sábado, março 21, 2015

Guerra no Ultramar: caçadores milicianos com comandos de fuzileiros

No início de 1961 desencadeou-se em Angola um surto de ataques terroristas que em poucas semanas dizimaram  milhares de pessoas.Em Março desse ano, no norte de Angola, ocorreram massacres de populações civis e há quem conte cerca de 800 brancos e 6000 pretos. Começou assim a guerra do Ultramar que durou 13 anos.
Na altura havia cerca de 5000 militares africanos e 1500 europeus a defender Angola, ainda por cima sem grande equipamento ou instrução militar.
Por isso Salazar resolveu enviar para a "guerra do Ultramar"  militares do Continente, "rapidamente e em força".
Em 1963 começaram as operações militares na Guiné e no ano seguinte em Moçambique.

Estes apontamentos foram retirados de uns fascículos editados pelo Diário de Notícias quase há uma vintena de anos, intitulados "Guerra Colonial", uma designação adoptada pelos seus autores, Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, militar esquerdista do MFA cuja figura se pode ver noutro postal em baixo, na imagem da Vida Mundial de 16 de Janeiro de 1975.


As imagens que seguem são tiradas desses fascículos.


A guerra do Ultramar foi essencialmente uma guerra de guerrilha e por isso terão sido os ensinamentos obtidos através de experiências de outros exércitos, como o francês no norte de África e Indochina e ainda da Inglaterra que formaram os militares portugueses. Segundo esses autores, a técnica guerreira do terrorismo de "libertação"  baseava-se nos ensinamentos maoistas, fundados no livro de Sun Tzu, A Arte da Guerra.

Seja como for, o nosso exército de "operações contra bandos armados e guerrilhas", teve uma grande componente de grupos especiais do exército,  marinha e aviação e congregou dezenas e dezenas de milhar de militares recrutados entre os jovens da época e cujos oficiais eram também em grande parte milicianos, vindos de fora da carreira militar.

Os "protagonistas" da guerra do Ultramar segundo os autores são estes:


Porém, os militares da contra-guerrilha que nela deram o corpo ao manifesto, ou seja, os heróis,  são estes, fundamentalmente:

Os Caçadores.

Os caçadores Pára-quedistas " que nunca por vencidos se conheçam".


Os Comandos,  "audaces fortuna juvat".


E os Fuzileiros, "gente mais ousada".


Foram estes os heróis que fizeram a guerra no Ultramar durante mais de dez anos, até ao Verão de 1974, altura em que começou o PREC em Portugal, com os esquerdistas comunistas aliados dos que nos combatiam, na guerrilha.

Em finais de 1973 como é que Portugal se encontrava como Nação?  O Observador de 28 de Setembro de 1973 fazia assim uma espécie de balanço:

Apoio popular maciço ao Governo de Marcello Caetano, indicutível mesmo que a manifestação tenha sido animada por caciques de localidades que tivessem "arrebanhado" muitas pessoas. Porém, nunca como as que se podem ver...

E principalmente uma situação económica que era descrita assim:

"As finanças do Estado continuam sãs: a gestão orçamental prossegue equilibrada, a dívida pública está muito aquém das possibilidades do País e não chega sequer em cada ano a cobrir as despesas extraordinárias reprodutivas. a tesouraria é abastada, continuamos a ter uma das mais sólidas moedas e o banco emissor protege o valor do escudo com reservas de primeira ordem".

Quanto é que nos últimos 40 anos tivemos uma situação em que qualquer governante pudesse afirmar, nem digo o mesmo, mas parte disso? Com Mário Soares, foram duas bancarrotas iminentes em menos de dez anos. A terceira estouraria em 2011 não fora a intervenção salvífica, mais uma vez, da ajuda internacional que nesse tempo não tínhamos de todo.



Tudo isto foi deitado a perder nos dois anos que se seguiram, pela esquerda comunista e socialista. E isto não é uma opinião. São factos.

10 comentários:

João Nobre disse...

Talvez este pequeno artigo da imprensa da época lhe interesse:

http://historiamaximus.blogspot.pt/2015/03/a-coragem-de-poucos-e-cobardia-de-muitos.html

Unknown disse...

