Aliás, desde o começo que o país era uma concessão a uma companhia comercial-British South Africa Company- que o desenvolveu, extraindo-lhe os minérios. Colonialismo puro e duro.
Durante quarenta anos o país manteve-se ligado à Inglaterra, tal como os territórios que constituíam a Zâmbia e o Malawi.
Em 1963, o governo de Londres concedeu a essas regiões o direito a serem independentes e em 1965 tal veio a tornar-se realidade. Em 1970 passou a República, com problemas políticos acrescidos por causa de sanções internacionais impostas pelas Nações Unidas.
E quem é que mandava na Rodésia nos anos sessenta e setenta? Ian Smith, um branco.
Portanto, temos aqui um belo exemplo do que poderiam ter sido os desenvolvimentos ulteriores da política ultramarina, caso não tivesse ocorrido o golpe militar do 25 de Abril e a guerra no Ultramar tivesse continuado até se conseguir uma transição de poder naquelas províncias.
Supostamente seria isso que poderia acontecer uma vez que "os ventos da História" sopravam implacáveis contra o "colonialismo". Porém, nós quisemos ser originais, não nos considerávamos colonos e achávamos que os territórios eram uma extensão natural do país, porque até eram províncias. E eram. Contudo, os ventos da História teimavam em soprar e lembrar que havia outro género de populações locais, nativas, com outra cor, costumes e meio ambiente, cercadas de terras por todos os lados com idênticas características que não eram as nossas de cá. Esses ventos sopraram nessa altura porque houve quem os criasse artificialmente e não havia meio de os combater porque eram simples ideias.
Os britânicos, porém, desviaram os ventos logo no início dos anos sessenta, quando começou a guerra nas nossas antigas províncias. Nós, isolados, continuamos a comportarmo-nos colectivamente como se nada fosse acontecer, mesmo que à volta tudo tivesse acontecido já e viria a acontecer no futuro, mesmo na África do Sul.
O neo-colonialismo britânico foi muito bem disfarçado e deu no que deu: guerrilha nos anos setenta, para apear Smith e colocar os pretos no poder porque eram a maioria esmagadora da população.
A Rodésia desde 1980 que se tornou um estado verdadeiramemte independente desse sistema e mudou de nome: em vez da alusão a Cecil Rhodes passou a ser Zimbabue.
Quem julga que Angola e Moçambique poderiam continuar portuguesas para sempre, pode pôr aqui os olhos...e desiludir-se: os brancos eram cerca de 5% da população...e nunca se ganha uma guerra de guerrilhas. Por isso a guerra estava ganha e perdida ao mesmo tempo. Um paradoxo quântico.
Uma vez que a solução rodesiana de então dava lugar a ilusões, a revista Observador nº 22 de 16 de Julho de 1971 e a nº 89 de 27 de Outubro de 1972 relatava o que lá se passava e que prenunciava o que nos poderia acontecer e só não sucedeu porque uns tantos traidores do MFA e do esquerdismo comunista e socialista então vigente em Portugal, entregaram de mão beijada os territórios ultramarinos aos "movimentos de libertação".
Porém , a alternativa histórica poderia bem ser esta...