Artigo de João Pereira Coutinho no Correio da Manhã de Domingo:
Artigo no Expresso online, de Duarte Marques:
As lideranças de esquerda na América Latina trouxeram muita esperança às populações destes países, quiseram marcar a agenda internacional, ousaram até exportar o seu modelo para outros blocos regionais, mas resultaram todos em fracasso, em escândalos de corrupção, em atropelos à democracia, e sobretudo numa grande desilusão. Em muitos destes casos resultou no agravamento das condições de vida das populações mais desfavorecidas.
O prometido sonho de Lula no Brasil, de Chavez na Venezuela, de Evo Morales na Bolívia, de Rafael Correia no Equador, ou até de Kirchner na Argentina, tinha afinal pés de barro e mãos sujas. Em sentido contrário parecem caminhar os países mais moderados e menos revolucionários como a Colômbia ou Chile. O modelo de desenvolvimento da maioria destes países, que não é diferente de Angola e outros países produtores de petróleo, assentou fortemente no “superciclo das matérias-primas” como foi apelidado pelo Miguel Monjardino na última edição do Expresso. Os seus orçamentos e políticas públicas, mais ou menos populistas, ficaram demasiado dependentes das flutuações dos preços no mercado das respectivas matérias-primas. (continua no site)
Comunicado do PCP sobre o resultado eleitoral na Venezuela:
Tendo-se realizado as eleições legislativas na República
Bolivariana da Venezuela, onde após 17 anos (e 18 actos eleitorais em
que foram derrotadas) as forças contra-revolucionárias alcançaram a
maioria dos lugares no parlamento, o PCP expressa a sua solidariedade às
forças reunidas no Grande Pólo Patriótico e, nomeadamente, ao Partido
Socialista Unido da Venezuela e ao Partido Comunista da Venezuela, com a
confiança de que as forças progressistas e revolucionárias venezuelanas
encontrarão as soluções que defendam o processo revolucionário
bolivariano e as suas históricas conquistas que tão importante
repercussão têm tido na América Latina.
O PCP salienta que estas eleições se realizaram no contexto de uma conjuntura económica particularmente desfavorável em resultado da baixa do preço do petróleo e no quadro de grandes operações de desestabilização e boicote económico dos sectores mais reaccionários venezuelanos articuladas com a ingerência do imperialismo contra a Revolução Bolivariana.
O PCP alerta para a tentativa do imperialismo utilizar os desfavoráveis resultados eleitorais na Venezuela para intensificar o seu combate aos processos de soberania e progresso social que tem subtraído o continente latino-americano ao seu domínio e apela à solidariedade com os povos e as forças progressistas e revolucionárias venezuelanas e de toda a América Latina.
O PCP salienta que estas eleições se realizaram no contexto de uma conjuntura económica particularmente desfavorável em resultado da baixa do preço do petróleo e no quadro de grandes operações de desestabilização e boicote económico dos sectores mais reaccionários venezuelanos articuladas com a ingerência do imperialismo contra a Revolução Bolivariana.
O PCP alerta para a tentativa do imperialismo utilizar os desfavoráveis resultados eleitorais na Venezuela para intensificar o seu combate aos processos de soberania e progresso social que tem subtraído o continente latino-americano ao seu domínio e apela à solidariedade com os povos e as forças progressistas e revolucionárias venezuelanas e de toda a América Latina.
Os amanhãs a cantar estão pela hora de há dezenas de anos atrás. Pararam nesse tempo e fossilizaram.
15 comentários:
A cada comunicado do partido que tenho a infelicidade de ler, fico mais convencido que se tratam de pessoas com graves problemas mentais… Este comunicado do PCP é uma coisa que não se consegue inventar. Quem vive neste século terá imensas dificuldades em fazer a ligação entre a retórica antiga do comunicado e a vida real. Têm semeado a miséria por todo o lado que passaram e conseguem continuar neste país impávidos e serenos, ninguém os incomoda e se incomodam são logo corridos a reacionários, fassistas, revanchistas e sei lá que mais. Há sempre um jornal, uma rádio ou uma tv para os receber… Que tristeza atroz… -- JRF
José
Concordo com quase tudo, mas há no PCP algo que os mantém à tona.
O objectivo de vida deles é a luta. Já abdicaram de chegar a algum lado, o que querem mesmo é a luta pela luta, a pobreza e a infelicidade, para no fim terem alguma recompensa estranha.
Os sindicatos vivem de tornar miserável a vida dos sócios, de os convencerem que o que têm nunca chega para nada.
