domingo, julho 06, 2014

Marcello Caetano: as imagens que poucos viram e muitos não querem ver

Em Abril de 1969, Marcello Caetano estava no poder executivo há alguns meses ( desde 27 de Setembro de 1968, data do diploma do PR Américo Tomás que o nomeou presidente do Conselho) e uma das primeiras prioridades era...o Ultramar ( designação que tinha sido a corrente ao longo dos séculos e que tinha sido interrompida pelo jacobinismo da I República que passou a designar como Colónias o que até então eram as Províncias do Ultramar português. O termo "colónias" ficou até 1951, altura em que se restaurou a velhíssima designação de Províncias do Ultramar, novamente alterada pela revolução de Abril de 1974, até hoje.

Portanto, uma das primeiras preocupações de Marcello Caetano foi o Ultramar, em guerra de guerrilha terrorista desde 1961, escassa meia dúzia de anos antes...
E por isso Marcello visitou as Províncias Ultramarinas, nesse mês de Abril de 1969.
A revista Século Ilustrado deu várias páginas de reportagem a essa visita histórica, "pela primeira vez em cinco décadas".





Como é que este clima e  ambiente político, genuínos e de propaganda meramente folclórica se transforma, meia dúzia de anos depois, num clima de hostilidade radical e sem sombra destas imagens que parece se sumiram no tempo de um sonho antigo e irrepetível?

Em 25 de Abril de 1975 a imprensa portuguesa era assim apresentada pelo Expresso:




O que sucedeu na sociedade portuguesa da época para que tal efeito se produzisse, com sequelas até hoje?
Não há em toda a Europa, nem sequer em Espanha exemplo sociológico que se lhe assemelhe.


70 comentários:

Floribundus disse...

a urss apostou forte no rectângulo por ter o povo mentalmente mais fraco

'último dejecto do Romano Tmpério'
Jorge de Sena

com uma língua 'última flor de Lácio inculta e bela'
Octávio Bilac

um povo eternamente inculto, preguiçoso e invejoso não dá para mais

'prá frente ó pessoal das barracas'

do corporativismo ao regime soviético actual bastou mudar os nomes... e as pessoas

os emos srs drs médicos vão fazer greve para poderem trabalhar no privado sem correr o risco de inspeccionados

afinal há muita gente com o dom da ubiquidade

nunca será feita a verdadeira história do patronato e dos seus 'lacaios'

Merridale and Ward disse...

"O que sucedeu na sociedade portuguesa da época para que tal efeito se produzisse, com sequelas até hoje?

Não há em toda a Europa, nem sequer em Espanha exemplo sociológico que se lhe assemelhe."

Tem um exemplo sociológico semelhante na ex-jugoslávia. Aquela gente coexistia há décadas em paz e de um momento para o outro começaram-se todos a matar uns aos outros.

Até hoje ainda ninguém conseguiu compreender como tal aconteceu. Da mesma forma que não se compreende como Portugal se transfigurou de forma tão radical em apenas poucos meses após o 25 de Abril de 1974.

Publiquei:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/07/marcello-caetano-as-imagens-que-poucos.html

majoMo disse...

> "O que sucedeu na sociedade portuguesa da época para que tal efeito se produzisse, com sequelas até hoje?
Não há em toda a Europa, nem sequer em Espanha exemplo sociológico que se lhe assemelhe."

Não é tão surpreendente assim; ademais sabida a falta de carácter das Elites portuguesas e a sua indigência mental congénita.

Ortega & Gasset em "A Rebelião das Massas" e Gustav Le Bon em "Psicologia das Multidões" dissertam ajuizadamente sobre tais naturais comportamentos. Não esquecer que Portugal NÃO tinha elites predominantes de qualidade que quisessem ser portuguesas; o sonho delas eram ser europeias e ter os proventos de tal idílico estado.

Marcelo Caetano extasiava-se com as massas; Salazar era-lhes indiferente e conhecia a volubilidade própria delas.

Como dizia Maquiavel: «mais vale ser temido que amado».

A rapidez e a forma aparentemente atabalhoada de todo o processo é compreensível, para quem quiser ver a essência do que estava em causa: o Ultramar.

Esta a Razão! Salazar e o Povo intuiram; as Elites bem-pensantes predominantes sempre desprezaram o Ultramar. Tanto que não quiseram saber dos que neles estavam (nativos e de origem portuguesa). E para calar o povo ofereceram-lhe a cenoura: vamos ser europeus endinheirados e com a mente aberta das Luzes ofuscantes da gloriosa Europa.

As Elites portuguesas podem continuar a limpar as mãos à parede...

Floribundus disse...

a Jugoslávia foi criada artificialmente no final da IGG

compreendia Muçulmanos Cristãos ortodoxos e católicos

sobreviveu até ao desapartecimento de Tito

que geria as comunidades com mão de ferro e as transferia como se fazia transumância de rebanhos

os Balcans nunca terão sossego

o rectângulo será sempre a miséria das misérias
sem não houver mudança de mentalidade nos próximos séculos

melhor seria a vida se este país de pretos (no pior sentido depreciativo do termo para quem não é racista como eu) pintados de branco

o pessoal muda, mas fica na 'sua'.
ainda me lembro da JAD ser monárqica

josé disse...

Essa é de facto a linha divisória entre o salazarismo e o marcelismo.

Tendo a preferir o segundo em relação ao primeiro por um motivo entre vários:

O Tempo não espera por ninguém, como cantavam os Rolling Stones.

Em 1969 já não havia a mínima possibilidade de manter o Ultramar como era nos anos 50.

Salazar tinha razão no seu tempo e Caetano no seu.

Admiro Caetano, confesso. Salazar, talvez, em algumas coisas.

lusitânea disse...

O problema é que cá no sobado os saltos em frente são sempre à base de "rupturas" como diz o Jerónimo.Entre as mesmas fica tudo imóvel e as coisas existem mas não funcionam.É uma espécie de teatro.
As elites descolonizaram como o fizeram, certamente obedecendo a ordens de fora e agora quem os manda colonizar-nos da maneira que andam a fazer?

