O que se torna aterrador nesta publicação e neste artigo é descobrir que os hediondos crimes contra a Humanidade cometidos por Mao e Estaline já eram conhecidos no tempo em que Tadeu e outros só juravam por um regime idêntico ao que provocou estas tragédias contra a Humanidade.
Nada então os demoveu porque achavam que era tudo propaganda do Ocidente contra o comunismo que adoravam e que se algum facto do género tivesse acontecido ficava por conta dos "excessos" das revoluções, neste caso contra a burguesia. E assim aplacavam qualquer prurido de consciência e de inteligência borbulhante naqueles neurónios virados a Leste.
Passados estes anos, o quociente de inteleigência que demonstram é o mesmo porque tal nunca muda.
Talvez por isso temos ainda no nosso parlamento os representantes directos desta ideologia do terror que não tem qualquer comparação com o "fassismo" que imputam ao regime do Estado Novo mas a quem associam as piores barbaridades em reflexo dos tempos em que os seus camaradas passaram na prisão. Por actividades subversivas que se associavam a pretenderem implantar em Portugal um regime semelhante a este que agora se denuncia.
A inteligência desta gente não lhes permite raciocinar e fazer o paralelo e principalmente o exercício de arrependimento pela estupidez ou maldade consentida. São incapazes de tal coisa e no entanto julgam-se os mais sábios. Muito superiores à "direita"...
Ler o seu livro autobiográfico " E tudo era possível", publicado recentemente, é uma viagem no tempo aos fenómenos que ocorreram imediatamente antes e depois de 25 de Abril de 1974 e porque nos tornamos um país de bancarrota e sem destino à vista.
No livro aparecem, bem visíveis, as provas sobre a influência mediática da Esquerda no panorama nacional, político e intelectual que perdura nos dias de hoje e influencia os debates públicos e as decisões do tribunal Constitucional.
Os nomes citados e os episódios narrados valem bem as poucas horas de leitura das suas quase trezentas páginas, muito suaves e com escrita jornalística banal. Não percebo como este indivíduo chegou onde chegou, mas o livro ajuda a entender.
JJL foi comunista logo a seguir ao 25 de Abril. Do PCP, entenda-se e avesso por isso mesmo ao "esquerdismo" que era para os seus militantes uma "doença infantil do comunismo". O socialismo verdadeiro e sério, adulto portanto, era aquele que se retrata no artigo supra citado. Um socialismo real e com métodos eficazes de combate à burguesia e à "reacção".
JJL com o passar dos anos foi desanuviando a inteligência das peias atávicas e lá entendeu, já no final dos anos setenta que alguma coisa não batia certo naquela ideologia em prática nos países que visitava e que supostamente seriam modelos para nós e para isso lutaram contra o "fassismo", tendo sido presos por tal façanha. Lamentam-se sempre muito dessas prisões sem pensarem um momento só que a lógica política e revolucionária que seguiam não lhes poderia assegurar outro destino, mesmo legalmente. O que aliás inflingeriam aos adversários se a situação política se alterasse a seu favor. Tal esteve quase a ocorrer em finais de 1974 e nem a arbitrariedade das prisões seguidas aos acontecimentos de 28 de Setembro de 1974 lhes esclarece o bestunto sobre tal lógica. Essas prisões, arbitrárias, sem mandados, sem culpa formada de espécie alguma, sem resquícios da mais leve legalidade, não os incomodam minimamente porque os presos eram "fassistas" e contra o "fassismo" lutavam eles e eram os arautos dessa nova legitimidade que se recusavam a reconhecer a quem os prendeu. Enfim, sobre a inteligência destas lógicas estamos entendidos.
JJL, para mostrar o desencanto com o "modelo", que intitula como " o secreto adeus à utopia", uma confissão de um arrependimento postiço porque nunca verdadeiramente interiorizado como o reconhecimento de uma estupidez de pensamento ( ao contrário de um José Luis Saldanha Sanches que assim considerou publicamente), conta alguns episódios pessoais ( parece que só assim aprendem...) e relata um deles quando efectuou uma viagem a Angola, em Maio de 1978, em plena guerra civil que os comunistas quiseram e JJL apoiou ( e mostra como, no livro) e que matou millhares de angolanos durante anos a fio, mais dos que durou a chamada por eles "guerra colonial". Nem isso os afecta, na tal inteligência. A guerra civil contra o imperialismo de Savimbi e outras forças tinha o apoio dos comunistas portugueses, claro está. A democracia que defendem é mesmo essa.