Já nem andam pelos amanhãs que cantam, agora é mesmo pela infelicidade constante.
A coisa é parecida com os bombistas suicidas que aguardam pelas virgens, ou numa versão mais soft pelas beatas de igreja que em tudo vêm pecados e castigos (aliás, este novo Papa alinha bem por aí).
não desperdiço o meu tempo a ler estas merdas
pelo que ouvi e li a nível internacional o preço do crude vai manter-se baixo
a Arábia e Emiratos não estão interessados na subida
a China joga nas barragens e condução da energia eléctrica a altíssima tensão
no transporte marítimo e fluvial do gás natural liquefeito
na energia eólica
'façam o favor de ser felizes'
no eden social-fascista
O que me impressiona é um tal Filipe e um tal Oliveira que debita frases mecanizadas, comunistas que parecem acreditar naquela lengalenga que O Militante e o Avante emitem regularmente, como um eco do passado distante guardado em âmbar.
Os gajos batem bem da bola?
Pegando no tema que ficou em aberto.
O PNR está queimado pela sua ligação a um preso cujo nome não me recordo. Pacheco Pereira há uns largos anos chegou a comentar o caso dando a entender que tinha contornos de prisão política. O texto deve andar por aí e merece ser recordado dada a recente viragem à Esquerda de Pacheco. Curiosamente esse indivíduo mencionou uns documentos sobre uns dinheiros que estarão fora do país, e que serão daquele Pinóquio cujo nome não pode ser dito.
A FN em parte conseguiu este resultado eleitoral porque se desligou do discurso de Le Pen. Moderou-se. Distanciou-se, de certa forma refundou-se e curiosamente até está a captar o voto de parte da Esquerda.
Mas em Portugal um programa como o da FN não vingará. Nós não precisamos de copiar os franceses. Temos que criar um modelo adaptado à nossa realidade cultural e ao mundo actual, sempre com um olho no futuro, como fazem os anglo-saxónicos. Salazar e Marcelos tentaram compreender a essência do povo e da sua História e criaram um modelo que no seu tempo foi um sucesso pois garantiu um crescimento económico nunca visto desde os finais do século XVIII e uma redução brutal da dívida externa do país. Esta é a realidade dos números e dos factos que os programas escolares, a comunicação social e alguns historiadores tentam encobrir.
Manuel Monteiro tentou um projecto partidário de Direita que não vingou e em parte compreende-se. Sonhava com o Portugal de Minho a Timor. Ora esse Portugal morreu e parte da Direita não fez o luto do fim do Império nem do fim da Monarquia. E é urgente que o faça para podermos discutir o presente e o futuro.
«pelo que ouvi e li a nível internacional o preço do crude vai manter-se baixo»
Portugal está a perder uma oportunidade única de baixar a dívida e crescer algo que se veja. Não estamos a tirar nenhum partido da baixa dos preços do crude. As reformas pararam com a saída de Vítor Gaspar e Álvaro dos Santos Pereira. 2015 está perdido por causa das eleições. 2016 perdido está pois nada de bom virá deste Governo. 2017 irá arrastado por 2016, para a fossa. E assim vão duas décadas perdidas. Os espanhóis e os irlandeses lá vão fazendo o seu caminho...
A questão é outra: há quarenta anos haveria alguém que batesse bem da bola? Porque muito boa (salvo seja) gente aderiu a isto e escrevia assim e também assim falava, presumivelmente.
Alguém havia de fazer uma análise psico-sociológica deste fenómeno: o que leva pessoas a cair num tal estado de alienação que encontram sentido em semelhante retórica? E que género de pessoas são? Qual é a sua proveniência social, a idade, etc?
«E que género de pessoas são? Qual é a sua proveniência social, a idade, etc?»
Muitos vêm da pequena burguesia. E a Esquerda é a expressão da revolta contra a autoridade. A primeira revolta é contra a autoridade do pai e da mãe. Depois contra a autoridade do professor, do padre, e por aí acima. Mas a vocação partidária também é uma via de expressão do pecado inveja. É esta a minha teoria depois de ler várias entrevistas de gentes de Esquerda criadas no Estado Novo.
A Esquerda, parece-me, sai da pequena burguesia e do funcionalismo.
Os pequenos proprietários rurais costumam votar PSD. Os grandes PSD ou CDS. Para a Esquerda vão filhos e netos de donos de mercearias, cafés, lojas, pequenas indústrias...