Floribundus disse...

depois do desastre de Dien Bien Phu

De Gaulle viu-se obrigado a dar a Independência à Argélia contra a vontade dos 'pieds noires' por pressão dos gringos

que depois se foram afundar no Vietnam

em 61 JFK, que em Dallas chocou contra umas balas que passeavam descuidadas,
fez quanto pode para a independência das colónias portuguesas

com excepção dos Açores e Madeira por não terem matérias-primas

os franceses tiveram o General Salan
o rectângulo tem centenas de 'generais salon'

muja disse...

A minha opinião é a seguinte: o Ultramar podia ser mantido. Era uma questão de sacrifício - que, diga-se de passagem, não estava a ser assim tão grande, tendo em conta a escala da potencial perda.

Se devia ou não, acho que, à partida, devia. À chegada, era perguntar às pessoas. Mas como as ditas pessoas nunca se revoltaram, nem pouco nem muito, nem qualquer resposta que dessem convenceria quem nos fazia a guerra, penso que os Governos actuaram correctamente ao presumir que queriam continuar a ser portuguesas.

Portanto, pode dizer-se que era o tempo, que era isto ou aquilo. Os factos e realidade são: Portugal, por causa dos seus territórios ultramarinos estava sob ataque de duas super-potências mundiais. Tudo o mais é paleio. A questão, portanto, é: devia, ou não devia, Portugal defender-se até às últimas forças dessa agressão? Para mim, devia. Porque então, não vejo como se possa hoje ou amanhã, pedir aos homens portugueses que defendam a Pátria com a sua vida e as pessoas com as suas economias. O Algarve é mais português que Porto Amélia? Talvez. Mas quem diz que o "tempo" não virá dizer o contrário? E depois, como é? Defende-se, ou entrega-se? Onde se traça o limite? Há limite?


muja disse...

E recebo muito mal as palavras do Floribundus, sobre o povo eternamente inculto.

Foi inculto que chegasse para o parir, por exemplo. E para lhe dar uma cultura e uma maneira de ser. Se não gosta dela, pois ainda vai a tempo de ir lá para onde acha que é bom.

Se calhar, se certos bem-pensantes e outros iluminados deixassem o inculto povo em paz e sossego, e se dedicassem, como ele, mas era a trabalhar com as mãozinhas que Deus lhes deu - porventura agarrando com elas uma enxada - estaríamos nós muito melhor...

Se em vez de andar - V. e outros - cá com "pedreirisses" virtuais de trolhas armados em arquitectos e tivesse mas era pegado numa maça e num ponteiro a sério, estivesse o país melhor.

A ver vamos se cada um se mantém no seu lugar...

muja disse...

Critique-se quanto haja para criticar. Mas se pensa que eu aceito cá cantigas de pedreiros virtuais quando meu avô foi pedreiro a sério e eu, ao menos, ainda lhe peguei nas ferramentas, está muito enganado.

Antes de falar em nome do "povo", fale por si.

josé disse...

Nós poderíamos aguentar a guerra no Ultramar durante mais uns anos. Meia dúzia no máximo.
Mas isso daria tempo para os portugueses terem de lá saído com outra honra e proveito.
E Portugal poderia ser como a Holanda que também teve possessões ultramarinas. Ou a Bélgica.

O que seríamos se não tivesse ocorrido o 25 de Abril e o PCP e a esquerda comunista não tivessem feito o que fizeram?

O que seríamos se quem governa fosse como quem governava?

muja disse...

José,

podíamos aguentar até deixarmos de poder, ora... Meia dúzia ou dúzia e meia, que importa isso? Quem sabe? Quem sabia? O que é certo é que não se perdeu o que se perdeu por se nos esgotar a força.

Devíamos ou não devíamos ter aguentado? Impunha-se ou não se impunha, quanto mais não seja moralmente, defender aqueles territórios e aquelas gentes (que a isso estavam dispostas, diga-se)?

Que seríamos se quem tivesse deveres a cumprir, os tivesse simplesmente cumprido em vez de ir em cantigas?


Merridale and Ward disse...

"O que seríamos se não tivesse ocorrido o 25 de Abril e o PCP e a esquerda comunista não tivessem feito o que fizeram?

O que seríamos se quem governa fosse como quem governava?"

Ora, aí está um execelente tema para uma conferência...

Mas enquanto as ciências sociais em Portugal continuarem sequestradas pela elite maçónico-marxista bem pensante e politicamente correcta, será impossível aboradar tais questões com seriedade. Talvez daqui a cinquenta anos seja possível, com sorte uns trinta...

josé disse...

"Devíamos ou não devíamos ter aguentado?"

Neste momento não tenho a mínima dúvida que sim. E se tal sucedesse calhava-me a mim ir para lá, eventualmente, porque faria vinte anos em 1976.

E não tenho a mínima dúvida que iria, porque já pensava nisso. Com medo, mas os outros também iam.

muja disse...

Em 61, quem diria que aguentávamos treze ou catorze anos? Não se dizia já que eram os ventos, ou os tempos, ou não sei quê?

Enganaram-se. Ou engoliram as patranhas, dependendo do ponto de vista. Quem lhe diz a si que se não engana agora, e se não enganaram os bimbos fardados que fizeram o que fizeram?

O dever que quem estava não era adivinhar quanto tempo podia aguentar. Era aguentar. Ponto final. Porque haviam de ser as vidas deles mais valiosas do que as que se haviam já perdido?

josé disse...

Mas a independência seria inevitável como o foi na África do Sul.

A África do Sul tinha condições diferentes das nossas e outra legitimidade, mas viu-se o que sucedeu.

Por isso mesmo acho que era impossível continuarmos durante mais 10 ou vinte anos. E ainda que tal sucedesse, ficaríamos sempre por cá, no "puto" enquanto Angola e Moçambique se tornariam independentes, como a África do Sul se tornou.

josé disse...

