sexta-feira, setembro 24, 2010

O jornalismo inócuo, insípido e inodoro da TVI de Magalhães

O jornalista Júlio Magalhães, director de informação da TVI deu ontem uma entrevista ao i.
O título é significativo: "Estou um bocado desiludido com o jornalismo", diz. Mas acha que a informaçãpo da TVI, actualmente, está "mais equilibrada" do que antes, no tempo de Manuela Moura Guedes e o seu Jornal de Sexta que aterrorizava os poderes do governo que está.
Por isso mesmo, o jornalista desiludido acha que a coisa está melhor assim, mais pacificada, inodora e insípida.
E sobre o jornalismo, o que diz Magalhães? Ora, que é coisa que hoje "se faz à conta de fontes e amigos: hoje o jornalista quase não tem de investigar." Talvez seja melhor repetir isso ao Conselho Deontológico de César...

Pois é. Deve ser por isso que este desiludido do jornalismo acha que o Jornal de Sexta era coisa para "serenar", "pacificar". Investigação sim, mas nem tanta! E o jornalismo nem precisa disso, pelos vistos: "os políticos hoje têm uma porta de acesso tão fácil aos jornalistas que é quase comos e fossem da casa, amigos." Esta é outra que deve dizer ao presidente do Conselho Deontológico...

Por isso resta dizer que com jornalistas destes e a dirigirem informação televisiva, os políticos que mandam em nós, fazem leis, administram a coisa pública e gastam o Orçamento que organizam, podem todos dormir o sono dos justos. Não é por aí que serão incomodados. Estes Magalhães são a sua melhor garantia de sossego e paz. E por isso mesmo são esses os jornalistas "responsáveis".

O jornalismo , para eles, não é contra-poder algum ou algo que se aparente a tal, mas parte integrante do poder que está e que lhes garante a vidinha. Aquela de que falava o O´Neill.

13 comentários:

joserui disse...

Aterrorizava, não exageremos... era uma espécie de mosca na sopa, no máximo.
Mesmo fraco, o jornalismo já publicou incontáveis artigos que em qualquer país civilizado teriam consequências. Isto na minha opinião é mais grave que o simples calar opiniões. Quanto mais se fala, menos acontece e mais normal se torna e aparenta. E aí anda o indivíduo, nas calmas, a viver a fantasia e sonho de uma vida de expedientes, à custa do nosso país e de nós. -- JRF

Fernando Torres disse...

Os "Magalhães" são uma espécie de virús. Até já chegaram às escolas...

Ruvasa disse...

Ora aí está como o homem se definiu e já nem era preciso porque todos sabíamos o que dali consegue vir e o que não vem mesmo.

Autêntico yesman travestido de jornalista.

Com estes jornalistas "magalhânicos" Richard Nixon teria sido glorificado em vida e perpetuado no cargo, tal como está a acontecer a Sócrates que, afinal, faz coisas bem mais feias em qualidade e número e, no entanto...

VR disse...

É o chamado "jornalismo" de empresa. Uma merda, enfim...

e-ko disse...

o jornalismo não é o que pretende o Magalhães nem o que praticava a Moura Guedes... inóquos por excesso de sound bites sem investigação séria a apoiar o que se transmite e por falta de assertividade no que deveria ser o serviço "público" de informar...

só temos mau jornalismo e alforrecas como jornalistas, mesmo que algumas provoquem picadas dolorosas... ah, e a vidinha... quem não quer uma?!...

para quando, um Plenel e um Mediapart, em Portugal?

e-ko disse...

não corrigi o meu texto anterior e vai um inóquo despropositado.

já agora, enquanto os nossos médias dependerem de empresas para existir, não haverá esperança para vermos outra espécie de jornalismo... e daí o apelo a um Mediapart independente.

josé disse...

O Plenel e a Mediapart ( e já agora, a Marianne)sao exemplos de jornalismo tipo Moura Guedes. Vão ao sumo dos assuntos. Mesmo com enganos, dão notícias que incomodam verdadeiramente o poder.

É preciso ler o que dizem os apaniguados de Sarkozy desses media para entender o paralelo com o Jornal de Sexta e o jornalismo de Moura Guedes: factos. Só que contados de modo a incomodar o poder e de um modo que permite a este defender-se com arremesso de argumentos subjectivos e ad hominem ( neste caso ad mulieribus).

O engraçado é ver toda a gente a embarcar nesses argumentos subjectivos e desprezíveis a meu ver.

e-ko disse...

José,

desculpe, mas comparar o Marianne e o Mediapart ao jornal de sexta da TVI, e, já agora, o JFKann e o Plenel à Moura Guedes, é um insulto para esses médias jornalistas franceses de alto gabarito...

josé disse...

De alto gabarito, concordo. Mas vá ler o que dizem os apaniguados do Sarkozy, deles...e depois compare com o que dizem da MMG por cá.

Evidentemente que o Plenel, como antigo director do Monde é outra loiça. o JF Khan que leio há décadas ( desde o L´Évenement du Jeudi que tenho e guardo e desde o primeiro número da Marianne que tenho e guardo) também.

Mas comparo jornalismo e não pessoas.

e-ko disse...

mas, José, não eram só os apaniguados do PS ou do Sócrates que se manifestaram contra o jornalismo de Moura Guedes e do jornal da sexta da TVI... mas foram confundidos na amálgama... enquanto que em França, são mesmo só os do Sarkozy, porque até no UMP há quem seja muito crítico em relação às políticas e aos métodos do homem.

Unknown disse...

E desde quando é que a Marianne é exemplo? Jean-François Kahn tem um passado notável de jornalista fura-vidas mas sobretudo tem um presente igual ao daqueles que critica. Não suportou a verrina dos comentadores do seu blog e fechou-o. Como a vida é dura, Kahn e a sua, sim, ainda sua, Marianne dedica-lhe 14 páginas ao seu livro. Tudo em família e tudo de bom para o tigre de papel Kahn. Quanto ao jornalismo que observa o poder também podemos conversar sobre as interessantes ligações de Kahn ao poder.

josé disse...

E o Plenel?

josé disse...

A Marianne fez uma capa recentemente com um título polémico ( no mínimo) referido a Sarkozy.

"Le voyou de la Republique". Voilà!

Por cá, algum Expresso, Sábado, Visão ou mesmo Sol se atreveriam a tanto?

O Público activista e relapso