Para além desse episódio muito edificante sobre o comportamente dos comunistas cubanos em Luanda, há o relato de fenómenos que JJL observou in loco, em Moscovo, em finais de 1979 ( altura em que o ídolo Álvaro Cunhal jurava que o advento da AD seria o regresso do "fassismo"). Fica aqui porque é triste verificar como as pessoas pensam e actuam depois, em conformidade e principalmente como é que se tornam incapazes de alterar o seu percurso político mesmo sabendo que estão erradas e que o que defendem é um logro, um embuste e um crime, no fim de contas porque tinham obrigação de saber que o que Estaline fizera não diferia em muito do que Hitler tinha feito. Que justificação arranjavam então para reciclarem a inteligência? Os "excessos", os "desvios" à pureza do ideal e pronto, ficava tudo sossegado. Tal como a Igreja Catolica tem a Confisssão e o Arrependimento como acto redentor, assim a ideologia comunista arranja correcções programáticas em congressos para reciclar os erros e continuar na mesma senda.
Apesar disto que JJL soube na época tal não foi suficiente para alterar o rumo ideológico. Ao longo dos anos os "antifassistas" e comunistas continuaram a ser os preferidos intelectualmente, apesar de defenderem precisamente as ideias que conduziam directamente àqueles resultados perversos que só eles não viam porque não queriam ver. Não há cego pior do que aquele que não quer ver e esse é o melhor aforismo que se lhes aplica. Um verdadeiro manual da cegueira, estes comportamentos dos comunistas portugueses que perdura até à hora actual. Os Jerónimos, Bernardinos e Filipes, muito democratas no parlamento, rapidamente deixariam de o ser, com os melhores pretextos e justificações se a ocasião se proporcionasse e ao longo das décadas esperam por tal momento como a vinda de um messias em que não acreditam. Os portugueses fazem de conta que eles são democratas e eles lá vao continuando a fazer de conta que paralmentam democraticamente.
Precisamente em 1975 um jornalista americano do New Yor Times, Hedrick Smith ( que colaborou na equipa que denunciou a Administração americana em 1971 por causa dos "documentos do Pentágono", publicou um livro simplesmente intitulado "Os Russos".
Nesse livro publicado entre nós em 1977, pela Europa-América ( Lyon de Castro, maçónico do PS) relatam-se dezenas ou centenas de episódios do genero relatado por JJL. Este tomou certamente conhecimento deste livro, na época.
Os comunistas e jornalistas de então desvalorizaram o livro considerando-o um elemento da propaganda anti-comunista...e assim arrumaram o assunto para os alfarrabistas.
Tal como JJL escreve no seu livro eles sabiam destas coisas porque liam; mas desvalorizavam imediatamente, relegando-as para a irrelevância da propaganda e sobrevalorizando os ideiais incorruptos da utopia que só muito mais tarde reconheceram, os que o reconheceram.
Como se vê, o PCP actual continua a pugnar pelas mesmíssimas ideias e princípios que foram abandonados quase em todo o lado, menos por aqui.
Porquê?
E porque é que a denúncia destas barbaridades, desta impostura gigantesta e destes crimes contra a Humanidade encontram ainda hoje, em Portugal, um biombo de cumplicidades "fraternas" que se misturam com amizades passadas e que impedem o esclarecimento de todo um povo?
Porque é que os antigos comunistas, mesmo os que "apostataram", como Vital Moreira ou este José Jorge Letria, continuam sempre com a mentalidade antiga da "camaradagem" ideológica que não os afasta desta peste negra e os reconduz sempre ao redil ideológico de uma esquerda falida e os denuncia pontualmente como arrependidos apenas na fachada, tal como os cristãos-novos do século dezasseis que faziam alheiras com carne de frango?
O que subsiste na inteligência destas pessoas para assim procederem? Acho que sei: o amor assolapado a uma "igualdade" que no fundo de si mesmos nunca praticaram porque nunca a sentiram quando foram amamentados.
E tal é um drama psicológico digno de um autor. Mas daqueles a sério. Um Lobo Antunes, por exemplo... se não fosse como eles.
11 comentários:
Enganam-se os que pensam que o comunismo está morto e enterrado. Nada mais falso. Se o marxismo económico morreu, o marxismo cultural está mais vivo do que nunca e disseminou-se como um vírus em todos os estratos da sociedade universal.
Muito haveria a dizer sobre o marxismo cultural ou “gramsciano” que vai penetrando lentamente nas mentes sob a forma do “politicamente correcto”. Em poucas décadas, o marxismo cultural tornou-se a única força organizada à escala planetária com influência em múltiplos sectores das sociedades e tradicionais meios de comunicação de massas – televisão e imprensa e nas redes sociais onde se dissemina de forma vertiginosa.