O que não teria sucedido era a vergonha que Almeida Santos, Mário Soares e Rosa Coutinho mais o MFA engendraram com o apoio completo da Esquerda nacional.

Merridale and Ward disse...

"O dever que quem estava não era adivinhar quanto tempo podia aguentar. Era aguentar. Ponto final. Porque haviam de ser as vidas deles mais valiosas do que as que se haviam já perdido?"

O Salazar também disse uma coisa parecida: "Já que começamos, temos que continuar."

Vejam aqui no original:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/07/estamos-em-guerra.html

Floribundus disse...

da Net
« Entre 2001 e 2011 quase duplicou o número de pessoas que passou a ter curso superior – são agora cerca de 1,2 milhões. Esta tendência também se verifica no ensino secundário. Mas, contas feitas, apenas 12% da população possui o ensino superior completo, 13% o secundário, o que contrasta com os 19% da população sem qualquer nível de ensino. São dados provisórios do Censos 2011 ontem divulgados no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa. »

muja disse...

Talvez fosse. Talvez a independência do "norte" seja inevitável. A gente sabe lá... E menos sabiam eles na altura.

O que sabiam, e que a gente sabe que sabiam, era o que esperava aquela gente toda se deixasse o Estado português de fazer o que lhe competia e que era seu dever. E é esse o crime de lesa-pátria que foi perpetrado.

Mas alguém se chateava se visse Angola ou Moçambique independentes? Mas mergulhados em guerra e sangue, em anarquia e morte, isso não é independência nenhuma!

E volto a frisar: ninguém pode afirmar que aquela gente desejava a independência. Porque nunca - nunca! - ninguém lhes perguntou.

E porquê? A resposta é clara. Tão clara quanto a razão pela qual se não perguntou aos desgraçados dos timorenses se queriam ser portugueses, para além de indonésios ou independentes quando finalmente se achou que se lhes havia de perguntar alguma coisa...

E agora pergunto eu: se toda aquela gente quisesse ser portuguesa, que direito tínhamos nós em o recusar?

Têmo-lo agora (tem-no o Estado, vá), de certa forma, e não recusamos. Ou não nos deixam recusar.

Quer dizer, sacam-nos os territórios mas depois impingem-nos as gentes... E ainda há quem não veja isso...
Eu até nem me opunha que entrasse a pretalhada toda a granel como entra. Mas era noutras circunstâncias. Não era para virem imigrar, mas para regressarem à Pátria com tudo o que isso implica. E tinha que ser bem martelado na cabeça deles. Houvesse para isso tomates. E honesta e francamente, acho que eles respondiam positivamente.

E era um grande manguito que fazíamos aqueles filhos da puta que outros filhos da puta lá puseram a mandar naquelas gentes.

muja disse...

Porque o problema que havia na altura continuamos nós a tê-lo hoje, por força das circunstâncias que nos impuseram e impõem. Só que com um território noventa e tal por cento menos extenso por obra e graça de uma cambada de idiotas e traidores.

Mas a doutrina que já havia na altura ainda pode ser recuperada e aplicada com sucesso e em nosso proveito. Era saber dar-lhe continuidade em na adaptando aos tempos e às necessidades.

Unknown disse...

Mujahedin: Então e quando começa a ser efectivo nas acções, não lamentando mais o passado, e fundando um partido ou uma outra acção cívica?

Se realmente nos importamos com os Portugueses e com Portugal... essa é uma das únicas formas de sermos realmente fiéis a essa preocupação... Ter o Poder para depois poder por em prática tais valores

zazie disse...

Também ninguém perguntou se se queria democracia ou outras coisas assim.

São os ventos da História.

Floribundus disse...

neste 'torpe dejecto' desde o tempo dos Padres ( sé xix e xx)

não há transições pacíficas
só pela lógica do gatilho

neste rectângulo de 'brandos costumes'

a inveja e a frustração
juntam-se à falta de instrução (50% com um máximo de 4 anos de escolaridade)
e à falta de civismo

um MONSTRO que devora os contribuintes e vota à esquerda

amanhã se necessitarem de cuidados médicos
podem consultar, nos hospitais privados, médicos de família do sns

Floribundus disse...

depois do trágico episódio da queda de Estado da India

a descolonização deveria ter sido feita pacificamente nos anos 50

tal como hoje e sempre vigora
'A OPINIÃO'

josé disse...

"a descolonização deveria ter sido feita pacificamente nos anos 50"

Agora é fácil de dizer. Na época era mais fácil resistir porque havia fibra para tanto.

Portugal não era igual à pérfida Albion ou aos colonizadores europeus das redondezas.

Portugal fez muito bem em não "descolonizar" nos anos 50. E nos anos sessenta e setenta, deveria ter-se preparado para o fazer.
Mas não do modo como ocorreu em 1974-75.

zazie disse...

Nos anos 50 ainda nem se tinha feito daquilo grandes países.

muja disse...

Neyhlup Josand,

porque antes de mais é preciso saber o que se quer e para onde se vai.

Para abrir um partido como os outros, já dizia Medina Carreira: casas de mulheres de má vida já há muitas. A bem ser, teria que ser mais um anti-partido que outra coisa. Isto partidos não é coisa boa. Para partir já há que chegue. E no mais, se fosse ideia com futuro não estávamos onde estamos.

Quanto a acções cívicas a coisa já diferente, admito. Mas ainda assim é necessário ter objectivos concretos, metas definidas em direcção às quais se possa traçar um caminho e fazer um plano de acção para o percorrer.

E eu não tenho nada disso. Ou pelo menos nada que possa apresentar como tal. Tenho impressões e estou convencido de algumas coisas, mas isso todos temos e estamos.
É necessário sintetizar todas essas impressões, ideias e sentimentos de forma coerente numa doutrina que possa servir de base a uma acção. E depois, seria também preciso encontrar soluções e métodos que permitissem vencer certas dificuldades imediatas, das quais a concorrência imposta pelo domínio dos media instalados não é a menor...












zazie disse...

