quarta-feira, março 11, 2015

11 de Março de 1975, o golpe fatal na Economia nacional

Os acontecimentos do dia 11 de Março de 1975 foram o culminar de um processo que durava há meses, no seio do próprio MFA e na sociedade portuguesa da época.
O esquerdismo comunista  praticamente desde as primeiras semanas a seguir a 25 de Abril de 1974  manifestava-se publicamente em manifestações, greves e extensa propaganda nos media,  contra o sistema económico que tínhamos. Este, um misto de economia de mercado, já com  importantes  laivos sociais, tinha uma forte regulação centralizada no poder político  que efectivamente mandava na orientação geral do país e impunha regras a esse capitalismo.
O esquerdismo comunista, mesmo antes de qualquer eleição legitimadora conseguiu impor um modelo que foi sufragado revolucionariamente em 11 de Março de 1975 e nos dias que se seguiram, até ficar consagrado constitucionalmente, em 1976, de modo que ainda hoje constitui uma espécie de matriz monstruosa de um sistema que falhou em todo o mundo por onde se fez sentir e por cá pegou de estaca, servindo de alibi ainda hoje a esse mesmo esquerdismo comunista, para legitimar a sua intervenção política.

O dia começou assim, tal como contado pelo Diário de Lisboa publicado à tarde ( imagem copiada daqui): 


 A cronolgia e interpretação dos acontecimentos já aqui se fez, com citação de recortes, particularmente da revista Vida Mundial do dia 13 de Março de 1975.

De resto o jornal Expresso do dia 15 desse mês também se referia ao assunto e num modo curioso que ajuda a explicar porque razão o jornal, logo no Verão Quente desse ano foi defendido por Otelo Saraiva de Carvalho como um órgão de informação perfeitamente inserido no processo revolucionário em curso.

Torna-se interessante ler como o principal jornal que então havia a representar uma certa moderação não comunista e que hoje ocupa praticamente o mesmo espectro político, do socialismo dito democrático, noticiava o que foi o maior sobressalto económico e social que o país sofreu em várias décadas: o relato é de uma anomia impressionante. Uma aparente normalidade com a publicação de uma foto de manifestação de apoio à "nacionalização da banca". junto ao palácio de Belém e promovida pelo MDP/CDE.  Refere-se a "lei revolucionária", a primeira a sair do Conselho da Revolução, como se fosse o acontecimento mais banal do mundo político.

No número da semana seguinte, 22 de Março, o destaque dado a esta revolução autêncita ficava-se por uma análise técnica não assinada ( F. Ulrich?) em duas páginas e com esta noção do verbo "nacionalizar":


Por outro lado, no mesmo número dava-se uma noção do que era o panorama da imprensa da época: quase tudo do Estado, após nas nacionalizações. Ainda não surgira O Jornal ( aparecido em 1 de Maio desse ano e também de pendor esquerdista) e o Jornal Novo, surgido em 17 de Abril desse ano de 1975 e de pendor social-democrata. À direita destes, só O Diabo, aparecido no ano seguinte, em Fevereiro de 1976  e que simplesmente "fascista". Ou mesmo "nazi", de vez em quando...


 


 Assim, com a indústria mais importante toda nacionalizada ( salvava-se a indústria têxtil do Norte, centrada no vale do Ave, por exemplo ou na região de Felgueiras e S..João da Madeira no calçado) com os bancos praticamente todos nacionalizados e com a imprensa maioritariamente nas mãos Estado a que se juntava a tv e os rádios, que faltava ao esquerdismo comunista para dominar o país e começar o comunismo a sério, como havia no leste europeu?
Faltava-lhe o poder político integral e não intermedidado pelo MFA/ Conselho da Revolução. Em 25 de Abril de 1975 havia eleições, mas as sondagens incipientes não eram animadoras.  E faltava-se ainda outra coisa: um povo que fosse homogeneizado à força. Porém, havia a Igreja Católica e isso foi um grande problema, cuja solução se tentou encontrar através de "campanhas de dinamização cultural" a cargo do MFA.


Logo começou a campanha da esquerda comunista contra a realização de eleições...e foi então que o PS percebeu o logro e o perigo em que estava, com o risco de desaparecimento. Quando se suscitou o caso República, a propósito dos sindicalistas revolucionários que se opunham aos moderados, perceberam que poderíamos estar a caminho de uma nova ditadura. E foi então que surgiu o "Verão Quente".

Ora quem foi que criou inicialmente o caldo de cultura para estes fenómenos surgirem? Para além dos respectivos protagonistas, foram precisamente os que depois os combateram: o PS, e jornais como o Expresso.

Veja-se por exemplo este debate, em "mesa redonda" publicado em 8 de Março de 1975, uma semana antes destes acontecimentos. Vasco Pulido Valente deve lembrar-se porque fez parte da "mesa"...



Neste ambiente deletério, criado pelas próprias forças democráticas e burguesas, todas social-democráticas porque direita nem vê-la, as portas para o comunismo esquerdista entrar  ficaram escancaradas.
O PS apareceu aliás como o principal porteiro e quando quis impedir a entrada sozinho já não conseguiria, por muitas fontes luminosas que Mário Soares alumiasse.
Se não fosse o povo do Norte de Portugal e a Igreja Católica tínhamos uma situação de facto que não teria retorno político.
Ainda assim, em 1976 deram outra vez a mão ao comunismo esquerdista, julgando eventualmente que estávamos a salvo do flagelo de uma ditadura comunista e aprovara, uma Constituição socialista marxista.
Estávamos livres momentaneamente da ditadura comunista, mas não do flagelo da ideologia esquerdista que se infiltrou em tudo o que era instituição do Estado, até hoje, conseguindo mudar a própria linguagem corrente.

Hoje em dia se perguntarem a uma criança da escola primária ( ensino básico, se faz favor...) o que é o fascismo todos sabem dizer que era o Portugal do tempo de Salazar. Se perguntarem quem era Salazar, como perguntei ontem a um aluno do segundo ciclo do básico, sabem dizer que era uma alguém que não deixava "falar as pessoas".

É esta a vitória do esquerdismo ao fim de 40 anos...e é assinalável. Isso tirando as três quasi-bancarrotas acumuladas e o facto de sermos o país mais atrasado da Europa, com um fosse entre ricos e pobres ainda mais alargado que dantes.
Os esquerdistas dizem, no entanto, que a culpa é do neo-liberalismo que temos...

Questuber! Mais um escândalo!