No seu mais recente habitual comentário na TVI, Manuela Ferreira Leite demarca-se da politica financeira do Estado Novo, que considera ser um periodo histórico de "má memória".

http://www.tvi24.iol.pt/opiniao/comentador/manuela-ferreira-leite/53f656cc0cf2103fd4492837/videos/1/video/550b6b330cf208bb5efbaef2

Floribundus disse...

quem lucrou com 25.iv nunca poderá dizer algo em favor de situações anteriores

para mim só conta os factos

só ficámos endividados depois de 25.iv porque foi necessário pagar aos anti-fascistas profissionais

para mim a guerra foi um erro em que participaram o xico rolha e o gajo do caco

já se tinha visto a derrota dos franceses em África e na Ásia
são guerras que nunca ninguém ganhou

De Gaule já tomara o poder sem sangue nem oposição dos partidos
para tentar resolver pacificamente o conflito

americanos e comunas da urss disputavam a entrega aos seus camaradas

os gringos perderam e até mataram um PR

creio ter sido MacCarthy que disse
'os militares ganham as guerras, os politicos perdem-nas'

João Nobre disse...

"Já se tinha visto a derrota dos franceses em África e na Ásia
são guerras que nunca ninguém ganhou."

Está errado, a guerra de guerrilha pode ser ganha. Na América do Sul a guerrilha guevarista foi derrotada, o mesmo aconteceu à guerrilha curda no Iraque a na Turquia que Saddam e Atatürk respectivamente esmagaram.

Nos Estados Unidos a resistência dos índios americanos foi esmagada e definitivamente erradicada. Na Chechénia os russos também derrotaram os separatistas.

Podia dar muitos mais exemplos, mas estes bastam para demonstrar que esse mito das "guerras que nunca ninguém ganhou" não passa disso mesmo - um mito.

Diga-se de passagem que foi a propaganda comunista que insidiosamente meteu na cabeça das pessoas a ideia das "guerras que nunca ninguém ganhou". Trata-se de guerra psicológica refinada e a malta cai na esparrela que nem patinhos...

Não esquecer que a desmoralização do inimigo é sempre crucial numa situação de guerra, daí que seja muito útil colocar em circulação ideias como a das "guerras que nunca ninguém ganhou"...

Fernando Soares disse...

O apoio popular maciço é dado pelo voto universal em eleições livres. Manifestações com muita gente tem muito menos valor. Menos ainda em ditaduras.

Neo disse...

O que nunca vi escalpelizado foi o papel do PCP na montagem dos movimentos de libertação, embora tal se intua. Ouvi há anos uma entrevista do Urbano Rodrigues na RTP2 em que se vangloriava de ter servido de agente de ligação.
Os comunistas acusam desde a 1ª hora o regime anterior da responsabilidade pelas vítimas da guerra e têm uma posição de relevo entre os deficientes das FA, o que me causa uma certa urticária.
Se o assassino Guevara se confessou incapaz de originar a sublevação em Angola, seria interessante saber como tal sucedeu e quem o fez. Quem recrutou os futuros guerrilheiros e os levou para países do bloco comunista, preparando-os para matar portugueses.
Está na hora de calar os falsificadores da História.

joserui disse...

O voto universal em eleições livres que per si posso nem criticar, parece que se passa num universo cada vez mais pequeno.
Meia-dúzia de gatos pingados elegem um presidente da câmara da capital que temos… depois o Costa lá tem de contratar os autocarros e fazer umas sandes para as tais manifestações sem valor, no caso com pouca gente… -- JRF

josé disse...

"O apoio popular maciço é dado pelo voto universal em eleições livres."

Formalmente é assim. E formalmente elege-se actualmente um partido num universo de eleitores cada vez mais pequeno, em percentagens alarmantes para a democracia.

Em 1974 o apoio popular a Marcelle Caetano era maciço, independentemente de eleições à maneira democrática, com esquerda e extrema esquerda, anti-democráticas na essência do que se entende por democracia burguesa.

Esses paradoxos permitem-me ter uma opinião como a que exprimi.

Floribundus disse...

Intransigente
António Costa é mentiroso
Posted on Março 21, 2015 by Miguel Noronha
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Notícias ao Minuto

O líder do PS, António Costa, afirmou hoje, em Barcelos, que Portugal, nos últimos quatro anos, andou “muitas décadas para trás”, apontando como exemplos a produção de riqueza, o emprego e o investimento privado.

Como o Carlos já explicou detalhadamente o “mérito” pelos atrasos cabe ao PS e ao seu camarada José Sócrates. Ou António Costa fala de assuntos que desconhece em absoluto (uma hipótese que também deve ser considerada) ou então é um mentiroso descarado.

o tómonhé é um produto altamente recomendável

josé disse...

Não, não desconhece e até afirmou o contrário perante uma plateia de chineses há pouco tempo.

Agora o que pretende é apenas criar o soundbite para que os media o amplifique.

Sabe que está a mentir mas é assim mesmo que acha que se faz política.

A obscenidade do jornalismo televisivo