Aliás, só loucos se iam desfazer de territórios com aquelas riquezas ainda antes de os desenvolver.

Seria mais ou menos como nas Descobertas terem dado com o Brasil e virado a cara para antecipar a descolonização que teria de acontecer

eheheheh

zazie disse...

"Acções cívicas" estão na moda. Até há quem diga que é com elas que se põe o mundo de pernas para o ar.

O sagrado aggora e] social.

JC disse...

Se o Governo Português da época se lembrasse de "descolonizar" nos anos 50 teria dado origem a uma revolta popular.

Quem é que nos anos 50 defendia a descolonização, para além dos miseráveis comunas?
Ninguém!

Pelo contrário, nessa ocasião, o povo português tinha o Ultramar como intocável!

Por causa do Ultramar se tinha dado a queda da monarquia 40 anos antes e por causa do Ultramar tinha Portugal entrado na 1ª Guerra Mundial.

Nas eleições de 1969, os "partidos" de esquerda - os comunistas da CDE e os socialistas da CDUE - não elegeram um único deputado, exactamente por defenderem a entrega do Ultramar.

zazie disse...

Comunistas e iberistas.

Floribundus disse...

disse ao Amigo FNV que sou velho

por castigo de Deus
ou porque o Diabo se esqueceu de me colocar na lista de espera

vi o filme demasiadas vezes e a contragosto

não assistiram à queda do Estado da India

e provavelmente ao assalto ao Santa Maria
e à carnificina de Holden Roberto

para não referir outros acontecimentos

Tchüss
tenho que ir fazer o almoço

josé disse...

E sabe qual foi a reacção portuguesa à acção de Nehru?

Lembra-se certamente que foi de repúdio genuino e popular.

Quem iria, nessas circunstâncias, entregar de mão beijada os territórios do Ultramar, logo em 1961?

Nem sequer por cá havia gente suficiente a pretender tal coisa, tirando, claro está, os comunistas e por razões de internacionalismo proletário. Só é apenas.

josé disse...

A guerra no Ultramar foi uma guerra justa como se diz agora.

E só a repudiaram os comunistas como Manuel Alegre e outros traidores que o 25 de Abril reabilitou como heróis nacionais.

zazie disse...

Os comunistas e os iberistas.

";O)

josé disse...

É essa reabilitação que me espanta, porque foi instantânea.
Julgo que só com apoio dos media em bloco tal foi possível.

muja disse...

Mas alguém é capaz de dizer como se processaria a tal descolonização que devia ter sido feita? É que eu nunca vi ninguém dizê-lo.

À parte a tese federalista, que não é uma verdadeira descolonização (para além de ser um erro estratégico por razões predominantemente geográficas, aduzidas pelo Gen. Silvino Marques), e vagas referências a uma Commonwealth, nicles.

Na Commonwealth existe um elemento simbólico aglutinador: a coroa britânica; e um de ordem práctica: o poderio efectivo, militar e económico, inglês. A Royal Navy e libra esterlina.

Em Portugal seria o quê? A faixa do presidente da república?

E de que forma se poderia projectar o parco poder económico e o menor ainda poder militar de que dispúnhamos, sem nenhumas estruturas administrativas, e logísticas de jeito naqueles territórios? A primeira década de guerra correu o melhor que podia correr. Em 74 já havia estruturas e processos implantados que permitiam outros caminhos e, eventualmente, uma verdadeira independência, se fosse caso disso.





zazie disse...

«A faixa do presidente da república?»

eheheheh

É uma pergunta pertinente.

muja disse...

A realidade é que com a queda da monarquia, vimos reduzidas as opções em relação ao Ultramar.

E os republicanos sabiam-no e por isso foram acérrimos defensores da conservação daqueles territórios.

Essencialmente, passaram a haver apenas duas opções: ou integração ou independência. Não há meios termos porque deixou de haver algo que fizesse essa ligação. E quer se queira quer não, a língua e a cultura são laços demasiado ténues para efeitos políticos e que se erodem rapidamente se não forem constantemente renovados e fortalecidos.

josé disse...

A descolonização de que se fala só poderia ser à francesa ( Argélia) ou belga ( COngo) Ambas, um desastre.

josé disse...

Nós em 1961 preferimos fazer como os americanos no VIetnam. E os resultados seriam os mesmos ou quase.

A guerra não estava ganha pela razão de que nunca poderia ser ganha. Nem com bombas atómicas.

josé disse...

Porém, em 1974 deveria ter continuado a luta para uma retirada dos nacionais, programada e com jeito.
E essa luta seria ainda mais aguerrida.

Ora em 1974 o que aconteceu foi a desmoralização e o desânimo, com a desistência do esforço.

Para tal contribui a estaura dos homems políticos de então: o Sombra Almeida e o epicurista Mário, mais o comunista Rosa e os rosinhas todos juntos.

Juntou-se a fome comunista à vontade de comer das tropas que queriam vir embora e não ir para lá.

josé disse...

A culpa do desânimo e da desistência é de toda a Esquerda.

TODA e que se tornou maioritária em 1975, com 38% para o PS, 12,5% para o PCP e alguns percentis para os doentes infantis. O PPD era então também de esquerda e teve 27%.

Portanto...

muja disse...

E depois, acho que não se compreende muito bem o papel que tinham os chamados movimentos de libertação.

Estou a acabar de traduzir um pedaço de um livro sobre a subversão que acabei à pouco de ler e que acho que pode contribuir muito para a gente perceber uma data de coisas. Desde esse tal papel dos ML até à pergunta do José de como foi possível a transição que fez depois do 25A. Depois o meto lá no Ultramar.

Mas essencialmente, penso que houve duas fases no que toca aos ML. Inicialmente o objectivo era aterrorizar para causar debandada, como aos Belgas. Esse objectivo falhou. Os portugueses mantiveram-se firmes e rapidamente receberam apoio da Metrópole. Isso despoletou a evolução para a segunda fase, que é onde entra o livro: e lá diz que, de uma perspectiva subversiva, as acções directas não são a ponta de lança da subversão, mas servem apenas para a alimentar.

