domingo, dezembro 29, 2013

O neo-realismo reciclado no Público

Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura...

Estes primeiros versos de Ary dos Santos, para a canção do "povo unido", podiam ser a epígrafe para o texto de hoje, no Público, da autoria de Paulo Moura,  sobre o que se passou em Portugal   nos últimos 40 anos e para ilustrar o que era o país em 1973.

O texto é hiper-neo-realista e tem todos  os chavões e lugares comuns do discurso oficial sobre o "fassismo".
Senão vejamos, com frases soltas:

"Em 1973, o ano em que Mónica nasceu, Portugal tinha (...) a mortalidade infantil mais elevada da Europa".
"O país estava em guerra desde 1961. Milhares de jovens que nunca tinham visto o mar nem a cidade partiam para o Ultramar".
"Menos de metade das habitações portuguesas tem água canalizada e só em cerca de 60% havia electricidade e saneamento básico".
"Na infância, o pai de Mónica ia descalço para a escola" .
"Em 1973, mais de 35% dos portugueses eram analfabetos".
"O ideal, em termos de cultura, era `saber ler, escrever e contar`, tal como fora definido por Salazar."
" A mãe de Ana era analfabeta. O pai estudou na Casa Pia e encontrou emprego na Sacor, em Lisboa."
"Ana tinha dois irmãos mais velhos: um rapaz e uma menina com o síndrome de Down".
"Na escola da Gafanha, os colegas chamavam-lhes nomes por virem de Lisboa, armados em finos".
"Nas outras famílias, se havia uma criança mongolóide, ou doente mental, punham-na a viver com os animais, no curral".
"Ana andou anos a recolher o bacalhau dos barcos, com as mãos cheias de feridas infectadas pelas picadas das espinhas do peixe".
"A mãe de Ana fugiu aos 9 anos de casa, numa aldeia da Bairrada. Foi para Lisboa servir numa família.(...) A mãe dela, tal como as tias, era prostituta. Teve nove filhos, de pais diferentes". 

Chegado aqui , desisti das citações tanto o nojo que me provocam, pela cretinice e tendenciosidade. Este jornalista não teve melhor exemplo para mostrar o que era o Portugal de 1973 e as suas raízes, do que isto.
O que esperar deste jornalismo e destes jornalistas que são muito piores, a escrever e a relatar,  do que os que havia em 1973, mesmo os comunistas clandestinos que abundavam nas redacções?
Nada. Nada há a esperar porque este analfabetismo encapotado de ilustração letrada é o mlehor exemplo do que se passou socialmente nestes últimos 40 anos: um retrocesso cultural, levado a cabo pela intelligentsia esquerdista.

Portanto, só mais uma para terminar:


" Quando Ana contou o incidente ao pai, ele, que era militante clandestino do Partido Comunista, emtrou em pânico".

Arre!

Por último, só uma sugestão para os (...)* que escrevem destas coisas:

Porque não foram entrevistar e saber a história da vida do engenheiro que subsidia o jornal, falido, e que daria um óptimo retrato social do país de há 40 anos para cá?

* tinha escrito um insulto light, mas já me passou a indignação que o provocou.

Em tempo:

Valendo-me de informações deste blog - BicLaranja- copio e transcrevo este quadro que esclarece os analfabetos ilustrados do Público sobre o analfabetismo no tempo de 1973.

Questuber! Mais um escândalo!