nada de nada.
O jornal i de hoje consagra duas páginas ao óbito de Jorge de Mello.
A Cuf de 1974 tinha mais de cem empresas no seu universo, sendo o grupo empresarial mais antigo do país, fundado ainda no século XIX e portanto já com mais de cem anos, tendo resistido a tudo, mesmo à I República jacobina. Soçobrou em 1975 por obra e graça dos comunistas do PREC, perante o aplauso geral de toda a esquerda e a indiferença dos partidos do centrão ideológico.
No livro Os Donos de Portugal ( Jorge Costa, Fazenda, Louçã e tutti quanti do BE), um verdadeiro vade mecum destas badamecos que destruiram a economia de um país e ainda não se arrependeram, tentando repetir tudo outra vez, pode ler-se sobre Jorge de Mello:
No livro "Salazar e os milionários", de Pedro Jorge Castro, também se dá um retrato escrito de Jorge de Mello.
Em 1974 e 1975, empresários como Jorge de Mello ( cujo irmão, José Manuel de Mello chegou a integrar o grupo de empresários do MDE/S que no Verão de 1974 queriam investir 120 milhões de contos na economia, julgando que a Esquerda tal aceitaria...) foram expulsos, presos, vilipendiados, escorraçados do país porque eram...capitalistas. Só por isso e por se presumir que eram sabotadores da...economia.
Tinham dinheiro, empresas, queriam investir e contribuir para a riqueza nacional. O PCP e a Esquerda não deixaram porque entendiam que não havia lugar em Portugal a tal modo de produzir bens e serviços. Nacionalizaram-lhes as empresas, ficaram-lhes com o dinheiro, acusaram-nos de serem fascistas. E conseguiram, em menos de dois anos, destruir toda a economia de décadas. E conseguiram ainda outro feito notável: depois de terem cometido esse crime contra o povo português, continuaram a representar as mesmas ideias, os mesmos princípios e com as mesmas pessoas que tal fizeram. E ainda mais: passam por democratas impolutos ideologicamente e assim são tratados nos media.
Anos depois destas loucuras, já nos noventa, a democracia portuguesa, representada ainda por aqueles que contribuiram decisivamente para a sua destruição, era mostrada como "mãos largas" e condescendente com os "capitalistas". O Semanário dos anos oitenta mostrava onde estavam então os tais capitalistas que foram escorraçados por aqueles que agora são endeusados como grandes figuras nacionais.

Quem teve papel mais proeminente e essencial nesse processo?
Álvaro Cunhal, o heró que faria 100 anos no Domingo passado e assim foi entronizado no gotha do panteão dos heróis da pátria. Surrealista? Não. Apenas uma fase do nosso peculiar processo e modo de sermos portugueses. O jornalismo do sistema é analfabeto e barata-tonta? É, mas não se fale muito alto que podem ficar aborrecidos...
Assim, os heróis são esquecidos ou vilipendiados e os anti-heróis assumem o palco e a ribalta das luzes mediáticas.
A prova? Irão ver quando morrer Eduardo Lourenço, o tal que escreveu que o "fascismo nunca existiu". O que não existiu também, em Portugal, para o jornalismo actual, foi o capitalismo. E por isso as figuras como Jorge de Mello passam nos rodapés das notícias rápidas enquanto os que destruiram a economia do país são eleitos como heróis nacionais.
A mentalidade actual continua a ser esta que já leva quase 40 anos: as "vinte famílias" celeradas que roubavam o povo português que coitadinho, em 1974- 75 desatou a ocupar os seus palácios para matar a fome...
Esta caricatura estúpida é a que prevalece na sociedade portuguesa actual.