O “politicamente correcto”, é marxismo com tudo o que esta ideologia tem de nefasto: perda de liberdade de expressão, polícia do pensamento, inversão da ordem social e tradicional e, por fim, um Estado totalitário.
Eles actuam onde os comunistas sempre actuaram mas por outros meios. A relação estreita do marxismo económico e o marxismo cultural, são apenas caminhos diversos que visam atingir os mesmos objectivos.
Como pensar que o comunismo já não assombra os cérebros dos vivos se, depois da sua pretensa extinção, toda tentativa para investigar e divulgar a extensão dos seus crimes é condenada publicamente como um pecado imperdoável, um “reaccionarismo” a combater?
Se alguém defendesse publicamente o nazismo, certamente seria banido, perseguido (e muito bem) como portador de patologia mental. O que se passa com os epígonos do comunismo?
Como acreditar que o comunismo desapareceu, quando Álvaro Cunhal e tantos outros comunistas são homenageados não só como grandes figuras da vida intelectual e artística mas como campeões da liberdade e dos direitos humanos e notórios militantes sobem ao poder por via eleitoral em várias nações do Terceiro Mundo?
Não se pense que o perigo comunista desapareceu enquanto se ouvirem apenas críticas muito vagas e genéricas aos múltiplos genocidas que lideraram essa seita assassina enquanto ao mesmo tempo criticam as democracias liberais como o pior dos males.
Ao contrário do nazismo, o movimento comunista internacional não foi desmantelado, nem debilitado, muito menos acusado do que quer que fosse. Na Rússia, em Portugal, mas não só, os comunistas mesmo que a coberto de outras siglas conservam um bom número de cadeiras nos parlamentos e disseminam a sua influência nas respectivas sociedades.
Para além da China, Vietnam, Coreia do Norte, Cuba, também na América Latina,
e em África, regimes pró-comunistas chegaram ao poder.
O comunismo não acabou, a múmia de Lenine ainda procria.
O marxismo económico morreu?!?! Não, porra, marxismo e (neo)liberalismo são filhos da mesma puta que os pariu, o materialismo. Quanto a ver ou não ver o que entra pelos olhos dentro, a questão, José, não é de inteligência, muitos comunistas de agora, conheço alguns, são muito inteligentes. A questão é de dar sentido à vida, há quem precise de dar sentido à vida. Por isso muitos continuam agarrados àquilo apesar de a realidade desmentir totalmente a doutrina. Por isso outros largaram a droga e arranjaram outras formas de dar sentido à vidazinha, convertendo-se como a Zita - que continua comuna por dentro na mesmo, ou vendendo-se como o Vital - que continua a cheirar mal da alma como sempre.
Excelente comentário Floriano Mongo.
No marxismo económico a única certeza que os esquerdóides mongos temé que já não vale estatizar a economia 100%. Basta controlar os pontos-chaves.
Certíssima , a correlação marxismo cultural/polìticamente correcto.
E aí temos a implosão americana para o demonstrar.
A treta da discriminação positiva levada ao limite...
Mas, além Reno , esta charlatanice está a desaparecer em velocidade uniformemente acelerada.
E nunca prosperou para lá da linha Oder/Neisse...
Tempos interessantes nos aguardam.
No entetanto podemos sempre distrair-mo-nos com a "excepção francesa", Flamby style...
Os 500 intelectuais que na faculdade de letras tentaram erguer bem alto a filosofia do Cunhal têm que seguir o exemplo do Maduro da Venezuela:o povo comunista já tem religião mas faltam os milagres...que o Cunhal se levante!
Muito obrigado, caro Vivendi, é exactamente como diz. O marxismo enquanto ciência e técnica da acção revolucionária, não depende em nada da base económica que o sustenta.
A esquerda ficou órfã com o fim da Guerra- Fria; derrotados na base económica pelo avanço avassalador do capitalismo, o seu ódio pelo sistema nunca acalmou, apenas se transformou noutras causas.
Aqueles que imaginam ter destruído o marxismo porque refutaram os seus princípios económicos, estão enganados. O marxismo deve ser encarado e estudado como uma cultura.
E o que dela resulta é tão eficiente que há cerca de um século e meio, o comunismo é o único movimento político organizado unitariamente em escala mundial e dotado de uma consciência clara da sua continuidade bem como das suas metamorfoses estratégicas. Todos os seus pretensos adversários são fenómenos locais e passageiros, incapazes não só de fazer face à máquina compressora do movimento comunista mas até de entendê-lo como um todo.
