Em guisa de efeméride recordo aqui um texto com imagens que publiquei aqui, em 7 de Julho de 2013 sobre Sá Carneiro, agora que faz anos que o mesmo morreu num desastre de aviação em Camarate, Lisboa, mais ou menos a esta hora (20:20), em 4 de Dezembro de 1980.
Sá Carneiro não era um líder que considerasse como sendo o ideal, na seriedade que deve ser apanágios dos homens de Estado que admiro. Porém, foi dos melhores que tivemos.
Sá Carneiro representava para o PCP o verdadeiro adversário político-ideológico,
capaz de mudar o paradigma de Esquerda que vicejava em Portugal desde
os primeiros dias do 25 de Abril de 1974, como se pode ver pelos
recortes de imprensa que por aqui tenho publicado. Em 1979, na altura da
AD, os comunistas andavam em pânico eleitoral e desfaziam-se em
comícios, reuniões e sessões de esclarecimento para obstar à onda
"contra-revolucionária", "reaccionária" e no final de contas "fascista"
que aquele representava. E sem grande sucesso, atento o resultado
eleitoral. Em 12 de Março de 1976, Álvaro Cunhal dava uma entrevista
extensa ( duas páginas) ao O Jornal em que dizia claramente " Nós, os comunistas. não consideramos [o PPD] nem "popular" nem "democrático". Ficava assim claramente dito o que o PCP pensava da democracia...
Na
altura, o problema principal era económico e o que os comunistas e
esquerda em geral fizeram ao país e que nos conduzia directamente para
uma bancarrota anunciada e apenas evitada in extremis, pela intervenção
do FMI, em 1977. Isto é tão claro que não entendo como hoje se continua a
dar crédito à troika Avoila, Jerónimo e Arménio, com o albardeiro Silva
a dar-lhes apoio grevista. E ainda me espanta mais como é que o
jornalismo caseiro dá cobertura mediática imediata e permanente a esta
desgraça colectiva que se anuncia novamente, depois da experiência do
passado. Este jornalismo é do pior que pode existir porque comunga
causas perdias como se fossem a salvação do país. Exactamente como
dantes e basta ler o artigo sobre o "entendimento" entre o PS e o PSD,
de José Manuel Barroso, para perceber como era o tom geral nos jornais:
de Esquerda, sempre, sempre. Arre!
Em 6 de Fevereiro de 1976, Sá Carneiro dava uma entrevista ao O Jornal. Assim.
Em
11 de Março de 1977, o PS já estava no Governo ( e o FMI por cá) e
houve uma primeira tentativa de alterar a constitucional
irreversibilidade das nacionalizações, através de um acordo
bi-partidário entre o PS e o PSD, arrancado a ferros e com Sá Carneiro a
dizer publicamente que havia possibilidade de entendimento com o PS ( o
PS entende-se sempre com a dita "direita" quando está no poder...para
grande desespero do PCP e em Portugal sempre assim foi.)
No
mesmo número de O Jornal, a par da entrevista, vinha um artigo sobre as
bases de entendimento entre os dois partidos e que "ressuscita
actividade da banca privada", embora uma ressuscitação anémica cuja
recuperação de cor ainda demorou uma boa meia dúzia de anos. A
explicação para o entendimento dava-a o próprio Jornal: "Mercado Comum
tem um preço: interno e externo". Exactamente e tal como hoje...embora o
PS só o reconheça quando está no poder a rapar o pote. Como hoje quer
outra vez.
E na entrevista, Sá Carneiro explicava melhor porque o PCP o considerava "anti-democrático" (!)