Assim sendo, nenhum dos movimentos - ou, melhor dizendo, quem estava por detrás deles - esperava verdadeiramente uma vitória pela força de armas, no terreno, pois rapidamente se percebeu que isso não ia acontecer. E sabemos hoje que o moral deles em 74 estava completamente de rastos.
Mas a acção servia e serviu para alimentar a subversão na Metrópole de várias formas. Subversão essa que acabou por levar à queda do Governo por golpe de Estado. O objectivo da subversão é neutralizar a priori qualquer oposição espontânea ao golpe (o que em si é desde logo convidativo à realização de golpes). É muito engraçado aquele livro e depois hão-de ver como aquilo se aplica quase textualmente ao que aconteceu em Portugal. Tanto assim é que até em maioria silenciosa fala. Maioria essa que é, na práctica, o objectivo de toda e qualquer subversão.

Anónimo disse...

José,
pergunto-lhe se tem a reportagem do Expresso - se é que foi publicada - relativa à análise da rádio e da televisão após o 25 de Abril?
Desde já obrigado.
AG

zazie disse...

E quem é que estava dentro dessa "Subversão" no MFA, já que foi o MFA que fez o Golpe Militar?.

José disse...

Sobre a rádio e tv depois de 25 de Abril, não me lembro de ver nada...

José disse...

Mas este artigo que é de Helena Vaz a Silva já fala em "fascismo" como se o termo fosse nado e criado entre nós...

muja disse...

Leia o que o que lá hei-de pôr e depois perceberá. Mas para lhe responder brevemente: ninguém em especial. É irrelevante. O objectivo da subversão, segundo o autor do livro, é suprimir e minar a oposição a um golpe - qualquer golpe.

É criar uma maioria silenciosa que, paralisada, se não oponha a uma minoria tomar o poder.

O que é muito interessante porque à luz disso, sobressai o ridículo de Spínola, quando apelou à maioria silenciosa, ao não perceber que foi precisamente a existência dessa maioria que lhe permitiu obter o poder tão facilmente. Logo, se lho permitiu a ele, permitiria a outro qualquer (ou outros quaisquer) obtê-lo. Como permitiu.

muja disse...

Facilmente e ilegitimamente.

zazie disse...

Ninguém em especial, até pode ser.

Mas se há gente a minar, então há pessoas concretas, já que nada é minado por fantasmas.

Portanto, se o golpe foi feito pelo MFA, quem do MFA estava a fazer a tal subversão na Metrópole.

zazie disse...

A questão que o José não entende e eu também não, porque a vivi, é como é que logo a seguir ao 25 de Abril tanta gente se torna comunista.

Como é que aderiram aos milhares, ao comunismo, ainda que depois, mais tarde, a expressão de voto não seja o triunfo do comunismo.

Mas foi e eu também não tenho resposta.

Pode ter sido influência de trabalho de sapa da extrema-esquerda- coisa uqe não era visível.

Pode ter sido efeito dos media

E pode também ter sido um efeito psicológico de aderirem ao que se apresentava como o mais perseguido pelo Estado Novo.

É possível até que tenha sido mistura disto tudo.

Há casos, que eu conheci de perto, que ficaram comunistas para o resto da vida, sendo absolutamente apolíticos no dia 24.

E mais, alguns estavam perfeitamente integrados nos valores do Estado Novo.
A todos os níveis. Não eram pessoas contestatárias em rigorosamente nada.

Cai o Poder, tornam-se comunistas da noite para o dia.

zazie disse...

Quando dizem que foi o povo, por iniciativa própria, sem qualquer ideologia, que tratou logo de se organizar em comités de tudo e mais alguma coisa, é mentira.

É mentira, no sentido de dizerem que esses comités de tudo e mais alguma coisa fossem apolíticos.

Era tudo comunista, mesmo quando nem um militante do PCP fazia parte.

zazie disse...

O "fascismo" é um exemplo.

Foi em torno de uma palavra que se criou toda uma revisão da História e todo um pano de fundo que ainda hoje é o principal a legitimar a loucura mansa do povo.

Qualquer coisa é fascismo.

No outro dia, uma artista que eu conheço, que é toda defensora do "Estado Social", saiu-se com essa por ter sido apanhada pelo fisco em dívidas à Segurança.

Disse logo que era o "neo-fascismo".

Eu ainda lhe fiz reparar que esse "neo-fascismo" era o Estado Social que defendem, mas nem vale a pena.

zazie disse...

O efeito psicológico em momentos de ruptura, não é para negligenciar.

Há um misto de medo e de noção que tudo mudou e ninguém quer ficar do lado dos vencidos.

Saltam para um lado vazio que era fantasmático, como o lugar dos inimigos dos vencidos.

Esse lado estava vazio porque era proibido.

zazie disse...

O meio termo não era proibido mas também não tinha representação popular.

zazie disse...

Aliás, daí para a frente, o PREC foi literalmente isso- dar voz ao inimigo dos vencidos.

E isso era bom porque eles tinham o estigma de maus e de perseguidos.

Floribundus disse...

foram decisivos os 20 anos que vivi intensamente entre

1948 com a independência da India Inglesa
e a queda da cadeira em 1968

a partir daí foi a agonia dum regime socialista, com coisas boas e más

para mim a esquerda ganhou porque a inveja e o ódio estão presente nos portugueses dos 'brandos costumes'

Anibal Duarte Corrécio disse...

1- Marcello Caetano cultivou na politica "o tolo no meio da ponte" e este é para mim o factor principal que cria as condições e explica em grande parte o 'sucesso'futuro do abrilismo

2- Na questão do Ultramar assistiamos a um verdadeiro Deslocamento do descontentamento, que 40 anos teriam que produzir fosse qual fosse o governo ou a liderança. Desembocou aqui. A juventude não queria ir para a guerra. Como também não gostava de mostrar o olho do cu (literalmente) aos 'doutores' da inspecção...