É interessante observar que nenhuma acção comunista tem jamais um objectivo único e linear. Todas as decisões do comando estratégico comunista são sempre de natureza dialéctica e experimental. De um lado jogam sempre com uma multiplicidade de forças em conflito não interferindo jamais no quadro antes de ter uma visão clara das contradições em jogo e dos múltiplos sentidos em que elas podem ser trabalhadas.
Repare-se a que ponto vai a “língua dupla comunista”: ao esconderem as suas intenções, por trás das chamadas “minorias” que a sua versão caviar tanto gosta – o multiculturalismo, o ambientalismo, o gaysismo, o feminismo, o racialismo etc…adquiriram um grau de censura no discurso político como nunca poderiam ter imaginado se tivessem declarado abertamente as suas intenções de transformar radicalmente a civilização Ocidental destruindo-lhe os fundamentos.
Por outro lado, repare-se que estas causas jamais foram defendidas muito menos praticadas nos países comunistas.
Eis um exemplo da duplicidade estratégica do movimento comunista.
só conhecem o caminho para o poder. o da força.
a filosofia utilizada
é 'conversa para boi dormir'
atribui-se a De Gaule
«fazem tudo o que se lhes permite,
permitem tudo o que se lhes faça»
diz-se que ary não era o único 'cu medido'
Floriano Mongo,
Os seus comentários deram um magnífico post:
http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/11/enganam-se-os-que-pensam-que-o.html
Oferecer resistência ao comunismo
"Oferecer resistência explícita e consciente ao comunismo é um ato de caridade para com os próprios comunistas. Ninguém matou tantos comunistas quanto Stálin, Mao Dzedong e Polpot. Qualquer comunista estaria mais seguro na Itália de Mussolini ou na Espanha de Franco do que na URSS, na China Comunista ou no Camboja."
"Nem falo, é claro, da segurança e bem-estar que os comunistas desfrutam nas democracias ocidentais. Usei o exemplo dos países fascistas só para enfatizar, com casos reais, o quanto o comunismo é perigoso para os comunistas. Mais até do que qualquer regime fascista."
"NÃO pode ter sido uma coincidência, nesse sentido, que o pensamento marxista se desenvolvesse muito mais no Ocidente do que nos países comunistas."
Olavo de Carvalho
Não é habitual um só artigo de opinião, como este do José, reunir um conjunto de comentários tão didácticos e denunciadores, de algo que com, veladamente, nos querem catequisar. Aos seus autores, que aproveito para saudar, os meus sinceros agradecimentos. Todos os comentários se complementam ou, no mínimo, se reforçam. Penso que o comentário de “Hajapachorra” observa muito bem quando diz que “marxismo e (neo)liberalismo são filhos da” mesma mãe. De facto escapa à maior parte das pessoas que “sovietizar” os povos através dum partido ou através duma oligarquia, que é o que o neoliberalismo pretende, para os “sovietizados” é igual. Vejámos o que se passa em Portugal.
No Ensino: a Escola deixou de ser uma instituição onde se adquirem conhecimentos, educação e cultura; educação e cultura nem vê-las, pois vai-se paulatinamente abolindo tudo: a História, a Filosofia, a Literatua, já para não falar no Latim e no Grego; conhecimentos só se insiste, espero que não se riam, no Português que mais parece uma espécie de brasileiro de favela e na Matemática; Física, Química ou Biologia, está quieto, como se a Matemática não fosse uma ferramenta da Fisica, Química, Biologia Economia, etc. E, mesmo assim, é tudo dado por cima da rama, pois a “escola pantomina” onde o construtivismo, a reflexividade ou a “escola inclusiva”, não são mais que ferramentas neo-social fascistas para a formatação da juventude.
Na Política: assiste-se à promoção de indivíduos sem relevância a herois nacionais; a um desmantelamento acelerado da família com a promiscuidade e amancebamento de homens com homens e mulheres com mulheres a que chamam “casamento” e mais uns processos de adopções aberrantes. A situação chegou a um ponto tão grave nos antigos “países de Leste” que, por exemplo na ex-RDA, onde havia um polícia político para cada 68 cidadãos chegava-se ao ponto de pais denunciarem filhos, maridos esposas, irmãos irmãos etc.
Mas cá o Governo também começou o seu “servicinho”: abolição de feriados, fusão de freguesias, e, para ir preparando o terreno, anda sempre a cortar em tudo, dizendo que é para que haja igualdade.Peço desculpa ao José por tão longo comentário e peço-lhe aceite os meus cumprimentos
Já que fala do Mao Tsé-Tung, talvez este documento histórico lhe possa interessar:
http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/11/lembram-se-deste-fernando-rosas.html
Enviar um comentário