Morreu o músico Ray Thomas, um dos fundadores dos Moody Blues, grupo inglês cuja música no final dos anos sessenta, há 50 nos, era muito apreciada por cá, por quem gostava de música de "qualidade".
No Em Órbita da altura, programa de rádio especialmente dedicado a essa música, quase toda de proveniência anglo-saxónica, fazia-se no fim do ano uma votação para escolha dos discos mais importantes e em 1968 esse disco foi o segundo LP dos Moody Blues, In Search of the last chord.
A revista Cine Disco nº 5, de Fevereiro de 1969 mostrava como foi:
Por essa altura ainda não conhecia o grupo e só mais tarde já em plena década de setenta ouvi, com ouvidos adequados, as músicas do grupo que não se resumiam a Nights in White Satin ( de Justin Hayward) , de 1967.
A sequência iniciada por aquele disco de 1968 é impressionante porque essa meia dúzia de discos são todos de grande qualidade e ouvem-se de fio a pavio sem esforço nenhum, antes com um prazer musical bem sustentado.
Em 3 de Setembro de 1971 a Flama publicava estas duas páginas e lembro-me disso não me suscitar grande interesse. Nessa altura gostava mais de ouvir Mungo Jerry ou Rolling Stones ( Sticky Fingers) do que Moody Blues.
Porém, em 1972 saiu o disco que culminou essa sequência, Seventh Sojourn, e que continha várias músicas que davam para ouvir na "discoteca" ( loja de discos) local, em condições de alta fidelidade. A melodiosa e romântica For My Lady,( pode ouvir-se aqui) cantada por Ray Thomas ( e também da sua autoria) a par de Isn´t life strange ( de John Lodge) apanharam-me na curva romântica da adolescência e fiquei fã dos Moody, para sempre.
Depois disso gostei outra vez do disco Octave, de 1978 que tem Driftwood, uma pérola de Justin Hayward, talvez o melhor músico da banda. E fui conhecer os discos antigos que ainda não tinha ouvido.
Ray Thomas é o autor de Dr. Livingstone, i presume e Legend of a mind, daquele In Search, de 1968; de Dear Diary, Lazy Day, do album de 1969, On the threshold of a dream,; de Floating, e Eternity Road, do album também de 1969, To our childrens Children, ; de And the tide rushes in do álbum de 1970 A question of Balance; de Our Guessing game e Nice to be here, do álbum de 1971 Every Good boy deserves Favour e de outras em co-autoria com os restantes músicos da banda.
Em 1975 e 76 Ray Thomas publicou dois discos a solo, sem grande relevo comparados com aqueles.
Aquelas músicas, por si só, valem o reconhecimento de Ray Thomas, para a vida.
17 comentários:
Caro José. Boa noite.
Excelente post, a lembrar muito boa música ligeira de décadas atrás. António Cabral
Eu lembro-me de ser muito novo e de ouvir as músicas que o José gosta e vai apresentando . Depois apareceu o António Sérgio e o som da frente e nunca mais olhei para trás, se bem que hoje sou deveras eclético e junto jazz, música clássica e outras coisas. Mas este tipo de música não consigo gostar… acho datada, na falta de melhor palavra. Deve ser isto a que chamam o fosso de gerações.
Agora em vésperas de mudar de casa, estou finalmente a assumir a música como um hobby sério. Tenho investido bastante em discos e em breve devo comprar umas colunas Dynaudio (super-boas, dinamarquesas). E fica a faltar o gira-discos que provavelmente será Clearaudio, desisti do Technics — que por falar nisso apresentou o último na CES esta semana, $10.000. E para braço e base, outros $10.000. Está certo! O Clearaudio é capaz de me custar 6k ou mais e já tenho de negar perante a família…
Clearaudio? Alemão, com boas referências mas nunca ouvi.
Faça uma experiência: vá ao youtube e digite VPI scout dynavector 10x5 e ouça o que lhe apresentarem em 1080hd.
Depois tente ouvir o tal Clearaudio..
Se tiver um dac decente vai ouvir a diferença. A mim, o VPI convenceu-me ao ouvir os temas de Donald Fagen do disco The Nightfly. Tenho o original, gravado em dsd e mesmo assim o som que ouço no youtube, colocado por um curioso, não fica nada atrás.
6k por um gira-discos é mais que suficiente,até demais, acho. Além disso o gira-discos é também o braço e a cabeça de leitura.
Aqui há dois anos numa feira de discos de vinil no Regueirão dos Anjos falei com um dos peritos da nossa praça em hi-fi e que estava lá a apresentar uns amplificadores a válvulas da sua construção.
Tinha lá um Thorens 124, antigo, para mostra, mas disse-me que o melhor gira-discos que ouviu foi um Pioneer PL 850 ou coisa parecida. Não fixei bem. Acho que era um de tracção directa.
Fiquei curioso e a pensar que afinal é preciso ouvir antes de comprar.
Ouvi dizer que o Michel Gyro Dec é um bom gira-discos. E não custa 6k. Provavelmente acoplado a um amplificador da Prima Luna a válvulas, será ainda melhor.