3- Havia nessa altura muitos títeres, muitos tipos com poder para que os outros lhes mostrassem «o olho do cu«. E aqui entramos numa outra ordem de razões. Uma camada intermédia no Estado com poder na barriga que fazia muito bem o que lhe apetecia nas repartições do Estado a seu belo prazer. Esta camada intermédia em grande parte vira a casaca no 25 Abrilista.

4) Bastou sair para a rua para o vírus se propagar. Incubado estava o sonho com a boa vida idealizada da Europa, as 'Helgas', e por isso quando lhes cheirou a alteração do paradigma 'pobres mas honrados',ninguém olhou para trás.

5) Claro que nas "colónias" a recepção só podia ser triunfal como as imagens sobejamente revelam. E no continente, mal seria se não houvessem apoiantes a exibir o contentamento e câmaras a testemunhá-lo para a posteridade.Havia no entanto uma 'maioria silenciosa' com grandes expectativas em Marcello... que a pouco e pouco começa a descrer e a ficar pouco esperançada na "evolução na continuidade", pois sentia ano após ano que era mais continuidade que evolução...

josé disse...

"para mim a esquerda ganhou porque a inveja e o ódio estão presente nos portugueses dos 'brandos costumes'"

É bem possível que a melhor explicaçãos seja mesmo esta.

João Alves disse...

Assisti, integrado num grupo da mocidade portuguesa, à chegada de Marcelo Caetano a Lourenço Marques. No caminho entre o aeroporto e a cidade, atravessando bairros negros, já depois de Marcelo ter passado, e rente à noite, o nosso autocarro foi apedrejado. Causou-me aquilo (um miúdo) grande espanto porque pensava que a população negra estava connosco. O mundo mudava e nós acompanhámos mal a mudança. Na Câmara Municipal de Lço Marques já Kaulza de Arriaga falava na autodeterminação das colónias...!

josé disse...

A Frelimo não era um fantasma...

muja disse...

Zazie, eu acho que foi mesmo mistura de tudo. O livro que referi é muito interessante porque sintetiza todos esses fenómenos e mostra como podem ser utilizados com grande aproveitamento por quem saiba.

Embora se refira principalmente ao Maio de 68, vê-se logo que muito daquilo foi aplicado à letra em Portugal. E a vossa questão do PREC vem lá, em grande parte, explicado como se cria esse fenómeno.

A subversão, no caso do MFA, é a criação do próprio MFA. Uma das técnicas é empolar os desentendimentos e questões corporativas. Quem infiltrava o MFA é, à partida, irrelevante (claro que, uma vez feito o golpe, deixa de ser). É uma insurreição que mina o Estado, a autoridade, etc. Penso que se não fosse por aí, havia de ser - como até já era - pelas universidades. É um esforço distribuído e autónomo. Não é precisa coordenação geral porque todos os grupos subversivos partilham o mesmo interesse: derrubar o poder instalado.

Depois viu-se quem estava preparado: o PCP, que soube logo tomar as rédeas da situação. O vosso fenómeno é o resultado da aplicação intensa de tudo quanto quanto são técnicas subversivas (já sem o refreio da censura e da polícia política) que culminou com o desastre da maioria silenciosa que é, realmente, o fruto dessa campanha subversiva: paralisar a opinião pública de modo a poder tomar o poder sem oposição.

muja disse...

E agora já estou em condições de lhe dizer em que medida as potências estrangeiras concorreram para o que aconteceu: fomentavam, pagavam e treinavam todos estes agentes subversivos, que podiam ir de estudantes, a militares, a jornalistas, etc. Cada um com o seu "combatezinho" pessoal, o seu ressentimento contra um chefe, um colega, etc.

Treinavam e dotavam uns de meios que depois traziam o conhecimento para dentro de portas. Não era precisa rede nenhuma (embora o PCP a tivesse) nem coordenação nenhuma para esse trabalho de sapa.

Depois da revolução, então, foi um ver se te avias. Os bacocos do Governo - Spínola à cabeça - nem nunca tiveram hipótese tal foi a enxurrada que desabou sobre eles, rebentados os diques anti-subversivos que eram a censura e a polícia política.

Unknown disse...

João Alves,
Achei interessante a sua referência ao Kaúlza na CM de Lourenço Marques, não se enquadra com a imagem de intransigente integracionismo que tenho dele.
Estas coisas são interessantes. Ha um memorando do MNE, da autoria de Franco Nogueira, do início dos anos 60 dirigido a Salazar, em que também são abordadas soluções não-integracionistas. Mais: defende-se a existência de províncias essenciais (Angola, Moçambique e Cabo Verde) e as outras, eventualmente "abandonáveis". O próprio Oscar Cardoso da DGS, no post do José, refere que o próprio Salazar previa como inevitável um futuro processo de independências.

Miguel D

Maria disse...

José, ainda que concordando inteiramente com a sua opinião sobre o que seria o futuro do Ultramar Português, segundo os objectivos concretos a atingir em política interna e externa a curto/médio prazo pelo Prof. Marcello Caetano, como, p.e., alterações (aliviando as restrições) ao regime vigente e abertura política às forças oposicionistas, que (pensa o José e pensa muito bem) teria M.C. genuìnamente traçado para levar à prática, como as principais linhas mestras a encetar ràpidamente para o futuro próximo do Portugal Continental e Ultramarino. Apesar de todas estas boas intenções em que acredito, não posso deixar de concordar com a visão que Mujahedin aqui expôs. A opinião dele sobre este assunto, tendo em conta o que conheço daquelas gentes (através sobretudo do muito que os meus Pais contaram aos filhos) é exactamente a minha, sem retirar uma vírgula.

