Observador:
O constitucionalista Vital Moreira saiu este fim de semana em defesa do ex-primeiro-ministro José Sócrates. No blogue Causa Nossa, Vital Moreira conta que recebeu “sucessivamente drafts de cada capítulo” do ex-primeiro-ministro e que é uma “infâmia” que digam que não foi Sócrates quem escreveu o livro. E levanta a suspeita de a investigação usar este tipo de notícias por não ter provas dos crimes que são imputados a José Sócrates.
Num texto publicado no blogue, o constitucionalista diz que teve a iniciativa de falar com José Sócrates e por isso teve “a oportunidade de acompanhar a feitura da tese de mestrado de Sócrates que veio a dar no referido livro”. “Enviou-me sucessivamente o draft de cada capítulo, tendo eu feito algumas observações e sugestões pontuais (incluindo bibliografia), sobretudo quanto aos aspetos constitucionais e afins do tema, que o autor em geral acolheu, mas nem sempre”, conta.
Vital Moreira conta ainda que Sócrates dominava e estava à vontade para falar sobre a matéria: “Tive também oportunidade de conversar ocasionalmente com ele sobre alguns dos temas da tese, sendo óbvio o seu domínio e à vontade na matéria. Sei também, por me ter sido dito por ele, que submetia o seu trabalho a outras pessoas, que igualmente contribuíam com críticas e observações, a quem agradeceu depois no prefácio do livro, como é de regra”, acrescenta.
O texto do constitucionalista – que foi cabeça de lista do PS nas eleições europeias de 2009 por escolha de José Sócrates – surge dias depois de o jornal Sol dar conta que o Ministério Público tinha dúvidas sobre a autoria do livro “Confiança no Mundo” de José Sócrates. Vital Moreira considera as sucessivas notícias – e esta em especial – como sendo de um “tabloidismo militante” que não tem “limites nem escrúpulos na campanha de condenação preventiva de José Sócrates antes sequer de qualquer acusação, espezinhando todas as normas deontológicas do jornalismo e a integridade moral das pessoas”. “Nada disto [envio da tese para críticas e observações de outras pessoas] – que é normal numa tese académica – é compatível com a tese de um trabalho apócrifo. Há limites para a infâmia”, acrescenta.
Vital Moreira gosta muito da palavra "infâmia". Enche-lhe as bochechas e por isso gosta do som, mesmo escrito.
É pena, porém, que não se tenha dado ao cuidado de revelar logo na altura do lançamento e nos créditos da obra, a sua ajuda preciosa na confecção do livrito do recluso 44. Parece que preferiu ficar no reduto anónimo dos seus confins no palácio dos Grilos, sem dizer nada à verdadeira orientadora da tese, "originalmente escrita" num francês de meter inveja a Racine.
E já agora podia dizer alguma coisa sobre uma outra eventual encomenda de ajuda precária, supostamente intitulada Carisma... a não ser que careça de um grilo falante que lhe lembre a estupidez desta defesa e possa dizer se terá recebido algo para esta tarefa árdua.
Vital enterrou-se uma vez mais. E é pena porque a cera que gastou com o defunto político não lhe assegura nenhum lugar de relevo futuro...
Agora, o que se revela uma verdadeira infâmia e uma revelação escandalosa por assomar uma imbecilidade insuspeita é esta:
"Tendo em conta as notícias que têm saído, Vital Moreira lança a suspeita
de ser uma estratégia da investigação para descredibilizar o
ex-primeiro-ministro. “Se, com a prestimosa cooperação da imprensa, a
acusação continua a recorrer a estes golpes baixos para uma continuada
operação de ‘assassínio de caráter’ de Sócrates, é porque falta ‘corpo
de delito’ para sustentar a acusação pelos crimes que lhe são imputados,
passados todos estes meses de investigação”.