Seriam necessários mais dados para ter certezas.
Há o efeito do "pergaminho de família".Esses podem ser até da média-alta burguesia que transmitem aquilo como se fosse uma relíquia que dá status.
Zephyrus, não se iluda.
A FN começou a capturar o voto à esquerda por causa de Le Pen pai. E até o voto dos muçulmanos. É necessário não esquecer que uma parte importante da classe média francesa conservadora é composta de muçulmanos, que ainda preservam certos preceitos e tradições mais em menos em linha com as nossas. Essa gente, se não está plenamente integrada, está-o em grande parte, pelo menos em termos funcionais; isto é (hoje em dia), económicos - são os filhos desses que não estão e são a islamo-racaille educada pela educação socialista "nique la France", e que são o pasto para os tais radicalizadores islâmicos que só têm que doutrinar superficialmente porque o resto já lá está incluindo a vontade de fazer tropelias.
O discurso de Le Pen começou a apelar a essas pessoas de classe média-baixa à medida que se iam apercebendo da fraude do discurso socialista (e da esquerda no geral) pró-imigração e do anti-racismo de exploração política e das verdaeiras consequências da política económica mundialista por detrás de tudo isso e da qual o PS francês é o principal agente.
Os desenvolvimentos recentes têm outra explicação: a FN está a ter espaço mediático em troca de fazer o sale boulot de atacar os muçulmanos, provavelmente com o fito de desviar a atenção da crise económica para o conflito de civilizações.
Farão o que os outros não querem fazer, seja lá isso o que for; e depois servirão de bode expiatório para eventuais excessos, reais ou imaginados, que possam surgir.
Naturalmente, quem manda na FN deve ter outros planos. Veremos quem leva a melhor. Mas o que fizeram a Le Pen pai não augura nada de bom...
A minha opinião é a de que não deviam hostilizar os muçulmanos e deviam mesmo fazer um esforço para doutrinar e recrutar entre eles. Não é possível endireitar aquele país sem a cooperação daquilo que é uma larga fatia da população. E há muçulmanos patriotas.
Pois, a mim parece-me uma espécie de perpétuo adolescentismo. E isso vai em linha com o Vs. dizem: permanente revolta contra tudo, ambiente mais ou menos privilegiado que permite a não-passagem à idade adulta indefinidamente.
E repare-se que tal coisa não acabou, antes pelo contrário: hoje foi elegida em culto. O culto da adolescência é hoje ubíquo na sociedade ocidental, senão é mesmo a sua essência.
Nada há de mais manipulável, seja para o que for, do que um adolescente...
«Pois, a mim parece-me uma espécie de perpétuo adolescentismo. E isso vai em linha com o Vs. dizem: permanente revolta contra tudo, ambiente mais ou menos privilegiado que permite a não-passagem à idade adulta indefinidamente.
E repare-se que tal coisa não acabou, antes pelo contrário: hoje foi elegida em culto. O culto da adolescência é hoje ubíquo na sociedade ocidental, senão é mesmo a sua essência.
Nada há de mais manipulável, seja para o que for, do que um adolescente...»
Pois é isso mesmo que eu penso.
E é algo contra-natura pois pegando nas alegoria das idades dos Antigos deveríamos chegar a velhos na idade de Saturno: conservadores, austeros, justos. A Esquerda por definição na sua essência é a revolta contra a Natureza. Isto é profundo e nem tenho capacidade intelectual para justificar esta posição, deixo isso para algum filósofo de Direita que não temos, mas que a França por exemplo tem. O António José Saraiva há semanas escreveu um artigo sobre duas personagens que viraram à Esquerda na velhice, ora imaginem quem são...
Pessoas como a Maria Filomena Mónica não fizeram nunca o luto da adolescência e a revolta contra a autoridade continua depois dos 60. E isto em comum em Portugal nesta geração.
«Há o efeito do "pergaminho de família".Esses podem ser até da média-alta burguesia que transmitem aquilo como se fosse uma relíquia que dá status.»
Muitos já estão no funcionalismo desde a guerra civil, desde a vitória dos liberais. Instalaram-se nessa época e foram ficando até hoje... esta endogamia tem sido discutida em Espanha e Itália, porque está a causar danos às instituições, especialmente as universitárias. Mas por cá, alguém toca no assunto? Boa parte do espaço mediático foi ocupado por comentadores onde deveriam estar bons jornalistas.
Estava mesmo a pensar em famílias comunistas. É pergaminho à conta do mito do "anti-facismo".
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