Os povos africanos não queriam desligar-se de Portugal, isto era um dado adquirido. Os vários séculos que levávamos unidos para isso muito contribuíram. Tal como os portugueses europeus, aqueles povos eram polìticamente analfabetos. Conhecimentos efectivos sobre a verdadeira génese dos regimes comunistas e socialistas, haveria uma mão cheia deles se tanto e sòmente os que viviam junto às fronteiras com os países já independentes e pró-soviéticos e essas gentes doutrinadas por grupos terroristas pagos para o efeito (os mesmos que atacaram de surpresa, sanguinàriamente, populações pacíficas e indefesas Norte de Angola em 1961, populações que contràriamente ao que afirmavam e afirmam os despeitados extremistas de então e de agora, pouca ou nenhuma atenção lhes prestavam, excepto fornecer-lhes alimento quando tal lhes era exigido) a soldo dos dois internacionalismos cujos mandantes mal podiam esperar pelo dia em que pudessem deitar as garras aos nossos riquíssimos territórios africanos.

O povo português, tanto no Portugal europeu como no africano, na sua maioria, repito, pouco ou nada sabia de política ou, se sim, não se preocupava com politiquices de esquerda ou de direita (salvo algumas elites e uma parte ínfima desse povo ignorante mas não estúpido) o que lhe interessava era ver cumpridas todas as promessas e regalias que a brigada da esquerda unida lhe prometia diàriamente em catadupa. E em catadupa foi-lhe caíndo no colo parte do prometido, engenhosamente lançado como isco, a partir do qual todo o apoio aos comunismos e socialismos mais retrógados de todos os séculos, estava mais do que assegurado. A manipulação de todas as eleições a favor da esquerda desde o seu início, fez o resto. E o povo passou num repente a acreditar religiosamente nas brutas embustices dos políticos-esquerdistas-mentirosos-compulsivos que afirmavam contínua e sistemàticamente que a maioria dos portugueses não só desejava ardentemente como aprovava a mil por cento um regime socialista à la URSS para Portugal e "eles", os vigaristas consumados, para justificar a trapaça sem que povo se apercebesse, não se cansavam de proclamar que o "povo sabe o que quer e votou livremente e em consciência e por larguíssima maioria na 'esquerda democrática' para governar o país"..., isto matraqueado à exaustão, eleição após eleição... até à vitória final.
(cont.)

Maria disse...

Com que dinheiro é que a esquerda conseguiu arrastar (é o termo) para o seu lado político 3 ou 4 milhões de pessoas com a maior das facilidades e fingir que estas, que eram menos de metade da população, mas mais do que suficientes para influenciar outras tantas a seu favor, votavam de livre vontade nessa mesma esquerda levando-a a obter sempre a maioria dos votos nas eleições? Pois, com carradas de vigarices, manipulações e pulhices. Destes votantes, uns eram apolíticos e humildes acreditando em todas as patranhas e engolindo todos os discursos políticos balofos, outros sendo polìticamente mais espertos mas doentiamente invejosos dos ricos e de baixíssima formação moral, cada grupo com motivações diversas mas com finalidades comuns, todos igualmente à espera que lhes caísse no colo dinheiro a rodos para levar uma vida regalada... sem fazer nenhum. E caiu. Porém esse foi dinheiro envenenado e, cada um à sua maneira, todos os que acreditaram no engodo caíram na esparrela. Para a esquerda atingir este rápido e conclusivo final, a pergunta que se pode pôr é: onde foram os socialistas, comunistas e extremistas buscar os biliões necessários para pôr em marcha com sucesso garantido uma máquina de uma tão monumental envergadura? Eles sabiam que havia muito dinheiro no País e quantos e quais os locais exactos por onde se distribuirem para a recolha. 1º- deitar a mão depressinha aos muitos milhões do Fundo de Defesa do Ultramar; 2º- locupletarem-se com os vários milhões provenientes de "um dia de trabalho para o país" (os esquerdoides baniram, entre muitas outras, a palavra Nação do vocabulário, era fascista e todas estas eram naturalmente proibidas)"; 3º- Deitar as gananciosas e sujas manápulas às muitas toneladas em divisas e em barras d'ouro do Banco de Portugal. Tudo isto posto pelo novo regime à inteira disposição dos esquerdistas por outros esquerdistas ou mais pròpriamente por ex-direitistas envergonhados, para o respectivo saque. Esquerdistas que então ainda andavam armados em políticos sérios e muito amiguinhos do povo a quem haviam prometido pouco tempo antes querer libertar da 'tirania' e da 'opressão' salazaristas, quando em sua substituição só introduziram insegurança, violência, miséria e medo, triliões de vezes mais opressivos e tirânicos. Este saque escandaloso e obsceno ao País e aos portugueses, de dimensões inimagináveis, não só foi mais do que suficiente para levar, comprando-os, vários milhões de portugueses a acreditarem e a apostarem na via para o 'socialismo democrático' como um regime perfeitamente condicente com as suas necessidades e aspirações, como, pela sua ordem de grandeza e por comparação, teria chegado e sobejado para comprar por inteiro a dívida externa de um qualquer país de dimensão média.
(cont.)

Maria disse...

Em África os comunistas tentaram injectar a mesma doutrinação esquerdista nas populações autoctones, mas esbarraram com problemas de vária ordem. Por um lado não houve tempo para atrair as massas enganando-as com promessas falsas e menos ainda houve para a sua doutrinação martelada à exaustão. Por outro lado, os golpistas - mais conhecidos como falsos democratas e ladrões a tempo inteiro - também não o desejariam, disto há a certeza, pois não dispunham AINDA de todos os muitos biliões depositados nas instituições estatais e à guarda do Banco de Portugal, para poderem dar-se ao luxo de os distribuir pelas populações africanas. Por outro lado todos esses povos e muito menos os de Timor e Macau, não estavam mìnimamente interessados em revoluções nem em independências ou doutrinações comunistas e se as aceitaram mais tarde e contra-vontade foi à força das armas e do terror já introduzido no território, terror em que os comunistas e extremo-esquerdistas são mestres. Tanto assim era, que foi, acabando por acontecer tal e qual.