O gyrodec estava na minha lista, gosto imenso dele. O Steve Jobs tinha um e apareceu no filme Laranja Mecânica. E gosto sempre de ideias que perduram, mas… tem tweaks e afinações e não estou para isso.
Technics 1200G, desisti porque além de custar 4k, não vem com agulha, ou seja eu teria numa primeira fase de passar um tempo excruciante a tentar decidir qual a agulha + li uma crítica ao gira-discos e é superlativo em praticamente tudo, estabilidade da velocidade por exemplo, pode haver outros iguais para os 50k ou assim; mas, a agulha utilizada custa 7k, só o tapete que o indivíduo utilizou custa 500€, assim não é possível.
Clearaudi just works e gosto disso. E fabricam tudo.
Quanto ao ouvir, no Youtube para mim não resulta, não tenho qualquer tipo de meios que torne a experiência significativa.
Ouvir ao vivo aquilo que tenho na cabeça, por cá, é como na jardinagem fazer listas de plantas, ninguém as tem. Mando vir de fora quando é possível. A minha esperança é que a este nível tudo é bom — mas é verdade que o ouvido e o gosto de cada um influenciam imenso. Mas não havendo uma panóplia para comparar, nada feito..
Há pouco descobri uma casa de hifi em Vila do Conde. Já lá comprei colunas Q Acoustics para cinema em casa e vou lá comprar o que puder. Tem boas condições e bom equipamento. Ouvi lá com o meu amplificador e pré, três modelos de Dynaudio; o gira-discos era Avid e o amplificador phono não me lembro mas lembro-me dos 2.500€ que custava. Eu sei que colunas queria gostar mais e quais as que realmente gostei. Mas chego a casa e a sala é completamente diferente. Cheguei a acordo para comprar e trocar passado duas semanas se não resultasse (e a questão é colunas de pé ou monitoras com suporte).
Ligamos o Avid ao meu phono e a diferença foi audível para pior (felizmente uma peça de 2.500€ faz diferença). Uma coisa que me surpreendeu totalmente foi ligar o amplificador ao pior cabo de corrente da casa (entregue com um equipamento qualquer) e comparar com o melhor — temo ter ouvido notórias diferenças. Nunca me acreditei que o cabo de corrente fizesse diferença e apesar de saber o que ouvi, continuo a não perceber exactamente porquê.
Neste momento, as Q Acoustics estão provisoriamente a tocar e apesar de ainda modesto nunca tive melhor som em casa. Superam as B&W que tenho. Estou expectante relativamente ao que irei conseguir e ando entretido (porque já tinha pouco com que me entreter, o quintal está a urtigas!).
Ah! Isso de descobrir as sonoridades e diferenças é empolgante. Quando descubro algo que me encanta fico satisfeito por uns tempos.
A experiência sonora mais memorável que tenho presente ocorreu há mais de trinta anos, na antiga discoteca Santo António, no Porto.
Entrei para ver e ouvi a tocar umas colunas B&W da série 800, a melhor da altura. Ou seriam umas KEF? Já nem sei bem, mas os amplificadores eram da Nikko. Não sei qual o modelo mas já andei na Net a procurar modelos de referência, dessa época e acho que sei qual era.
O que tinha então o som de especial? Pois, era aquele som que se assemelha ao que ouvimos quando alguém está a tocar ao vivo, ali mesmo: tudo audível e timbres perfeitos e equilibrados.
Há outra experiência que me seduz: comparar a sonoridade de discos de vinil.
Há um disco que tenho para comparação: Tonight´s the night de Neil Young, um cromo raro de encontrar na versão original americana, da Reprise com rótulo todo preto e inscrições na banda morta do Lp a dizer, Hello Waterface, manuscrito a estilete.
Tenho esse disco e comparo-o com a versão alemã, original e posterior ( com código de barras) e tenho a versão de duas canções desse disco na compilação Decade e ainda a nova versão, do ano passado, supervisionada por Neil Young na série Archives e em prensagem alemã.
Pois a minha surpresa é a versão dessa compilação ser a melhor de todas.
E porque é a melhor? Porque o som é mais equilibrado e suave, mas distendido e repousante. Parece mais uma vaga de onda de mar no refluxo sonoro depois de quebrar na praia, enquanto que as outras parecem a onda ainda a fazer-se.
É a melhor comparação que agora encontrei.
Não sei explicar a razão de tal uma vez que a versão original em prensagem de época dizem ser garantidamente a melhor.
Resultado: assim que encontrar outro exemplar da mesma versão vou comprar para comparar.
Esta loucura não se explica...
Hehe… eu também gosto de levar a sério os meus hobbys. E é isso mesmo, empolgante.
Ah lembrei-me de outra coisa… quando se testou o tal cabo de corrente, foi com um CD que conheço bem que é o segundo álbum dos Cowboy Junkies - The Trinity Session que comprei em vinil em 1988. Posteriormente em CD (e sei que há uma nova edição em vinil). Foi por coincidência que o senhor da loja escolheu esse.
Não sei se sabe da história, mas é um disco gravado numa igreja de Toronto, com um único microfone e um DAT. Conclusão, lá estava eu a ver (ouvir) se detectava as diferenças entre cabos de corrente, quando na primeira música ouvia um ruído que não era nada familiar. Comecei a concentrar-me nisso e concluí que acho que é um comboio a passar ao longe. Cheguei a casa, zás, peguei no meu CD e tentei ouvir o comboio. E zero. Não ouvi nada.
Não peguei nada no CD, foi no vinil. O CD anda algures!
Em 1988 a música pop/rock estava acabada, para mim. Incluindo esses Junkies.
Até os REM cujo disco Automatic for the people tenho em dvd-a, não me seduz.
Isso dos cabos pode ser interessante até porque há quem os isole do chão com pequenos tacos de madeira...e li numa Stereophile, recentemente, um dos malucos audiófilos a dizer que uma vez testou um equipamento e não lhe soava como esperava até descobrir que faltava um desses tacos. Um só! Depois, já estava tudo ok...
Ando a ouvir T.Rex. Electric Warrior, The Slider e Bolan Boogie.
Na altura ( 1970-72) nunca ouvia os êxitos que lançavam porque não apanhava os discos e o rádio não passava a tempo de ouvir. Lia nos jornais o hit parade ( Telegram Sam, Hot Love, Jeepster, etc) e ficava sempre frustrado por não conhecer o que afinal lá fora era êxito nº1.
Aconteceu o mesmo com o single de Paul MacCartney Uncle Albert/Admiral Halsey que foi número um em 1971 e só ouvi muitos anos depois, em colectâneas de cd.
Foi por isso que passei os anos a seguir aos oitenta a descobrir a música que só conhecia de cor, de ler.
E eram muitos discos. Por exemplo os dos Moody Blues, antigos que são uma maravilha de melodias e composições. Ou os Procol Harum.
Andei anos e anos à espera de encontrar um disco de David Crosby e Graham Nash, da Atlantic que tem Southbound train que ouvi no rádio da época e me ficou no ouvido. Só nos anos noventa foi lançado o cd.
E há inúmeros exemplos desses. Os Beach Boys de California Saga/Big Sur do disco Holland que é de 1973 e nunca mais ouvi até aos anos 2000.
E Midnight at the oasis de Maria Muldaur que me lembro de ouvir na Página Um, em 1974 e que só voltei a ouvir nos anos 2000.
E Joan Armatrading do primeiro disco a solo, de 1976 que só voltei a ouvir muitos anos mais tarde.
E Gary Shearston com i get a kick out of you, um single de 1974. E ainda I´ll play for you dos Seal´s and Crofts do mesmo ano.
E todos os discos de Cat Stevens de que ouvi apenas algumas músicas quando sairam.
O mesmo de Paul Simon. E mesmo os Beatles. Quanto aos Stones, idem embora os primeiros discos ainda nem sequer os ouvi todos.
Em 1976 ouvi Taiguara de Imyra Tayra Ipy e só descansei quando ouvi novamente o disco original já nos anos 2000.
O mesmo se passou com Milton Nascimento, Joge Ben e a maior parte da música francesa.
Portanto ainda tenho muita música em reserva para me preocupar com o que se passou a seguir aos oitenta.
Em cerca de 2000 discos Lp há ainda muito por descobrir e voltar a ouvir.
Não preciso do que veio depois.
Enquanto escrevo isto já passaram quase todas as músicas do álbum branco dos Beatles, edição mono original uk.
Ouço no meu Fiio X5II com os auscultadores Sennheiser IE 800 ( in ear) para não aborrecer ninguém com os meus gostos musicais.
Hmmm… digamos que me acontecia o mesmo, mas 10-15 anos depois. E acontecia. Mas ultimamente gosto bastante mesmo da música que se faz hoje ainda no género/temática "som da frente" e comecei a ficar farto de muitos dos meus "discos de sempre". Então, ouço o que veio depois — claro que volto a muitos, mas já não como antes (por falar nisso vou comprar os dois primeiros vinis (1988 e 1991) My Bloody Valentine "cut" totalmente analógico que sairão este mês). Tenho a versão original, portanto já estou como o José nas comparações e em busca do melhor.
Eu LPs tenho uns 350, 250 dos quais comprados depois da anunciada morte do vinil — é caro e quando era novo não tinha dinheiro. Portanto ainda me falta um bocado para os 2.000; CDs uns 1.100; Downloads talvez 100 e centenas de músicas soltas de álbuns e bandas que não me interessa mais nada; SACD dois inteirinhos.
No iTunes tenho 21.876 músicas… que inclui alguma pouca pirataria, principalmente bootlegs e coisas que não arranjei de outra forma.
Não sei onde vou buscar vida para ouvir isto tudo.
Não gosto nada de ouvir com auscultadores, cansa-me. Tenho uns B&O H6 e também uns Sennheiser (não sei agora o modelo) baratos mas muito bons (in ear também).
E enquanto escrevi isto rodou parte do CD Throwing Muses homónimo de 2003. Talvez não seja 10-15 anos, mas mais uns 25-30 anos o nosso fosso. :)
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