Os povos actuam por mimetismo, influenciando para bem ou para o mal um número nada despiciendo de gente tida por normal. É estranho, mas é assim. Pessoas com um nível de vida desafogado, outras muitíssimo ricas, qualquer destas por motivos de natureza psíquica, de espírito fraco ou muito influenciáveis ou com estas características de personalidade todas juntas, são capazes de mudar de atitude da noite para o dia sem razão lógica aparente, dando uma volta de 360º às suas crenças (políticas ou outras) num abrir e fechar d'olhos.
Conto só dois casos paradigmáticos (que já havia deixado em comentário anterior mas que se perdeu) como exemplos para se ter uma ideia das medidas drásticas que certas pessoas (ou pequenas multidões, para o caso em debate) aparentemente sãs de espírito, são capazes de tomar, transformando completamente as suas vidas e tudo por puro idealismo, personalidade fraca ou por simples interesseirice.

Uma filha de família muito rica, a viver numa moradia para os lados do Estoril, após o 25/4 e no auge das revolucionarites dos esquerdistas unidos, abandonou a família e passou-se d'armas e bagagens para o MRPP, doando a este partido a parte que lhe cabia por herança... O mesmo fez outro filho de família muito rica, Ary dos Santos (este terá sido por loucura?, estravagância?, carências familiares?, necessidade de afirmação?, por admiração d'outrem?) bem, mas esse...

Uma família angolana muito amiga dos meus Pais e com uma vida bastante desafogada, filhas licenciadas em Lisboa e regressadas a Angola para exercer a profissão, etc., passados uns anos após as independências estas pessoas voltaram para Portugal - já cá tinham vindo de férias frequentes vezes em anos anteriores. Um dia, passado pouco tempo de terem regressado definitivamente a Portugal (teriam medo da guerra?, dos terroristas?, da insegurança e violência no território?... e não obstante...) em amena conversa sobre política em Angola e mais precisamente em Luanda, perguntámos-lhes afinal que tal se estavam a comportar os famigerados movimentos de libertação como partidos políticos e qual era o seu preferido (eu convencida que tinham escolhido o partido mais à direita possível, inclusive o CDS, como muitos outros angolanos nossos conhecidos o fizeram), resposta: "o MPLA", isto sem hesitações. Teria sido por oportunismo? Por receio de represálias? Por medo dos terroristas (afinal todos eles comunistas como elas..., não tendo em princípio nada a temer...)? Mas porquê esta escolha política diabólica, culpada da morte de milhões de angolanos, se elas já viviam em segurança em Portugal e por cá ficaram? Absolutamente incompreensível, mas foi esta a realidade.
(cont.)

Maria disse...

(Conclusão)

Felizmente que são apenas algumas centenas ou poucos milhares de pessoas, dos muitos milhões que em cada país têm este género de opção política tão anacrónica, mesmo situando-nos naqueles tempos. Os povos, todos os povos, são por natureza conservadores, desejam apenas que os deixem viver em paz e com alegria e só a força das armas ou o terror da guerra os fazem mudar d'atitude e mesmo assim não convictamente e só em percentagem reduzida. Isto mesmo aconteceu nos ex-países sob regime soviético, como se veio a comprovar pela voz desses mesmos cidadãos em sucessivas entrevistas, após a respectiva implosão. Foi lá, foi cá e foi nos territórios africanos que foram portugueses. E era disto mesmo que a esquerda tinha plena consciência, pelo que tomou as medidas necessárias para contra-atacar à bruta quem se lhe opusesse, tratando d'excluir do jogo democrático todos os partidos ou movimentos políticos contrários à sua génese, como o têm feito em todas as democracias, mais conhecidas por farsas democráticas, que desde há décadas, para não dizer séculos, têm vindo a semear pelo mundo fora.
Os norte-americanos têm um lema em que acreditam plenamente e talvez tenham alguma razão. Dizem que "O dinheiro compra tudo". Baseada no que se passou em Portugal e nas nossas Províncias Ultramarinas, bem como em pràticamente todas as 'democracias' espalhadas pelo Globo, tendo a concordar.
A 'nossa' democracia ou mais exactamente a direcção política que ela tomou, foi comprada com muitíssimo dinheiro. Os presumíveis (poucos) milhões de pessoas que supostamente votam à esquerda e que não obstante apoiaram durante décadas e sem reservas o anterior regime, não mudaram de crenças políticas, se é que alguma vez as haviam tido, elas limitaram-se a apoiar um novo regime comandado por dois partidos esquerdistas que polìticamente lhes eram indiferentes, mas que no entanto lhes garantiam um melhor nível de vida, aumentos sucessivos de ordenado e postos de trabalho para a vida.

José, os muitos portugueses que afirma com perplexidade não compreender o porquê de terem mudado de ideologia da noite para o dia sem razão aparente, olhe que não o fizeram tanto assim. Esses portugueses não professavam ideologia coisa nenhuma. Sem quaisquer pruridos éticos nem o mínimo esforço intelectual, os tais supostos milhões d'apoiantes da esquerda instalada no poder trocaram algo que não lhes dizia nada (fidelidade ao regime anterior e ao que ele representava) por bons ordenados, emprego vitalício e protecção política - tudo fornecido pela esquerda já instalada no poleiro e, claro está, com o nosso dinheiro. Tratou-se de um negócio sujo e traidor entre corruptos e corruptores, do género: nós damos-te o dinheiro de que necessitas para viveres à larga e trabalho garantido e tu em troca terás que votar sempre no nosso partido, bem como estar presente em todas as nossas manifestações, comícios, desfiles, reuniões, protestos, contestações, etc.

O dinheiro compra tudo? Sim, compra, mas só quem não se importar de vender a alma ao Diabo nem de sofrer as consequências. É isto que andam a fazer há décadas esses supostos poucos milhões de portugueses que por oportunismo, cobiça do que não lhes pertence e inveja dos ricos e porventura também por pacto de sangue, votam sempre nos partidos socialista e comunista, precisamente os mesmos que levaram o País à falência total e grande parte dos portugueses à miséria social e à degradação física e espiritual.

O Público activista e relapso